Aos três anos, e pertinho do Natal de 2014 , Lucas foi diagnosticado com Leucemia Linfóide Aguda tipo B (LLA B) e luta para ter uma vida igual às crianças da sua idade.
Sorridente, brincalhão e cheio de vida, quem vê o pequeno Lucas andando pela casa ou brincando com seus bonecos, não imagina que atrás desse sorriso fácil existe uma batalha contra a leucemia.
Diagnosticado em dezembro do ano passado, após uma série de idas e vindas ao hospital, Lucas Silva e seus pais, Andreia e Anderson, sofreram com a demora do diagnóstico correto.
“O Lucas começou a apresentar alguns sintomas faltando dois meses para fazer 4 anos. Ele teve febre, vômito, anemia, dificuldade pra andar, sentia muito sono e cansaço. Só queria dormir. Parou de comer totalmente, só mamava e o que nos deixou ainda mais alarmados foram uns caroços que apareceram na parte de trás do pescoço. Eu o mediquei com dipirona, a febre cessava e voltava. Levamos ele ao Pronto Socorro – PS do nosso convênio, e a médica de plantão, prescreveu um antibiótico, disse que era uma gripe. Ele tomou esse antibiótico por 1 semana e continuou na mesma situação. Depois de uma semana, voltamos ao PS, e para a nossa “sorte” a mesma médica nos atendeu e mandou continuarmos com o antibiótico. Na ocasião, conversei com o meu marido e decidimos não dar mais o antibiótico e marcar uma consulta com a pediatra que o acompanhava. Na segunda conseguimos passar na médica, o Lucas já não andava mais, só queria colo. Eu e meu marido entramos com ele pálido e cansado. É muito triste ver um filho nestas condições. A médica o examinou, pediu exames de sangue, urina, fezes e fizemos tudo o mais rápido possível. À tarde, meu marido recebe uma ligação da pediatra pedindo para fazermos novamente o exame de sangue. Neste momento, já sabíamos que tinha algo errado. Fizemos o exame de sangue no dia seguinte bem cedo, à tarde ela chamou pra conversarmos no consultório. Na hora que ela nos falou que era Leucemia nosso mundo acabou. Nos sentimos frágeis, pequenos, sem poder algum. Ver um filho naquela situação, em nossos braços, pálido, sem andar, sem comer e sem forças nem pra sentar foi horrível”.
Quando vocês descobriram o diagnóstico do Lucas, qual foi a primeira coisa que passou na sua cabeça?
“Na hora que ela disse Leucemia, veio na minha cabeça, Leucemia é Câncer e Câncer MATA!
Meu Deus vou perder meu filho, lindo, amado, cheio de vida, sorridente, carinhoso, que foi tão esperado e desejado! Saímos do consultório diretamente para o Hospital para ele ser internado. Ficamos internados por quase 10 dias. Ele foi internado dia 9/12/14, dia 15/12 saiu o resultado do mielograma, que foi feito dia 10 em Santo André, São Paulo. O laudo final do tipo de doença saiu dia 18/12. Acabou com o nosso ano e com o nosso Natal. O médico oncologista deu alta dias antes do Natal para podermos passar a data em casa. Bom, nesses dias que o Lucas ficou internado, ele ficou o tempo todo tomando antibióticos, depois que a febre cessou, tomou várias bolsas de sangue e plaquetas. Não tínhamos motivo algum pra festejar o Natal, mas decidimos festejar e fazer uma festa bem bonita pro nosso pequeno. Acho que foi a festa de Natal mais triste e importante de nossas vidas! Depois que ele teve alta do hospital, ele melhorou bastante, não estava mais tão pálido e já andava melhor e sem dificuldade. Antes do Natal, ele ainda chegou a fazer duas quimioterapias. Na primeira quimio eu chorei muito. Ver seu filho fazendo um negócio desse, não é fácil. Senti uma dor profunda na alma, graças à Deus, ele fez a quimo dormindo o tempo todo. Na segunda, que foi dia 23/12/14, o Papai Noel do Shopping, foi até o hospital, e perguntou se haviam crianças, levaram ele direto para o Lucas. Ele ficou super feliz e isso me deixou feliz também. Esses pequenos gestos fazem a diferença”.
E como foi explicar isso para uma criança de 3 anos?
“Em janeiro, começamos o tratamento com afinco, indo de segunda a sexta ao médico, o Lucas tomando injeções, fazendo exames todos os dias, fora as injeções na coluna, as internações, etc…, falava que ele tem um dodói no corpo, e falo que todas essas injeções é pra ele sarar logo. Por causa da Leucemia, o Lucas tem várias restrições, não pode ir à piscina, praia, tomar sol, comer embutidos ou tomar Yakult. Mas sempre que ele quer fazer algo que ele não pode, pergunta: `Mãe eu já sarei???’ Isso acaba comigo. Tento ser forte, sempre. E respondo pra ele: Quase Amor, você está quase sarando! Assim que o Lucas ficou internado, fizeram um exame nele chamado mielograma, pra saber o que realmente o Lucas tinha, qual tipo de leucemia. Ele foi diagnosticado com a Leucemia Linfóide Aguda tipo B (LLA B). De tudo o que passamos, mesmo ele tendo Leucemia, eu agradeço todos os dias, por ele não precisar de transplante. O Lucas respondeu muito bem todo o tratamento, nunca apresentou manchas roxas na pele, nunca sangrou, nunca foi internado com infecção. As internações dele foram somente para transfusão de sangue ou plaquetas, eu só tenho a agradecer por isso tudo! Depois que passamos a frequentar esse tipo de ambientes, com crianças doentes e vendo o nosso próprio filho doente, nós passamos a ver nossa vida com olhos diferentes. Começamos a dar mais valor ao que não dávamos antes e não queremos mais saber de “besteiras” do dia a dia. Hoje, eu mãe do Lucas, não trabalho mais, tive que deixar tudo, por causa do tratamento do meu filho, meu marido é quem trabalha o tempo todo para poder custear o tratamento e tudo mais. O tratamento consome demais meu tempo, sou eu quem levo o Lucas nas consultas, nos exames e nas internações. Isso absorve meu tempo, meu psicológico, sempre estou cansada, por muitas vezes, quase fiquei depressiva, mas “coloquei” na minha cabeça que ficar depressiva, não vai ajudar em nada, sou eu que tenho que estar ao lado do Lucas, sou eu quem tem que ser forte por ele, sou eu que tenho que segurar a mão dele na hora das injeções e tudo mais. Minha força vem do meu filho. Ele mesmo doente, tomando injeções todos os dias, está sempre sorrindo, sempre feliz e isso me dá forças. Por ele ser uma criança e não um adulto, o tratamento dele foi muito bom, não entende a gravidade da doença e acaba não tendo a expectativa da internação ou de saber o resultado de um exame. Isso tudo só faz ajudar o fato dele ser inocente e pequeno. Se fosse comigo, não sei se teria toda essa “força” que ele tem! Sou privilegiada, meu marido é companheiro, somos mais unidos do que éramos antes, a minha família e minha sogra nos ajudou muito. Não conseguiríamos passar por tudo isso sozinhos. O tratamento é cansativo e pesado e às vezes, por mais que tudo está indo bem, nos sentimos tristes e cansados. Família ajuda muito!”.
Como era a mãe Andreia antes do diagnóstico e como é a mãe Andreia agora?
“Antes do diagnóstico, me importava com “besteiras” do dia a dia, festas, passeios, viagens, etc…, hoje em dia, nem me lembro quando foi a última festa que fui. Como o Lucas não pode ficar saindo por causa da imunidade baixa, faz um tempão que não saio e isso me mostrou que não me faz falta. Penso em só ficar com o meu filho e saber que ele está bem e feliz”.
Para finalizar, deixe sua mensagem para todas as mães que estão passando pela mesma situação:
“Eu me achava incapaz de passar por tudo isso, mas a nossa força vem dos nossos filhos. Não podemos nos abalar pela doença, temos que ser fortes por eles; temos que estar atentas ao tratamento, que é pesado, que é perigoso e é cansativo. O Lucas no início tomava vários remédios diferentes em horários diferentes e nós somos os responsáveis pelo bem estar e qualidade de vida deles, então temos que estar atentas a tudo.”
Entenda a Leucemia
A leucemia é um tipo de câncer no sangue (hematológico) causada por uma alteração no DNA das celulas-tronco dentro da medula óssea. Tem como principal característica o acúmulo de células jovens anormais na medula óssea que substituem as células sanguíneas normais. A causa exata da maioria dos casos de leucemia infantil não é desconhecida. Os médicos descobriram que o risco desse tipo de câncer é maior em uma série de condições genéticas. Existe vários tipos de leucemia e as mesmas atingem crianças e adultos.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer – INCA, ocorrem cerca de 257 mil casos de leucemia por ano no mundo, dos quais cerca de 56% afeta os homens. O número de casos novos de leucemia vem aumentando ano após ano. A causa exata da maioria dos casos de leucemia infantil não é conhecida. Os médicos descobriram que o risco desse tipo de câncer é maior em uma série de condições genéticas, que são descritos em fatores de risco.
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NOVEMBRO DOURADO
O mês de novembro é também conhecido, mundialmente, como Novembro Dourado – ação realizada pelas entidades que oferecem apoio ao tratamento do câncer infantojuvenil em parceria com a CONIACC (Confederação Nacional de Instituições de Apoio e Assistência à Criança e ao Adolescente com Câncer).
O objetivo é divulgar a importância da discussão do diagnóstico precoce do câncer Infantojuvenil para a sociedade, com a ajuda dos meios de comunicação e principalmente, sensibilizar o Ministério da Saúde para que sejam implementadas políticas públicas em favor do diagnóstico precoce do câncer Infantojuvenil.
Os tumores mais frequentes na infância e na adolescência são as leucemias, os do sistema nervoso central e os linfomas. Os menos frequentes são o neuroblastoma (tumor de células do sistema nervoso periférico, frequentemente de localização abdominal), o tumor de Wilms (tipo de tumor renal), o retinoblastoma (afeta a retina, fundo do olho), o tumor germinativo (das células que vão dar origem aos ovários ou aos testículos), osteossarcoma (tumor ósseo) e os sarcomas (tumores de partes moles).
Até o final de 2015, o Brasil terá cerca de 11.840 novos casos de câncer em crianças e adolescentes, sendo que 70% dos casos podem ser curados, se diagnosticados precocemente.