Jovem, bonita, com filhos e uma vida inteira pela frente. Maria Valeria descobriu o câncer no colo do útero, grau 3, em 2008, quando realizou uma cirurgia de apêndice.
Quem vê Maria Valéria andando nas ruas da pequena cidade do interior de Minas Gerais, Mateus Leme, não imagina a sua batalha contra o câncer. Aos 42 anos, Maria se dividia entre as tarefas de casa e o seu trabalho de técnica de enfermagem. Sempre muito ativa, viu sua vida mudar de cabeça para baixo depois do diagnóstico do câncer. “Tudo começou no ano de 2008 quando fui fazer uma cirurgia de retirada de apêndice. Quando o médico viu o meu ovário direito fez a retirada e mandou para exame. O resultado chegou em torno de quinze dias: carcinoma ovariano. Fiquei surpresa e com muito medo do que estava por vir”.
Maria Valéria vive com as duas filhas, seu neto de 10 anos e o marido, José Antonio. “Para mim, o mais difícil foi contar para eles. Eu não queria, mas não teve jeito. Como eu faria o tratamento sem o apoio da minha família? Minhas filhas ficaram apavoradas. Foi bem triste e difícil encarar a realidade”.
“Fui encaminhada para oncologia do hospital Mario Pena, aqui em Minas Gerais, e fizeram nova cirurgia. Acharam uma evasão de cápsula, ou seja, células cancerígenas espalhadas. Foi ai que comecei minha luta diária: fiz quimioterapia por um ano, fiquei curada e voltei a trabalhar”.
“Quando eu pensei que minha vida tinha voltado ao normal, já estava trabalhando, feliz e curada, o câncer voltou. Após três anos e seis meses, no ano de 2011, o câncer retornou derrubando tudo. Foi a pior fase de nossas vidas. Você pensa que conseguiu derrotar o câncer e quando você menos espera, ele aparece para bagunçar a minha vida novamente”.
“Estava com câncer no intestino. Comecei a usar bolsa de colostomia, drenos pelo abdômen todo e fiquei mais de vinte e oito dias internada. Pensei que ia morrer. Lembro-me dos médicos falando aos meus familiares que estavam fazendo tudo que podiam. Acho que nem eles acreditavam que eu iria sobreviver. A cirurgia que precisei fazer abriu. Fiquei dias sem me alimentar, muito debilitada”.
“Quando voltei para casa, as feridas continuaram ‘vazando’. Já estava muito magra e fraca. Minha família precisou dar comida na minha boca, usei fraldas durante um bom tempo, e minhas filhas faziam curativo nas feridas de vinte em vinte minutos, durante 15 dias. Depois desses dias de muita dor e sensação de impotência, eu comecei a me sentir melhor. Dei início às sessões de quimioterapias. Fiz outras cirurgias, exames e radioterapias”.
Maria Valéria conta que sua vida mudou muito. “Olha minha vida mudou demais, trabalhava em dois empregos, vi muitas pessoas morrerem por causa dessa doença. Hoje tenho limites, que antes não tinha. Por isso fico um pouco nervosa e acabo descontando na minha família que não tem culpa de nada. Tive que ser forte por eles, foi um susto para todos, e no fim descobrimos o quanto precisamos um do outro. Família é tudo. Por isso, valorize a sua!”.
“Hoje depois de quatro anos em tratamento os médicos falaram que o meu tratamento é paliativo. Faço tomografias de três em três meses e cada dia o câncer aparece em um lugar diferente: pulmão, sigmóide (parte inferior do intestino grosso), pelve e canal da vulva. Com muita esperança e fé eu vou tratando. Não é fácil, mas não é impossível vencer o câncer”.
“Minha família tem sido meu porto seguro, o cuidado deles, a fé e perseverança que eles me passam é o que nunca me deixou cair. Confesso que às vezes fico meio desanimada, mas logo renovo minha fé”.
Maria deixa um recado para todos que passam ou já passaram pela mesma situação que ela:“Nunca desanime, por mais que os médicos digam não tem mais jeito, creia em Deus, creia na vida. Busque forças na sua família na sua fé. Acredite! Eu ainda não venci o câncer, mas a cada dia que acordo é um dia que ganhei. Creia e vença um dia de cada vez! Lute e não desista nunca!”.