Tudo começou em dezembro do ano passado. Eu estava sentindo muita dor perto dos rins e coceira, e acabei indo no hospital. A médica pediu uma tomografia sem contraste, daí veio a notícia que ninguém queria ouvir: “no exame deu linfonodos e é câncer”. Na hora ignorei tudo o que foi dito, não quis acreditar. Logo em seguida fui com meus pais no infectologista, pois meus exames de urina estavam alterados. Chegando lá, o médico disse que não precisava se preocupar, porém não aguentei de dor e fui para o Hospital São Luiz, no bairro Jabaquara. Lá, eles fizeram um monte de exames, inclusive a biópsia e foi aí que confirmou que era Linfoma de Hodgkin”.

Já é difícil para qualquer pessoa receber o diagnóstico de câncer, imagine para uma jovem que está no começo da sua vida? O medo e a insegurança tomaram conta da sua cabeça e coração. É impossível não passar um filminho da sua vida nessa hora: Gabi lembrou da sua infância, do seu primeiro beijo, das noites de diversão com as amigas e o principal pensou na sua família.

Foi péssimo receber esse diagnóstico, pois a única coisa que pensava era no meu cabelo, sobrancelha, cílios que iam cair e eu ia ficar horrível. Comecei o tratamento mesmo com o medo me assombrando diariamente. Fiz 6 meses de quimioterapia do protocolo ABVD (Adriamicina, Bleomicina, Vinblastina e Dacarbazina) de quinze em quinze dias. Eu tive muitos efeitos colaterais e pensava muitas vezes em me entregar e desistir de viver. Não é fácil”.

Gabi conta que os efeitos colaterais durante o tratamento foi a pior fase dessa luta:

eu passava muito mal, ficava três dias sem comer e vomitando. Nada parava no meu estômago. Depois comecei com corticoide e com terapia para ajudar no psicológico, pois era só chegar no centro de hematologia que eu já passava mal. Comecei a inchar com o corticoide e tinha muita fome, consequentemente, engordei muito, ficava super cansada das quimioterapias, sentia muita queimação, perda do paladar, porém, a fome continuava. Tive que comer de talher de plástico pois ficava com o gosto do metal na boca, tive que tomar injeção para imunidade, pois caiu mesmo usando máscara e tomando todo cuidado”.

Hoje, a Gabi está voltando a sua rotina, mas afirma que não está sendo uma tarefa muito fácil:

Estou tentando me adaptar à minha vida antiga. Tirar a máscara para sair e gostar do meu cabelo curto. Tive que aprender a viver como uma pessoa doente. Acredite ou não, é muito difícil você recomeçar. A Gabi de antes do câncer não sabia que podia enfrentar qualquer coisa, a de agora sabe que não importa o que aconteça vai conseguir superar. Tenho um olhar diferente para as coisas agora. Mudou o jeito de olhar as coisas e as pessoas que passam por dificuldades independente de qual seja”.

Para finalizar, a jovem deixa um recado para você que está lutando contra o câncer:

Sei que é difícil, que às vezes bate aquela vontade de desistir, mas continue que tenho certeza que essa dor vai passar e você ainda vai ser muito feliz!”.

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Autor

  • Juliana Artigas

    Pode me chamar de Ju. Jornalista, paulistana nata e balzaquiana. Apaixonada pelo comportamento humano e não dispenso um abraço demorado. Acho que toda história (boa ou não) merece ser contada. Amorosa, sonhadora e chorona. Quer me ganhar? Basta falar sobre o amor.

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