Em 2015, descobri um nódulo na mama esquerda. Mas naquele momento, eu ainda não sabia o quanto esse fato ressignificaria minha vida.

Sou Anna Maria Mello, escritora, palestrante e ativista da causa contra o câncer. A vontade de escrever surgiu na infância, quando minha mãe e avó me contavam histórias, antes de dormir. Seus hábitos me tornaram uma amante e incentivadora da escrita e leitura.

Curiosa por natureza, sempre tive vontade de aprender coisas novas, conhecer pessoas e lugares diferentes, mas eu não sabia nada sobre o câncer; esse universo ainda era distante para mim.

Ao descobrir o nódulo, fui imediatamente ao ginecologista, que me encaminhou para a realização da mamografia e de um ultrassom das mamas. Ao realizar esses exames, descobri microcalcificações nas imagens. E a nota da mamografia foi BI-RADS 4, o que significava que teria 80% de chance de ser benigno.

Diante desse resultado, houve a necessidade da realização de uma biópsia, chamada mamotomia. Fui acompanhada da minha irmã, o que me deixou mais segura. Dessa forma, o suporte da família e dos amigos foi muito importante durante todo o processo de tratamento.

Constatado pela biópsia que era um carcinoma ductal invasivo de grau 3, não me deixou dúvida da necessidade imediata da cirurgia. Mediante esse diagnóstico, meu único pensamento foi o de me ver livre daquele alien, que habitava meu corpo. Apesar de todos os cuidados, apresentei complicações pós-cirúrgicas, que me impediram de realizar a cirurgia de reconstrução das mamas.

Durante esse período, foi necessária a realização de uma série de sessões de quimioterapia e radioterapia, o que me abalou física e emocionalmente, mas em nenhum momento pensei em desistir do tratamento.

Abraçando com coragem esse processo e determinação, busquei forças para me formar em um curso de capacitação de voluntariado de câncer de mama, realizado pelo UNACCAM (União e Apoio no Combate ao Câncer de Mama).

No momento em que meu cabelo caiu todo, por conta da quimioterapia, decidi incentivar as famílias, que também se encontravam frente a esse desafio. Percebi que não era só o paciente que adoecia com o câncer, mas toda a família.

Foi esse o motivo que me levou a escrever o livro, de título “Cabelos vão, cabelos vem, o que é que a mamãe tem?”, que além de ser um apoio às famílias envolvidas nessa causa, tornou-se um projeto de cunho social, em que toda a renda é revertida para a causa.

Hoje, a obra trouxe outro sentido à minha vida, mas essa é uma outra história, como muitas outras que vocês acompanharão por aqui.

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