Com o fácil acesso à tecnologia, hoje em dia muita gente já deve ter ouvido esse termo, mas o que de fato isso significa?

De origem inglesa, a palavra burn “queimar” e out “fora”, em tradução para o português “consumir-se de dentro pra fora” ou “combustão” dá nome a uma síndrome relacionada ao esgotamento físico e mental associado ao trabalho.

Sabe aquela sensação de que seu cérebro bugou? Pifou? Deu ruim? Sim, aquele excesso de preocupações constantes relacionadas ao trabalho – o que você já fez, o que ainda precisa fazer, metas a cumprir, prazos – são fatores que desencadeiam em um distúrbio emocional conhecido como Síndrome de Burnout.

Isso ocorre porque o nosso corpo reage de uma forma química a sinais de tensão, e para protegê-lo, há descarga de hormônios, o coração acelera e a pressão sobe. Normalmente, este “sinal de emergência” costuma ser “desligado” quando o perigo acaba. Mas, se o estresse durar muito tempo, dias, meses, o organismo sentirá as consequências, como a debilidade do sistema imunológico, por exemplo.

Esgotamento físico, fadiga, dor de barriga, perda de apetite, dor de cabeça, dores musculares, tontura, coração acelerado, pressão alta, insônia, são sensações que o corpo pode apresentar. Mas são os sintomas emocionais que geralmente nos dão os sinais de que estamos com esta doença: alterações repentinas de humor, apatia, isolamento, irritabilidade, dificuldade de concentração, lapsos de memória, e sentimento de incompetência e derrota.

Pesquisas revelam que o Brasil é o segundo país do mundo mais afetado pela Síndrome, sendo cerca de 30% dos trabalhadores, só perdendo para o Japão.

Todos nós podemos desenvolver a doença, mas trabalhar em empregos que exigem demais das pessoas, com muita cobrança e pressão, geralmente são fatores de risco. Profissões da área da saúde, policiais, carcereiros, bancários, professores, jornalistas, bombeiros e executivos estão entre os mais acometidos. E sem dúvida, as mulheres são as que mais sofrem com o risco do Burnout, pois além da vida profissional, tendem a acumular dupla jornada, com os afazeres da casa e dos filhos.

Além do mercado competitivo, o alto índice de desemprego e a falta de tempo para se dedicar a si ou para a família, são fatores predominantes entre as mulheres que se queixam de esgotamento profissional.

Estamos vivendo em um contexto de isolamento social onde as relações de trabalho estão se modificando, e que certamente muitas delas permanecerão pós pandemia. Assim, o lema “fazer mais com menos” pode levar a uma precarização do trabalho, com salários menores e jornadas maiores. Com o uso da tecnologia, as pessoas estão “conectadas o tempo todo”, aumentando a mobilidade e diluindo a fronteira da vida profissional e pessoal. Em um mundo de tantas mudanças, novas condições criam tensão e ansiedade, o que pode levar mais pessoas a se tornarem suscetíveis a transtornos mentais nos próximos anos.

Então, o que fazer?

Prevenir é o ideal!

Identifique o seu limite, conforme a sua realidade:

1) reorganize sua rotina de trabalho, focando nas prioridades;

2) imponha o tempo de “desligar” : nem mensagens de whatsapp poderão ser acessadas;

3) crie uma agenda realista com coisas que você poderá praticar que não esteja relacionado com a profissão: ler, meditar, correr, assistir filmes, atividades físicas em geral, ouvir música, etc.;

4) E por fim e não menos importante: atenção aos causadores do estresse, sejam eles o seu chefe, um cliente problemático ou mesmo a falta de planejamento de tarefas.

Mas, se você se identificou, procure ajuda de um profissional da saúde que possa fazer uma avaliação adequada, uma vez que os sintomas podem ser confundidos com depressão, ansiedade, ou com problemas somente físicos.

Se diagnosticada a Síndrome de Burnout, saiba que você tem direito ao afastamento remunerado pelo INSS, sem prejuízos de perda de emprego (estabilidade de pelo menos 12 meses).

A psicoterapia torna-se fundamental. Normalmente, o psicólogo indicará atividades que aliviam a tensão, e com sessões periódicas, o paciente conseguirá sentir-se mais calmo e viverá com mais qualidade. Em casos mais graves, também necessitará de acompanhamento psiquiátrico com antidepressivos.

CUIDE-SE ! Sua saúde será sempre seu melhor investimento.

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