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Author Juliana Artigas

Diagnosticado com câncer de estômago há seis anos, Abraham conta como sua esperança e positividade foram seus grandes aliados nessa luta contra o câncer

Formado em Medicina Veterinária pela USP, pai de uma menina linda e microempresário na área de turismo, Abraham foi diagnosticado com câncer de estômago há seis anos quando procurou um médico por conta de uma hérnia inguinal.

“No verão de 2009, estava na praia com minha filha, conforme fazíamos todos os anos e percebi uma recidiva de uma hérnia inguinal. Em janeiro de 2010 procurei meu médico, que confirmou a hérnia e marcamos a cirurgia. Como fazia tempo que não fazíamos exames preventivos, ele resolveu pedir endoscopia e colonoscopia. Na endoscopia acharam uma pequena úlcera próxima ao cárdia (parte superior do estômago). Foi colhido material para biópsia, que deu positivo para carcinoma gástrico. Então veio a notícia de que eu estava com o problema, o câncer”.

Descobrir um diagnóstico de câncer não é fácil para ninguém, imagine para uma pessoa que não tinha nenhum sintoma e sempre levou uma vida saudável, com alimentação adequada e exercício físico?

“Lógico que ninguém quer receber uma notícia desta, fiquei assustado, porém tranquilo e conversamos sobre as condutas a serem tomadas dali para frente. Uma de minhas características é manter a calma em situações de estresse”.

O ideal nessa hora da descoberta é procurar apoio nos familiares e amigos. Querer carregar o fardo sozinho não é uma opção favorável para o seu tratamento. O amor, carinho, colo e amizade das pessoas que te amam com certeza vai te ajudar a ter forças para encarar o câncer com muitas energias positivas e esperança. E foi isso que o nosso personagem de hoje fez, ele renovou suas energias com sua família e principalmente com a sua filha, que na época era adolescente e precisava muito da presença de um pai.

Foi no meio de tanto amor que o Abraham imediatamente começou a pensar no seu tratamento e junto ao seu médico decidiram optar em fazer primeiro a herniorrafia por laparoscopia.

“Eu e meu médico decidimos fazer primeiro a herniorrafia por laparoscopia. Assim ele poderia explorar a cavidade abdominal para ter uma melhor informação sobre a situação. O estômago estava preservado do lado externo e não havia sinais de metástases ou gânglios aumentados. Um bom sinal. Três dias depois, fomos para a cirurgia de gastrectomia total. Uma cirurgia grande e de recuperação lenta. Foi retirada também a parte distal do esôfago”.

O resultado não foi o que o médico e o nosso guerreiro esperava.

“Fomos surpreendidos por um tumor extremamente agressivo, com prognóstico mais reservado. Isso nos levou para o tratamento clínico oncológico com quimioterapia e radioterapia”.

Ninguém disse que seria fácil, não é mesmo? Ele estava somente no começo de uma batalha, e nenhuma pedra no caminho iria tirar sua esperança e fé.

“Eu me concentrei bastante em Deus e disse para ele que, se ele quisesse me levar, certamente o faria, mas que decidi dar trabalho. Iria resistir bravamente. Me conscientizei que a decisão de viver ou morrer, em grande parte estava nas minhas mãos. Se me entregasse à doença e entrasse em depressão, estaria morto mesmo antes de meu coração parar. Passei a observar melhor o mundo e percebi que mesmo estando doente, muitas pessoas saudáveis e mais jovens que eu estavam morrendo. Que podemos morrer por acidentes, violência, doenças ou causas naturais. Sendo assim, resolvi não morrer por esta doença. Que o fato de estar doente não significava que morreria disto”.

O tratamento que o Abraham fez, de acordo com um de seus médicos, é o segundo mais forte, só perde para o tratamento da Leucemia. Essa informação foi uma surpresa para ele, já que estava sempre forte e bem-humorado:

“Na consulta, estava com uma bombinha injetando quimioterápico. O médico então comentou comigo que eu era muito forte. Perguntei por quê. E ele respondeu que meu tratamento era o segundo mais forte. Só perdia para o de leucemia. Fiquei surpreso. Era sim um tratamento pesado, mas não me parecia tão forte. Conseguia aguentar. Não deixei me abalar. Na cirurgia, pesava 79 quilos. Ao terminar o tratamento, estava com 56 quilos. Ao me olhar no espelho, me enxergava como um sobrevivente do holocausto. Caquético, envelhecido, com a pele ressecada, porém nada disso me tirava a vontade de viver”.

Nesse momento, quando percebeu que seu físico estava visivelmente abalado por conta da quimioterapia e radioterapia, ele decidiu mudar essa aparência e seu foco começou a ser reconstruir sua constituição física.

“Naquele tempo, pensava que minha vida sentimental estava acabada. Meu foco era reconstruir minha constituição física. Liguei para um primo meu, médico, para me indicar um personal trainner para reconstruir a minha massa muscular. Comecei a me alimentar bem e a usar produtos dermo cosméticos. Resumindo, hoje estou com 62 quilos, com a musculatura bem definida e com aparência 10 anos mais nova que a minha idade real. Não tomo nenhum remédio”.

Atualmente, depois de seis anos de muita luta e persistência, o Abraham faz exames de controle somente uma vez por ano, e relata que mesmo sabendo que está curado, fica tenso toda vez que vai fazer algum exame:

“Após o meu tratamento, comecei a fazer os exames de controle a cada 3 meses que depois passaram para cada 6 meses e hoje, 6 anos depois, uma vez por ano. Claro que cada vez que vou fazer os exames fico um pouco tenso, já que o diagnóstico inicial se deu por achado de exame”.

“Minha vida hoje está ótima sob todos os pontos de vista e esta experiência me tornou uma pessoa mais completa”.

*De todo o tratamento: qual foi a fase mais difícil para você e sua família?
Existem várias fases difíceis pois tem estigmas e tabus sobre o tratamento desta doença, mas acho que a primeira sessão de quimioterapia foi a mais difícil. Depois percebi que não era nenhum bicho de sete cabeças. Tive apoio de minha família, mas como era separado e minha filha era menor, encarei a maior parte do que passei sozinho mesmo. Em alguns momentos específicos tive a companhia de familiares e de amigos. A primeira quimio foi acompanhada por dois amigões que largaram tudo para me apoiar.

*Como era o Sr. Abraham antes do diagnóstico, e como é o Sr. Abraham agora?
Bem, nunca fui muito materialista e pelo histórico familiar, achava que eu estar no olho do furacão era uma questão de tempo. Hoje não perco meu tempo me aborrecendo com pequenas coisas. Continuo não me afetando com elas. Quando vejo casais brigando, por exemplo, por causa da tampa da privada levantada ou da toalha molhada na cama, acho uma grande bobagem. Falta de vontade de ser feliz. Valorizo mais o “ser” do que o “ter”. Curto cada momento e coisas da vida. As relações humanas e com o meio ambiente.

*Você precisou ser forte desde o começo. De onde você tirou e ainda tira tanta força e esperança?
Cada um é cada um. Mas eu procurei encarar tudo como uma intercorrência da vida. Me mantive focado na cura, em manter meu bom humor, minha espiritualidade e meu otimismo. Cada vez que ia para uma sessão de radioterapia ou quimioterapia, procurava elevar meus pensamentos e imaginar a eficiência do tratamento. Cada raio de radiação atingindo em cheio qualquer célula tumoral que eventualmente permanecesse lá e cada molécula de quimioterápico atingindo qualquer eventual célula tumoral circulante ou metastática, matando-as. Como disse no relato inicial, foi uma decisão minha ter força e esperança para combater e vencer o problema.

*Para finalizar, manda uma mensagem para todas as pessoas que passam pela mesma situação que você, mas precisa de um norte para continuar firme nessa luta.

Primeiro para os profissionais da área:
Não desejem sorte aos pacientes. O que precisamos é de SUCESSO! Esta é a palavra que ajudará a levantar o moral dos pacientes. Não queremos pensar que precisaremos de sorte. Queremos ter a certeza de que estamos cercados de profissionais gabaritados e comprometidos com os melhores resultados para os pacientes e que estão aplicando as melhores técnicas e tratamentos.

Para os pacientes:
1º  Sejam pacientes. Eu descobri por quê nos chamam de pacientes. Porque realmente precisamos exercer a paciência;

2º Não se matem em vida. Estarão passando por momentos difíceis, mas não é uma condenação à pena capital. Não somos nem nunca seremos imortais. Não sabemos como nem quando partiremos desta vida, e esta é a sua graça. Vivam intensamente. Descubram aptidões que não sabiam ter. Valorizem cada momento sejam felizes;

3º Não percam tempo achando que a vida acabou. Quando você menos espera, ela se reconstrói das cinzas. Hoje estou numa das melhores fazes da minha vida;

4º No Brasil, mais de 60% dos casos de câncer são tratados com sucesso. Isto inclui-se os casos que infelizmente ainda não tem cura e os que o diagnóstico foi tardio ou que o paciente se recusou a tratar-se. Então, você tem mais chances de sucesso do que fracasso;

5º. Faça exames preventivos. Esta doença é silenciosa. Quando você sente sintomas, ela já está avançada e as chances de sucesso diminuem. Olhem o meu caso. Não sentia nada nem tinha sintomas. Mas se demorasse mais uns 3 meses para diagnosticar, provavelmente não estaria aqui para contar a minha história.

Termino meu breve relato desejando SUCESSO a todos! Cuidem-se. Preservem sua autoestima!

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Em novembro de 2015 conhecemos a história do pequeno Lucas, que ao 3 anos foi diagnosticado com Leucemia Linfoide Aguda tipo B (LLA B).

Hoje no Dia da Infância vamos saber como está esse pequeno guerreiro e relembrar essa história que emocionou muita gente.

Confira, com exclusividade, o bate-bola Especial Dia da Infância com a mãe do pequeno Lucas, Andréia:

1.  Como o Lucas está atualmente? (fase de tratamento, relacionamento com as pessoas)
O Lucas está muito bem, está ainda na fase de manutenção, vamos ao hospital 4 vezes por mês (exame de sangue, consulta com o oncologista, quimioterapia e exame de líquor com indução de quimio), que conforme os médicos vai até o primeiro semestre de 2017, quando ai terá alta médica, e passaremos à ir ao hospital todo mês somente para fazer os exames e ver se está tudo bem com ele. A partir desse momento, ele ficará sem tomar quimioterapia e fazendo os exames para controle médico.

2.  Ele está indo para a escolinha? Se sim, o que mudou depois que ele começou a frequentar as aulas com outras crianças?
Este ano de 2016, ele começou à ir na escolinha, falta somente quando tem algo relacionado ao tratamento. Em relação aos esportes, ainda não faz nada, a natação que está inclusa na mensalidade é proibida pelo tratamento e pelos médicos, agora neste 2º semestre de 2016, os médicos liberaram uma atividade física, nós estamos pensando em colocar ele em alguma luta, judô ou jiu jitsu. A escola está sendo muito importante para o Lucas, ele se soltou mais, está mais falante, mais esperto, fez muitos amiguinhos, já está lendo algumas palavras, já reconhece muitas coisas que antes nem sabia, já lê os números até 50, e antes deste ano, ele não fazia nada disso, porque ficou um ano sem ir à escola e praticamente recluso dentro de casa.

3. Como está a qualidade de vida do Lucas?
A qualidade de vida dele, mudou muito, agora saímos mais, passeamos, viajamos, vai ao shopping, cinema, parque, ele está indo à escola, nas festinhas dos amigos e primos, ele está mais feliz e toda família também feliz com a saúde dele e por ele estar bem.

4. Hoje é comemorado o Dia da Infância, o que você tem a dizer para esses pequenos guerreiros que lutam contra algum tipo de câncer assim como você e sua família.
Eu digo que, é uma doença perigosa, que temos “medo” o tempo todo, mas não devemos perder a fé, e sempre fazer o tratamento corretamente, confiar nos médicos e na sabedoria deles, sempre conversar com o nosso filho perguntando se ele está bem, se dói algo, fazer ele entender que tem um dodói e que tudo isso é pro bem dele, pra sua cura, por mais que às vezes estamos cansados e tristes, o sofrimento das agulhadas, internações, enclausuramentos é todo deles, então temos, que saber lhe dar com as nossas emoções para estarmos bem somente para os nossos filhos. Infelizmente, muitas crianças perdem boa parte de sua infância, por causa do tratamento, buscando tão somente a sua saúde restabelecida, então, mesmo que elas estejam num quarto de hospital internadas, façam com que isso, se torno menos  triste, levem brinquedos, se fantasiem, coloque desenhos, leve desenhos para pintar, em muitos hospitais existem os voluntários, que são anjos e que alegram nossas crianças, isso ajuda muito o dia deles a ser mais felizes. Não fiquem ao seu lado chorando, se lamentando, reclamando, coloquem alegria em tudo que fazem. A família unida ajuda muito nesses momentos, lembro dos meus pais, visitando o Lucas quando internado e levando carinho em forma de presentinhos e guloseimas, o amor cura! Quando passamos a frequentar ambientes aonde só se tem crianças doentes com câncer e leucemia, nossa percepção de vida, muda radicalmente, nos preocupamos mais em viver o hoje, damos mais importância as coisas que realmente importam e mais valor à vida e às pessoas que amamos.

RELEMBRANDO…
Agora vamos relembrar a história desse menino sorridente, brincalhão e cheio de vida! Lucas foi diagnosticado aos três anos e pertinho do Natal de 2014 com Leucemia Linfóide Aguda tipo B (LLA B), e hoje luta para ter uma vida igual às crianças da sua idade. Emocione-se. Clique aqui!

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Conheça o paranaense Maurício, de 58 anos, que foi diagnosticado com Acromegalia, uma doença rara e pouco falada.

Já dizia o velho ditado do saudoso Patch Adams: “comprimidos aliviam a dor, mas só o amor alivia o sofrimento”. Katia e Maurício se conheceram em 1986, em um seminário na igreja que ela congregava. Ela com 21 anos e ele com 29 anos. “Foi amor à primeira vista. Ele era separado há 4 anos, por isso sofremos um bocado com o preconceito das pessoas. Tanto que relutei em aceitar namorá-lo, porém o amor falou mais alto e desde então vivemos uma linda história de amor”.

No ano passado, dia 08/07/2015 a vida desse casal carioca passou por mais uma provação: Maurício, com então 58 anos, foi diagnosticado com uma doença rara, a Acromegalia. “Descobri ao dar entrada no Centro de Tratamento e Terapia Intensiva – CTI de um hospital em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, com suspeita de trombose após um dia de trabalho. No segundo dia de internação, a médica Cristiane olhou para mim com seu olhar clínico e percebeu que eu tinha uma anomalia física e perguntou se eu havia procurando alguma vez um endocrinologista, no qual eu nunca tinha ido. Ao examinar minhas mãos, rosto e pescoço, ela percebeu que eu tinha a doença no qual eu nunca tinha ouvido falar. Ao dar alta, chamou minha esposa e conversou com mais detalhes a respeito deste problema. Após diversos exames, foi confirmado a acromegalia no dia 24 de julho de 2015. Porém, precisei fazer a cirurgia das varizes no mês de setembro por orientação do médico devido a má circulação nas pernas”.

Katia, sempre positiva e companheira, não deixou seu marido desanimar e se entregar. Mesmo com todos os medos e receios que passaram na cabeça dela em questão de segundos, ela deixou os pensamentos ruins de lado e foi em busca de informação sobre a acromegalia. “Primeiramente, o que passou na minha cabeça ao descobrir a doença foi um susto e fiquei pensando com quem, como e onde ele fará esta cirurgia? Com isso, fui buscando informações com médicos e na internet os endereços de hospitais de referência. Quanto mais informação sobre essa doença, maiores as chances do meu marido ter uma qualidade de vida”.

“Desde o começo procurei me inteirar de várias fontes e também para mostrar para o Maurício que estou ao lado dele, fazendo com que ele se sinta mais seguro e confiante, pois a Acromegalia é uma doença que preocupa, além de ser pouco conhecida. O segredo é não perder a esperança e manter a família unida. Afinal, ela é a base de tudo!”.

Maurício alerta que nem sempre os sintomas são visíveis e pode demorar anos para a pessoa ser diagnosticada corretamente. Por isso, é tão importante ficar atento ao seu corpo, e nunca descartar os comentários de parentes e amigos. “Minha mãe notou minha aparência estranha em uma viagem que fizemos há 8 anos. Mas achei que fosse preocupação de mãe e pelos anos que a gente não se via. Ainda brinquei “mãe, estou ficando velho, é assim mesmo”, mas mesmo assim ela insistiu e disse que tinha algo errado. Provavelmente a Acromegalia já estava aqui desde aquela época e se eu tivesse ouvido minha mãe e procurado um médico não teria o diagnóstico um pouco tardio”.

Com o passar do tempo, os sintomas foram aumentando e ficando cada vez mais evidente. “Os pés mudaram de número duas vezes. Aliança de casamento precisou trocar quatro vezes. Eu tinha dormência nas mãos e na ponta do nariz. Além do inchaço nas mãos e pés e crescimento dos mesmos. Vivia cansado, com sono agitado e roncava muito (segundo os médicos, devido ao crescimento ósseo do nariz estreitando a cavidade). Sentia dores de cabeça frequentemente e tive pressão alta”.

Hoje, depois de quase 4 meses da cirurgia, o casal e seus dois filhos, Douglas e Larissa, enxergam com otimismo a recuperação de Mauricio e conta que essa doença despertou a vontade de ajudar as pessoas, passando informação, conhecimento e atenção.  “ Sou um novo homem.  Estou dormindo melhor e nem ronco mais. Minhas mãos e feições desincharam, não tenho mais fadiga como eu tinha antes. As dores de cabeça e na vista diminuíram e agora posso dizer que tenho uma qualidade de vida bem melhor que antes”.

“Dia 5/05/2016 iremos completar 26 anos de casamento. Já passamos um bocado de lutas, mas Deus sempre nos deu vitória e aprendizado. Depois de todos os sustos e contratempos que a vida nos deu estamos mais unidos. Choramos, brigamos, fazemos as pazes e gargalhamos também.”

“Para todas as pessoas que estão enfrentando o mesmo problema, dizemos para ter calma no início e encare como um novo desafio para sua vida. Tente não deixar o medo te dominar, pois ele existe, mas depende de você o controle. Procure boas informações, tire suas dúvidas com os médicos e pesquise bons hospitais. No meu caso, era para ter ficado seis dias internado, mas devido ao quadro bom de recuperação, saí no quarto dia com absoluto repouso e cuidados em casa. Logo após a cirurgia a qualidade de vida realmente é outra, finaliza Mauricio em um sorriso estampado no rosto”.

Entenda a Acromegalia
Acromegalia é uma doença crônica provocada por excesso de produção do hormônio do crescimento (GH) na vida adulta, fase em que as cartilagens de crescimento já estão fechadas. Se ele for produzido em excesso na infância ou puberdade, antes do fechamento dessas cartilagens, a doença é chamada de gigantismo. De acordo com a Aliança Ibero Americana de doenças raras, cerca de 56% das pessoas com doenças raras têm sido tratadas inadequadamente  por falta de conhecimento dos profissionais da saúde. Alguém que você ama tem Acromegalia? Dúvidas? Sempre existem dúvidas.

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Tal Pai, Tal Filha. Assim é Maurício e Larrisa. Parecidos e unidos. Confira a homenagem simples, porém repleta de amor que Larrisa fez para seu pai, diagnosticado com acromegalia, uma doença crônica e rara:

“Falar do meu pai é como eu olhar para o espelho e falar de mim mesma porque somos muito parecidos no jeito de ser. É também falar de superação, coragem e exemplo. Depois de tantas situações difíceis vividas, de tantos choros escondidos e preocupações silenciosas, nós enfrentamos a luta de um jeito quieto, sem se abater e se agarrando a cada fio de esperança que encontrávamos. Fui influenciada desde criança a nunca depender de alguém e sempre a alcançar meus objetivos por conta própria, a não me deixar abater por coisas que não mereciam atenção e, principalmente, os valores educacionais que este, é o nosso maior patrimônio e com certeza passarei tudo que aprendi com eles para meus filhos. Expressar o que uma pessoa significa para nós um tanto difícil, pois nunca conseguimos transmitir nosso sentimento de amor apenas com palavras. Mas com exemplos simples, tentarei o máximo trazer o que meu coração sente com alguns exemplos de apenas dois lados de sua personalidade. Um é o lado alegre, é o divertido com brincadeiras, piadas, sorriso largo, é o que gosta de surpreender com alguns bombons e presentes simples de urso de pelúcia o que mostra seu lado amoroso e sempre tentando agradar a mim e minha mãe. É o gosto pela culinária paraense, a atenção que dá para a família sempre ligando para os irmãos que moram longe. É o som de blues e Beatles na sala, o violão e o bongo que mesmo sem saber tocar, arranha com acordes desconexos e ao mesmo tempo faz com que o ritmo do balançar dos pés fique harmonioso com a música e o gosto pela pimenta que ele me influenciou só de apenas vê-lo colocando na comida. O outro jeito é o sério, é o preocupado com os mesmos sermões que todos pais dão sobre cuidados na rua, é o nervosismo diante de situações ruins, a ansiedade quando quer algo, é seu interesse pela leitura, as orações feitas de madrugada de joelhos, as visitas de pessoas necessitadas, seu amor por Deus e os livros que eu vivia cercada desde criança que são sem dúvidas, umas das maiores lembranças e admirações que levarei para o resto da vida. Nós não somos uma família perfeita. Nenhuma é. Como disse no início, nós somos muito parecidos e isso às vezes gera conflito quando nós dois estamos de mau humor. É como se cada um ficasse no seu canto e trocássemos palavras curtas e diretas. Quando soubemos dessa doença rara, ficamos assustados, mas não nos deixamos abater. Vi ele ser resistente nessa fase delicada, vi sua face preocupada, mas sequer ouvi ele questionar para Deus o porquê de isso ter acontecido. Claro que em seu conflito interno deve ter ficado confuso, com medo, mas posso afirmar que ele não perdeu a força e a fé de que independente do resultado final da cirurgia “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.”  1 Tessalonicenses 5:18

Eu só tenho a agradecer ao meu pai por tudo que me ensinou e me ensina até hoje. E por só de vê-lo vivo e bem em casa, eu agradeço a Deus por nos ensinar que a cada fase que enfrentamos, Ele nos ajuda mesmo não sendo merecedores de Sua misericórdia. Nos fez unir como família e a nos entendermos em nossas diferenças. O que mais posso dizer somente vai ser com abraços apertados de gratidão. Obrigada, pai”.

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Os filhos do cearense Sr. José, diagnosticado com câncer renal em 2010 aceitaram nosso convite e escreveram um texto com muito amor e esperança para o seu “painho” nesse domingo do Dia Dos Pais.

Confira a homenagem do Americo e da Luciana:

“Quando fomos convidados para prestar essa homenagem ao nosso “painho” o SIM veio em unanimidade! Nosso pai merece todos os dias do ano para ele, por vários motivos.. Mas o maior de todos é pelo dom de ser guerreiro!  Aproveitamos  o texto de Daniel Jaoude e adaptamos a tudo aquilo que achamos do nosso pai, José Nunes Junior, nosso painho, Lulinha para uns, José para outros ou Nunes.

Ser guerreiro é…

Saber que não existem atalhos para o destino. E que em hipótese alguma, haverá vitória sem luta, e não haverá luta sem adversários.

A derrota, para o guerreiro, nada mais é que o adiamento da inevitável vitória. O Guerreiro é, por natureza própria, perseverante. Pensa em desistir mas não desiste, pensa em fugir mas não foge, pensa em vingança mas não vinga. Se sente medo, não o deixa dominá-lo, tampouco deixa invadi-lo, o conhece apenas para evitá-lo.

Assim, através do autodomínio, alcança a plenitude do não-pensamento, onde o Tudo se torna Vazio, e o guerreiro se torna um com esse vazio, restando apenas o infinito Amor.

Alcançou seu objetivo, se tornou um com seu caminho. E deste ponto em diante, do alto de seu Satori, sabe que nada é impossível. Não há e nem haverá de existir barreiras insuperáveis, inimigos invencíveis, ou caminhos que não possam ser percorridos. E também sabe que, quando se quer alguma coisa, o universo inteiro conspira a seu favor.

Fazendo a vida valer a pena, tentando sempre, desistindo jamais. Tornando o sonho verdade, o erro em acerto, a barreira em passagem, o desespero em solução. Verdadeiro, simples, decidido e objetivo. Compreende a todos, mesmo sabendo que é incompreendido. Com coragem, através da honra, do amor de Deus e pelo Amor, sempre!

Dos seus filhos, que estão juntos na alegria e na tristeza, na saúde e na doença

Américo Nunes e Luciana Nunes”.

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Aos 42 anos e prestes a se casar com o seu grande amor, Edneia conta como foi sua luta contra o câncer de mama e hoje inspira milhares de mulheres

Quem nunca conheceu alguém que foi diagnosticado com câncer? Seja familiar, amigo, colega ou conhecido. Infelizmente, essa doença está cada dia mais presente em nossa vida.  E a forma como lidamos com isso é essencial para a vida do paciente. Hoje, vamos conhecer a história da Edneia, mais conhecida como Néia, que superou o diagnóstico do câncer de mama com o apoio da família e do companheiro, e está prestes a realizar o seu grande sonho: casar na igreja com seu Nei, apelido carinhoso do casal, juntos, há 23 anos.

Descobri o câncer em outubro de 2012. Foi muito difícil, pois ainda associamos o câncer como uma sentença de morte, e o que vem primeiro é o medo da morte. Me permiti por alguns dias o luto, depois fui atrás de tirar todas as informações com meus médicos, de como seria o tratamento, a quimioterapia – a palavra mais assustadora do tratamento, porque com ela vem a queda do cabelo, o mal-estar, dores no corpo, enfim tive medo do desconhecido!!! Graças a Deus tive todo suporte da família mãe, irmãos, filho e do meu companheiro que não me deixou em nenhum momento, em todos exames consultas e quimioterapia/radioterapia, exatamente tudo ele me acompanhou. Apesar de ser muito difícil esse processo, nunca abandonei o barco, até porque nele estava cheio de pessoas que estavam lutando junto comigo. O que eu mais queria era a cura e jamais pensei em desistir”.

Edneia conta com detalhes como foi sua fase de tratamento, desde a quimioterapia até as infinitas sessões de radioterapias:

Fiz 16 quimioterapias, sendo 4 as vermelhas, aquelas que vem para deixar você sem cabelo, é como se passasse um trator por cima de você. Isso durou uns 3 a 4 dias e aos poucos o efeito da quimioterapia vai sumindo e ficando as dores no corpo. Fui para cirurgia mastectomia radical, com reconstrução imediato, e após 30 dias da cirurgia, comecei a radioterapia. Fiz 28 sessões diárias, mas era o último passo para o fim do tratamento, contei cada uma e comemorei com alegria, ufaaa tinha acabado!”.

Depois de dois anos longe do câncer e com a certeza da cura, Néia começou a sentir dores no quadril, e para sua surpresa e de seus familiares: o câncer voltou, e o pior, em forma de metástases:

“Comecei a sentir dores no quadril, fui ao médico, fiz os exames necessários, e para a minha surpresa, depois de dois anos, a doença voltou, e o pior, em forma de metástases ósseas, quadril, vértebras e calota craniana”.

Não foi nada fácil ter que engolir e aceitar o câncer de novo. Mas, mesmo sabendo das dificuldades que estavam por vir, ela enxugou as lágrimas e decidiu lutar, não só por ela, mas pela sua família que nunca desistiu de encontrar a cura:

“De todo o tratamento o mais difícil foi ser diagnosticada com metástases, daí sim veio um tsunami de pensamentos, era algo que já conhecia, porque com ela você perde a chance de cura, a chance de um dia o tratamento acabar, me permiti o luto novamente e fui atrás de saber tudo sobre conviver com a metástases, e para minha surpresa, estava animada. Os recursos que os médicos têm hoje, pode me deixar viver muitos anos como se fosse uma doença crônica, e com qualidade de vida, não estou em quimioterapia, estou tratando com medicação e está dando super certo”.

“Hoje não posso mais trabalhar, isso tem o lado positivo e negativo. O positivo é que tenho tempo para poder curtir a vida, viajar ficar mais tempo com a família aproveitar o máximo da vida. O lado negativo é a sensação que a vida fechou para você um ciclo de crescer profissionalmente, aos 42 anos de idade onde tinha muita coisa para fazer e oferecer, mas também hoje já me adaptei e estou vivendo o lado positivo”.

Apesar de tanto sofrimento e luta para viver, Néia trouxe bons frutos de todo o tratamento: a amizade.

Após entrar nesse mundo oncológico, eu fiz os melhores amigos. É incrível como a rede sociais, nos permite isso, hoje até brinco que 98℅ dos meus melhores amigos tem câncer. O facebook me deu de presente a amizade de pessoas que vivem a mesma coisa que estou vivendo, e me ajudam a passar por essa fase  com mais leveza”. 

Depois de tantos contratempos, medos, insegurança e dificuldades, Edneia está há apenas alguns meses de realizar o grande sonho da sua vida: casar com o Nei:

Eu moro junto com meu marido há 23 anos, meu sonho sempre foi casar de noiva e oficializar a união no civil, nós sempre estivemos em uma zona de conforto, mas depois das metástases eu quero abraçar o mundo e realizar todos meus sonhos, e um deles era o casamento, a cerimônia de noiva, com tudo que uma noiva tem direito. Vou casar com meu marido dia 09/04/17”, finaliza.

“Quero falar para todas as meninas que enfrentam o câncer: nunca deixe de sonhar e fazer planos. Ninguém vive feliz sem sonhos e planos, e curta muito a vida, é ela o alimento para continuar lutando”.

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“Hoje me olho no espelho e realmente me vejo, olho a Fátima de antes. Aprendi a me valorizar, e o principal, aprendi a me amar”.

Aos 45 anos, separada e com dois filhos adolescentes, Fátima abriu o seu coração e contou como foi receber o diagnóstico de ACROMEGALIA e onde ela buscou forças para vencer essa batalha.

Fátima um dia olhou para o espelho e não se reconheceu, se sentia muito feia, com a pele grossa e as mãos maiores, quase não usava mais anéis. Ela levou anos para entender o que estava acontecendo e nem imaginava que a causa dessa mudança física era a acromegalia.

“Antes do diagnóstico, eu notei que minha mão era maior, eu sentia muito formigamento. Quando ia comprar sapato, o sapato não entrava”.

Foi em maio de 2011 que a vida desta mulher mudou da noite para o dia. Fátima foi acompanhar o seu namorado no hospital e acabou conhecendo a Dra. Milena.

“Meu namorado precisou ficar em observação no hospital e durante uma visita conheci a médica que o atendia, a Dra. Milena. Ao observar as minhas mãos, a experiente médica iniciou um verdadeiro questionário, as perguntas se relacionavam principalmente as mudanças que ocorreram em meu corpo, como anéis que não cabiam mais nos dedos, sapatos que não calçavam mais e para minha surpresa ela logo me disse que eu poderia ter um tumor benigno”.

Quando a Dra. Milena falou isso para Fátima, o seu mundo parou:

“Fiquei simplesmente apavorada. Naquele momento fiquei sem chão e a primeira pergunta que fiz para ela foi quanto tempo de vida eu teria, pois tinha dois filhos não podia deixá-los desamparados. Tive muito medo, para mim tudo foi muito difícil, foi terrível saber que tinha um tumor, mesmo sendo benigno, chorei muito e não contei nada para ninguém naquele dia”.

A gerente de lojas sofreu sozinha durante um tempo, com medo de preocupar os filhos, amigos e família. E foi sozinha, depois de alguns exames, que foi diagnosticada a acromegalia.

“Assim que peguei o resultado logo abri e vi que meus hormônios estavam alterados.  Meu IGF-1 era 1107,0 ng/ml com HGH basal de 93,00 ng/ml, minha glicose 117 MG/DL. E foi com todos esses exames que a Dra. Milena me diagnosticou com acromegalia.  Ela me acalmou e disse que a maioria dos casos não tem cura, mas com tratamento adequado poderia ter uma vida normal. Fiquei com muito medo de ficar deformada, de crescer muito, tinha medo até de morrer. Porém para minha família sempre passei que estava tudo bem e logo estaria curada”.

Mais confiante e com esperança que tudo iria terminar bem, Fátima começou o tratamento em junho de 2011, no Hospital São Paulo.

“Comecei o tratamento tomando uma injeção de sandostatin 20 mg uma por mês durante 6 mês e tive ótimos resultados. Minhas mãos já fechavam, não tinha tantas dores e formigamento, mas meus hormônios ainda estavam elevados. A dose foi aumentada para 40 mg de sandostatin. E em janeiro de 2012  meu IGH-1 492 ng/ml estabilizou. Foi quando os médicos entraram com um complemento de 2 comprimidos de cabergolina”.

Nossa entrevistada conta que nunca sofreu com efeitos colaterais da medicação, porém mesmo com todos os remédios os hormônios não diminuíram, e ela acabou fazendo a cirurgia em fevereiro de 2013.

“Meu tumor era um macroadenoma apofisado 3,7 x 1,8 cm, o mesmo não foi todo retirado, pois a sua total remoção colocaria minha vida em risco. Meus hormônios agora estão normais, não tomo mais as injeções, porém continuo com a cabergolina: são 3 comprimidos por semana e felizmente me sinto ótima. Hoje me sinto muito bem: tenho uma vida normal, uma família normal, tudo normal.”

A acromegalia fez a Fátima enxergar o que realmente era importante na sua vida: “a Fátima antes do diagnóstico era muito ocupada com o trabalho e com as pessoas, nunca tinha tempo para ir ao médico. A vezes eu sabia que estava doente, mas não queria enxergar. Hoje me cuido bem mais, penso em mim com mais carinho e atenção”.

“Eu tive sorte, porque se não fosse o meu namorado passar mal, e a Dra. Milena não estivesse de plantão naquele dia no hospital, talvez eu não estivesse mais aqui para contar a minha história, pois eu não iria procurar um médico”.

Finalizando a entrevista, Fátima deixa um recado não só para os pacientes com acromegalia, mas para todos:

“Não é fácil ter acromegalia ou qualquer outra doença que muda a nossa fisionomia, que é difícil vencer o preconceito é difícil, ver nosso corpo mudar, mas acredito que as mudanças são necessárias para nosso melhor. A beleza não está no seu corpo físico e sim na sua alma, quando compreendemos que temos uma doença seja qual for, temos que lutar, sermos perseverantes, termos fé e acreditar que tudo vai dar certo.  É muito importante falar sobre a doença, pois assim poderá ajudar outras pessoas que ainda não tiveram a graça de saber assim como eu. NÃO TENHA VERGONHA DE FALAR, VOCÊS PODEM SALVAR UMA VIDA! ”.

 

ACROMEGALIA: CONHEÇA MAIS SOBRE ESSA DOENÇA RARA

Muitas pessoas nunca ouviram falar em acromegalia, tampouco sabem o que é, quais são os sintomas e a sua causa. Isso acontece por dois motivos: ela é uma doença crônica e rara, e atualmente no Brasil não temos muita informação acessível sobre essa doença.

A acromegalia é causada pelo excesso de produção do hormônio de crescimento (GH) pela hipófise – uma glândula pequena, do tamanho de uma ervilha, que está localizada logo abaixo do seu cérebro, atrás dos olhos. Ela controla o crescimento, o metabolismo e a atividade reprodutiva normal. Na maioria dos casos, a causa desta produção excessiva de GH são tumores não-cancerosos na hipófise.

A consequência desse excesso de GH na vida adulta, já que as cartilagens de crescimento se encontram fechadas e inativas, são o aumento das mãos, pés, mandíbula, língua e ossos da face.

Segundo o Ministério da Saúde a incidência de acromegalia é de aproximadamente 3 casos por milhão de pessoas por ano em estudos conduzidos na Europa e nos Estados Unidos. Como não há estudos realizados na população brasileira, podemos estimar, baseando-se nos trabalhos europeus, que cerca de 650 novos casos de Acromegalia sejam diagnosticados anualmente no Brasil. Normalmente, descobre-se o diagnóstico na fase adulta, porém, já existem casos de adolescentes no Brasil, mas no caso de crianças e adolescentes essa doença é chamada de gigantismo.

Então, qual a diferença entre a acromegalia e o gigantismo?
A doença é a mesma. O que ocorre é que na infância ou puberdade – antes do fechamento das cartilagens de crescimento, a manifestação da doença é chamada de Gigantismo, pois a ação do hormônio nesta faixa etária vai levar ao crescimento excessivo do corpo. Já quando a doença se manifesta na fase adulta, é chamada de acromegalia, pois não existe mais a possibilidade de crescimento longitudinal dos ossos, e sim o aumento dos tecidos moles e cartilaginosos, causando aumento das mãos e dos pés.

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“Meu diagnóstico não foi precoce, foi sorte.  Eu sabia que deveria ter algo errado, pois eu tinha uma vida muito boêmia. Hoje sou um novo homem e priorizo a qualidade de vida! ”

Nosso personagem do Páginas da Vida deste mês é o jovem Breno! Simpático, extrovertido e feliz. Essas foram minhas primeiras impressões logo quando bati o olho nele em nosso primeiro contato, na cidade de Fortaleza.

Breno foi diagnosticado com câncer renal grau IV em fevereiro de 2016, por conta de exames de rotina. Ele decidiu ir ao clínico geral depois de ver uma matéria na televisão sobre doenças que podem ser prevenidas. Aos 31 anos, querendo cuidar da sua saúde para evitar problemas futuros como diabetes, obesidade e hipertensão, resolveu marcar uma consulta e fazer um check-up completo (realizou hemograma completo, depois o médico detectou que tinha algo errado e solicitou ultrassom de abdômen, tomografia e ressonância magnética).

E foi assim, querendo se prevenir de doenças e sem nenhum sintoma, que Breno foi diagnosticado com câncer renal.

“Como ninguém da minha família teve câncer, achei que não corria nenhum risco. Era algo muito distante da minha vida. Porém, mesmo sem sintomas e não sentindo dor alguma, recebi o diagnóstico do câncer renal, dois dias antes do carnaval, época que mais gostava do ano”.

Depois do susto, preocupações e receios, ele decidiu encarar o câncer e fazer tudo que estava ao seu alcance para se curar.

“Fui encaminhado para o urologista. O médico me disse que o primeiro passo seria fazer a cirurgia o mais rápido possível. Não tinha metástase, porém já estava em um nível agressivo, em torno de 6 cm. Foi realizada a nefrectomia parcial no mesmo mês do diagnóstico: fevereiro”.

Em pouco tempo, Breno já estava recuperado. Não teve nenhum efeito colateral e não precisou tomar medicamento. Digamos que ele teve sorte, já que a maioria das pessoas diagnosticadas com câncer renal sofrem com os efeitos colaterais do tratamento e precisam, durante algum tempo, tomar remédio.

“Atualmente, faço acompanhamento 2 vezes por ano. No mês de novembro, tive primeiro acompanhamento, após a cirurgia”.

Breno conta que nunca quis pesquisar sobre a doença para não prejudicá-lo psicologicamente. Seu companheiro e mãe também não procuraram na internet ou por outros meios de informações sobre o câncer renal.  

“O que me ajudou muito foi que desde o início o meu médico me tranquilizou, me passou segurança e, consequentemente, fiquei mais confiante, acreditando muito que tudo terminaria bem”.

A rotina segue praticamente a mesma. Após a recuperação da cirurgia, ele retomou ao trabalho e faculdade. Colocou sua alimentação como prioridade. De acordo com Breno, depois do susto que levou, percebeu que não dá para continuar com hábitos alimentares ruins, como comer lanches todos os dias, refrigerantes e doces.

Nosso entrevistado ressaltou a importância de melhorar o SUS no Brasil, pois muitas pessoas descobrem o diagnóstico precoce, mas devido à demora do atendimento e tratamento o câncer acaba ficando avançado, intensificando o problema de saúde.

“Deveriam existir mais campanhas em TV e rádio conscientizando a população da importância de se cuidar, de cuidar do seu rim para prevenir a doença. Todos deveriam saber a importância de fazer o check-up anual. As pessoas estão negligentes da própria vida. E isso precisa ser a primeira coisa a ser mudada” finaliza Breno.

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Por Elfriede Galera

Pertenço a um grupo de mulheres que celebram a VIDA a cada minuto, não cantam vitórias de cura e poucos falam sobre elas.
Mulheres que muitas vezes são discriminadas e julgadas por não terem fé, por terem abandonado a luta.

Sou Elfriede Galera, 62 anos, aposentada da área de comércio exterior, artista plástica e velejadora. Casada com Jadyr Galera e tenho dois filhos: Nicole hoje com 27 anos e Patrick com 22 anos. Fui diagnosticada em 2010 com câncer de mama metastático HER2+ (um tipo de câncer de mama um pouco mais agressivo).

No momento do diagnóstico solicitei ao médico toda a verdade sobre o meu estágio, pois a vida me pertencia e por alguns segundos o “mundo despencou”.  Respirei fundo e pensei: realmente não tenho muitas opções, então optei por viver e viver com qualidade.

Contei para todos sobre meu estado,  prometendo lutar e que no final tudo ficaria bem. Foi aí que percebi como vivemos numa sociedade despreparada para os momentos mais sublimes da vida… Todos diziam, você não pode falar assim, que já está com metástase, que o câncer já se espalhou!

Durante esses anos passei pelos mais severos tratamentos contra o câncer de mama e mesmo assim realizei muitos sonhos como a formatura da minha filha, o vestibular do meu filho e colocar no mar o veleiro que construí com meu esposo de 1988 até 2014.
Faço todo meu tratamento pelo SUS, (Hospital Pérola Byington) meu hospital é meu grande “Pote de Vida” onde há cada 21 dias vou pegar mais um punhadinho e continuar o grande jogo da vida.

Sou muito ativa, super informada sobre o meu tratamento, sobre o câncer de mama, bem como sua possível evolução. Sou rigorosa quanto ao tratamento, exames e consultas, e ajudo/apoio outras pacientes a enfrentarem esse grande desafio da vida, disseminando também informações de qualidade e ainda sobra tempo para palestras sobre a minha vida, construção do veleiro e o meu diagnóstico de câncer de mama.

O mais difícil é ser uma sobrevivente do SUS, já usei todos os medicamentos disponíveis do rol e para continuar o maravilhoso jogo da vida dependo de ação judicial.  Hoje, estou trabalhando no novo projeto do veleiro para subir a costa brasileira e quem sabe ir até o Caribe. É um sonho que eu tenho certeza que vou realizar.

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Que tal encerrar o Novembro Azul com uma história de tirar o chapéu? Onde o preconceito passa longe, e o que realmente importa é a SAÚDE. Conheça o Rafael: músico, produtor de áudio, cantor, locutor e dublador, que foi diagnosticado com câncer de próstata em 2013. Mergulhe neste bate-papo e inspire-se:

* Como e quando você descobriu o diagnóstico?
Tudo  começou quando no começo de 2012 fui fazer meus exames anuais com meu amigo e cardiologista Jorge Thiers. Sempre fui uma pessoa com uma saúde muito boa. Sempre fui e sou fisicamente ativo, não sou sedentário. Nunca tive nem unha encravada. Meus exames sempre foram, e ainda são,  os melhores possíveis para a minha idade. Como sempre, ele me solicitou uma série de exames laboratoriais, inclusive o PSA (Prostatic Specific Antigen). Aí começou o problema: PSA= 8,4.  Ele me explicou então que, apesar de todos os meus exames estarem ótimos, o valor de meu PSA estava fora do esperado para um homem da minha idade, que deveria ser de no máximo 4. Explicou também que poderia ser uma inflamação (prostatite), um inchaço da próstata  (hiperplasia benigna), ou o temido câncer de próstata.  Me recomendou procurar um urologista, pois em qualquer das hipóteses não seria bom postergar uma pesquisa mais apurada, pois mesmo na pior das hipóteses (câncer) pelo meu PSA ainda provavelmente estaria numa fase inicial, com possibilidade de tratamento bastante boa.

Uma amiga então me sugeriu procurar o Dr. Sheinkman, professor de urologia da UFF. Fui ao seu consultório, onde ele me examinou, pediu uma ultra-sonografia  e recomendou tomar um anti-inflamatório e realizar um novo PSA. Feito isso, meu PSA baixou e ele me recomendou voltar seis meses depois. Fiz novos exames em 6 meses, 9 meses e um ano. Em março 2013, um ano após a primeira consulta,  meu PSA aumentou novamente. Ele fez novo exame de toque  e então pedi u a biópsia.  No dia 23 de março de 2013 abri o envelope e lá estava a confirmação do câncer.

* Como foi receber o diagnóstico? Quais foram os primeiros pensamentos, sentimentos e sensações a respeito?
O sentimento ao abrir o envelope foi de desespero. Ninguém abre um envelope e vê um diagnóstico desse sem sentir todo o chão sair debaixo de seus pés. É realmente devastador.

* Na época do diagnóstico, você sentiu falta de alguma informação ou suporte? Qual? De quem?
Até acontecer comigo tinha uma boa ideia do que é esta patologia, porém de uma forma bem superficial. Fui então procurar me informar. Voltei ao Dr. Sheinkman para apresentar o resultado e ele me explicou de forma bem didática o que eu tinha, quais as possibilidades de tratamento e o que eu deveria esperar daquele momento para frente. Me disse também que considerando minha idade e estágio da doença, minha melhor chance de cura real seria pela cirurgia. Como não opera mais, me encaminhou para seu colega da UFF, o Dr. José Genilson Alves. Novamente fui à consulta, dessa vez com o Dr. Genilson, e entre as terapias possíveis optei pela cirurgia. Quando o CA está restrito à próstata, uma vez removida, o CA vai junto e não havendo metástase, esse problema está resolvido. É claro que toda cirurgia tem sequelas, mas são infinitamente mais tratáveis do que um câncer metastático.

Não me faltou informação, até porque eu mesmo procurei me informar. Fiz muitas pesquisas sobre o tema. Tomei minha decisão e fui operado no dia 20 de abril de 2013, ou seja, menos de um mês após o diagnóstico.

*Em algum momento você pensou em jogar tudo para o alto e desistir?
De forma alguma. O bem mais precioso que temos é a nossa saúde e nossa vida. Preservar a vida procurando ter saúde é fundamental.

* Em relação ao tratamento. Por favor, me conte tudo que aconteceu, desde o momento que recebeu o diagnóstico até hoje.
O diagnóstico em si não chegou a ser problemático, uma vez que se deu por exames de sangue (PSA), ultra-som, exames de toque e biópsia. O único exame que realmente incomodou foi a biópsia, uma vez que ela causa desconforto por vários dias. Não causa dor na hora, pois é feita com anestesia, mas por alguns dias senti a região dolorida. Mas não é nada que não se possa suportar bem. Quanto ao “temido exame de toque”, tem que ser encarado como um exame médico. Sem ele o médico não pode sentir a próstata. O câncer causa endurecimento em áreas contaminadas, que só apalpando o médico irá sentir. É uma grande burrice, o nome é esse mesmo, não fazer o exame por preconceito. O preconceito pode  matar. O câncer de próstata é uma doença absolutamente silenciosa, até se tornar metastática. Se a pessoa sentir alguma coisa, aí ela, que antes tinha um problema sério, terá um problema muito grave. Esse câncer se desenvolve muito devagar. Muitas vezes o homem tem a doença por alguns anos antes que apareçam sintomas. Eu mesmo  nunca senti nada. Se eu não houvesse fossem os exames, hoje eu estaria com muitos problemas com metástases.

Quanto às opções de tratamento, tinha basicamente essas escolhas:

– Cirurgia:  Quando o homem tem uma perspectiva de vida maior que dez anos, e o câncer ainda está restrito à próstata, a cirurgia é a terapia que tem a maior taxa percentual de sucesso. Superior a 90%. As outras dão mais um controle do crescimento do câncer que cura. Podem curar, mas o índice é bem menor. Tem como sequelas uma incontinência urinária, que pode se permanente ou não. Na maioria das vezes não, mas mesmo se for permanente há tratamento), e a impotência sexual, que também pode ser permanente ou não, mas também mesmo que seja permanente, há tratamento. Logo após a cirurgia alguma incontinência e impotência irá acontecer, mas é normal. Afinal, toda a “zona do agrião” é cortada. Até recuperar demora um pouco. Após dois meses já não tinha mais incontinência e depois de seis meses a parte sexual começou a melhorar.  Como disse na época o Dr. Genilson: Se vc for um tenista e tiver uma fratura exposta no braço, não pode achar que vai operar e jogar tênis dois meses depois. Com terapia certa e paciência tudo se resolve.

– Hormonioterapia: O câncer de próstata se alimenta da testosterona, fabricada pelos testículos. Usa-se o bloqueio da testosterona como forma de “matar” o câncer, mas isso causa uma anulação da libido. Não é impotência, é pior. Não impotência, o cara quer mais não pode. Na anulação da libido, o cara nem pensa no assunto…Quando o paciente é muito idoso, mais de oitenta anos,  é muito usada, pois muitos homens dessa idade já não têm mais uma vida sexual muito agitada e como o CA estará com o crescimento controlado, provavelmente a pessoa irá morrer de outra coisa, mas enquanto durar a terapia a pessoa terá sua libido zerada, e no final pode não curar, apenas controlar.

– Radioterapia: Causa sequelas como incontinência urinária, impotência sexual, enjoos, fistulas anais, etc…e também tem uma boa margem de insucesso.

Considerando as opções que tinha, minha idade na época (58 anos) optei pela cirurgia e não me arrependo. Operei no dia 20 de abril de 2013. Como tinha um bom estado geral de saúde, minha operação transcorreu tranquila e nem tive a necessidade de transfusão de sangue. No terceiro dia tive alta hospitalar e fui pra casa da minha irmã. Lá fiquei mais uma semana. Depois disso fui para casa e eu mesmo fazia os curativos, pois moro sozinho. Após quinze dias retirei a sonda urinária e fui me recuperando com o tempo. Um mês depois já estava trabalhando e levando a vida. O processo de recuperação total levou cerca de um ano, mas hoje estou bem. Às vezes nem lembro que tive isso…

*De todo o tratamento: qual foi a fase mais difícil para você e sua família?
Minha família me apoiou o tempo todo. Passar por isso não é nada fácil. Além de afetar diretamente o doente, afeta todos que estão em volta. Fisicamente foi até mais fácil do que imaginei. Quase não tive dor e minha recuperação foi excelente. O grande baque foi psicológico. Você toma uma porrada! Vê o quanto é frágil e como de uma hora pra outra tudo pode mudar. Houve também uma fase, os primeiros três meses, em que o estresse foi grande. Quando se faz a prostatectomia radical, o esperado que que o primeiro exame de PSA fique próximo de zero, do contrário é indício de metástase. Aí o sofrimento continua, pois outras terapias têm que ser implementadas. Tudo pra mim correu bem e não tive necessidade de fazer nenhuma terapia complementar.   Daí em diante os exames são semestrais, durante cinco anos. Em abril de 2018 farei o último desses exames semestrais. Depois disso, voltam a ser anuais, como antes.

* Houve algo que fazia parte da sua rotina e que atualmente não faz mais? Por quais razões?
Não. Minha vida segue normalmente. Trabalho, me divirto, namoro, viajo, enfim…normal.

* Como era o Rafael antes do diagnóstico e como é o Rafael agora? O que mudou?
Eu antes era tranquilo e de bem com a vida. Quase sempre trabalhei com o que gosto: arte. Tive grandes amores. Tive um filho que só me deu orgulho. Conheci muitos lugares no mundo e fiz muitos amigos.

Depois do diagnóstico, estou tranquilo e de bem com a vida. Trabalho com o que gosto:arte. Tive um grande amor. Tenho meu filho, que só me dá orgulho. Conheci mais alguns lugares no mundo e fiz mais alguns amigos.

O que mudou? Sou mais consciente da minha finitude e absolutamente não dou mais importância ao que não tem importância.

Tudo na vida ensina e acho que sou um ser humano melhor.

* Como você imagina a sua vida daqui para frente?
Pretendo trabalhar, me divertir, viajar, amar, fazer amigos. Viver, enquanto Deus permitir,

* Você acha que a campanha Novembro Azul ajuda a minimizar o preconceitos dos homens sobre o câncer de próstata?
Sem dúvida alguma. Como já disse, o preconceito é burro. A classificação pode ser dura, mas é exatamente essa. Muitos homens, em nome de um machismo burro, não se submetem ao exame de toque que é só isso: um exame médico. É um exame que não dura nem cinco segundos e que pode salvar a sua vida. Se você que está lendo isso vier a ter um câncer de próstata com metástase que não tenha sido diagnosticado a tempo por preconceito, e um em cada sete homens terá câncer de próstata, você irá amaldiçoar o seu próprio preconceito. Eu hoje estou vivo e, tudo indica, curado, porque fiz meus exames.

Pra você que tem esse preconceito e não quer fazer o exame, vou lhe dar uma informação: quando há metástase avançada, uma das últimas alternativas para tentar frear o câncer é a ORQUIDOTOMIA, ou seja, extirpação dos testículos. Isso é feito para que o corpo pare de fabricar testosterona e com isso controlar, não curar, o câncer. Ou seja, em nome de um preconceito você está se arriscando a ser castrado e vai sofrer muito. É melhor um exame de cinco segundos por ano…

* Deixe uma mensagem para todas os homens que enfrentam ou já enfrentaram o câncer de próstata.
Pra você que está enfrentando essa barra, procure conversar com seu médico sobre a melhor opção de terapia. Se abra com sua família e com seus bons amigos. São eles que estão e estarão ao seu lado. Ninguém vence uma guerra sozinho. Cada caso é um caso. Não desespere. Há luz no fim do câncer. Pra você que já enfrentou, estamos juntos!!!

A vida segue!!!!

A vida é bela!!!!!!!!!!

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Para finalizar o Outubro Rosa com chave de ouro, convidamos a bailarina Marília, de 34 anos, para um bate-bola sobre sua história de superação com o câncer de mama. Confira tudo em nossa coluna Páginas da Vida:

  1. Qual seu nome completo?

Marília Cristina da Costa e Silva, 34 anos. Sou bailarina e arte-educadora

  1.     Como e quando você descobriu o diagnóstico?

Eu tinha 28 anos. Percebi o nódulo em outubro de 2012, sou bailarina e em um dos movimentos que fazia no chão, eu senti um nódulo na mama direita. A partir disso eu agendei um ginecologista que ao realizar o exame de toque, identificou que este nódulo tinha características normais (nódulo sebáceo). Mas, na mama esquerda ela identificou um nódulo que a deixou em alerta, solicitou mamografia e ultrassonografia, e ao sair os resultados, solicitou também uma biópsia. Foram aproximadamente 2 meses até receber o diagnóstico, hoje parece que tudo foi muito rápido, mas eu me lembro que foram dias de muita angústia e aflição.

  1.      Como foi receber o diagnóstico? Quais foram os primeiros pensamentos, sentimentos e sensações a respeito?

Parece contradição, mas foi um alívio. Porque daquele momento em diante eu sabia, que enfrentaria uma luta e que deveria agir. Então minha primeira pergunta a médica foi “ok, o que devo fazer agora?”, eu me senti como nunca havia me sentido antes. Creio que neste instante eu me tornei uma mulher forte. Minha mãe e uma amiga estavam comigo, todas choraram, elas e inclusive a médica. Eu fui a única que se manteve em retidão, era um sentimento de amor pela minha própria vida, então eu sabia que eu deveria agir. Não lembro de ter pensado algo do tipo “e, agora o que fazer?”, mas eu dizia “ me diga o que fazer, eu farei.” Era um sentimento de urgência, eu devia agir o mais rápido possível. Eu não fiquei lamentando. Creio que os dias que antecederam a notícia, foram assim, mas o momento do diagnóstico foi de força e fé!

  1. Na época do diagnóstico, você sentiu falta de alguma informação ou suporte? Qual? De quem?

Não, eu confie plenamente na médica, a Dr. Thais Kubota. Mas, tive problemas com o convênio, que na época não disponibilizaria a ela, sua equipe de reconstrução mamária. Por isso, ela se negou a realizar a minha cirurgia, pois não se sentia confiante em realizar um procedimento tão delicado com um equipe desconhecida. Eu compreendi seu posicionamento, e inclusive, me soou consciente e responsável.

  1.     Em algum momento pensou em jogar tudo para o alto e desistir?

Sim. Me lembro de dois momentos que pensei em desistir. Eu de verdade, não aguentava mais e não me sentia capaz de continuar. Mas, nestes momentos de dor e aflição, alguém da minha família se aproximava, e então eu me enchia de forças. Pois, eu deveria resistir por eles. Não estaria sendo justa com eles, se me deixasse abater. Eu devia seguir por eles, para recompensá-los de toda a dedicação que ofertavam a mim naquele momento.

  1.     Em relação ao tratamento. Por favor, conte tudo que aconteceu, desde o momento que recebeu o diagnóstico até hoje.

Eu faço o tratamento no AC Camargo, em janeiro de 2013 eu realizei a cirurgia e removi o quadrante central da mama esquerda. Em março, eu iniciei as sessões de quimioterapia, foram no total 16 e em outubro, realizei as 30 sessões de radioterapia. No primeiro instante que vi cicatriz, eu me senti mutilada, mas no segundo instante, eu me senti curada. Então, eu passei a agradecer pela possibilidade de remover algo que não pertencia ao meu corpo. Aliás, eu compreendi que o tumor, foi um colapso. Me corpo entrou em colapso, ele provavelmente estava me sinalizando que as coisas não iam bem, mas demorei a perceber e ele colapsou. Todo o tratamento eu fui extremamente disciplinada com alimentação, sabia que meu organismo seria bombardeado de medicações e que eu deveria cuidá-lo o máximo que pudesse. Também cuidei das minhas emoções, entrei em contato com muitos sentimentos e tive ao longo do tratamento apoio psicológico, o que foi essencial para que eu pudesse  transcender e transmutar alguns sentimentos. Eu não me perguntava por que aquilo estava acontecendo comigo, e sim para que. Hoje eu sei, que foi para que eu me tornasse quem eu deveria ser! Durante o tratamento, eu mergulhei no meu interior, descobri a mulher linda e forte que sou, mas também reconheci as minhas fragilidades e principalmente tomei consciência do quanto irresponsável eu havia sido comigo mesma. No momento do tratamento eu assumi as rédeas da minha vida, sabia que ninguém poderia fazer por mim. Eu deveria agir e lutar pela minha própria vida. E assim fiz, lutei com todas as forças que tive e tenho, cai muitas vezes, e as vezes era difícil me reerguer. Cada vez que eu me levantava, eu me sentia mais forte. Eu fui confiante e positiva o tratamento todo, isso não quer dizer que a tristeza não tenha me feito companhia. A tristeza foi uma grande aliada, eu a acolhia e tentava entender o que além da dor ela podia me dizer. Outra grande companheira, foi a que eu chamei de Dona Morte. Sim, ela esteve comigo lado a lado, somos íntimas e grandes parceiras da vida, não me lembro de ter ficado assustado com ela, mas eu sabia e sei que ela existe, isso alterou completamente a minha relação com a vida. Descobri que a vida é finita. E por isso, nada a fazer, a não ser caminhar e contemplar a paisagem. Ah, o dia do cabelo. Eu sabia que ele cairia, mas senti-lo cair foi angustiante no primeiro momento, eu então decidi fazer deste momento um ritual de passagem. Meus pais e minha madrinha estavam comigo, fizemos nossas orações, lembramos das mulheres guerreiras que cortavam seus cabelos em sinal de força. E assim aconteceu, meu cabelo foi raspado, eu senti uma linda e leve sensação de liberdade. Resolvi guardá-lo para entregar de volta a Natureza, e ao longo dos 3 anos seguintes eu fiz uma jornada. Viajei por alguns lugares e entreguei o cabelo à Terra, Água, Fogo e Ar. Assim, eu renasci. Assim, eu me transformei. Sou grata pela doença, pois hoje reconheço que vivi um doloroso porém lindo processo de transformação, e me tornei quem eu deveria SER.

  1.     De todo o tratamento: qual foi a fase mais difícil para você e sua família?

Para mim, com certeza foram os dois meses de investigação. Para a minha família, creio que tenha sido o tratamento todo, eu via nos olhos deles o quanto sofriam. Por isso, eu tentava ao máximo não demostrar à eles a minha fragilidade. Nem sempre, eu conseguia.

  1. Houve algo que fazia parte da sua rotina e que atualmente não faz mais? Por quais razões?

Não sei se compreendi bem a pergunta. Mas vou fazer um paralelo entre o que eu fazia antes e depois da doença. Antes, trabalhava como bailarina em uma companhia de dança e me sentia no auge da minha melhor performance, meu corpo era ágil e forte. Ao longo do tratamento eu me afastei da dança, até tentei, mas era frustrante. Meu corpo não respondia aos comandos, eu lembrava de como ele era antes e isso me causava muita tristeza. Cheguei a pensar que jamais voltaria a dançar. Engordei 10 kilos e meu corpo se transformou muito. Mas, eu nunca deixei de dançar nos pensamentos. Dançava o dia todo. Quando recebi alta médica, meu médico Dr. Alessandro pediu que eu retornasse à dança, e aos poucos fui entrando em contato com o meu corpo. Foi difícil aceitar que ele jamais seria o mesmo, não por que eu havia retirada parte da mama, mas principalmente por que eu não era mais a mesma. Fui entendo que o virtuosismo dos movimentos estavam na sutileza e não na força, estava no olhar e não no salto, estavam no gesto e não apenas na técnica. Vi uma outra dança nascer em mim, mais sensível. Eu então, criei um solo de dança, um depoimento poético chamado Inquieta Razão, em que o processo de transformação que vivi com a doença transcende os aspectos da dor e do sofrimento e alcançam a beleza da transformação. Por que entendi, que na verdade aquilo tudo foi um intenso processo de transformação. Hoje eu sigo dançando a vida, sou pleno movimento. Ah, tinha algo que fazia parte da minha rotina, eu não cuidava das minhas emoções, cuidava do meu corpo por ser bailarina me alimentava bem e praticava atividade física, ás vezes ultrapassava os limites, o que também não era saudável. Eu  pensava muito mais em atender aos outros do que a mim mesma. Isso hoje não faz mais parte da minha rotina, e me coloco em primeiro lugar e sei que eu estando bem eu posso contribuir muito mais com todos aos meu entorno.

  1. Como era a Marília antes do diagnóstico e como é a Marília agora? O que mudou?

Creio que eu era um alguém qualquer. Hoje eu sou a Marília. Sei da minha força e da minha capacidade de transcender a dor.

  1. Como você imagina a sua vida daqui para frente?

A minha vida desde o fim do tratamento têm sido de gratidão. Eu redirecionei os meus passos profissionais, hoje tenho certeza que estou onde deveria estar. Encontrei um parceiro que me fortalece ainda mais. Eu reconheço, que ainda preciso compreender e transcender muitas aflições, mas sei que minha vida é valiosa e finita. Isso faz com que eu aproveite ainda mais as oportunidades que encontro pela frente.

  1. O que você acha da campanha Outubro Rosa?

Uma campanha necessária, não apenas para falarmos sobre o autoexame e os cuidados de prevenção. Mas principalmente para falarmos sobre o Câncer de Mama, e desmistificar muitas coisas. O câncer tem cura. O tratamento pode ser longo e doloroso, mas tem cura! E apesar das transformações que acontecem na mulher a doença pode deixá-la ainda mais bela e forte. Desde 2015 eu apresento o solo Inquieta Razão de forma voluntaria, com o propósito de disseminar um testemunho de cura. Neste ano de 2018, eu também participei de algumas outras campanhas e sei que por toda a minha vida em outubro eu serei lembrada por algumas pessoas e convidada a falar sobre o processo que vivi.

Link Inquieta Razão (estreia março/2014, 5 meses após a alta médica: https://www.youtube.com/watch?v=Zen5H-2Q1uI).

  1. Deixe uma mensagem para todas as pessoas que enfrentam ou já enfrentaram o câncer de mama.

O câncer de mama foi para mim um processo de descoberta do meu verdadeiro Eu, e por isso sou grata à doença. Alguns chamam isso de resiliência, eu chamo de transcendência. Precisamos desvelar as cortinas da dor e do sofrimento para que possamos ver a belíssima paisagem que existe além dela.

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O que você faria se fosse diagnosticada com câncer de mama aos 35 anos? E até onde iria para salvar sua vida? Para Jakeane não existe limites. E foi pensando assim que sua história de tristeza e angústia se transformou em inspiração e esperança

Nem todo mundo que entra em uma batalha sai vencedor, não é mesmo? Porém, muitas vezes, apenas o ato de lutar pelo que se acredita, superando os seus limites e medo, já é uma vitória, e das grandes. Enfrentar um câncer de peito aberto, com um sorriso e amor no coração não é fácil para ninguém, imagine receber o diagnóstico de câncer de mama durante a gestação?

Assim foi com a maranhense Jakeane. Aos 35 anos, grávida do seu segundo filho, ela foi diagnosticada com Carcinoma Ductal Infiltrante, grau 2 (tipo de câncer de mama que representa 80% à 90% dos carcinomas da mama).

Estudante de administração, esposa, irmã, amiga e filha dedicada, ela viu sua vida e sonhos desabarem em questão de segundos.

“Tudo começou em 25 de setembro de 2017, em casa, pós-banho, fazendo meu autoexame. Ao me tocar percebi que ali tinha algo errado, bem na parte debaixo da mama esquerda, aonde era possível sentir somente deitada, ao fazer movimentos ao redor da mama senti uma bolinha. Na hora jamais passou pela minha cabeça que pudesse ser algo sério. No dia seguinte fui em busca de um médico.”

E foi no meio dessa confusão de sentimentos, que Jakeane descobriu que estava grávida do segundo filho. Finalmente seu sonho estava sendo concretizado, e a família estaria completa.

A única coisa que eu esperava era uma gravidez, a qual estava tentando desde início do ano. Três dias antes do atraso menstrual resolvi fazer um teste de gravidez e lá estava um super-mega-positivo. Claro que gritei para o mundo “Estou grávida” e imediatamente a felicidade tomou conta de mim, contei para meu filho e para a família toda.”

Logo em seguida, radiante com a notícia da chegada de mais um bebê, e certa de que não tinha nada, ela procurou um Mastologista.

“Procurei um Mastologista em Teresina, levei a ultrassom e no mesmo dia fiz a mamografia e na sequência a biópsia que sairia o resultado uma semana depois… Nessa semana de aguardo meu corpo foi mudando e quer saber, eu não acreditava que aquela mulher que todos adoravam, que falavam que era a pessoa que mais transmitia alegria por onde passava, que tinha a melhor relação do mundo com todas as pessoas que convivia, pudesse ter um câncer.”

Os exames ficaram prontos mais rápido do que todos imaginavam. Em 3 dias Jakeane estava em um consultório, com seu marido e os resultados em mãos.

“Recebi a biópsia e nem abri, peguei e já entrei direto para sala do médico e supercontente, com meu esposo ao meu lado. A primeira coisa que disse ao médico foi que estava grávida. Ele abriu aquela biópsia lá tinha (CARCINOMA DUCTAL INFILTRANTE, GRAU II) me olhou e eu posso nesse momento ouvir aquelas palavras dele: – agora temos um caso sério, você tem uma câncer de evolução rápida, onde esperar 9 meses para tratar é muito tempo, você entrará em metástase, como não sou obstetra você procure um, interrompa essa gravidez, volte aqui que eu vou tirar sua mama, fazer quimioterapia e radio -, sim, ele usou exatamente essas palavras.”

Foram os minutos mais tensos e apavorantes que ela já tinha vivido. Um misto de medo, raiva, angústia e indignação por tudo que ouviu do médico.

“Aqueles 70 km foram os mais longos da minha vida. Chorei muito me questionando: por que, Deus? Eu só pedi um filho, por que isso está acontecendo comigo? Quando acordei no dia seguinte a única coisa que pensei foi: Deus não está sendo injusto comigo, Ele me deu essa criança e vou em frente, mas tirar meu filho não tiro… Eu estava disposta a arcar com as consequências.”

 Com muito amor e apoio da família, onde encontrou forças para lutar pelo seu sonho e ao mesmo tempo enfrentar o câncer de mama, decidiu marcar uma consulta com outro médico. Ela sabia que a batalha só estava começando……

“No dia 16 de outubro fui hospitalizada com princípio de aborto, e o médico (Obstetra) foi muito teórico, ao contrário daquele mastologista que foi prático e indelicado ao extremo. Ele me disse tive um princípio de aborto e disse que poderiam acontecer duas coisas: ou teria um aborto espontâneo ou iria seguir com gestação de risco. Orientou a procurar ajuda profissional. Ele não me convenceu a fazer o aborto, porém me explicou com muita clareza todo o processo que viria pela frente.”

Mas, como não temos controle de muitas coisas que acontecem em nossas vidas, a maranhense e sua família tiveram que superar mais um obstáculo: a perda do bebê.

“No dia 20 de outubro fui até a maternidade da minha cidade acompanhada de uma enfermeira que amparou minha causa e pediu que eu desse uma chance para ela me levar e conversar com a assistência social sobre meu caso. Conversando com várias pessoas, tive um forte sangramento. Ali mesmo fui hospitalizada para fazer a curetagem, pois tive um aborto espontâneo. Eu estava triste sim, muito, não pelo câncer, pensava a doença eu trato, mas meu filho não queria perdê-lo. Porém, passei a entender que Deus me deu aquele filho só para me mostrar o que estava de ruim dentro de mim, então foi a forma que Ele encontrou de me avisar rapidamente, pois o hormônio gestacional fez com que o nódulo evoluísse rapidamente.”

A jovem não teve tempo para digerir a perda. Precisou enxugar as lágrimas, trancar essa dor em seu coração e lutar pela vida; pelo seu marido, pelo seu filho e principalmente por ela mesma.

“No final de outubro fui para o Sul decidida a buscar outra avaliação. Foi nesse dia que minha vida começou realmente a mudar. Fui a primeira consulta no Hospital Ceonc, em Cascavel-PR, onde fui atendida por um anjo chamado Dr. Fabio Henrique Araujo. Ele escutou todos os detalhes e disse: tirar sua mama? não! Você é jovem, linda, vamos trabalhar a preservação dessa mama, iniciaremos agora seu tratamento. Hoje você fará sua primeira quimioterapia vermelha, sei que ela é tão forte quanto você, após fazer 4 ciclos iremos avaliar se houve redução desse nódulo, acontecendo dessa forma não será necessário retirar a mama, e sim, a retirada do quadrante… e esse cabelo enorme daqui a quinze dias cairá todo, mas não se preocupe, cabelo nasce e quando nascer será mais lindo.”

“Sobre o cabelo, era o que mais amava em mim, aqueles longos cachos que viviam soltos… Ali eu estava acompanhada do meu esposo e de minha cunhada e os olhos deles mostravam mais medo do que os meus.  A minha cunhada falou que não precisava fazer hoje, se quiser ir para casa pensar, depois voltamos… Olhei para eles e diante de tudo que eu já havia visto naquele grande Centro Oncológico em poucas horas que eu estava ali, falei:

“Sabe quando você acha que está no fundo do poço? Agora eu tenho a certeza que eu não estou dentro, e sim na beirada de fora, e cabe a mim, pular dentro dele ou me afastar e dali, eu decidi que queria viver: pelo meu filho, pela minha família e por todas aquelas pessoas que acreditavam em mim”.

E foi assim que Jakeane decidiu “não pular para dentro do poço”, seguiu o protocolo e iniciou 4 sessões de quimioterapia vermelha, e duas sessões de quimioterapia branca.

O nódulo reduziu, mas ainda havia a cirurgia. Sabe aquela insegurança do começo do diagnóstico? Desapareceu. A maranhense seguiu firme e marcou a cirurgia para fevereiro de 2018. Resultado? Um sucesso!

A mama foi preservada e retirada somente quadrantectomia. E foi assim o tratamento: mais sessões de quimioterapia e 30 sessões de radioterapia.

Pensou que essa foi a parte mais difícil do tratamento? Encarar as sessões de quimioterapia, radioterapia e ir ao hospital foi tranquilo, difícil mesmo é ficar longe de sua rotina, sua casa, trabalho e marido.

A parte mais difícil no tratamento que tive que enfrentar foi optar por ficar lá no Sul, pois minha residência e trabalho eram no Maranhão. Meu esposo ficou 10 dias comigo e voltou para nossa cidade para dar entrada na licença para me acompanhar, pois o mesmo é funcionário publico. Imediatamente me afastei pela previdência social, tivemos que ficar durante 2 meses separados e meu filho desde o primeiro momento ficou comigo, sempre me acompanhou em tudo, era conhecido até no hospital, ele é uma criança muito inteligente e apesar de pequeno entendeu que a mãe tinha uma doença mais que iria ficar bem, ele falava: minha mãe não é doente ela trata um câncer de mama.”

Foi então que começaram os efeitos colaterais do tratamento, e a queda de cabelo foi o ponto para que ela se olhasse no espelho e entendesse que era só uma fase difícil.

 “Mandei raspar a cabeça, e ao me olhar no espelho entendi que aquilo era só uma fase difícil, que uma hora iria passar, no fundo só tinha medo que meu marido me rejeitasse porque ele não estava ali vendo o processo com seus próprios olhos. Mas, apesar da insegurança resolvi me encarar e encarei as redes sociais, encarei o mundo que havia ali na minha frente e jamais deixei que as pessoas sentissem pena de mim, ou que ao menos me tratassem assim, com pena, fiz todos ao meu redor entenderem que eu estava viva e bem. Segui careca, alegre, feliz. Me divertia, ia a restaurantes, até festas. Abusava de lenços e as vezes sai até sem nada na cabeça, me maquiava e me arrumava e as pessoas entediam que a beleza estava dentro de mim e não naquele cabelo comprido que eu tinha.”

“Quando eu e meu marido reencontramos, minhas inseguranças acabaram. Ele sempre me tratou normalmente, alugamos uma casa para nós no Sul onde ficaríamos até o final do tratamento. Tive um apoio muito grande da minha família e dos meus amigos e dos novos amigos que fiz e da nova família que construí, conheci e acompanhei diversos casos, vários tipos de canceres, pessoas com depressão onde pude ajudar, pessoas que infelizmente eu perdi ali, pude entender o intimo de cada um que tive a oportunidade de conviver e de alguma forma está ali me  fazia feliz pois eu tinha a oportunidade de levar um pouco de alegria para algumas pessoas que estavam lá.”

 Mas, depois de todos os obstáculos veio a notícia que Jakeane aguardava há tempos: estava curada:

Só quem passa pela situação para ter noção da emoção que é ouvir essa frase. Eu me vi dirigindo 230 km da cidade que eu me tratava para a cidade qual eu estava residindo: eu gritava, eu chorava, eu agradecia a Deus. Esses foram os 230 km percorrido mais felizes da minha vida.”

  “Fui liberada para voltar para casa e seguindo o novo protocolo que já fazia desde abril/18 que era a quimioterapia oral com uso de Tamoxifeno por 5 anos. Retornei para minha cidade, nossas vidas voltaram ao normal, assumi minha função no trabalho, comecei o acompanhamento pós-tratamento em Teresina-PI com outros maravilhosos médicos e desde julho/18 comecei a fazer atividade física e acompanhamento nutricional.”

  E como tudo nessa vida tem o momento certo, e mesmo ela e sua família acreditando que não seria mais possível, a esperança voltou a habitar seu coração.

“A própria medicina não me proporcionava esse sonho por fazer uso de Tamoxifeno e ter me proporcionado quase uma menopausa precoce por já estar tomando a medicação há 1 ano e 2 meses e não mais ciclo menstrual e por um milagre de Deus em junho deste ano descobri que estava grávida. Atualmente estou com 7 meses de gestação, a qual está evoluindo perfeitamente bem ao contrário do que a medicina aponta”.

O câncer fez com que Jakeane, que antes era uma bomba relógio, a ponto de explodir, com tantas tarefas, como ser mãe, mulher, profissional, a melhor esposa. Ela sempre se cobrou muito, e não aceitava fazer menos que o melhor.

“Sofria muito. A vezes deixava desejar em algumas coisas, o dia para mim era necessário ter 48h e não 24h. Sentia que não dava conta de tudo. O câncer foi meu freio, me mostrou que tudo tem seu tempo, que nem tudo acontece como a gente planeja, que os nossos planos as vezes são diferentes dos planos de Deus, que o dia é para ser vivido cada um na sua vez e que a fé é o que temos de mais importante para carregar dentro de nós.”

“Hoje o que tenho a dizer para quem passa, já passou, e está passando ou acompanha alguém que enfrenta essa luta, fique atenta ao seu corpo, ele por si só fala, mas a gente não dá atenção. O câncer é silencioso e quando é descoberto na fase inicial tem uma grande chance de cura. Procure o médico, seja curioso, achar que está bem, nem sempre quer dizer que lá dentro está tudo bem.”

“A vida me ensinou que quando a gente não tem tempo para cuidar da saúde, uma hora terá para cuidar da doença. O câncer está aí, é a doença do século, não escolhe cara e nem cor. E se você receber um diagnostico olhe para frente e veja que você ainda tem muito para viver, que as tempestades passam. Tenha fé. Acredite em você, se encare, se olhe no espelho e entenda que os médicos estão ali para te curar, mas que você precisa contribuir para isso. Fácil não é e nunca será, mas acredite que você é capaz.”

“Acredite em você, cabelo nasce, cresce, o meu hoje é muito mais bonito, muito diferente do que era, durante anos tive cabelo comprido e hoje me acho um charme de cabelo curto, me sinto mais jovem, mais bonita e mais mulher… Acredite na sua cura, pois a fé move montanhas”.

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