“Medicina Integrativa é a prática da medicina que reafirma a importância da relação entre o paciente e o profissional de saúde, é focada na pessoa em seu todo, é informada por evidências e faz uso de todas as abordagens terapêuticas adequadas, profissionais de saúde e disciplinas para obter o melhor da saúde e cura (health and healing). ” – Consortium of Academic Health Centers for Integrative Medicine (www.imconsortium.org).

A medicina integrativa propõe uma parceria do médico e seu paciente para a manutenção da saúde. Começa, assim, por colocar o paciente como ator principal no processo, como seu próprio agente de saúde. O paciente deixa de receber passivamente tratamento para uma doença e passa a participar ativamente da própria saúde. A saúde é, também, uma responsabilidade individual. Nesta parceria a medicina integrativa chama para o cuidado os profissionais de diversas áreas e formações, defendendo que a interdisciplinaridade é essencial para se cuidar da pessoa. Associado ao tratamento da medicina convencional, faz uso dos conhecimentos das medicinas tradicionais, como práticas meditativas, técnicas de respiração, relaxamento, atenção plena, uso de fitoterápicos, sempre baseados em evidências em relação à segurança e eficácia.

Estudos internacionais e brasileiros mostraram que mais de 50% dos pacientes com câncer em tratamento fazem uso de algum tipo de medicina tradicional ou complementar e muitos deles não informam seus médicos com receio de serem criticados. Um dos motivos que leva as pessoas a utilizarem outras formas de tratamento é o desejo de participar ativamente do seu processo de recuperação. Assim, a Medicina Integrativa oferece esta abordagem! No entanto, é fundamental esclarecermos as diferenças entre os termos tradicional, complementar e alternativo.

A medicina dita “tradicional” é aquela que vem sendo utilizada por determinados povos há muito tempo: a medicina tradicional chinesa, por exemplo (acupuntura inclusive), a medicina aiurvédica indiana ou técnicas fitoterápicas de índios brasileiros. Todas baseadas em conhecimentos tradicionais desses povos, e que vêm também sendo estudados pela ciência, com muitos de seus efeitos comprovados.

Alternativo é tudo aquilo que se propõe em contraposição e em substituição ao convencional: usar uma técnica curativa no lugar de outra proposta pelo médico. Mas isso não é medicina integrativa.

A medicina complementar é um conjunto de terapias que são propostas em conjunto com a medicina convencional e não em sua substituição. Como o próprio nome diz, abraça técnicas de alívio e de mudança de postura sem negar o tratamento curativo principal.

A literatura evidencia que as terapias integrativas, dentre elas as práticas mente-corpo como Yoga, meditação e outras técnicas tradicionais como a acupuntura, podem auxiliar no controle de sintomas relacionados ao tratamento do câncer como fadiga, náuseas e vômitos provocados pela quimioterapia, dor, ansiedade e alterações de humor. Além disso, estudos tem mostrado que pacientes com câncer que recebem terapias integrativas relatam melhora nas questões psicológicas, emocionais, sensação de bem-estar geral e auxílio nos efeitos colaterais do tratamento.

Portanto, é muito importante que as pessoas informem os seus médicos sobre o tipo de terapias/dietas/suplementos/práticas complementares estão utilizando para que possam avaliar juntos quais são os benefícios e riscos de acordo com a fase do tratamento oncológico. Procurar profissionais com formação nesta abordagem da Medicina Integrativa pode auxiliar neste diálogo!

Fonte: Medicina integrativa / coordenador Paulo de Tarso Ricieri de Lima – Barueri, SP: Manole, 2015. Coleções Manuais de Especialização Einstein.

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Denise Tiemi Noguchi – médica responsável pela Equipe de Medicina Integrativa do Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital Israelita Albert Einstein

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