Saiba como melhorar sua qualidade de vida, por meio de terapias alternativas e atividade física.

O diagnóstico do câncer de mama em si já muda a vida de qualquer pessoa, não só perante a sociedade, mas internamente. Ao longo do tratamento, realizando os exames e principalmente na cirurgia, onde, na maioria dos casos são retiradas uma das mamas, o paciente acaba perdendo a identidade.

No primeiro momento, quando se descobre o tumor, gera um silêncio, uma suspensão traumática. Normalmente a pessoa se questiona do por que eu? Nós, seres humanos, somos assim por natureza. Nunca pensamos que pode acontecer com a gente, ainda mais se sempre buscou ter uma vida saudável, praticando esportes e se alimentando bem. Nesse caso, é ainda mais difícil a aceitação.

Os pacientes, frequentemente, experimentam estresse físico e emocional. Após o diagnóstico e durante todo o tratamento; a ansiedade, distúrbios de humor e alguns sintomas como náusea, vômito, depressão e dor necessitam de atenção.

Esse turbilhão de sentimentos é consequência do medo. A pessoa, devido à doença, constrói diversos medos: perda do controle sobre a vida, mudanças na autoimagem, medo da dependência, medo do abandono, raiva, isolamento e morte.

Pensando nisso, nós, do Instituto Espaço de Vida, convidados a Adriana Carneiro – psicóloga formada pela Unip, pós-graduada em psicologia Junguiana e especialização em psicanálise -, para explicar a importância em trabalhar o psicológico de um paciente com câncer.

De acordo com a Adriana, a psicoterapia é fundamental para a autoestima e qualidade de vida da pessoa diagnosticada com câncer de mama. “Para resgatar isso é necessário todo um trabalho paralelo: alimentação, psicoterapia, até a medicina alternativa é bem vinda”.

 

O que é a Medicina Alternativa?

A Medicina Alternativa ou Terapia Alternativa analisa o indivíduo por completo. Ela é diferente da medicina convencional. Ela foca no paciente e não na doença. Atualmente, o Brasil conta com um grande espaço voltado para a medicina alternativa, principalmente em Goiás, no Hospital de Medicina Alternativa (HMA), que atende cerca de 150 pessoas por dia.

Essas terapias alternativas ajudam o paciente a entender, aceitar e procurar soluções para os desequilíbrios emocionais, mentais, físicos e espirituais que a doença traz. Abrir uma porta para este conhecimento é se dar a oportunidade de aprender a viver bem, mesmo com o diagnóstico de câncer de mama.  Abaixo as principais, e mais usadas, terapias alternativas:

  • Acupuntura:

Uma das técnicas da medicina tradicional chinesa, ela consiste na aplicação de agulhas em pontos específicos do corpo. Sua base filosófica indica que esses pontos afetam os diferentes órgãos e estão localizados sobre canais de energia (chamados meridianos) que se espalham pelo corpo.

 

  • Aromaterapia:

Utiliza-se óleos essenciais de folhas, flores ou madeira para amenizar sintomas e melhorar o bem-estar. Os óleos podem ser inalados, queimados ou espalhados pelo corpo.

 

  • Cromoterapia:

Baseia-se na ideia de que cores têm efeito curativo abrangente. Os tratamentos envolvem alimentação, modo de se vestir, relação com o ambiente, além da visualização de cores para efeito terapêutico.

 

  • Shiatsu:

Atua nos mesmos pontos que a acupuntura, mas usando apenas a pressão dos dedos.

 

  • Reiki:

Rei significa “universal” e Ki, “energia”. Reiki, então, é a energia do Universo que poderia ser transmitida ao paciente por meio da impostação de mãos do praticante. A terapia vê a doença como um desequilíbrio energético do corpo.

 

Adriana, ainda ressalta que o paciente de câncer precisa de toda uma estrutura multidisciplinar a sua volta, o trabalho é qualidade de vida, amor próprio e autorrespeito.

“Diagnóstico de um câncer não é uma sentença de morte. É um indicativo de que algo precisa de atenção e esse algo é a vida dele.”

Além das terapias alternativas, que ajudam a amenizar as dores físicas e internas do câncer, temos a atividade física, que também é de grande importância para o paciente voltar a ter uma vida saudável.

A nutricionista Cristiane Braz Soares de Oliveira é exemplo de que atividade física, no pós-tratamento com câncer de mama é essencial para melhoria de vida.

“Há cinco anos, fui diagnosticada com câncer de mama. Tinha 35 anos, estava dentro do peso, me alimentava bem, não fumo, nem bebo. Vivia bem. Qualquer pessoa pode ter câncer. O tratamento não é fácil, mas conseguimos passar por ele. Meus médicos diziam que o mais importante era cuidar da cabeça, dos pensamentos, e assim fiz.”

Seguindo os conselhos dos médicos, e pensando na sua saúde física e mental, Cristiane começou, há dois anos, a fazer pilates, no Espaço Golden, em São Bernardo Do Campo.

“O pilates é realizado por uma fisioterapeuta, com o objetivo de diminuir a dor, os incômodos, a falta de mobilidade e a perda de força e resistência muscular.”

A proprietária e fisioterapeuta do Espaço Golden, Fabia Cristina Alegrance, explica que o pilates é uma modalidade de atividade física sem impacto e de alto controle e percepção corporal. Com a ajuda da fisioterapia, elas conseguem aliar todos os benefícios desta técnica para os pacientes em diversas fases do tratamento do câncer.

“Conseguimos adapta-lo desde uma reabilitação de um pós-operatório recente, até o condicionamento físico na fase tardia do câncer.”

O maior cuidado no pilates em relação ao câncer de mama é não forçar e exagerar nos exercícios de braços, pois na cirurgia do câncer, geralmente, é retirado os linfonodos axilares e a sua ausência deixa a mulher mais vulnerável a desenvolver o linfedema.

“O linfedema nos braços é a complicação mais temidas das mulheres, caracterizado por um grande inchaço crônico na mão ou no braço inteiro. Não tem cura e seu tratamento é longo e paliativo.”

Outro cuidado especial, segundo a fisioterapeuta, é o desequilíbrio muscular que ocorre quando essas mulheres passam pela reconstrução mamária. Na cirurgia é utilizada a musculatura abdominal, ou parte do músculo grande dorsal (nas costas), para retalho de preenchimento da mama. Como consequência, as pacientes perdem a força muscular, em certos movimentos, e o pilates deve adaptar alguns exercícios para estimular a compensação com outros músculos acessórios.

Fazendo um trabalho correto, respeitando o caso de cada aluna, o resultado vem rápido. “Em um mês elas já percebem melhor resistência, força, coordenação motora e melhor posição e postura corporal. Percebem e aceitam melhor seu corpo. Além dos efeitos psicológicos, como melhora da autoestima, socialização e confiança. E tudo isso é o que definimos como melhor qualidade de vida!”, finaliza Fabia.

E foi esse resultado, que a aluna Cristiane alcançou, e está alcançando cada dia mais. “O pilates ajudou a aumentar a minha flexibilidade e movimentação nos braços. Fiz a retirada dos gânglios axilares. Lembro que após a cirurgia eu não conseguia nem lavar louça, e abrir um pote de alimento, me cansava com facilidade. O pilates me trouxe disposição e a possibilidade de realizar as minhas atividades com flexibilidade e força muscular. E a melhora é continua. Melhorou muito a minha qualidade de vida, fazendo eu me sentir bem e em paz comigo mesma.”

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Outras informações sobre o trabalho do Espaço Golden, no link: http://www.espacogolden.com/

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Autor

  • Juliana Artigas

    Pode me chamar de Ju. Jornalista, paulistana nata e balzaquiana. Apaixonada pelo comportamento humano e não dispenso um abraço demorado. Acho que toda história (boa ou não) merece ser contada. Amorosa, sonhadora e chorona. Quer me ganhar? Basta falar sobre o amor.

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