Aos 42 anos e prestes a se casar com o seu grande amor, Edneia conta como foi sua luta contra o câncer de mama e hoje inspira milhares de mulheres

Quem nunca conheceu alguém que foi diagnosticado com câncer? Seja familiar, amigo, colega ou conhecido. Infelizmente, essa doença está cada dia mais presente em nossa vida.  E a forma como lidamos com isso é essencial para a vida do paciente. Hoje, vamos conhecer a história da Edneia, mais conhecida como Néia, que superou o diagnóstico do câncer de mama com o apoio da família e do companheiro, e está prestes a realizar o seu grande sonho: casar na igreja com seu Nei, apelido carinhoso do casal, juntos, há 23 anos.

Descobri o câncer em outubro de 2012. Foi muito difícil, pois ainda associamos o câncer como uma sentença de morte, e o que vem primeiro é o medo da morte. Me permiti por alguns dias o luto, depois fui atrás de tirar todas as informações com meus médicos, de como seria o tratamento, a quimioterapia – a palavra mais assustadora do tratamento, porque com ela vem a queda do cabelo, o mal-estar, dores no corpo, enfim tive medo do desconhecido!!! Graças a Deus tive todo suporte da família mãe, irmãos, filho e do meu companheiro que não me deixou em nenhum momento, em todos exames consultas e quimioterapia/radioterapia, exatamente tudo ele me acompanhou. Apesar de ser muito difícil esse processo, nunca abandonei o barco, até porque nele estava cheio de pessoas que estavam lutando junto comigo. O que eu mais queria era a cura e jamais pensei em desistir”.

Edneia conta com detalhes como foi sua fase de tratamento, desde a quimioterapia até as infinitas sessões de radioterapias:

Fiz 16 quimioterapias, sendo 4 as vermelhas, aquelas que vem para deixar você sem cabelo, é como se passasse um trator por cima de você. Isso durou uns 3 a 4 dias e aos poucos o efeito da quimioterapia vai sumindo e ficando as dores no corpo. Fui para cirurgia mastectomia radical, com reconstrução imediato, e após 30 dias da cirurgia, comecei a radioterapia. Fiz 28 sessões diárias, mas era o último passo para o fim do tratamento, contei cada uma e comemorei com alegria, ufaaa tinha acabado!”.

Depois de dois anos longe do câncer e com a certeza da cura, Néia começou a sentir dores no quadril, e para sua surpresa e de seus familiares: o câncer voltou, e o pior, em forma de metástases:

“Comecei a sentir dores no quadril, fui ao médico, fiz os exames necessários, e para a minha surpresa, depois de dois anos, a doença voltou, e o pior, em forma de metástases ósseas, quadril, vértebras e calota craniana”.

Não foi nada fácil ter que engolir e aceitar o câncer de novo. Mas, mesmo sabendo das dificuldades que estavam por vir, ela enxugou as lágrimas e decidiu lutar, não só por ela, mas pela sua família que nunca desistiu de encontrar a cura:

“De todo o tratamento o mais difícil foi ser diagnosticada com metástases, daí sim veio um tsunami de pensamentos, era algo que já conhecia, porque com ela você perde a chance de cura, a chance de um dia o tratamento acabar, me permiti o luto novamente e fui atrás de saber tudo sobre conviver com a metástases, e para minha surpresa, estava animada. Os recursos que os médicos têm hoje, pode me deixar viver muitos anos como se fosse uma doença crônica, e com qualidade de vida, não estou em quimioterapia, estou tratando com medicação e está dando super certo”.

“Hoje não posso mais trabalhar, isso tem o lado positivo e negativo. O positivo é que tenho tempo para poder curtir a vida, viajar ficar mais tempo com a família aproveitar o máximo da vida. O lado negativo é a sensação que a vida fechou para você um ciclo de crescer profissionalmente, aos 42 anos de idade onde tinha muita coisa para fazer e oferecer, mas também hoje já me adaptei e estou vivendo o lado positivo”.

Apesar de tanto sofrimento e luta para viver, Néia trouxe bons frutos de todo o tratamento: a amizade.

Após entrar nesse mundo oncológico, eu fiz os melhores amigos. É incrível como a rede sociais, nos permite isso, hoje até brinco que 98℅ dos meus melhores amigos tem câncer. O facebook me deu de presente a amizade de pessoas que vivem a mesma coisa que estou vivendo, e me ajudam a passar por essa fase  com mais leveza”. 

Depois de tantos contratempos, medos, insegurança e dificuldades, Edneia está há apenas alguns meses de realizar o grande sonho da sua vida: casar com o Nei:

Eu moro junto com meu marido há 23 anos, meu sonho sempre foi casar de noiva e oficializar a união no civil, nós sempre estivemos em uma zona de conforto, mas depois das metástases eu quero abraçar o mundo e realizar todos meus sonhos, e um deles era o casamento, a cerimônia de noiva, com tudo que uma noiva tem direito. Vou casar com meu marido dia 09/04/17”, finaliza.

“Quero falar para todas as meninas que enfrentam o câncer: nunca deixe de sonhar e fazer planos. Ninguém vive feliz sem sonhos e planos, e curta muito a vida, é ela o alimento para continuar lutando”.

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Autor

  • Juliana Artigas

    Pode me chamar de Ju. Jornalista, paulistana nata e balzaquiana. Apaixonada pelo comportamento humano e não dispenso um abraço demorado. Acho que toda história (boa ou não) merece ser contada. Amorosa, sonhadora e chorona. Quer me ganhar? Basta falar sobre o amor.

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