O pâncreas normal

pâncreas é um órgão localizado atrás do estômago. Ele tem um formato um pouco semelhante a um peixe com uma cabeça larga, corpo cônico e uma cauda estreita e pontuda. Mede cerca de 6 polegadas de comprimento, mas menos de 2 polegadas de largura e se estende horizontalmente através do abdômen. A cabeça do pâncreas está do lado direito do abdômen (barriga), atrás do local em que o estômago se encontra com o duodeno (a primeira parte do intestino delgado). O corpo do pâncreas está localizado atrás do estômago e a cauda do pâncreas está do lado esquerdo próximo ao baço.
O pâncreas contem 2 diferentes tipos de glândulas: exócrina e endócrina.

As glândulas exócrinas produzem o “suco” pancreático, que é liberado para os intestinos. Este suco contem enzimas que auxiliam na digestão de gorduras, proteínas e carboidratos do alimento que você consome. Sem elas, alguns dos alimentos que você consome apenas passariam pelos seus intestinos sem serem absorvidos. As enzimas são liberadas em pequenos tubos chamados ductos. Esses pequenos tubos se fundem para formar ductos maiores que desembocam no ducto pancreático. O ducto pancreático se funde com o ducto biliar comum (o ducto que transporta a bile do fígado) e esvazia o suco pancreático no duodeno (a primeira parte do intestino delgado) na ampola de Vater. Mais de 95% das células no pâncreas são glândulas exócrinas e ductos.

Uma pequena porcentagem das células no pâncreas são células endócrinas. Essas células estão dispostas em pequenos aglomerados chamados ilhotas (ou ilhotas de Langerhans). As ilhotas liberam hormônios importantes, como insulina e glucagon, diretamente para o sangue. A insulina reduz a quantidade de açúcar no sangue, ao passo que o glucagon aumenta. O diabetes resulta de um defeito na produção de insulina.

TIPOS DE TUMORES
As células exócrinas e células endócrinas do pâncreas formam tipos completamente diferentes de tumores.

Tumores exócrinos

Tumores exócrinos são de longe o tipo mais comum de câncer de pâncreas. Quando alguém diz que tem câncer de pâncreas, isto geralmente quer dizer que se trata de um câncer de pâncreas exócrino. Cistos benignos (não cancerosos) e tumores benignoschamados cistoadenomas podem ocorrer, porém a maioria dos tumores exócrinos de pâncreas são malignos (cancerosos). Um adenocarcinoma é um câncer que começa nas células glandulares. Cerca de 95% dos cânceres exócrinos de pâncreas são adenocarcinomas. Esses cânceres geralmente começam nos ductos pancreáticos, porém, às vezes, se desenvolvem a partir de células que produzem as enzimas pancreáticas (carcinomas de células acinares).

Os tipos menos comuns de cânceres de ducto do pâncreas exócrino incluem carcinomas adenoescamosos, carcinomas de células escamosas e carcinomas de células gigantes.

Esses tipos são diferenciados um do outro com base no modo como eles se apresentam no microscópio.
O tratamento de um câncer de pâncreas exócrino é, em grande parte, baseado no estágio do câncer, e não no seu tipo exato. O estágio do câncer descreve o tamanho do tumor e até onde ele se espalhou. O estadiamento do câncer de pâncreas está descrito mais adiante neste documento.

Um tipo especial de câncer, chamado câncer ampular (ou carcinoma da ampola de Vater)merece ser citado neste documento. O local em que o ducto biliar e o ducto pancreático se unem e desembocam no duodeno é chamado de ampola de Vater. Os cânceres que se iniciam ali são chamados cânceres ampulares. Esses cânceres geralmente bloqueiam o ducto biliar, enquanto ainda estão pequenos e não se espalharam. Este bloqueio causa o acúmulo da bile no corpo, o que leva ao amarelamento da pele e dos olhos (icterícia), podendo tornar a urina escura. Isto é um sinal facilmente reconhecido de que algo está errado. É por isso que os cânceres ampulares são geralmente encontrados em um estágio precoce do que a maioria dos cânceres de pâncreas, o que significa que eles geralmente apresentam um melhor prognóstico (perspectiva) do que os cânceres de pâncreas comuns.
Os cânceres ampulares estão incluídos com o câncer de pâncreas neste documento porque seus tratamentos são semelhantes.

Tumores endócrinos

Os tumores endócrinos de pâncreas são incomuns. Como um grupo, eles são conhecidos como tumores neuroendócrinos de pâncreas (NETs), ou, às vezes, como tumores de células da ilhota. Eles são diversos subtipos de tumores de células da ilhota. Cada um recebe uma denominação de acordo com o tipo de célula produtora de hormônio em que a doença se inicia:

  • Insulinomas vem das células que produzem a insulina.
  • Glucagonomas vem das células que produzem o glucagon.
  • Gastrinomas vem das células que produzem a gastrina.
  • Somatostatinomas vem das células que produzem a somatostatina.
  • VIPomas vem das células que produzem o peptídeo vasoativo intestinal (VIP).
  • PPomas vem de células que produzem polipeptídeo pancreático.

Tumores carcinoides são outro tipo de NET de pâncreas. Esses tumores geralmente produzem a serotonina (também chamada 5-HT) ou seu precursor, 5-HTP.
Cerca da metade dos NETs de pâncreas produzem hormônios que são liberados no sangue e, portanto são denominados tumores funcionais. Tumores que não produzem hormônios são denominados não funcionais.
Os tumores de células da ilhota podem ser benignos ou malignos.

Os tumores benignos são chamados tumores neuroendócrinos de pâncreas, ao passo que os tumores malignos são denominados cânceres ou carcinomas neuroendócrinos de pâncreas. Os tumores malignos e benignos podem parecer muito semelhantes sob o microscópio e, portanto nem sempre fica claro no momento do diagnóstico se o câncer é ou não um NET. O diagnóstico, por vezes, somente se torna claro quando o tumor se espalhou para fora do pâncreas.

Os cânceres neuroendócrinos de pâncreas constituem menos de 4% de todos os cânceres de pâncreas diagnosticados. O tratamento e prognóstico depende do tipo específico do tumor e do estágio (extensão) do tumor, porém o prognóstico é geralmente melhor do que o dos cânceres exócrinos de pâncreas. Os tipos mais comuns de tumores endócrinos de pâncreas são gastrinomas e insulinomas.

Os outros tipos ocorrem mais raramente.

É muito importante diferenciar o câncer de pâncreas exócrino do endócrino. Eles apresentam fatores de risco e causas distintas, possuem sinais e sintomas diferentes, são diagnosticados utilizando diferentes testes, são tratados de modo diferente e apresentam diferentes prognósticos. Neste documento, o termo tumor neuroendócrino do pâncreas é utilizado para tumores endócrinos benignos e malignos do pâncreas.

Termos comumente utilizados para descrever o câncer de pâncreas.
De um ponto de vista prático, a extensão que o câncer se espalhou geralmente não pode ser determinada de modo exato até a cirurgia. É por este motivo que os médicos utilizam um sistema de estadiamento mais simples, que divide os cânceres em grupos com base da sua probabilidade de poder ou não ser removido cirurgicamente. Esses grupos são denominados ressecáveis, localmente avançados (irressecável) e metastáticos. Esses termos são utilizados para descrever os cânceres de pâncreas exócrino e endócrino.

Ressecável
Se o câncer está somente no pâncreas (ou se espalhou um pouco além dele) e o cirurgião puder retirar todo o tumor, ele é denominado ressecável.

Localmente avançado (irressecável)
Se o câncer não tiver ainda se espalhado para órgãos distantes, porém ainda não pode ser completamente removido com a cirurgia, ele é denominado localmente avançado. Muitas vezes o motivo pelo qual o câncer não pode ser removido é porque muito dele está presente nos vasos sanguíneos adjacentes. Como o câncer não pode ser removido inteiramente pela cirurgia, ele também é denominado irressecável. Para esses tumores, a cirurgia somente seria feita para aliviar os sintomas ou problemas como um ducto biliar ou trato intestinal bloqueado.

Metastático
Quando o câncer tiver se espalhado para órgãos distantes, ele é denominado metastático. A cirurgia ainda pode ser realizada, porém o objetivo seria aliviar os sintomas, não curar o câncer.

Um fator de risco é qualquer coisa que afete a sua chance de desenvolver uma doença como o câncer. Diferentes cânceres tem diferentes fatores de risco. Alguns fatores de risco, como o tabagismo podem ser modificados. Outros, como a idade ou histórico familiar de uma pessoa não podem ser modificados. Porém, os fatores de risco não dizem tudo. Ter um fator de risco ou, até mesmo diversos fatores de risco, não significa que você terá a doença. E muitas pessoas que desenvolvem a doença podem não ter nenhum dos fatores de risco conhecidos.

Os pesquisadores encontraram diversos fatores que afetam as chances de uma pessoa desenvolver câncer de pâncreas. A maioria dele são fatores de risco para câncer de pâncreas exócrino.

Idade
O risco de desenvolver câncer de pâncreas aumenta com a idade. Quase todos os pacientes têm mais de 45 anos de idade. Em torno de 90% tem mais de 55 anos e mais de 70% tem idade acima de 65 anos. A idade média no momento do diagnóstico é de 72 anos.

Sexo
Homens são ligeiramente mais propensos a desenvolver o câncer de pâncreas do que as mulheres. Isto pode ser, pelo menos em parte, devido ao uso aumentado do tabaco pelos homens. A diferença no risco de câncer de pâncreas foi mais pronunciada no passado (quando o uso do tabaco era muito mais comum entre homens do que em mulheres), porém essa lacuna se fechou nos últimos anos.

Raça
Afro-americanos são mais propensos a desenvolver o câncer de pâncreas do que os caucasianos. Os motivos não estão claros, porém pode ser, em parte, devido às maiores taxas de tabagismo e diabetes nos homens e pelo sobrepeso observado nas mulheres.

Tabagismo
O risco de desenvolver câncer de pâncreas é 2 a 3 vezes maior entre os fumantes. Os cientistas acreditam que isto possa ser devido às substâncias químicas causadoras do câncer presentes na fumaça do cigarro que entram na circulação sanguínea e danificam o pâncreas. Cerca de 20% a 30% dos casos de câncer exócrino de pâncreas são considerados como sendo causados pelo tabagismo.
As pessoas que utilizam tabaco sem fumaça também são mais propensos a desenvolver câncer de pâncreas exócrino.

Obesidade e atividade física
Pessoas muito acima do peso (obesas) são mais propensas a desenvolver câncer de exócrino pâncreas, assim como as pessoas que não praticam muita atividade física. O exercício reduz o risco deste tipo de câncer.

Diabetes
O câncer de pâncreas exócrino é mais comum em pessoas que apresentam diabetes. O motivo para esta ligação é desconhecido. Grande parte do risco é observada em pessoas com diabetes tipo 2. Este tipo de diabetes se inicia, com mais frequência, na idade adulta. Ele está geralmente relacionado ao sobrepeso ou obesidade. Não está claro se as pessoas com diabetes tipo 1 (juvenil) apresentam um risco acima da média. Em alguns pacientes, no entanto, o câncer parece ter causado o diabetes (e não o contrário).

Pancreatite crônica
A pancreatite crônica é uma inflamação crônica do pâncreas. Esta condição está associada a um risco aumentado de câncer de pâncreas, porém a maioria dos pacientes com pancreatite nunca desenvolve o câncer de pâncreas. A ligação entre pancreatite crônica e câncer de pâncreas é mais forte em fumantes.
Um pequeno número de casos de pancreatite crônica parece ser devido a uma mutação gênica herdada (vide Histórico familiar). As pessoas com esta forma herdada de pancreatite crônica parecem ter um alto risco durante a vida de desenvolver o câncer de pâncreas (cerca de 40% a 75%).

Cirrose hepática
A cirrose é uma cicatriz do fígado. Ela se desenvolve em pessoas com dano hepático ocasionado por fatores, como hepatite e consumo de bebidas alcoólicas. Pessoas com cirrose parecem ter um risco aumentado de câncer de pâncreas.

Exposição ocupacional
A exposição intensa no trabalho a determinados pesticidas, corantes e substâncias químicas utilizadas no refinamento do metal pode aumentar o risco de desenvolver câncer de pâncreas.

Histórico familiar
O câncer de pâncreas parece ser hereditário em algumas famílias. Em algumas dessas famílias, o alto risco é devido à síndrome herdada (explicada na próxima seção, Síndromes genéticas ). Em outras famílias, o gene que causa o risco elevado de câncer de pâncreas é desconhecido.

Síndromes genéticas
Mutações gênicas herdadas são cópias anormais de determinados genes que podem ser passados de pai para filho. Esses genes anormais podem causar até 10% dos cânceres de pâncreas e também causar outros problemas. Exemplos de síndromes genéticas que podem causar câncer exócrino de pâncreas incluem:
• Síndrome do câncer de mama e de ovário hereditário causado por mutações no gene BRCA2
• Melanoma familiar causado por mutações no gene p16
• Pancreatite familiar causada por mutações no gene PRSS1
• Câncer colorretal hereditário não polipose (HNPCC), mais frequentemente causado por um defeito no gene MLH1 ou no gene MSH2. Pelo menos 5 outros genes também podem causar o HNPCC: MLH3, MSH6, TGBR2, PMS1 e PMS2. Este transtorno também é conhecido como síndrome de Lynch.
• Síndrome de Peutz-Jeghers (PJS) causada por defeitos no gene STK1. Esta síndrome também está associada a pólipos no trato digestivo e a diversos outros cânceres
• Síndrome de Von Hippel-Lindau causada por mutações no gene VHL, podendo levar a um risco aumentado de câncer de pâncreas e carcinoma da ampola de Vater.
Tumores neuroendócrinos de pâncreas e cânceres também podem ser causados por uma síndrome genética, como:
• Neurofibromatose tipo 1 que é causada por mutações no gene NF1. Esta síndrome leva a um risco aumentado de muitos tumores, incluindo somatostatinomas.
• Neoplasia endócrina múltipla tipo 1 causada por mutações no gene MEN1, leva a um risco aumentado de tumores da glândula paratireoide, glândula pituitária e das células da ilhota do pâncreas.
Os cientistas encontraram os genes que causam as síndromes listadas acima, possibilitando que eles sejam reconhecidos pelo teste genético. Para mais informações sobre teste genético, vide a seção “O câncer de pâncreas pode ser detectado precocemente?”

Problemas estomacais
A infecção do estômago com a bactéria Helicobacter pylori (H. pylori) causadora da úlcera pode aumentar o risco de desenvolver o câncer de pâncreas. Alguns pesquisadores acreditam que o excesso de ácido no estômago também pode aumentar o risco.

Dieta
Alguns estudos associaram o câncer de pâncreas às dietas ricas em gordura, ou aquelas que incluem muita carne vermelha, carne de porco e carne processada (como salsicha e bacon). Outros descobriram que dietas ricas em frutas e vegetais podem auxiliar na redução do risco de câncer de pâncreas. Mas nem todos os estudos encontraram essas associações, e o papel exato da dieta em relação ao câncer de pâncreas ainda está sendo estudado.

Café
Alguns estudos anteriores sugeriram que o café pode aumentar o risco de câncer de pâncreas, porém isto não foi confirmado nos estudos mais recentes.

Álcool
A maioria dos estudos não encontrou uma associação entre o consumo de álcool e o câncer de pâncreas. Porém o consumo excessivo de álcool pode aumentar o risco de diabetes, cirrose hepática e pancreatite crônica, que são fatores de risco para o câncer de pâncreas.

 

As causas do câncer de pâncreas são conhecidas?

Os cientistas ainda não sabem exatamente o que causa a maioria dos casos de câncer de pâncreas, mas eles descobriram diversos fatores de risco que podem fazer uma pessoa ser mais propensa a desenvolver esta doença. Uma pesquisa recente demonstrou que alguns desses fatores de risco afetam o DNA das células do pâncreas, o que pode resultar no crescimento celular anormal e causar a formação de tumores.
Os pesquisadores fizeram grandes progressos no entendimento sobre como determinadas alterações no DNA podem fazer que células normais se tornem cancerígenas. O DNA é a substância química em cada célula que carrega os nossos genes – as instruções sobre como nossas células devem funcionar. Somos parecidos com nossos pais, porque eles são a origem do nosso DNA. Porém, o DNA afeta mais do que a nossa aparência. Alguns genes contem instruções para controlar quando nossas células crescem e se dividem. Determinados genes que promovem a divisão celular são chamados de oncogenes. Outros que retardam a divisão celular ou causam a morte das células no momento certo são denominados genes supressores de tumor. Os cânceres podem ser causados por mutações no DNA (defeitos) que ligam os oncogenes ou desligam os genes supressores de tumor.
Diversas síndromes familiares de câncer foram descobertas em que as mutações no DNA herdadas causam um risco muito alto de desenvolver determinados cânceres. Em alguns deles, há um risco aumentado de desenvolver o câncer de pâncreas. Os pesquisadores caracterizaram muitas dessas alterações do DNA nos últimos anos. (Vide seção, “Quais são os fatores de risco para o câncer de pâncreas?”)
As mutações no DNA de oncogenes ou de genes supressores de tumor relacionados aos cânceres de pâncreas ocorrem com mais frequência após o nascimento e não por terem sido herdados. Essas mutações adquiridas podem resultar de substâncias químicas causadoras de câncer em nosso ambiente, dieta ou tabagismo. Elas ocorrem, por vezes, sem nenhum motivo aparente.
As alterações no DNA observadas em casos esporádicos (não herdadas) de câncer de pâncreas são geralmente as mesmas observadas nos casos herdados. Por exemplo, a maioria dos casos esporádicos de câncer de pâncreas exócrino apresenta alterações no gene p16. Este é o motivo pelo qual os cientistas estão estudando casos herdados rigorosamente para saber mais sobre o que causa o câncer de pâncreas. Algumas anormalidades específicas no DNA recentemente descobertas no câncer de  pâncreas estão discutidas na seção, “Quais são as novidades na pesquisa e tratamento do câncer de pâncreas?”

O câncer de pâncreas pode ser prevenido?

Não existem diretrizes estabelecidas para a prevenção do câncer de pâncreas. No momento, a melhor abordagem é evitar os fatores de risco do câncer de pâncreas sempre que possível.
O tabagismo é o fator de risco evitável mais importante para o câncer de pâncreas. Ele é responsável por 20% a 30% dos cânceres de pâncreas. O tabagismo também aumenta o risco de muitos outros cânceres, tais como o câncer de pulmão, boca, laringe (cordas vocais), esôfago, rins, bexiga urinária e alguns outros órgãos.
Manter um peso saudável, ter uma dieta saudável e praticar atividade física também são importantes. A Sociedade Americana do Câncer recomenda selecionar alimentos e bebidas em quantidades que auxiliem a atingir e manter um peso saudável. Adotar uma dieta saudável, com ênfase em vegetais, isto inclui consumir pelo menos 2½ xícaras de vegetais e frutas diariamente. Selecionar pães, massas e cereais integrais ao invés de grãos refinados, e consumir peixe, frango ou leguminosas no lugar de carne processada e carne vermelha também podem auxiliar a reduzir o risco de câncer, bem como de algumas outras doenças.

SINAIS E SINTOMAS DO CÂNCER DE PÂNCREAS EXÓCRINO

Icterícia
A icterícia é o amarelamento dos olhos e da pele causado pelo acúmulo de bilirrubina no corpo. A bilirrubina é uma substância amarelo-castanho escuro que é produzida no fígado. Normalmente, o fígado excreta bilirrubina na bile. A bile passa pelo ducto biliar comum para os intestinos, deixando por fim o corpo nas fezes. Quando o ducto biliar comum fica bloqueado, a bile não pode atingir os intestinos, acumulando a bile. Pelo menos metade de todas as pessoas com câncer de pâncreas e em todas as pessoas com câncer ampular apresentam icterícia.
Os cânceres que se iniciam na cabeça do pâncreas estão próximos do ducto biliar comum. Esses cânceres podem comprimir o ducto enquanto eles ainda estão relativamente pequenos. Isto pode levar a icterícia, que pode permitir que esses tumores sejam encontrados em um estágio inicial. Mas os cânceres que se iniciam no corpo ou cauda do pâncreas não comprimem o ducto até que tenham se espalhado pelo pâncreas. Nesse momento, o câncer pode ter também se espalhado para além do pâncreas.
Quando o câncer de pâncreas se espalha, ele geralmente vai para o fígado. Isto também pode levar a icterícia.
O primeiro sinal de icterícia é, por vezes, o escurecimento da urina pela bilirrubina. À medida que os níveis de bilirrubina no sangue aumentam, a urina começa a ter uma coloração castanha.
Se o ducto biliar estiver bloqueado, a bile (e bilirrubina) não conseguem passar para o intestino. Quando isto ocorre, uma pessoa pode observar que a coloração de suas fezes se torna mais clara.
Quando a bilirrubina se acumula na pele, ela se torna amarela e começa a provocar coceira.
O câncer não é a causa mais comum de icterícia. Outras causas, como cálculos biliares, hepatite e outras doenças hepáticas são muito mais comuns.

Dor abdominal ou lombar
Dor no abdômen ou na região lombar é comum no câncer de pâncreas avançado. Os cânceres que começam no corpo ou cauda do pâncreas podem crescer consideravelmente e começar a comprimir outros órgãos vizinhos causando dor. O câncer também pode se espalhar para os nervos em torno do pâncreas, o que geralmente causa a dor lombar. A dor pode ser constante ou pode surgir e desaparecer. O câncer de pâncreas não é evidentemente a causa comum da dor no abdômen ou na região lombar. Ela é mais frequentemente causada por uma doença não cancerosa ou até mesmo outro tipo de câncer.

Perda de peso e falta de apetite
A perda de peso não intencional ou inesperada é muito comum em pacientes com câncer de pâncreas.
Essas pessoas também se queixam de extremo cansaço e apresentam pouco ou nenhum apetite.

Problemas digestivos
Se o câncer bloquear a liberação do suco pancreático para o intestino, uma pessoa pode não ser capaz de digerir alimentos gordurosos. A gordura não digerida pode causar o aspecto pálido incomum, volumoso, gorduroso das fezes, que podem flutuar no vaso sanitário. O câncer também pode envolver a parte distal do estômago e provocar o seu bloqueio parcial. Isto pode causar náusea, vômito e dor que tende a se agravar após a alimentação.

Aumento da vesícula biliar
Se o câncer bloquear o ducto biliar, a bile pode se acumular na vesícula biliar que, por sua vez, pode aumentar de tamanho. Isto pode, por vezes, ser sentido pelo médico durante um exame físico. Ele também pode ser detectado por estudos de imagem.

Coágulos sanguíneos ou anormalidades no tecido gorduroso
Às vezes, o primeiro sinal de que existe um câncer de pâncreas é o desenvolvimento de um coágulo sanguíneo em uma grande veia, geralmente uma veia na perna. Isto é chamado de uma trombose venosa profunda ou TVP. Por vezes, um coágulo se desprende e percorre os pulmões, o que dificulta a respiração. Um coágulo sanguíneo nos pulmões é chamado de embolia pulmonar ou EP. Novamente, ter um coágulo de sangue geralmente não significa que você tem câncer. A maioria dos coágulos sanguíneos apresenta outras causas.
Outro sinal de câncer de pâncreas é o desenvolvimento de uma textura irregular do tecido adiposo sob a pele. Isto é causado pela liberação das enzimas pancreáticas que digerem a gordura.

Diabetes
Os cânceres do pâncreas exócrino raramente causam diabetes (altos níveis de açúcar no sangue) porque destroem as células produtoras de insulina. Existem, mais frequentemente, problemas pequenos com o metabolismo do açúcar que não causam os sintomas do diabetes, porém podem ainda ser detectados por determinados exames de sangue.

SINAIS E SINTOMAS DOS TUMORES NEUROENDÓCRINOS DO PÂNCREAS

A maioria dos sinais e sintomas dos tumores neuroendócrinos do pâncreas (NETs) é causada pelo excesso de hormônios liberados pelos tumores na corrente sanguínea. Diferentes tipos de tumores produzem diferentes hormônios.

Gastrinomas
Esses tumores produzem a gastrina, um hormônio que diz para o estômago produzir mais ácido. Muita gastrina causa uma condição conhecida como Síndrome de Zollinger-Ellison. O excesso de gastrina faz com que o estômago produza muito ácido. Isto leva a úlceras estomacais, o que pode causar dor, náusea, e redução do apetite. Se a úlcera for grave, ela pode iniciar um sangramento. Se o sangramento for leve, ele pode levar a anemia (poucos eritrócitos). Isto pode causar sintomas como extremo cansaço e falta de ar ao praticar exercícios. Se o sangramento for mais grave, pode fazer com que as fezes fiquem escurecidas e de cor preta. O sangramento grave pode em si ser de risco à vida. Úlceras em pacientes com gastrinomas podem ser de difícil tratamento, necessitando de altas doses de medicamento antiúlcera para a cicatrização. Os pacientes necessitam permanecer em tratamento com essas medicações por longos períodos, porque as úlceras tendem a retornar se o tratamento for interrompido.
Quando o estômago produz muito ácido, ele pode ser liberado no intestino delgado. Ali, ele pode danificar as células que revestem o intestino e quebrar enzimas digestivas antes que elas tenham a chance de digerir os alimentos. Isto pode causar diarreia e perda de peso.
A maioria dos gastrinomas são cânceres.

Glucagonomas
Esses tumores produzem glucagon, um hormônio que aumenta os níveis de glicose no sangue. O excesso de glucagon pode aumentar os níveis de açúcar no sangue, por vezes levando ao diabetes. Os pacientes também apresentam problemas com diarreia, perda de peso e desnutrição. Os problemas nutricionais podem levar a sintomas como irritação da língua (glossite) e nos cantos da boca (queilose angular). A maioria dos sintomas que podem ser causados por um glucagonoma é de intensidade leve e, demonstraram ser, na maioria dos casos, causados por outra coisa.
O sintoma que leva a maioria das pessoas com glucagonomas a consultar seus médicos é uma erupção cutânea denominada eritema necrolítico migratório. Ele consiste de uma erupção cutânea vermelha com inchaço e bolhas e geralmente atinge diferentes locais da pele. Ele é a característica mais marcante de um glucagonoma.
A maioria dos glucagonomas são cânceres.

Insulinomas
Esses tumores produzem insulina, que reduz os níveis de açúcar no sangue. Muita insulina leva a níveis baixos de açúcar no sangue (hipoglicemia), com sintomas, como fraqueza, confusão, inchaço e batimento cardíaco rápido. Quando o açúcar no sangue fica muito baixo, ele pode levar o paciente a desmaiar ou até mesmo entrar em coma e apresentar convulsões. Esses sintomas melhoram se o paciente receber glicose (açúcar) – pela boca (como alimento) ou em uma injeção na veia (IV).
A maioria dos insulinomas é benigno (não são cânceres).

Somatostatinomas
Esses tumores produzem somatostatina, que auxilia a regular outros hormônios. Os sintomas deste tipo de tumor incluem diarreia, diabetes e problemas na vesícula biliar. Os problemas com a vesícula biliar podem levar a dor abdominal, náusea, falta de apetite, e icterícia (amarelamento da pele e olhos). Como os sintomas de um somatostatinoma tendem a ser de intensidade leve e são, mais frequentemente, causados por outras coisas, esses tumores tendem a ser diagnosticados em um estágio avançado.
A maioria dos somatostatinomas são cânceres. Em geral, eles não são encontrados até que tenham se espalhado para o fígado, quando causam problemas como icterícia e dor.

VIPomas
Esses tumores produzem uma substância chamada peptídeo vasoativo intestinal (VIP). Muito VIP pode levar a problemas com diarreia e baixos níveis sanguíneos de potássio. Os pacientes também apresentam baixos níveis de ácido em seus estômagos, levando a problemas para digerir alimentos. Eles também podem ter altos níveis de açúcar no sangue. A diarreia pode ser leve no início, porém se agrava com o tempo. Pelo tempo em que eles são diagnosticados, a maioria dos pacientes apresenta diarreia aquosa grave com até 20 evacuações por dia.
A maioria dos VIPomas são cânceres.

PPomas
Esses tumores produzem polipeptídeo pancreático, que auxilia a regular tanto o pâncreas exócrino como o endócrino. Eles causam problemas como dor abdominal e fígado aumentado.
Alguns pacientes também apresentam diarreia aquosa.
A maioria dos PPomas são cânceres.

Tumores carcinoides
Esses tumores geralmente produzem serotonina ou seu precursor 5-HTP. Quando um tumor de pâncreas produz essas substâncias, elas vão primeiramente para o fígado. O fígado quebra essas substâncias antes que elas possam atingir o resto do corpo e causar problemas. É por esse motivo que os tumores carcinoides podem não causar sintomas até que tenham se espalhado para fora do pâncreas. Quando eles se espalham, isto ocorre com mais frequência para o fígado. Quando isto ocorre, os hormônios podem ser liberados a partir das células cancerígenas para o sangue deixando o fígado. Isto pode causar algo chamado de síndrome carcinoide, com sintomas incluindo: rubor (a pele fica vermelha com uma sensação de calor), diarreia, chiado e batimento cardíaco rápido. Esses sintomas geralmente ocorrem em episódios, e entre os episódios, o paciente pode se sentir bem.
Durante um longo período, essas substâncias semelhantes a hormônios podem danificar válvulas cardíacas, causando falta de ar, fraqueza e murmúrio cardíaco (um som cardíaco anormal).

Tumores não funcionais
Esses tumores não produzem hormônios e, portanto, não causam sintomas nos estágios iniciais.
A maioria deles são cânceres e começam a causar problemas à medida que aumentam de tamanho ou se espalham para fora do pâncreas.

Sintomas causados pela disseminação do câncer
Quando NETs de pâncreas se espalham, eles se espalham com mais frequência para o fígado. Isto pode aumentar o tamanho do fígado, o que pode causar dor e falta de apetite. Ele também pode interferir com a função hepática, por vezes levando à icterícia (amarelamento da pele e olhos) e exames laboratoriais anormais.
Embora esses cânceres geralmente se espalham primeiro para o fígado, eles podem continuar a se espalhar para outros órgãos e tecidos. Os sintomas dependem de onde o câncer está crescendo. Por exemplo, o câncer que se espalha para os pulmões pode causar problemas respiratórios e tosse. A disseminação para os ossos pode causar dor nesses ossos.

O câncer de pâncreas pode ser detectado precocemente?

Um motivo para a expectativa geralmente desfavorável para pessoas com câncer de pâncreas exócrino é que muitos poucos desses cânceres são detectados precocemente. O pâncreas está localizado bem dentro do corpo e, portanto, tumores iniciais não podem ser observados ou sentidos pelos profissionais de saúde durante os exames físicos de rotina. Os pacientes geralmente não apresentam sintomas até que o câncer tenha se espalhado para outros órgãos. No momento, não existem exames de sangue que detectem precocemente os cânceres de pâncreas. Os médicos estão investigando para ver se um teste chamado ultrassom endoscópico pode ser útil na seleção de pessoas com um alto risco de câncer de pâncreas.

Exames de sangue
Uma substância chamada CA 19-9 é liberada no sangue pelas células cancerígenas do pâncreas exócrino, podendo ser detectada por exames de sangue. Mas no momento em que os níveis sanguíneos estiverem altos o suficiente para serem consistentemente detectados por métodos disponíveis, o câncer não está mais nos estágios iniciais. É por este motivo que o teste não é recomendado para a seleção de rotina de pessoas sem sintomas ou um diagnóstico conhecido de câncer. O teste de CA 19-9 é, por vezes, utilizado durante o tratamento para verificar se a terapia está funcionando ou após o tratamento para verificar se o câncer se recidivou (voltou).
Outra substância, o antígeno carcinoembrionário (CEA) pode auxiliar a detectar o câncer de pâncreas avançado em algumas pessoas. Porém, ele não é sensível o suficiente para detectar o câncer precocemente e não é recomendado como um teste de seleção.

Teste genético
As alterações herdadas no DNA são consideradas como o causador de até 10% dos cânceres de pâncreas. Como esses casos herdados estão, por vezes, associados a outros cânceres, determinar se os parentes do paciente apresentam um risco elevado não é algo simples. Conversar com alguém com experiência em síndromes de câncer hereditário, como um consultor genético, geneticista ou um oncologista (médico especialista em cuidar de pessoas que tem câncer) é geralmente útil.
A Sociedade Americana do Câncer recomenda fortemente que qualquer pessoa considerando fazer o teste genético converse com um consultor genético, enfermeiro ou médico qualificado para interpretar e explicar os resultados do teste antes de realizar o teste. É importante que as pessoas entendam e avaliem cuidadosamente os benefícios e riscos do teste genético antes da realização desses testes.

Para pessoas em famílias em alto risco de câncer de pâncreas, existem testes mais recentes para detectar precocemente o câncer de pâncreas que podem ajudar. Um deles é denominado ultrassom endoscópico (vide seção, “Como o câncer de pâncreas é diagnosticado?”). Este teste não é utilizado para selecionar o público geral, mas pode ser utilizado por pessoas com um forte histórico familiar de câncer de pâncreas. Utilizando o ultrassom endoscópico, os médicos foram capazes de detectar precocemente cânceres de pâncreas tratáveis em alguns membros de famílias de alto risco. Além disso, famílias interessadas podem desejar participar de estudos de pesquisa em andamento com o objetivo de investigar os fatores genéticos e o possível papel dos métodos de seleção naqueles com um histórico familiar da doença.

Testes para diagnóstico.

Histórico médico e exame físico
Seu médico fará um histórico médico detalhado para verificar algum fator de risco para câncer de pâncreas e obter informações sobre a dor (quanto tempo você a tem, sua gravidade, onde ela está localizada e o que piora ou melhora a dor), apetite, perda de peso, cansaço e outros sintomas.
Um exame físico detalhado focará basicamente no seu abdômen para verificar alguma massa ou acúmulo de fluido. A sua pele e o branco dos seus olhos serão examinados para icterícia (amarelamento). Os cânceres que bloqueiam o ducto biliar também podem causar aumentar a vesícula biliar, o que por vezes, pode ser sentido no exame físico. O câncer de pâncreas pode se espalhar para o fígado, causando o seu aumento.
O câncer também pode se espalhar para os linfonodos acima da clavícula e de outros locais.
Essas áreas serão examinadas atentamente para inchaço que pode indicar que o câncer se espalhou.

Testes de imagem
Tomografia computadorizada (TC, CAT)
A TC é um procedimento de radiografia que produz imagens transversais do seu corpo. Ao invés de tirar uma foto, como no raio-x (radiografia) padrão, um equipamento de TC tira várias fotos a medida que ele gira em torno de você. Um computador então combina essas fotos em imagens que se assemelham a fatias da parte do seu corpo que está sendo estudada.
Antes do teste, pode ser solicitado que o paciente beba uma solução de contraste e/ou receba uma injeção intravenosa (IV) de um corante de contraste para definir melhor as áreas anormais no corpo.
O paciente pode precisar de uma linha IV pela qual o corante de contraste é injetado. A injeção pode causar certo rubor (uma sensação de calor, especialmente no rosto). Algumas pessoas são alérgicas ao corante e podem apresentar urticária ou uma sensação de rubor, ou raramente, apresentar reações mais sérias, como dificuldade para respirar e pressão arterial baixa. Certifique-se de informar o médico se você tiver alguma alergia ou tiver apresentado uma reação a qualquer material de contraste utilizado para radiografias. Medicamento pode ser fornecido para prevenir e tratar as reações alérgicas.
A TC tem a mesma duração das radiografias regulares. Você precisa se deitar em uma mesa enquanto o teste está sendo realizado. Durante o teste, a mesa desliza pra dentro e para fora do equipamento, uma máquina em formato de anel que gira completamente ao redor da mesa. Você pode se sentir um pouco confinado pelo anel quando as fotos estão sendo tiradas.
A TC é geralmente utilizada para diagnosticar o câncer de pâncreas e auxiliar a fazer o seu estadiamento (determinar a extensão da sua disseminação). A TC mostra o pâncreas de forma bastante clara e geralmente pode confirmar a localização do câncer. A TC também pode mostrar os órgãos próximos ao pâncreas, bem como linfonodos e órgãos distantes, onde o câncer pode ter se espalhado. A TC pode auxiliar a determinar se a cirurgia será uma boa opção de tratamento.
A TC também pode ser utilizada para guiar uma agulha de biópsia precisamente em uma área com suspeita de disseminação. Para este procedimento, denominado biópsia com agulha guiada por TC, o paciente permanece na mesa de TC e um radiologista avança a agulha de biópsia para o local da massa. A TC é repetida até que os médicos tenham se certificado que a agulha está dentro da massa. Uma amostra de biópsia é então retirada e avaliada sob um microscópio.

Imagem por ressonância magnética (IRM)
A IRM utiliza ondas de rádio e fortes ímãs no lugar dos raios-x. A energia das ondas de rádio é absorvida pelo corpo e depois liberada em um padrão formado pelo tipo de tecido corporal e por determinadas doenças. Um computador traduz o padrão em uma imagem detalhada das partes do corpo. Ele não produz somente fatias de imagens transversais do corpo como um scanner de TC, mas também produz fatias que são paralelas ao comprimento do corpo. Um material de contraste pode ser injetado assim como na TC, no entanto, isto é menos comum.
A maioria dos médicos prefere avaliar o pâncreas com TC, mas uma IRM pode, por vezes, fornecer mais informações. A IRM também é especialmente útil na avaliação do cérebro e da medula espinhal.
A IRM tem a mesma duração da TC, geralmente de até uma hora. Você pode ter que se deitar dentro de um tubo estreito, que pode causar a sensação de confinamento, podendo ser estressante para algumas pessoas. Máquinas de IRM mais novas, mais abertas podem ser outra opção. A máquina de IRM é barulhenta, com ruídos de clique que podem incomodá-lo. Alguns locais fornecem fones de ouvido ou tampões de ouvido para auxiliar a bloquear esse ruído.
Cintilografia para receptores de somatostatina
A cintilografia para receptores de somatostatina (CRS), também conhecida como OctreoScan pode ser bastante útil no diagnóstico de tumores neuroendócrinos do pâncreas. Ela utiliza uma substância semelhante ao hormônio denominada octreotida que se ligou a uma substância radioativa (índio-111). A octreotida se liga a proteínas nas células tumorais de muitos NETs.
Uma pequena quantidade desta substância é injetada em uma veia. Ela percorre o sangue e é atraída para os tumores neuroendócrinos. Cerca de 4 horas após a injeção, uma câmera especial pode ser utilizada para mostrar onde a radioatividade foi coletada no corpo. Mais varreduras podem ser feitas nos dias seguintes também.
Esta varredura pode auxiliar a diagnosticar um NET, porém também pode auxiliar a tomar decisões sobre o tratamento. Se um NET aparecer em um SRS, isto geralmente significa que o tumor parará de crescer se tratado com octreotida.

Tomografia por emissão de pósitrons (PET)
Para a PET, uma forma de açúcar radioativo (conhecido como fluorodeoxiglicose ou FDG) é injetada no sangue. Como as células cancerígenas no corpo crescem rapidamente, elas absorvem grandes quantidades do açúcar radioativo. Após cerca de uma hora, você será colocado sobre uma mesa no scanner de PET. Você se deita sobre a mesa por cerca de 30 minutos, enquanto uma câmera especial cria uma foto das áreas de radioatividade no corpo. A foto não está finamente detalhada como na TC ou IRM, porém pode fornecer informações úteis sobre o seu corpo todo.
Este teste é útil para investigar a disseminação dos cânceres do pâncreas exócrino, mas como os NETs crescem lentamente, eles não aparecem bem na PET.
A PET/TC combina a TC e PET para melhorar ainda mais a identificação do tumor. Este teste pode ser especialmente útil para detectar o câncer exócrino que se espalhou para além do pâncreas e não seria tratável com a cirurgia. Ele pode ser um teste útil para o estadiamento do câncer. Pode até mesmo ser capaz de detectar cânceres iniciais.

Ultrassonografia (ultrassom ou US)
O ultrassom utiliza ondas sonoras para produzir imagens de órgãos internos, como o pâncreas. Para um ultrassom abdominal, uma sonda em formato de varinha denominada transdutor é posicionada sobre a pele do abdômen. Ela emite ondas sonoras e detecta os ecos à medida que elas rebatem os órgãos internos. O padrão dos ecos é processado por um computador para produzir uma imagem na tela.
Os ecos produzidos pela maioria dos tumores de pâncreas diferem daqueles do tecido do pâncreas normal. Diferentes padrões de eco podem auxiliar a distinguir alguns tipos de tumores de pâncreas de outro.
Se sinais e sintomas indicarem que é possível ser um câncer de pâncreas, uma TC é geralmente mais útil do que o ultrassom para um diagnóstico exato. Porém se não estiver claro se outras determinadas doenças podem responder pelos sinais ou sintomas do paciente, pode ser feito um ultrassom. O ultrassom também é comumente utilizado para examinar o fígado, podendo ser utilizado se alguém apresentar sintomas (como icterícia) que indicam um problema hepático.
O Ultrassom endoscópico é mais exato do que o ultrassom abdominal e é provavelmente a melhor maneira de diagnosticar o câncer de pâncreas. Este teste é realizado com uma sonda de ultrassom que está conectada a um endoscópio — um fino tubo flexível de fibra óptica iluminado — que os médicos utilizam para examinar a parte interna do trato intestinal. Os pacientes são primeiramente sedados (um medicamento é fornecido para deixá-los sonolentos). A sonda então é passada pela boca ou nariz, pelo esôfago (o tubo que conecta a boca e o estômago) e o estômago, e adentra a primeira parte do intestino delgado. Ele pode então ser apontado para o pâncreas, que se situa próximo ao intestino delgado. A sonda está na ponta do endoscópio, de modo que ela pode ficar muito próxima ao tumor para tirar fotos. Este é um modo muito bom de examinar o pâncreas. Ele é melhor do que a TC para detectar pequenos tumores. Se um tumor é visualizado, ele pode passar por biópsia durante este procedimento.

Colangiopancreatografia endoscópica retrógrada (ERCP)
Para este procedimento, um endoscópio (um fino tubo flexível iluminado) é passado pela garganta, esôfago e estômago do paciente e na primeira parte do intestino delgado. O médico pode ver pelo endoscópio e localizar a ampola de Vater (onde o ducto biliar comum se conecta ao intestino delgado). O médico guia um cateter (um tubo bem pequeno) a partir da extremidade do endoscópio para dentro do ducto biliar comum. Uma pequena quantidade de corante (material de contraste) é então injetada pelo tubo para dentro do ducto biliar comum e radiografias são tiradas. Este corante delineia o ducto biliar e o ducto pancreático. As imagens radiográficas podem mostrar o estreitamento ou bloqueio desses ductos que pode ser decorrente do câncer de pâncreas. O médico que realiza o teste também pode colocar uma pequena escova ao longo do tubo para coletar células para biópsia (para análise em um microscópio para verificar se elas assemelham ou não a células cancerígenas). Este procedimento é geralmente feito enquanto o paciente está sedado (medicamento fornecido para torná-lo sonolento).
A ERCP também pode ser utilizada para colocar um stent (pequeno tubo) no ducto biliar para mantê-lo aberto se um tumor adjacente estiver pressionando-o. Isto está descrito em mais detalhes na seção sobre cirurgia paliativa na seção “Cirurgia”.

Angiografia
Trata-se de um procedimento de raios-X que examina os vasos sanguíneos. Uma pequena quantidade de material de contraste é injetada em uma artéria para delinear os vasos sanguíneos, e depois radiografias são tiradas.
A angiografia pode mostrar se o fluxo sanguíneo em uma determinada área está bloqueada ou comprimida pelo tumor. Ela também pode mostrar qualquer vaso sanguíneo anormal (alimentando o câncer) na área. Este teste pode ser útil para saber se um câncer de pâncreas cresceu pelas paredes de determinados vasos sanguíneos. Ele principalmente auxilia os cirurgiões a decidir se o câncer pode ser completamente removido sem danificar os vasos sanguíneos vitais e auxiliá-los a planejar a cirurgia.
A angiografia também pode ser utilizada para visualizar tumores neuroendócrinos de pâncreas que são muito pequenos para serem observados em outros testes de imagem. Esses tumores fazem com que o corpo produza mais vasos sanguíneos para “alimentar” o tumor. Esses vasos sanguíneos adicionais podem ser observados na angiografia.
A angiografia pode ser um procedimento desconfortável porque o radiologista que realiza o teste deve colocar um pequeno cateter na artéria que vai até o pâncreas. O cateter é geralmente inserido em uma artéria da sua coxa interna e passada até o pâncreas. É geralmente utilizado um anestésico local para adormecer a área antes de inserir o cateter. A seguir, o corante é injetado rapidamente para delinear todos os vasos, enquanto radiografias estão sendo tiradas.

Exames de sangue
Diversos tipos de exames de sangue podem ser utilizados para auxiliar a diagnosticar o câncer de pâncreas ou para auxiliar a determinar as opções de tratamento, se encontrado.
Os exames de sangue que avaliam os níveis de diferentes tipos de bilirrubina (uma substância química produzida pelo fígado) são úteis para decidir se a icterícia de um paciente é causada por doença hepática ou por um bloqueio (por um cálculo biliar, um tumor ou outra doença) do fluxo biliar.
Elevados níveis sanguíneos dos marcadores tumorais CA 19-9 e antígeno carcinoembrionário (CEA) podem indicar um diagnóstico de câncer de pâncreas exócrino, porém esses testes nem sempre são exatos (vide seção, “O câncer de pâncreas pode ser encontrado precocemente?”).
Outros exames de sangue podem auxiliar a avaliar o estado geral de um paciente (como função hepática, renal e da medula óssea). Esses exames também podem auxiliar a determinar se eles serão capazes de suportar o estresse de uma cirurgia de grande porte.

Tumores neuroendócrinos do pâncreas
Os exames de sangue avaliando os níveis de determinados hormônios pancreáticos podem auxiliar a diagnosticar tumores neuroendócrinos do pâncreas (NETs). Para insulinomas, níveis de insulina, glicose, e peptídeo C são medidos enquanto o paciente está em jejum (sem comer ou beber). (O peptídeo C é um produto intermediário da produção da insulina). O sangue é coletado a cada 6 a 8 horas até que o paciente começa a apresentar sintomas. O diagnóstico de um insulinoma é feito quando houver um baixo nível de glicose no sangue com elevados níveis de insulina e peptídeo C.
Outros hormônios pancreáticos, como gastrina, glucagon, somatostatina, polipeptídeo pancreático e VIP (peptídeo vasoativo intestinal) podem ser medidos em amostras de sangue, podendo se utilizados no diagnóstico de NETs de pâncreas. A medição do nível de uma substância denominada cromogranina-A (CgA) pode ser bastante útil. Este nível sobe na maioria dos casos de NETs de pâncreas – mesmo em tumores não funcionais.
Os níveis de gastrina sobem em pacientes que estão tomando um tipo comum de medicamento antiúlcera conhecido como inibidores da bomba de prótons. Exemplos desses medicamentos incluem omeprazol (Prilosec®), esomeprazol (Nexium®), lansoprazol (Prevacid®), e muitos outros. Essas medicações são comumente utilizadas para tratar pessoas com dor estomacal e azia. Um paciente não deve utilizar nenhum inibidor da bomba de prótons por pelo menos uma semana antes da medição do nível de gastrina, para que o medicamento não aumente falsamente o nível de gastrina. A medição dos níveis de gastrina é mais útil quando combinada com um teste que mede a quantidade de ácido no estômago. Isto é porque os baixos níveis de ácido podem levar a elevados níveis de gastrina. Quando um gastrinoma está presente, altos níveis de gastrina são observados juntamente com elevados níveis de ácido.
Para tumores carcinoides, um exame de sangue pode ser feito para avaliar a serotonina, que é produzida por muitos desses tumores. O corpo quebra a serotonina em ácido 5-hidroxiindolacético (5-HIAA), e o libera para a urina. Um teste comumente utilizado para detectar a síndrome carcinoide mede os níveis de 5-HIAA em uma amostra de urina coletada durante 24 horas. Este teste pode auxiliar no diagnóstico de muitos dos tumores carcinoides (porém não todos).
Os tumores, por vezes, não produzem tanta serotonina, mas produzem o seu precursor, 5- HTP, que pode ser convertido em serotonina na urina. Em pacientes com esses tumores, o nível sanguíneo de serotonina pode ser normal, porém os níveis urinários de serotonina e 5-HTP estão elevados.
O consumo de alimentos que contem muita serotonina pode aumentar os níveis de 5-HIAA na urina. Esses alimentos incluem bananas, kiwi, determinadas castanhas e abacate. Medicamentos, incluindo xarope para tosse e acetaminofeno (Tylenol), também podem afetar os resultados. Essas substâncias devem ser evitadas antes do teste de urina e sangue para carcinoides.
Outros testes comumente utilizados para avaliar carcinoides podem incluir exames de sangue para cromogranina A (CgA), enolase neurônio-específica (NSE), substância P e gastrina.
Dependendo de onde o tumor possa estar localizado e dos sintomas do paciente, os médicos podem realizar outros exames de sangue também.

Biópsia
O histórico médico de um paciente, o exame físico e os resultados do teste de imagem podem fortemente sugerir o câncer de próstata, porém a única maneira de certificar é retirando uma pequena amostra do tumor e examiná-la sob o microscópio. Este procedimento é denominado biópsia.
Existem diversos tipos de biópsia. O procedimento utilizado com mais frequência para diagnosticar o câncer de pâncreas é denominado biópsia por aspiração com agulha fina (FNA). Para este teste, um médico insere uma agulha fina através da pele e dentro do pâncreas. O médico utiliza imagens de TC ou ultrassonografia endoscópica para avaliar a posição da agulha e certificar que esteja no tumor.
Os médicos também podem fazer uma biópsia do tumor utilizando o ultrassom endoscópico para posicionar a agulha diretamente pela parede do duodeno dentro do tumor. Em qualquer um dos casos, podem ser retiradas pequenas amostras de tecido pela agulha. As principais vantagens do teste são que o paciente não necessita de anestesia geral (não está “adormecido”) durante o teste e efeitos colaterais importantes são raros.
No passado, as biópsias cirúrgicas eram feitas com mais frequência. Este tipo de biópsia requer uma laparotomia (uma grande incisão através da pele e vai para a parede do abdômen para examinar os órgãos internos). Áreas que parecem anormais na visualização ou na palpação podem ser amostradas retirando uma pequena porção de tecido com um bisturi ou uma agulha. O cirurgião pode utilizar uma agulha fina (como na biópsia por aspiração com agulha). Os cirurgiões utilizam com mais frequência uma agulha maior que retira um núcleo cilíndrico do tecido de cerca de 1/2 polegada de comprimento e menos de 1/8 polegada de diâmetro (denominado biópsia por agulha grossa). A principal desvantagem deste tipo de biópsia é que o paciente deve receber anestesia geral e permanecer no hospital para a recuperação.
A laparotomia é agora raramente recomendada. Os médicos preferem utilizar a laparoscopia (algumas vezes denominada cirurgia de invasão mínima) como um modo de avaliar e, talvez, coletar um pedaço do pâncreas com uma biópsia. Os pacientes são sedados ou adormecidos para este procedimento. O cirurgião faz diversas pequenas incisões no abdômen e insere pequenos instrumentos semelhantes ao telescópio na cavidade abdominal. Um deles é geralmente conectado a um monitor de vídeo. O cirurgião pode visualizar o abdômen, o tamanho do tumor e se o mesmo se espalhou e podem coletar amostras de tecido também.
O médico pode não realizar a biópsia em alguém que tem um tumor no pâncreas que se parece com câncer (baseado em testes de imagem) se parecer que a cirurgia pode remover todo o câncer. Em vez disso, o médico irá prosseguir com a cirurgia. Se o médico achar durante a cirurgia que o câncer se espalhou a uma extensão muito grande para ser removido completamente, somente uma amostra do câncer pode ser retirada para confirmar o diagnóstico e o restante da cirurgia planejada será interrompida.
Se o tratamento (como quimioterapia ou radiação) for planejado antes da cirurgia, é necessário fazer a biópsia primeiro para confirmar o diagnóstico.

Como o câncer de pâncreas é tratado?

Informações gerais do tratamento
Os 3 principais tipos de tratamento para câncer de pâncreas exócrino são a cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Dependendo do estágio do câncer, alguns desses tratamentos podem ser combinados. Os tumores do pâncreas endócrino também são tratados com esses 3 tipos de terapia. Além disso, os medicamentos (além da quimioterapia) podem ser úteis.

Cirurgia para câncer de pâncreas
Existem 2 tipos gerais de cirurgia utilizados para o câncer de pâncreas:
• Cirurgia potencialmente curativa é utilizada quando os testes de imagem sugerem que é possível remover todo o câncer.
• Cirurgia paliativa pode ser realizada se os testes de imagem mostrarem que o tumor está muito espalhado para ser completamente removido. Ela é realizada para aliviar os sintomas ou para prevenir determinadas complicações, como um ducto biliar ou trato intestinal bloqueado.
Diversos estudos demonstraram que a remoção de somente parte do câncer não auxilia os pacientes a viver mais. A cirurgia para câncer de pâncreas é uma das operações mais difíceis que um cirurgião pode fazer. Ela também é uma das mais difíceis para os pacientes. Pode haver complicações e os pacientes podem levar várias semanas para se recuperar. Os pacientes precisam pesar os potenciais benefícios e riscos dessa cirurgia cuidadosamente.

Cirurgia potencialmente curativa
A cirurgia mais curativa foi desenvolvida para tratar cânceres na cabeça do pâncreas. Como esses cânceres estão próximos do ducto biliar, alguns deles causam icterícia e são encontrados cedo o suficiente para serem removidos. As cirurgias para outras partes do pâncreas estão mencionadas abaixo, porém elas são feitas somente quando é possível remover todo o câncer.

Três procedimentos são utilizados para remover tumores do pâncreas:
Pancreaticoduodenectomia (Procedimento de Whipple): Esta é a operação mais comum para remover um câncer de pâncreas exócrino. Ele remove a cabeça do pâncreas e, por vezes, o corpo do pâncreas também. Parte do estômago, intestino delgado e linfonodos próximos ao pâncreas também são removidos. A vesícula biliar e parte do ducto biliar comum são removidos e o ducto biliar restante é conectado ao intestino delgado para que a bile do fígado possa continuar a ter acesso ao intestino delgado.
Esta é uma operação complexa que requer muita habilidade e experiência. Ela possui um risco relativamente alto de complicações que podem até mesmo ser fatais. Quando a operação é realizada em pequenos hospitais ou por médicos com menos experiência, mais de 15% dos pacientes podem ir a óbito como resultado das complicações cirúrgicas. Em contrapartida, quando esta operação é realizada em centros oncológicos por cirurgiões experientes no procedimento, menos de 5% dos pacientes vão a óbito como resultado direto das complicações da cirurgia. Ainda, mesmo nas melhores mãos, muitos pacientes sofrem de complicações da cirurgia. Elas podem incluir:
• Vazamento de diversas conexões que o cirurgião teve que fazer
• Infecções
• Sangramento
• Problemas com o esvaziamento do estômago em si após ingerir alimentos
Para que os pacientes tenham os melhores resultados, eles devem ser tratados por um cirurgião que faz muitas dessas operações e realizar a operação em um hospital em que muitas delas são feitas. Em geral, as pessoas submetidas a este tipo de cirurgia se saem melhor quando a mesma é realizada em um hospital que realiza pelo menos 20 procedimentos de Whipple por ano.
No momento do diagnóstico, somente cerca de 10% dos cânceres de pâncreas parecem estar contidos inteiramente dentro do pâncreas. Somente cerca da metade desses acabam sendo verdadeiramente ressecáveis assim que a cirurgia é iniciada. Embora a cirurgia ofereça a única chance real de curar o câncer de pâncreas exócrino, ela nem sempre leva a cura. Mesmo se todo o tumor visível for removido, geralmente, algumas células cancerígenas já se espalharam para outras partes do corpo. Essas células crescem eventualmente em novos tumores e causam muitos problemas – até mesmo a morte. É por este motivo que o câncer retorna mais tarde na maioria dos pacientes submetidos à cirurgia que pareceu ter removido completamente o câncer de pâncreas exócrino.

As taxas de sucesso em longo prazo para os tumores neuroendócrinos do pâncreas são geralmente muito melhores. Esses tumores são mais propensos a serem curados com a cirurgia.
Pancreatectomia distal: Esta operação remove somente a cauda do pâncreas ou a cauda e uma porção do corpo do pâncreas. O baço é geralmente removido também. Esta operação é utilizada com mais frequência em tumores de células da ilhota encontrados na cauda e corpo do pâncreas. Ela é raramente utilizada para tratar cânceres de pâncreas exócrino porque esses tumores geralmente já se espalharam no momento que eles foram detectados.
Pancreatectomia total: Esta operação foi uma vez utilizada para tumores no corpo ou cabeça do pâncreas. Ela remove todo o pâncreas e o baço. Ela é agora raramente utilizada para tratar o câncer de pâncreas exócrino porque parece não haver uma vantagem na remoção de todo o pâncreas. É possível viver sem um pâncreas, porém quando todo o pâncreas é removido, as pessoas ficam sem células da ilhota, as células que produzem insulina. Essas pessoas desenvolvem diabetes, que pode ser difícil de controlar, uma vez que os pacientes se tornam totalmente dependentes de insulina.

Cirurgia paliativa
Se o câncer se espalhou de forma extensa para ser completamente removido, qualquer cirurgia a ser considerada seria paliativa (destinada a aliviar ou prevenir os sintomas). Como o câncer de pâncreas pode progredir rapidamente, a maioria dos médicos não aconselham a cirurgia para tratamento paliativo. Por vezes, a cirurgia pode começar com a esperança que possa curar o paciente, porém o cirurgião descobre que isto não é possível. Nesse caso, o cirurgião pode continuar a operação como um procedimento paliativo para aliviar ou prevenir sintomas.
Os cânceres que crescem na cabeça do pâncreas podem bloquear o ducto biliar comum, visto que ele passa por esta parte do pâncreas. Isto pode causar dor e problemas digestivos porque a bile não pode chegar ao intestino. As substâncias químicas da bile se acumularão no corpo. Existem 2 opções para o alívio do bloqueio do ducto biliar.
A cirurgia pode redirecionar o fluxo da bile do ducto biliar comum diretamente para o intestino delgado, desviando-se do pâncreas. Isto requer uma grande incisão no abdômen, podendo levar semanas para a completa recuperação. Uma vantagem é que durante este procedimento, o cirurgião pode cortar os nervos que levam ao pâncreas ou injetá-los com álcool. Isto pode reduzir ou livrar o paciente da dor que pode ser causada pelo câncer.
Por vezes, a conexão do estômago com o duodeno (a primeira parte do intestino delgado) é redirecionada ao mesmo tempo também. Em geral, no fim do curso do câncer de pâncreas, o duodeno passa a ser bloqueado pelo câncer, o que pode causar dor e vômito que requer cirurgia. A realização de um desvio no duodeno antes disto acontecer pode auxiliar a evitar uma segunda operação.
Uma segunda abordagem para aliviar um ducto biliar obstruído não envolve cirurgia. Em vez disso, um stent (um pequeno tubo) é colocado no ducto para mantê-lo aberto. Isto é geralmente feito com um endoscópio (um longo tubo flexível) enquanto o paciente é sedado. O médico passa o endoscópio pela garganta do paciente e por todo o caminho até o intestino delgado. O médico pode então inserir o stent no ducto biliar através do endoscópio. O stent, que é geralmente feito de metal, auxilia a manter o ducto biliar aberto e resiste à compressão do câncer circundante. Após vários meses, o stent pode ficar obstruído e pode necessitar de limpeza. Stents maiores também são utilizados para manter o duodeno (ou outras partes do intestino delgado) aberto se tiver risco de ser bloqueado.
Em geral, o uso de stents colocados endoscopicamente substituiu a cirurgia para aliviar a obstrução do ducto biliar. Os stents também podem ser colocados antes da cirurgia para aliviar a icterícia antes do pâncreas ser removido.

Cirurgia para tratar tumores neuroendócrinos do pâncreas e cânceres
Além dos procedimentos descritos acima, alguns procedimentos menos extensivos podem ser utilizados para remover os tumores neuroendócrinos do pâncreas (NETs). A laparoscopia é frequentemente realizada primeiro para localizar melhor o tumor e ver a extensão que ele se espalhou.
Por vezes, se o tumor for pequeno, apenas o tumor em si é removido. Isto é chamado de enucleação. Esta operação pode ser feita utilizando um laparoscópio, de modo que somente algumas incisões pequenas são necessárias. Esta operação pode ser tudo que é necessário para tratar um insulinoma, visto que este tipo de tumor é geralmente benigno.
Pequenos gastrinomas (2 polegadas ou menos) também podem ser tratados com enucleação, mas, por vezes, o duodeno (a primeira parte do intestino delgado) também é removido. Gastrinomas maiores podem requerer uma pancreaticoduodenectomia ou uma pancreatectomia distal, dependendo da localização do tumor.
Os linfonodos em torno do pâncreas também são removidos em alguns casos de modo que eles possam ser avaliados para sinais de disseminação do câncer.
A cirurgia pode ser utilizada para remover metástases se um NET de pâncreas tiver se espalhado. Isto pode ser utilizado quando tiver se espalhado para o fígado (o local mais comum de disseminação) e pulmões. A remoção das metástases pode melhorar os sintomas e prolongar a vida em pacientes com NETs de pâncreas. Em casos raros, o transplante hepático pode ser utilizado para tratar NETs de pâncreas que tenham se espalhado para o fígado.

Técnicas ablativas para o câncer de pâncreas.

Quando um tumor neuroendócrino do pâncreas tiver se espalhado para outros locais, as metástases podem ser removidas por cirurgia e por outras técnicas também. Ao tratar metástases, os sintomas podem melhorar e o paciente pode viver por mais tempo. Essas técnicas são mais frequentemente utilizadas para tratar o câncer que se espalhou para o fígado. Por vezes, esses tratamentos também são utilizados para tratar áreas de metástases do câncer de pâncreas exócrino, onde existem apenas alguns deles.
Ablação por radiofrequência: A ablação por radiofrequência (RFA) utiliza ondas de rádio para aquecer e destruir tecidos, como áreas de disseminação do câncer.

Termoterapia por micro-ondas: Neste procedimento, as micro-ondas são utilizadas para aquecer e destruir o tecido anormal.

Criocirurgia: Na criocirurgia, uma sonda é inserida no tumor que congela o tecido com nitrogênio líquido ou dióxido de carbono líquido. A área que está sendo congelada é destruída. Esta técnica também é conhecida como crioablação.
Embolização: Para um procedimento de embolização, um cateter é utilizado para encontrar a artéria que alimenta o tumor. A seguir, uma substância é injetada no vaso sanguíneo, cortando o suprimento sanguíneo para o tumor. Isto mata o tumor. A substância injetada pode consistir de esferas minúsculas (chamadas microesferas). Este procedimento também é conhecido como embolização transarterial ou TAE. Algumas vezes, as esferas radioativas são utilizadas para fornecer a radiação ao tumor. Quando o cateter para TAE também é utilizado para injetar medicamentos quimioterápicos, ele é chamado quimioembolização transarterial ou TACE.

Tratamento com Radioterapia.
A radioterapia utiliza raios-x de alta energia (ou partículas) para matar as células cancerígenas. Ela pode ser útil no tratamento do câncer de pâncreas exócrino. Os tumores neuroendócrinos do pâncreas (NETs) não respondem bem à radiação e, assim, ela é raramente utilizada para tratar esses tumores. A radiação é, por vezes, utilizada para tratar NETs de pâncreas que tenham se espalhado para o osso e que estejam causando dor.
Radioterapia com feixes externos é o tipo de radioterapia mais frequentemente utilizada no tratamento de cânceres de pâncreas exócrino. Este tratamento concentra a radiação no câncer a partir de uma máquina fora do corpo. Receber este tipo de radioterapia é como fazer uma radiografia, exceto que cada tratamento tem uma duração maior, e o paciente geralmente recebe 5 tratamentos por semana por um período de semanas ou meses.
Os pacientes podem receber o tratamento no pré-operatório (antes da cirurgia) ou no pós-operatório (após a cirurgia). Se a cirurgia estiver planejada, o tratamento pré-operatório é geralmente preferido, porque o tratamento pós-operatório geralmente tem que ser adiado por várias semanas enquanto o paciente se recupera da cirurgia. O tratamento logo após a cirurgia pode interferir com a cicatrização da ferida.
A radioterapia combinada com a quimioterapia (denominada quimiorradiação ou quimioradioterapia) pode ser utilizada em pacientes cujos tumores de pâncreas exócrino estão muito espalhados para serem removidos pela cirurgia. Também é, por vezes, utilizado após a cirurgia, para auxiliar a evitar que o câncer retorne.
Alguns dos efeitos colaterais comuns da radioterapia incluem:
• Alterações leves na pele (como uma queimadura de sol)
• Náusea e vômito
• Diarreia
• Fadiga
• Falta de apetite
• Perda de peso
A radiação também pode reduzir as contagens sanguíneas e aumentar o risco de infecção séria.
Geralmente, esses efeitos desaparecem algumas semanas após o tratamento ser concluído. Quando a radiação é administrada com a quimioterapia, os efeitos colaterais são geralmente piores. Pergunte ao seu médico quais são os efeitos colaterais esperados e como prevenir ou aliviar esses efeitos.

Tratamento com Quimioterapia.
A quimioterapia (quimio) utiliza medicamentos anticâncer injetados em uma veia ou administrados pela boca. Esses medicamentos entram na corrente sanguínea e atingem todas as áreas do corpo, tornando este tratamento potencialmente útil para cânceres que tenham metastizado (espalhado) para além do órgão em que eles começaram.

Quimioterapia para câncer de pâncreas exócrino
A quimio pode ser utilizada em qualquer estágio do câncer de pâncreas. Ela é comumente utilizada quando o câncer é avançado e não pode ser removido completamente com a cirurgia. A quimio também pode ser utilizada após o câncer ter sido removido com a cirurgia para tentar matar qualquer célula cancerígena que tenha ficado para trás, (mas que não pode ser vista). Este tipo de tratamento é denominado tratamento adjuvante. Ele reduz as chances do câncer retornar. A quimio também pode ser administrada antes da cirurgia para tentar encolher o tumor. Isto é conhecido como tratamento neoadjuvante.
Quando a quimio é administrada juntamente com a radiação, ela pode auxiliar a radiação a funcionar melhor. Isto, conhecido como quimiorradiação ou quimiorradioterapia, apresenta mais efeitos colaterais graves.
A gencitabina (Gemzar®) é o medicamento quimioterápico utilizado com mais frequência para tratar o câncer de pâncreas. Outro medicamento comumente utilizado é 5-fluoruracila (5-FU).
Algumas vezes, outros medicamentos podem ser utilizados juntamente com a gencitabina ou 5-FU, como a cisplatina, irinotecano (Camptosar®, CPT-11), paclitaxel (Taxol®), docetaxel (Taxotere®), capecitabina (Xeloda®) ou oxaliplatina (Eloxitan®).
Os medicamentos quimioterápicos matam as células cancerígenas, mas também danificam algumas células normais. Isto pode levar a efeitos colaterais que dependem do tipo de medicamento, da quantidade tomada e da duração do tratamento. Os efeitos colaterais comuns de curto prazo incluem:
• Náusea e vômito
• Perda de apetite
• Queda de cabelo
• Feridas na boca
• Diarreia

Como a quimioterapia pode afetar a medula óssea, onde novas células sanguíneas são produzidas, as contagens de células sanguíneas podem ficar baixas. Isto pode resultar em:
• Chance aumentada de infecção (com a falta de leucócitos)
• Sangramento ou hematoma após pequenos cortes ou lesões (com a falta de plaquetas)
• Fadiga e falta de ar (com poucos eritrócitos)
Muitos dos medicamentos quimioterápicos utilizados para o câncer de pâncreas podem causar diarreia. Outros efeitos colaterais podem ocorrer dependendo de quais medicamentos quimioterápicos são utilizados. Por exemplo, a cisplatina pode causar dano renal (denominado nefropatia). Os médicos tentam prevenir este problema fornecendo ao paciente, líquidos em abundância antes e após administrar o medicamento. Cisplatina e oxaliplatina podem causar dano ao nervo (denominado neuropatia). Isto pode levar a sintomas de dormência, ardência ou até mesmo dor nas mãos e pés. Por um ou mais dias após o tratamento, a oxaliplatina pode causar dor no nervo que piora com a exposição ao frio. Isto geralmente causa dor na deglutição que é agravada ao deglutir alimentos ou líquidos frios. Se você estiver recebendo quimio, pergunte a equipe de tratamento do câncer sobre os medicamentos que estão sendo utilizados e quais são os efeitos colaterais esperados.
A maioria dos efeitos colaterais desaparece assim que o tratamento é interrompido. Se você apresentar efeitos colaterais, existem tratamentos que podem auxiliar a reduzi-los ou fazer com que eles desapareçam. Por exemplo, podem ser administradas medicações para prevenir ou reduzir a náusea e o vômito.

Terapia dirigida para câncer de pâncreas exócrino
À medida que os pesquisadores aprenderam mais sobre as alterações genéticas em células que causam o câncer, eles puderam ser capazes de desenvolver novos medicamentos que se dirigem especificamente para essas alterações. Esses medicamentos são geralmente referidos como terapia dirigida. Eles trabalham de modo diferente dos medicamentos quimioterápicos padrão e geralmente apresentam diferentes (e menos graves) efeitos colaterais. (Vide “Quais são as novidades na pesquisa e tratamento do câncer de pâncreas?” para mais informações.)
Uma pílula chamada erlotinibe (Tarceva®) tem auxiliado alguns pacientes com câncer de pâncreas avançado. Erlotinibe se dirige a uma proteína na superfície das células cancerígenas chamada EGFR, que normalmente induz o crescimento das células cancerígenas. Quando combinado com gencitabina, ele demonstrou funcionar ligeiramente melhor do que a gencitabina isolada. Algumas pessoas podem se beneficiar mais desta combinação do que outras. Os efeitos colaterais comuns de erlotinibe incluem erupção cutânea semelhante à acne, diarreia, perda de apetite e sensação de cansaço.

Quimioterapia para tumores neuroendócrinos do pâncreas
A quimioterapia (quimio) geralmente não é muito útil para tratar esses tumores e, portanto, geralmente ela não é utilizada. Quando a quimio é utilizada, os medicamentos preferidos são doxorrubicina (Adriamycin®) e estreptozocina. Recentemente, uma forma especial de doxorrubicina, conhecida como doxorrubicina lipossômica (Doxil®) tem sido utilizada no lugar do medicamento convencional. Na forma mais nova, o medicamento é dissolvido em gotículas de gordura, que permite que seja administrado com menos efeitos colaterais sérios. Outros medicamentos quimioterápicos que tem sido úteis no tratamento desses tumores incluem fluoruracila (5-FU), dacarbazina (DTIC) e temozolomida (Temodar®). Alguns estudos recentes demonstraram que a combinação de temozolomida com talidomida ou com capecitabina (Xeloda) pode ser útil.

Terapia dirigida para tumores neuroendócrinos do pâncreas
O medicamento sunitinibe (Sutent®) ataca o crescimento do vaso sanguíneo e outros alvos que estimulam o crescimento da célula cancerígena. Quando utilizado para tratar pacientes com tumores neuroendócrinos do pâncreas (NETs) com disseminação fora do pâncreas, foi demonstrado reduzir o crescimento tumoral e auxiliar a prolongar a vida dos pacientes. Este medicamento é uma pílula que é tomada uma vez ao dia para tratar NETs de pâncreas. Os efeitos colaterais mais comuns são náusea, diarreia, alterações na pele ou cor do cabelo, feridas na boca, fraqueza e baixas contagens de células sanguíneas. Outros possíveis efeitos incluem: cansaço, hipertensão arterial, problemas cardíacos, sangramento, síndrome mão-pé (vermelhidão, dor e descamação da pele das palmas das mãos e solas dos pés) e baixos níveis de hormônios tireoideanos. Este medicamento está aprovado pela FDA para tratar NETs de pâncreas que não podem ser removidos com a cirurgia ou que tenham se espalhado para fora do pâncreas.
Everolimo (Afinitor®) atua bloqueando uma proteína celular conhecida como mTOR, que normalmente promove o crescimento e a divisão celular. Quando utilizado para tratar pacientes com NETs de pâncreas que tenham se espalhado para fora do pâncreas, foi demonstrado reduzir o crescimento tumoral. Ainda não está claro se este medicamento auxilia a prolongar a vida dos pacientes. Everolimo é uma pílula tomada uma vez ao dia para tratar NETs de pâncreas. Os efeitos colaterais comuns deste medicamento incluem feridas na boca, um aumento no risco de infecções, náusea, perda de apetite, diarreia, erupção cutânea, sensação de cansaço ou fraqueza, retenção de líquidos (geralmente nas pernas) e aumento nos níveis sanguíneos de açúcar e colesterol. Um efeito colateral menos comum, porém sério é o dano aos pulmões, que pode causar falta de ar ou outros problemas. Este medicamento está aprovado pela FDA para tratar NETs de pâncreas que não podem ser removidos com cirurgia ou que tenham se espalhado para fora do pâncreas.

Tratando o câncer de pâncreas por estágio.

É difícil estadiar o câncer de pâncreas de forma exata utilizando os testes de imagem. Os médicos devem avaliar bem para decidir antes da cirurgia se existe uma boa chance do câncer ser completamente removido. Os cirurgiões geralmente consideram um câncer de pâncreas exócrino ressecável (completamente removível pela cirurgia) se ele for estadiado como T1, T2 ou T3. Isto significa que ele não se estende além do pâncreas, especialmente nos grandes vasos sanguíneos adjacentes (T4). Não existe um modo exato de avaliar a disseminação do tumor para os linfonodos antes da cirurgia.
Câncer de pâncreas exócrino
Ressecável:
 Se os testes de imagem mostrarem uma chance razoável de remover completamente o câncer, a cirurgia deve ser realizada se possível, uma vez que é a única chance de curar esta doença. Com base no local em que o câncer começou, geralmente é utilizado um procedimento de Whipple (pancreaticoduodenectomia) ou uma pancreatectomia distal.
Infelizmente, mesmo quando a cirurgia tiver removido todo o tumor que pode ser observado, o câncer geralmente retorna. Os estudos tem demonstrado que a administração de quimioterapia (quimio) após a cirurgia pode adiar o retorno do câncer em cerca de 6 meses. Ele também pode auxiliar alguns pacientes a prolongar as suas vidas. Gencitabina (Gemzar) ou 5-FU podem ser utilizados para isso. Ainda não está claro se a adição da radiação à quimio resultaria em mais de um benefício.
Alguns pacientes recebem a quimio, isoladamente ou com a radioterapia (quimiorradiação) antes da cirurgia. Alguns centros preferem fornecer a quimio antes da cirurgia porque a recuperação após a cirurgia é geralmente longa, o que pode atrasar ou até mesmo impedir o seu uso. Porém, ainda não está claro se esta abordagem é melhor do que administrar o tratamento após a cirurgia.

Localmente avançado: Cânceres de pâncreas localmente avançados são aqueles em que o tumor no pâncreas cresceu para dentro dos vasos sanguíneos adjacentes e outros tecidos, porém não se espalhou para o fígado ou órgãos distantes e tecidos. Esses tumores cresceram para uma extensão que não permite a remoção completa pela cirurgia. Diversos estudos tem demonstrado que a remoção parcial do câncer não auxilia os pacientes a prolongar as suas vidas. Deste modo, a cirurgia nesses cânceres é utilizada principalmente para aliviar o bloqueio do ducto biliar ou para desviar um intestino bloqueado causado pelo câncer que pressiona outros órgãos.
As opções de tratamento padrão para cânceres localmente avançados são a quimio e/ou quimiorradiação. Por vezes, este tratamento encolherá o câncer o suficiente para permitir a sua remoção. Quando a radiação é administrada, o medicamento quimioterápico pode ser gencitabina ou 5-FU. A administração da quimio e da radiação juntas pode funcionar melhor para encolher o câncer, porém esta combinação apresenta mais efeitos colaterais, podendo ser mais difícil de tomar do que qualquer tratamento isolado.

Metastático (disseminado): Os cânceres de pâncreas geralmente se espalham primeiro dentro do abdômen (barriga) e para o fígado. Eles também podem se espalhar para os pulmões, osso e cérebro.
Esses cânceres se espalharam muito para serem removidos pela cirurgia ou tratados somente com a radioterapia. Mesmo quando os testes de imagem mostram que a disseminação é somente em uma área do corpo, deve ser considerado que pequenos grupos de células cancerígenas (muito pequenas para serem observadas nos testes de imagem) já estão presentes em outros órgãos do corpo.
Um tratamento padrão para câncer de pâncreas avançado é a quimioterapia com gencitabina. Ele pode encolher o câncer e auxiliar os pacientes a viverem mais. As pessoas que recebem este tratamento também parecem ter menos sintomas relacionados ao seu câncer.
A adição de outros medicamentos à gencitabina pode melhorar a chance dos tumores encolherem e pode auxiliar as pessoas a viverem mais. Até o momento, somente erlotinibe (Tarceva) e capecitabina (Xeloda) demonstraram auxiliar alguns pacientes a viverem mais quando administrados juntamente com a gencitabina.
No geral, o benefício de administrar erlotinibe juntamente com gencitabina foi muito pequeno (pacientes viveram cerca de 2 semanas mais). Erlotinibe não parece auxiliar todos os pacientes e, assim, os especialistas estão tentando encontrar um meio de saber quem deve receber o medicamento e quem deve tentar outro medicamento. Capecitabina também pareceu auxiliar somente algumas das pessoas que a receberam com a gencitabina. A maioria dos médicos fornece quimio com gencitabina para o câncer de pâncreas, e consideram adicionar outro medicamento com base em caso a caso.
Outra opção que pode auxiliar os pacientes a viverem mais é uma combinação de medicamentos quimioterápicos, chamada FOLFIRINOX. Isto consiste de 4 medicamentos: 5-FU, leucovorina, irinotecano e oxaliplatina. Em um estudo, este tratamento auxiliou os pacientes a viverem mais do que com gencitabina, porém tiveram mais efeitos colaterais e, portanto, não é para todos. Além disso, houve recentes problemas para obter um suprimento de leucovorina, devido à escassez nacional deste medicamento. Isto tem limitado a capacidade dos médicos de administrar FOLFIRINOX.
Como os tratamentos agora disponíveis não funcionam bem para a maioria dos pacientes, as pessoas podem considerar participar de um estudo clínico de combinações de quimioterapia (com ou sem radioterapia) e novas terapias direcionadas.
Câncer recidivante: O câncer recebe a denominação de recidivante quando retorna após o tratamento. A recorrência pode ser local (no ou próximo ao mesmo local em que ele começou) ou distante (disseminado para órgãos, como fígado, pulmões ou osso). Quando o câncer de pâncreas exócrino é recidivante, ele é basicamente tratado da mesma forma que o câncer metastático, e é provável que inclua a quimioterapia, se o paciente puder tolerá-la.

Câncer da ampola de Vater
A ampola de Vater é a área em que o ducto pancreático e o ducto biliar comum desembocam para o duodeno (a primeira parte do intestino delgado). O câncer neste local pode iniciar no ducto pancreático, no duodeno ou no ducto biliar comum. A cirurgia com o procedimento de Whipple (pancreaticoduodenectomia) é geralmente bem sucedida como tratamento do câncer com uma taxa de sobrevida de 5 anos de 30% a 50%. Cânceres ampulares mais avançados são tratados como câncer de pâncreas. Em muitos pacientes, o câncer ampular não pode ser diferenciado do câncer de pâncreas até que a cirurgia seja feita. A quimiorradioterapia pós-operatória é geralmente recomendada para pacientes que tiveram uma ressecção bem sucedida do carcinoma ampular.

Tumores neuroendócrinos do pâncreas
Ressecável: Se o tumor é ressecável, ele será removido pela cirurgia. O procedimento utilizado depende do tipo do tumor, do seu tamanho, e da sua localização no pâncreas. A laparoscopia pode ser feita antes da ressecção para localizar melhor e estadiar o tumor. A cirurgia pode variar de pequena como uma enucleação até extensa, como um procedimento de Whipple (pancreatoduodenectomia). Os linfonodos são geralmente removidos para verificar a disseminação do tumor.
Antes de qualquer cirurgia, medicações são geralmente fornecidas para controlar os sintomas causados pelo tumor. Os medicamentos que bloqueiam o ácido estomacal (como inibidores da bomba de prótons) são utilizados para gastrinomas. As pessoas com insulinomas são geralmente tratadas com diazoxida para impedir que os níveis sanguíneos de açúcar fiquem muito baixos. Se o tumor for visível na cintilografia para receptor de somatostatina, octreotida (Somatostatina) pode ser utilizado para controlar os sintomas.
Após a cirurgia, o paciente será observado atentamente para sinais de que o câncer possa ter voltado ou espalhado.

Irressecável: NETs de pâncreas são geralmente de crescimento lento e, assim exames laboratoriais e testes de imagem são utilizados para monitorar o paciente e avaliar os sinais de crescimento tumoral. Muitos pacientes com cânceres que se espalharam para fora do pâncreas se beneficiam do tratamento dos sintomas, como diarreia ou de problemas hormonais com medicamentos, como a octreotida, diazoxida, e inibidores da bomba de prótons. A quimio ou a terapia direcionada é geralmente adiada até o paciente apresentar sintomas que não podem ser controlados com outros medicamentos ou apresente sinais de crescimento tumoral nas varreduras. Quando o tratamento é iniciado, sunitinibe (Sutent) ou everolimo (Afinitor) podem ser utilizados. A cirurgia ou técnicas de ablação também podem ser utilizadas para tratar as metástases no fígado.

E se o tratamento parar de funcionar?

Se o câncer continuar crescendo ou voltar após um tipo de tratamento, é possível que outro plano de tratamento possa ainda curar o câncer, ou pelo menos encolhê-lo o suficiente para ajudar que você viva mais e se sinta melhor. Mas quando uma pessoa tentou muitos tratamentos diferentes e o câncer não melhorou nem um pouco, o câncer tende a se tornar resistente a qualquer tratamento. Se isto acontecer, é importante ponderar os possíveis benefícios limitados de um novo tratamento contra as possíveis desvantagens. Todos tem o seu próprio jeito de avaliar isto.
É possível que seja a parte mais difícil da sua batalha contra o câncer – quando você passou por muitos tratamentos médicos e nada está mais funcionando. O seu médico pode oferecer a você novas opções, porém em um determinado momento você pode precisar considerar que é improvável que o tratamento melhore a sua saúde ou modifique o seu resultado ou sobrevida.
Se você quiser continuar a receber tratamento pelo tempo que puder, você precisa considerar as chances do tratamento ter algum benefício e como isto se compara com os possíveis riscos e efeitos colaterais. Em muitos casos, o seu médico pode estimar a probabilidade do câncer responder ao tratamento que você está considerando. Por exemplo, o médico pode dizer que mais quimio ou radiação pode ter cerca de 1% de chance de funcionar. Algumas pessoas ainda são tentadas a fazer isso. Porém, é importante pensar e entender seus motivos para escolher este plano.
Independentemente do que decidir fazer, você precisa se sentir o melhor que puder. Certifique-se que pedir e receber tratamento para qualquer sintoma que você possa ter, como náusea ou dor. Este tipo de tratamento é chamado cuidado paliativo.
O cuidado paliativo ajuda a aliviar sintomas, porém não se espera que cure a doença. Ele pode ser administrado juntamente com o tratamento para o câncer, ou pode até mesmo ser o tratamento para o câncer. A diferença é a sua finalidade — a principal finalidade do cuidado paliativo é melhorar a qualidade da sua vida, ou te ajudar a se sentir o melhor que puder pelo tempo que puder. Por vezes, isto significa utilizar medicamentos que auxiliam com sintomas como dor ou náusea. Algumas vezes, no entanto, os tratamentos utilizados para controlar os seus sintomas são os mesmos utilizados para tratar o câncer. Por exemplo, a radiação pode ser utilizada para ajudar a aliviar a dor óssea causada pelo câncer que se espalhou para os ossos. Ou a quimio pode ser utilizada para auxiliar a encolher um tumor e mantê-lo do bloqueio dos intestinos. Porém, não é o mesmo que o tratamento que tenta curar o câncer.
Em um determinado momento, você pode se beneficiar do cuidado paliativo. Este é um cuidado especial que trata a pessoa, e não a doença; ele foca na qualidade e não na duração de vida. Na maior parte do tempo, ele é administrado em casa. O seu câncer pode estar causando problemas que precisam ser controlados, e o cuidado paliativo foca em seu conforto. Você deve saber que, enquanto receber o cuidado paliativo, isto geralmente significa o fim dos tratamentos, como a quimio e a radiação, não significa que você não pode receber tratamento para os problemas causados pelo seu câncer ou outras condições de saúde. No cuidado paliativo, o foco do seu cuidado é sobre viver a vida o mais plenamente possível e sentir-se o melhor que puder neste momento difícil.
Manter a esperança também é importante. A sua esperança para uma cura pode não ser tão favorável, mas ainda existe esperança para passar bons momentos com a família e amigos – tempo que pode ser preenchido com alegria e significado. Fazendo uma pausa neste momento no tratamento para o seu câncer lhe dá uma chance de ter um novo foco nas coisas mais importantes na sua vida. Agora é o momento de fazer algumas coisas que você sempre quis fazer e parar da fazer coisas que não quer mais fazer. Embora o câncer possa estar além do seu controle, ainda existem escolhas que você pode fazer.

TERAPIAS COMPLEMENTARES E ALTERNATIVAS

Quando você tem câncer, é provável que ouça maneiras para tratar o seu câncer  ou aliviar os sintomas que o seu médico não mencionou. Todos, incluindo amigos, familiares, comunidades na Internet e sites da Internet oferecem ideias que podem ser úteis. Esses métodos podem incluir vitaminas, fitoterápicos e dietas especiais ou outros métodos, tais como acupuntura ou massagem, para citar alguns.

O que são exatamente terapias complementares e alternativas?
Ninguém utiliza esses termos da mesma forma, e eles são utilizados para se referir a muitos métodos diferentes e, portanto, podem causar confusão. Utilizamos complementar para se referir a tratamentos que são utilizados juntamente com o seu tratamento médico regular. Tratamentos alternativos são utilizados ao invés do tratamento médico indicado pelo médico.
Métodos complementares: A maioria dos métodos de tratamento complementar não são oferecidos como curas para o câncer. Eles são principalmente utilizados para auxiliar você a se sentir melhor. Alguns métodos que são utilizados juntamente com o tratamento regular são meditação para reduzir o estresse, acupuntura para aliviar a dor ou chá de menta para aliviar a náusea. Alguns métodos complementares têm o seu efeito auxiliar conhecido, ao passo que outros ainda não foram testados. Alguns comprovaram ser úteis e alguns demonstraram ser prejudiciais.
Tratamentos alternativos: Tratamentos alternativos podem ser oferecidos como curas para o câncer. Esses tratamentos não demonstraram ser seguros e eficazes nos estudos clínicos. Alguns desses métodos podem constituir um risco ou ter efeitos colaterais de risco à vida. Porém, o maior perigo na maioria dos casos é que você pode perder a chance de ser beneficiado pelo tratamento médico padrão. Atrasos ou interrupções em seus tratamentos médicos podem dar ao câncer mais tempo para crescer e fazer com que seja menos provável que o tratamento o auxilie.

Para saber mais
É fácil entender por que as pessoas com câncer consideram os métodos alternativos. Você quer fazer tudo que está ao seu alcance para lutar contra o câncer, e a ideia de um tratamento sem efeitos colaterais parece ótima. Algumas vezes, tratamentos médicos, como quimioterapia, podem ser difíceis de tolerar ou podem não mais estar funcionando. Porém a verdade é que a maioria desses métodos alternativos não foi testada e não provou funcionar no tratamento do câncer.
Ao considerar as suas opções, aqui vão 3 etapas importantes que você pode considerar:
• Procure por “sinais de alerta que sugiram fraude. O método promete curar todos ou a maioria dos cânceres? Foi recomendado que você não faça tratamentos médicos regulares? O tratamento é um segredo que requer que você visite determinados profissionais ou viaje para outro país?

A escolha é sua
Será sempre você que tomará a decisão sobre como tratar ou controlar o seu câncer. Se quiser utilizar um tratamento não convencional, saiba tudo que puder sobre o método e converse com o seu médico sobre isso. Com boas informações e o suporte da sua equipe de tratamento de saúde, você pode ser capaz de utilizar com segurança os métodos que podem auxiliá-lo, evitando ao mesmo tempo aqueles que eles possam ser prejudiciais.

O QUE PERGUNTAR AO MÉDICO?

É importante que tenha discussões francas, abertas com a sua equipe de tratamento do câncer. Eles querem responder todas as suas perguntas, não importando quão pequenas elas podem parecer para você. Por exemplo, considere essas perguntas:
• Que tipo de câncer de pâncreas eu tenho?
• O meu câncer se espalhou para fora do local primário?
• Qual é o estágio do meu câncer? Ele é ressecável?
• Quais são as minhas opções de tratamento?
• O que você recomenda e porquê?
• Quais os riscos ou efeitos colaterais dos tratamentos que você sugere?
• Como o tratamento afetaria as minhas atividades diárias?
• Quais as chances do tratamento me ajudar?
• Qual é a sua experiência com este tipo de tratamento?
• Qual é a experiência do hospital no tratamento de pessoas com este câncer?
• Devo ser encaminhado para um centro oncológico para tratamento?
• Devo considerar participar de um estudo clínico?
• Com base no que você sabe sobre o meu câncer, qual é o meu tempo de vida?
• O que devo fazer para me preparar para o tratamento?
Juntamente com esses exemplos de pergunta, certifique-se de anotar algumas das suas perguntas. Por exemplo, você pode perguntar sobre obter uma segunda opinião.

É preciso que o médico e o paciente estejam sempre atentos ao  estadiamento da doença! Mas, o que é estadiamento? São os estágios que o câncer está no momento, ou seja, o tamanho, a localização e se espalhou para outros órgãos. O estádio de um tumor reflete não apenas a taxa de crescimento e a extensão da doença, mas também o tipo de tumor e sua relação com o hospedeiro.

O estadiamento pode ser clínico e patológico. O estadiamento clínico é estabelecido a partir dos dados do exame físico e dos exames complementares. O estadiamento patológico baseia-se nos achados cirúrgicos e no exame anátomopatológico – é estabelecido após tratamento cirúrgico e determina a extensão da doença com maior precisão. Lembrando que o estadiamento patológico pode ou não coincidir com o estadiamento clínico e não é aplicável a todos os tumores.

E o estadiamento para o Câncer de Pâncreas, como funciona?

Médicos usam vários sistemas para o estágio do câncer de pâncreas. O método utilizado para o estadiamento de outros tipos de câncer, chamado de classificação TNM (abreviatura de tumor, linfonodo e metástase), não é muito utilizado para o câncer de pâncreas. A maneira mais comum de classificar o câncer de pâncreas é dividi-lo em 4 categorias que são baseadas em duas opções: se ele pode ser removido com cirurgia e onde já se espalhou . Conheça as categorias:

  • Ressecável

Este tipo de câncer de pâncreas pode ser removido cirurgicamente. O tumor pode ser localizado apenas no pâncreas ou se estende além dele, mas não ter crescido em importantes artérias ou veias na região. Não há evidências de que o tumor tenha se espalhado para áreas fora do pâncreas. Aproximadamente 10% a 15% dos pacientes são diagnosticados neste estágio.

  • Margem Ressecada

Esta categoria descreve um tumor que pode ser difícil ou impossível de se remover cirurgicamente quando é diagnosticado pela primeira vez, mas se a quimioterapia e/ou radioterapia for capaz de encolher o tumor antes,ele poderá ser removido mais tarde com margens negativas. A margem negativa significa que nenhuma célula cancerígena visível é deixada para trás.

  • Localmente Avançado

Este tipo ainda está localizado apenas na área ao redor do pâncreas, mas não pode ser removido cirurgicamente porque cresceu em artérias ou veias próximas ou para órgãos próximos. No entanto, não há sinais de que se espalhou para qualquer partes distantes do corpo. Aproximadamente 35% a 40% dos pacientes são diagnosticados com esta fase.

  • Metastático

O tumor se espalhou para além da área do pâncreas e para outros órgãos, como o fígado ou áreas distantes do abdômem. Aproximadamente 45% a 55% dos pacientes são diagnosticados com esta fase.

Ao classificar cada câncer em uma dessas categorias, a equipe de saúde pode planejar a melhor estratégia de tratamento.

Sistema de estadiamento TNM
Médicos freqüentemente usam o sistema TNM para definir o estágio de outros tipos de câncer. Eles, geralmente, conseguem classificar um tumor apenas durante a cirurgia e muitos pacientes com câncer de pâncreas não recebem cirurgia. Portanto, o sistema TNM não é usado tanto para o câncer pancreático quanto para outros cânceres.

Para o sistema TNM, os médicos usam os resultados de exames de diagnóstico para responder a estas perguntas:

  • Tumor (T) : Qual é o tamanho do tumor primário? Onde está localizado?

  • Nó (N) : O tumor se espalhou para os gânglios linfáticos? Se sim, onde e quantos?

  • Metástase (M) : O câncer se espalhou para outras partes do corpo? Se sim, onde e quanto?

Os resultados são combinados para determinar o estágio do câncer para cada pessoa. Existem 5 estágios: estágio 0 (zero) e estágios I a IV (1 a 4). O estágio fornece uma maneira comum de descrever o câncer, para que os médicos possam trabalhar juntos para planejar o melhor tratamento. Abaixo estão mais detalhes sobre cada parte do sistema TNM para o câncer de pâncreas:

Tumor (T)
Usando o sistema TNM, o “T” mais uma letra ou número (0 a 4) é usado para descrever o tamanho e a localização do tumor. Isso ajuda o médico a desenvolver o melhor plano de tratamento para cada paciente. Informação específica do estádio do tumor listada abaixo.
TX:  O tumor primário não pode ser avaliado.
T0:  Nenhuma evidência de câncer foi encontrada no pâncreas.
Tis:  Refere-se ao carcinoma in situ, que é um câncer muito precoce que não se espalhou.
T1:  O tumor está no pâncreas apenas, e é 2 centímetros (cm) ou menor em tamanho.
T2:  O tumor está apenas no pâncreas, e é maior do que 2 cm.
T3:  O tumor estende-se além do pâncreas, mas não envolve as principais artérias ou veias perto do pâncreas.
T4:  O tumor se estende além do pâncreas, em grandes artérias ou veias próximos a ele. Um tumor T4 não pode ser completamente removido com a cirurgia.
Nó (N)

O “N” no sistema de estadiamento TNM é para os gânglios linfáticos. Os linfonodos são pequenos órgãos em forma de feijão localizados em todo o corpo que ajudam a combater infecções e doenças como parte do sistema imunológico. No câncer pancreático, os linfonodos regionais são os linfonodos próximos ao pâncreas e os distantes são os linfonodos localizados em outras partes do corpo.
NX:  Os gânglios linfáticos regionais não podem ser avaliados.
N0:  Câncer não foi encontrado nos gânglios linfáticos regionais.
N1: O  câncer se espalhou para os gânglios linfáticos regionais.

Metástase (M)
O “M” no sistema TNM indica se o câncer se espalhou para outras partes do corpo, chamado de metástase distante.
MX:  A metástase distante não pode ser avaliada.
M0:  A doença não se espalhou para outras partes do corpo.
M1: O Câncer se espalhou para outra parte do corpo, incluindo linfonodos distantes. O câncer de pâncreas comumente se espalha para o fígado e para o revestimento da cavidade abdominal chamado peritônio e pulmões.

Estágio do câncer

Os médicos atribuem o estágio do câncer combinando as classificações T, N e M.

Estágio 0:  Refere-se ao câncer in situ, no qual o câncer ainda não cresceu fora do ducto no qual ele começou (Tis, N0, M0).

Estágio IIA:  Um tumor estende-se além do pâncreas, mas não se espalhou para as artérias ou veias próximas. Não se espalhou para nenhum dos gânglios linfáticos ou outras partes do corpo (T3, N0, M0).

Estágio IIB:  Um tumor de qualquer tamanho não se espalhou para artérias ou veias próximas. Ele se espalhou para os gânglios linfáticos, mas não para outras partes do corpo (T1, T2 ou T3, N1, M0).

Estágio III:  Um tumor se espalhou para artérias, veias e / ou linfonodos próximos, mas não se espalhou para outras partes do corpo (T4, N1, M0).

Estágio IV:  Qualquer tumor que se espalhou para outras partes do corpo (qualquer T, qualquer N, M1).

Recorrente: é o câncer que voltou após o tratamento. Se o câncer não retornar, haverá outra rodada de testes para aprender sobre a extensão da recorrência. Esses exames são frequentemente semelhantes aos feitos no momento do diagnóstico original.

O pâncreas normal

pâncreas é um órgão localizado atrás do estômago. Ele tem um formato um pouco semelhante a um peixe com uma cabeça larga, corpo cônico e uma cauda estreita e pontuda. Mede cerca de 6 polegadas de comprimento, mas menos de 2 polegadas de largura e se estende horizontalmente através do abdômen. A cabeça do pâncreas está do lado direito do abdômen (barriga), atrás do local em que o estômago se encontra com o duodeno (a primeira parte do intestino delgado). O corpo do pâncreas está localizado atrás do estômago e a cauda do pâncreas está do lado esquerdo próximo ao baço.
O pâncreas contem 2 diferentes tipos de glândulas: exócrina e endócrina.

As glândulas exócrinas produzem o “suco” pancreático, que é liberado para os intestinos. Este suco contem enzimas que auxiliam na digestão de gorduras, proteínas e carboidratos do alimento que você consome. Sem elas, alguns dos alimentos que você consome apenas passariam pelos seus intestinos sem serem absorvidos. As enzimas são liberadas em pequenos tubos chamados ductos. Esses pequenos tubos se fundem para formar ductos maiores que desembocam no ducto pancreático. O ducto pancreático se funde com o ducto biliar comum (o ducto que transporta a bile do fígado) e esvazia o suco pancreático no duodeno (a primeira parte do intestino delgado) na ampola de Vater. Mais de 95% das células no pâncreas são glândulas exócrinas e ductos.

Uma pequena porcentagem das células no pâncreas são células endócrinas. Essas células estão dispostas em pequenos aglomerados chamados ilhotas (ou ilhotas de Langerhans). As ilhotas liberam hormônios importantes, como insulina e glucagon, diretamente para o sangue. A insulina reduz a quantidade de açúcar no sangue, ao passo que o glucagon aumenta. O diabetes resulta de um defeito na produção de insulina.

TIPOS DE TUMORES
As células exócrinas e células endócrinas do pâncreas formam tipos completamente diferentes de tumores.

Tumores exócrinos

Tumores exócrinos são de longe o tipo mais comum de câncer de pâncreas. Quando alguém diz que tem câncer de pâncreas, isto geralmente quer dizer que se trata de um câncer de pâncreas exócrino. Cistos benignos (não cancerosos) e tumores benignoschamados cistoadenomas podem ocorrer, porém a maioria dos tumores exócrinos de pâncreas são malignos (cancerosos). Um adenocarcinoma é um câncer que começa nas células glandulares. Cerca de 95% dos cânceres exócrinos de pâncreas são adenocarcinomas. Esses cânceres geralmente começam nos ductos pancreáticos, porém, às vezes, se desenvolvem a partir de células que produzem as enzimas pancreáticas (carcinomas de células acinares).

Os tipos menos comuns de cânceres de ducto do pâncreas exócrino incluem carcinomas adenoescamosos, carcinomas de células escamosas e carcinomas de células gigantes.

Esses tipos são diferenciados um do outro com base no modo como eles se apresentam no microscópio.
O tratamento de um câncer de pâncreas exócrino é, em grande parte, baseado no estágio do câncer, e não no seu tipo exato. O estágio do câncer descreve o tamanho do tumor e até onde ele se espalhou. O estadiamento do câncer de pâncreas está descrito mais adiante neste documento.

Um tipo especial de câncer, chamado câncer ampular (ou carcinoma da ampola de Vater)merece ser citado neste documento. O local em que o ducto biliar e o ducto pancreático se unem e desembocam no duodeno é chamado de ampola de Vater. Os cânceres que se iniciam ali são chamados cânceres ampulares. Esses cânceres geralmente bloqueiam o ducto biliar, enquanto ainda estão pequenos e não se espalharam. Este bloqueio causa o acúmulo da bile no corpo, o que leva ao amarelamento da pele e dos olhos (icterícia), podendo tornar a urina escura. Isto é um sinal facilmente reconhecido de que algo está errado. É por isso que os cânceres ampulares são geralmente encontrados em um estágio precoce do que a maioria dos cânceres de pâncreas, o que significa que eles geralmente apresentam um melhor prognóstico (perspectiva) do que os cânceres de pâncreas comuns.
Os cânceres ampulares estão incluídos com o câncer de pâncreas neste documento porque seus tratamentos são semelhantes.

Tumores endócrinos

Os tumores endócrinos de pâncreas são incomuns. Como um grupo, eles são conhecidos como tumores neuroendócrinos de pâncreas (NETs), ou, às vezes, como tumores de células da ilhota. Eles são diversos subtipos de tumores de células da ilhota. Cada um recebe uma denominação de acordo com o tipo de célula produtora de hormônio em que a doença se inicia:

  • Insulinomas vem das células que produzem a insulina.
  • Glucagonomas vem das células que produzem o glucagon.
  • Gastrinomas vem das células que produzem a gastrina.
  • Somatostatinomas vem das células que produzem a somatostatina.
  • VIPomas vem das células que produzem o peptídeo vasoativo intestinal (VIP).
  • PPomas vem de células que produzem polipeptídeo pancreático.

Tumores carcinoides são outro tipo de NET de pâncreas. Esses tumores geralmente produzem a serotonina (também chamada 5-HT) ou seu precursor, 5-HTP.
Cerca da metade dos NETs de pâncreas produzem hormônios que são liberados no sangue e, portanto são denominados tumores funcionais. Tumores que não produzem hormônios são denominados não funcionais.
Os tumores de células da ilhota podem ser benignos ou malignos.

Os tumores benignos são chamados tumores neuroendócrinos de pâncreas, ao passo que os tumores malignos são denominados cânceres ou carcinomas neuroendócrinos de pâncreas. Os tumores malignos e benignos podem parecer muito semelhantes sob o microscópio e, portanto nem sempre fica claro no momento do diagnóstico se o câncer é ou não um NET. O diagnóstico, por vezes, somente se torna claro quando o tumor se espalhou para fora do pâncreas.

Os cânceres neuroendócrinos de pâncreas constituem menos de 4% de todos os cânceres de pâncreas diagnosticados. O tratamento e prognóstico depende do tipo específico do tumor e do estágio (extensão) do tumor, porém o prognóstico é geralmente melhor do que o dos cânceres exócrinos de pâncreas. Os tipos mais comuns de tumores endócrinos de pâncreas são gastrinomas e insulinomas.

Os outros tipos ocorrem mais raramente.

É muito importante diferenciar o câncer de pâncreas exócrino do endócrino. Eles apresentam fatores de risco e causas distintas, possuem sinais e sintomas diferentes, são diagnosticados utilizando diferentes testes, são tratados de modo diferente e apresentam diferentes prognósticos. Neste documento, o termo tumor neuroendócrino do pâncreas é utilizado para tumores endócrinos benignos e malignos do pâncreas.

Termos comumente utilizados para descrever o câncer de pâncreas.
De um ponto de vista prático, a extensão que o câncer se espalhou geralmente não pode ser determinada de modo exato até a cirurgia. É por este motivo que os médicos utilizam um sistema de estadiamento mais simples, que divide os cânceres em grupos com base da sua probabilidade de poder ou não ser removido cirurgicamente. Esses grupos são denominados ressecáveis, localmente avançados (irressecável) e metastáticos. Esses termos são utilizados para descrever os cânceres de pâncreas exócrino e endócrino.

Ressecável
Se o câncer está somente no pâncreas (ou se espalhou um pouco além dele) e o cirurgião puder retirar todo o tumor, ele é denominado ressecável.

Localmente avançado (irressecável)
Se o câncer não tiver ainda se espalhado para órgãos distantes, porém ainda não pode ser completamente removido com a cirurgia, ele é denominado localmente avançado. Muitas vezes o motivo pelo qual o câncer não pode ser removido é porque muito dele está presente nos vasos sanguíneos adjacentes. Como o câncer não pode ser removido inteiramente pela cirurgia, ele também é denominado irressecável. Para esses tumores, a cirurgia somente seria feita para aliviar os sintomas ou problemas como um ducto biliar ou trato intestinal bloqueado.

Metastático
Quando o câncer tiver se espalhado para órgãos distantes, ele é denominado metastático. A cirurgia ainda pode ser realizada, porém o objetivo seria aliviar os sintomas, não curar o câncer.

Um fator de risco é qualquer coisa que afete a sua chance de desenvolver uma doença como o câncer. Diferentes cânceres tem diferentes fatores de risco. Alguns fatores de risco, como o tabagismo podem ser modificados. Outros, como a idade ou histórico familiar de uma pessoa não podem ser modificados. Porém, os fatores de risco não dizem tudo. Ter um fator de risco ou, até mesmo diversos fatores de risco, não significa que você terá a doença. E muitas pessoas que desenvolvem a doença podem não ter nenhum dos fatores de risco conhecidos.

Os pesquisadores encontraram diversos fatores que afetam as chances de uma pessoa desenvolver câncer de pâncreas. A maioria dele são fatores de risco para câncer de pâncreas exócrino.

Idade
O risco de desenvolver câncer de pâncreas aumenta com a idade. Quase todos os pacientes têm mais de 45 anos de idade. Em torno de 90% tem mais de 55 anos e mais de 70% tem idade acima de 65 anos. A idade média no momento do diagnóstico é de 72 anos.

Sexo
Homens são ligeiramente mais propensos a desenvolver o câncer de pâncreas do que as mulheres. Isto pode ser, pelo menos em parte, devido ao uso aumentado do tabaco pelos homens. A diferença no risco de câncer de pâncreas foi mais pronunciada no passado (quando o uso do tabaco era muito mais comum entre homens do que em mulheres), porém essa lacuna se fechou nos últimos anos.

Raça
Afro-americanos são mais propensos a desenvolver o câncer de pâncreas do que os caucasianos. Os motivos não estão claros, porém pode ser, em parte, devido às maiores taxas de tabagismo e diabetes nos homens e pelo sobrepeso observado nas mulheres.

Tabagismo
O risco de desenvolver câncer de pâncreas é 2 a 3 vezes maior entre os fumantes. Os cientistas acreditam que isto possa ser devido às substâncias químicas causadoras do câncer presentes na fumaça do cigarro que entram na circulação sanguínea e danificam o pâncreas. Cerca de 20% a 30% dos casos de câncer exócrino de pâncreas são considerados como sendo causados pelo tabagismo.
As pessoas que utilizam tabaco sem fumaça também são mais propensos a desenvolver câncer de pâncreas exócrino.

Obesidade e atividade física
Pessoas muito acima do peso (obesas) são mais propensas a desenvolver câncer de exócrino pâncreas, assim como as pessoas que não praticam muita atividade física. O exercício reduz o risco deste tipo de câncer.

Diabetes
O câncer de pâncreas exócrino é mais comum em pessoas que apresentam diabetes. O motivo para esta ligação é desconhecido. Grande parte do risco é observada em pessoas com diabetes tipo 2. Este tipo de diabetes se inicia, com mais frequência, na idade adulta. Ele está geralmente relacionado ao sobrepeso ou obesidade. Não está claro se as pessoas com diabetes tipo 1 (juvenil) apresentam um risco acima da média. Em alguns pacientes, no entanto, o câncer parece ter causado o diabetes (e não o contrário).

Pancreatite crônica
A pancreatite crônica é uma inflamação crônica do pâncreas. Esta condição está associada a um risco aumentado de câncer de pâncreas, porém a maioria dos pacientes com pancreatite nunca desenvolve o câncer de pâncreas. A ligação entre pancreatite crônica e câncer de pâncreas é mais forte em fumantes.
Um pequeno número de casos de pancreatite crônica parece ser devido a uma mutação gênica herdada (vide Histórico familiar). As pessoas com esta forma herdada de pancreatite crônica parecem ter um alto risco durante a vida de desenvolver o câncer de pâncreas (cerca de 40% a 75%).

Cirrose hepática
A cirrose é uma cicatriz do fígado. Ela se desenvolve em pessoas com dano hepático ocasionado por fatores, como hepatite e consumo de bebidas alcoólicas. Pessoas com cirrose parecem ter um risco aumentado de câncer de pâncreas.

Exposição ocupacional
A exposição intensa no trabalho a determinados pesticidas, corantes e substâncias químicas utilizadas no refinamento do metal pode aumentar o risco de desenvolver câncer de pâncreas.

Histórico familiar
O câncer de pâncreas parece ser hereditário em algumas famílias. Em algumas dessas famílias, o alto risco é devido à síndrome herdada (explicada na próxima seção, Síndromes genéticas ). Em outras famílias, o gene que causa o risco elevado de câncer de pâncreas é desconhecido.

Síndromes genéticas
Mutações gênicas herdadas são cópias anormais de determinados genes que podem ser passados de pai para filho. Esses genes anormais podem causar até 10% dos cânceres de pâncreas e também causar outros problemas. Exemplos de síndromes genéticas que podem causar câncer exócrino de pâncreas incluem:
• Síndrome do câncer de mama e de ovário hereditário causado por mutações no gene BRCA2
• Melanoma familiar causado por mutações no gene p16
• Pancreatite familiar causada por mutações no gene PRSS1
• Câncer colorretal hereditário não polipose (HNPCC), mais frequentemente causado por um defeito no gene MLH1 ou no gene MSH2. Pelo menos 5 outros genes também podem causar o HNPCC: MLH3, MSH6, TGBR2, PMS1 e PMS2. Este transtorno também é conhecido como síndrome de Lynch.
• Síndrome de Peutz-Jeghers (PJS) causada por defeitos no gene STK1. Esta síndrome também está associada a pólipos no trato digestivo e a diversos outros cânceres
• Síndrome de Von Hippel-Lindau causada por mutações no gene VHL, podendo levar a um risco aumentado de câncer de pâncreas e carcinoma da ampola de Vater.
Tumores neuroendócrinos de pâncreas e cânceres também podem ser causados por uma síndrome genética, como:
• Neurofibromatose tipo 1 que é causada por mutações no gene NF1. Esta síndrome leva a um risco aumentado de muitos tumores, incluindo somatostatinomas.
• Neoplasia endócrina múltipla tipo 1 causada por mutações no gene MEN1, leva a um risco aumentado de tumores da glândula paratireoide, glândula pituitária e das células da ilhota do pâncreas.
Os cientistas encontraram os genes que causam as síndromes listadas acima, possibilitando que eles sejam reconhecidos pelo teste genético. Para mais informações sobre teste genético, vide a seção “O câncer de pâncreas pode ser detectado precocemente?”

Problemas estomacais
A infecção do estômago com a bactéria Helicobacter pylori (H. pylori) causadora da úlcera pode aumentar o risco de desenvolver o câncer de pâncreas. Alguns pesquisadores acreditam que o excesso de ácido no estômago também pode aumentar o risco.

Dieta
Alguns estudos associaram o câncer de pâncreas às dietas ricas em gordura, ou aquelas que incluem muita carne vermelha, carne de porco e carne processada (como salsicha e bacon). Outros descobriram que dietas ricas em frutas e vegetais podem auxiliar na redução do risco de câncer de pâncreas. Mas nem todos os estudos encontraram essas associações, e o papel exato da dieta em relação ao câncer de pâncreas ainda está sendo estudado.

Café
Alguns estudos anteriores sugeriram que o café pode aumentar o risco de câncer de pâncreas, porém isto não foi confirmado nos estudos mais recentes.

Álcool
A maioria dos estudos não encontrou uma associação entre o consumo de álcool e o câncer de pâncreas. Porém o consumo excessivo de álcool pode aumentar o risco de diabetes, cirrose hepática e pancreatite crônica, que são fatores de risco para o câncer de pâncreas.

 

As causas do câncer de pâncreas são conhecidas?

Os cientistas ainda não sabem exatamente o que causa a maioria dos casos de câncer de pâncreas, mas eles descobriram diversos fatores de risco que podem fazer uma pessoa ser mais propensa a desenvolver esta doença. Uma pesquisa recente demonstrou que alguns desses fatores de risco afetam o DNA das células do pâncreas, o que pode resultar no crescimento celular anormal e causar a formação de tumores.
Os pesquisadores fizeram grandes progressos no entendimento sobre como determinadas alterações no DNA podem fazer que células normais se tornem cancerígenas. O DNA é a substância química em cada célula que carrega os nossos genes – as instruções sobre como nossas células devem funcionar. Somos parecidos com nossos pais, porque eles são a origem do nosso DNA. Porém, o DNA afeta mais do que a nossa aparência. Alguns genes contem instruções para controlar quando nossas células crescem e se dividem. Determinados genes que promovem a divisão celular são chamados de oncogenes. Outros que retardam a divisão celular ou causam a morte das células no momento certo são denominados genes supressores de tumor. Os cânceres podem ser causados por mutações no DNA (defeitos) que ligam os oncogenes ou desligam os genes supressores de tumor.
Diversas síndromes familiares de câncer foram descobertas em que as mutações no DNA herdadas causam um risco muito alto de desenvolver determinados cânceres. Em alguns deles, há um risco aumentado de desenvolver o câncer de pâncreas. Os pesquisadores caracterizaram muitas dessas alterações do DNA nos últimos anos. (Vide seção, “Quais são os fatores de risco para o câncer de pâncreas?”)
As mutações no DNA de oncogenes ou de genes supressores de tumor relacionados aos cânceres de pâncreas ocorrem com mais frequência após o nascimento e não por terem sido herdados. Essas mutações adquiridas podem resultar de substâncias químicas causadoras de câncer em nosso ambiente, dieta ou tabagismo. Elas ocorrem, por vezes, sem nenhum motivo aparente.
As alterações no DNA observadas em casos esporádicos (não herdadas) de câncer de pâncreas são geralmente as mesmas observadas nos casos herdados. Por exemplo, a maioria dos casos esporádicos de câncer de pâncreas exócrino apresenta alterações no gene p16. Este é o motivo pelo qual os cientistas estão estudando casos herdados rigorosamente para saber mais sobre o que causa o câncer de pâncreas. Algumas anormalidades específicas no DNA recentemente descobertas no câncer de  pâncreas estão discutidas na seção, “Quais são as novidades na pesquisa e tratamento do câncer de pâncreas?”

O câncer de pâncreas pode ser prevenido?

Não existem diretrizes estabelecidas para a prevenção do câncer de pâncreas. No momento, a melhor abordagem é evitar os fatores de risco do câncer de pâncreas sempre que possível.
O tabagismo é o fator de risco evitável mais importante para o câncer de pâncreas. Ele é responsável por 20% a 30% dos cânceres de pâncreas. O tabagismo também aumenta o risco de muitos outros cânceres, tais como o câncer de pulmão, boca, laringe (cordas vocais), esôfago, rins, bexiga urinária e alguns outros órgãos.
Manter um peso saudável, ter uma dieta saudável e praticar atividade física também são importantes. A Sociedade Americana do Câncer recomenda selecionar alimentos e bebidas em quantidades que auxiliem a atingir e manter um peso saudável. Adotar uma dieta saudável, com ênfase em vegetais, isto inclui consumir pelo menos 2½ xícaras de vegetais e frutas diariamente. Selecionar pães, massas e cereais integrais ao invés de grãos refinados, e consumir peixe, frango ou leguminosas no lugar de carne processada e carne vermelha também podem auxiliar a reduzir o risco de câncer, bem como de algumas outras doenças.

SINAIS E SINTOMAS DO CÂNCER DE PÂNCREAS EXÓCRINO

Icterícia
A icterícia é o amarelamento dos olhos e da pele causado pelo acúmulo de bilirrubina no corpo. A bilirrubina é uma substância amarelo-castanho escuro que é produzida no fígado. Normalmente, o fígado excreta bilirrubina na bile. A bile passa pelo ducto biliar comum para os intestinos, deixando por fim o corpo nas fezes. Quando o ducto biliar comum fica bloqueado, a bile não pode atingir os intestinos, acumulando a bile. Pelo menos metade de todas as pessoas com câncer de pâncreas e em todas as pessoas com câncer ampular apresentam icterícia.
Os cânceres que se iniciam na cabeça do pâncreas estão próximos do ducto biliar comum. Esses cânceres podem comprimir o ducto enquanto eles ainda estão relativamente pequenos. Isto pode levar a icterícia, que pode permitir que esses tumores sejam encontrados em um estágio inicial. Mas os cânceres que se iniciam no corpo ou cauda do pâncreas não comprimem o ducto até que tenham se espalhado pelo pâncreas. Nesse momento, o câncer pode ter também se espalhado para além do pâncreas.
Quando o câncer de pâncreas se espalha, ele geralmente vai para o fígado. Isto também pode levar a icterícia.
O primeiro sinal de icterícia é, por vezes, o escurecimento da urina pela bilirrubina. À medida que os níveis de bilirrubina no sangue aumentam, a urina começa a ter uma coloração castanha.
Se o ducto biliar estiver bloqueado, a bile (e bilirrubina) não conseguem passar para o intestino. Quando isto ocorre, uma pessoa pode observar que a coloração de suas fezes se torna mais clara.
Quando a bilirrubina se acumula na pele, ela se torna amarela e começa a provocar coceira.
O câncer não é a causa mais comum de icterícia. Outras causas, como cálculos biliares, hepatite e outras doenças hepáticas são muito mais comuns.

Dor abdominal ou lombar
Dor no abdômen ou na região lombar é comum no câncer de pâncreas avançado. Os cânceres que começam no corpo ou cauda do pâncreas podem crescer consideravelmente e começar a comprimir outros órgãos vizinhos causando dor. O câncer também pode se espalhar para os nervos em torno do pâncreas, o que geralmente causa a dor lombar. A dor pode ser constante ou pode surgir e desaparecer. O câncer de pâncreas não é evidentemente a causa comum da dor no abdômen ou na região lombar. Ela é mais frequentemente causada por uma doença não cancerosa ou até mesmo outro tipo de câncer.

Perda de peso e falta de apetite
A perda de peso não intencional ou inesperada é muito comum em pacientes com câncer de pâncreas.
Essas pessoas também se queixam de extremo cansaço e apresentam pouco ou nenhum apetite.

Problemas digestivos
Se o câncer bloquear a liberação do suco pancreático para o intestino, uma pessoa pode não ser capaz de digerir alimentos gordurosos. A gordura não digerida pode causar o aspecto pálido incomum, volumoso, gorduroso das fezes, que podem flutuar no vaso sanitário. O câncer também pode envolver a parte distal do estômago e provocar o seu bloqueio parcial. Isto pode causar náusea, vômito e dor que tende a se agravar após a alimentação.

Aumento da vesícula biliar
Se o câncer bloquear o ducto biliar, a bile pode se acumular na vesícula biliar que, por sua vez, pode aumentar de tamanho. Isto pode, por vezes, ser sentido pelo médico durante um exame físico. Ele também pode ser detectado por estudos de imagem.

Coágulos sanguíneos ou anormalidades no tecido gorduroso
Às vezes, o primeiro sinal de que existe um câncer de pâncreas é o desenvolvimento de um coágulo sanguíneo em uma grande veia, geralmente uma veia na perna. Isto é chamado de uma trombose venosa profunda ou TVP. Por vezes, um coágulo se desprende e percorre os pulmões, o que dificulta a respiração. Um coágulo sanguíneo nos pulmões é chamado de embolia pulmonar ou EP. Novamente, ter um coágulo de sangue geralmente não significa que você tem câncer. A maioria dos coágulos sanguíneos apresenta outras causas.
Outro sinal de câncer de pâncreas é o desenvolvimento de uma textura irregular do tecido adiposo sob a pele. Isto é causado pela liberação das enzimas pancreáticas que digerem a gordura.

Diabetes
Os cânceres do pâncreas exócrino raramente causam diabetes (altos níveis de açúcar no sangue) porque destroem as células produtoras de insulina. Existem, mais frequentemente, problemas pequenos com o metabolismo do açúcar que não causam os sintomas do diabetes, porém podem ainda ser detectados por determinados exames de sangue.

SINAIS E SINTOMAS DOS TUMORES NEUROENDÓCRINOS DO PÂNCREAS

A maioria dos sinais e sintomas dos tumores neuroendócrinos do pâncreas (NETs) é causada pelo excesso de hormônios liberados pelos tumores na corrente sanguínea. Diferentes tipos de tumores produzem diferentes hormônios.

Gastrinomas
Esses tumores produzem a gastrina, um hormônio que diz para o estômago produzir mais ácido. Muita gastrina causa uma condição conhecida como Síndrome de Zollinger-Ellison. O excesso de gastrina faz com que o estômago produza muito ácido. Isto leva a úlceras estomacais, o que pode causar dor, náusea, e redução do apetite. Se a úlcera for grave, ela pode iniciar um sangramento. Se o sangramento for leve, ele pode levar a anemia (poucos eritrócitos). Isto pode causar sintomas como extremo cansaço e falta de ar ao praticar exercícios. Se o sangramento for mais grave, pode fazer com que as fezes fiquem escurecidas e de cor preta. O sangramento grave pode em si ser de risco à vida. Úlceras em pacientes com gastrinomas podem ser de difícil tratamento, necessitando de altas doses de medicamento antiúlcera para a cicatrização. Os pacientes necessitam permanecer em tratamento com essas medicações por longos períodos, porque as úlceras tendem a retornar se o tratamento for interrompido.
Quando o estômago produz muito ácido, ele pode ser liberado no intestino delgado. Ali, ele pode danificar as células que revestem o intestino e quebrar enzimas digestivas antes que elas tenham a chance de digerir os alimentos. Isto pode causar diarreia e perda de peso.
A maioria dos gastrinomas são cânceres.

Glucagonomas
Esses tumores produzem glucagon, um hormônio que aumenta os níveis de glicose no sangue. O excesso de glucagon pode aumentar os níveis de açúcar no sangue, por vezes levando ao diabetes. Os pacientes também apresentam problemas com diarreia, perda de peso e desnutrição. Os problemas nutricionais podem levar a sintomas como irritação da língua (glossite) e nos cantos da boca (queilose angular). A maioria dos sintomas que podem ser causados por um glucagonoma é de intensidade leve e, demonstraram ser, na maioria dos casos, causados por outra coisa.
O sintoma que leva a maioria das pessoas com glucagonomas a consultar seus médicos é uma erupção cutânea denominada eritema necrolítico migratório. Ele consiste de uma erupção cutânea vermelha com inchaço e bolhas e geralmente atinge diferentes locais da pele. Ele é a característica mais marcante de um glucagonoma.
A maioria dos glucagonomas são cânceres.

Insulinomas
Esses tumores produzem insulina, que reduz os níveis de açúcar no sangue. Muita insulina leva a níveis baixos de açúcar no sangue (hipoglicemia), com sintomas, como fraqueza, confusão, inchaço e batimento cardíaco rápido. Quando o açúcar no sangue fica muito baixo, ele pode levar o paciente a desmaiar ou até mesmo entrar em coma e apresentar convulsões. Esses sintomas melhoram se o paciente receber glicose (açúcar) – pela boca (como alimento) ou em uma injeção na veia (IV).
A maioria dos insulinomas é benigno (não são cânceres).

Somatostatinomas
Esses tumores produzem somatostatina, que auxilia a regular outros hormônios. Os sintomas deste tipo de tumor incluem diarreia, diabetes e problemas na vesícula biliar. Os problemas com a vesícula biliar podem levar a dor abdominal, náusea, falta de apetite, e icterícia (amarelamento da pele e olhos). Como os sintomas de um somatostatinoma tendem a ser de intensidade leve e são, mais frequentemente, causados por outras coisas, esses tumores tendem a ser diagnosticados em um estágio avançado.
A maioria dos somatostatinomas são cânceres. Em geral, eles não são encontrados até que tenham se espalhado para o fígado, quando causam problemas como icterícia e dor.

VIPomas
Esses tumores produzem uma substância chamada peptídeo vasoativo intestinal (VIP). Muito VIP pode levar a problemas com diarreia e baixos níveis sanguíneos de potássio. Os pacientes também apresentam baixos níveis de ácido em seus estômagos, levando a problemas para digerir alimentos. Eles também podem ter altos níveis de açúcar no sangue. A diarreia pode ser leve no início, porém se agrava com o tempo. Pelo tempo em que eles são diagnosticados, a maioria dos pacientes apresenta diarreia aquosa grave com até 20 evacuações por dia.
A maioria dos VIPomas são cânceres.

PPomas
Esses tumores produzem polipeptídeo pancreático, que auxilia a regular tanto o pâncreas exócrino como o endócrino. Eles causam problemas como dor abdominal e fígado aumentado.
Alguns pacientes também apresentam diarreia aquosa.
A maioria dos PPomas são cânceres.

Tumores carcinoides
Esses tumores geralmente produzem serotonina ou seu precursor 5-HTP. Quando um tumor de pâncreas produz essas substâncias, elas vão primeiramente para o fígado. O fígado quebra essas substâncias antes que elas possam atingir o resto do corpo e causar problemas. É por esse motivo que os tumores carcinoides podem não causar sintomas até que tenham se espalhado para fora do pâncreas. Quando eles se espalham, isto ocorre com mais frequência para o fígado. Quando isto ocorre, os hormônios podem ser liberados a partir das células cancerígenas para o sangue deixando o fígado. Isto pode causar algo chamado de síndrome carcinoide, com sintomas incluindo: rubor (a pele fica vermelha com uma sensação de calor), diarreia, chiado e batimento cardíaco rápido. Esses sintomas geralmente ocorrem em episódios, e entre os episódios, o paciente pode se sentir bem.
Durante um longo período, essas substâncias semelhantes a hormônios podem danificar válvulas cardíacas, causando falta de ar, fraqueza e murmúrio cardíaco (um som cardíaco anormal).

Tumores não funcionais
Esses tumores não produzem hormônios e, portanto, não causam sintomas nos estágios iniciais.
A maioria deles são cânceres e começam a causar problemas à medida que aumentam de tamanho ou se espalham para fora do pâncreas.

Sintomas causados pela disseminação do câncer
Quando NETs de pâncreas se espalham, eles se espalham com mais frequência para o fígado. Isto pode aumentar o tamanho do fígado, o que pode causar dor e falta de apetite. Ele também pode interferir com a função hepática, por vezes levando à icterícia (amarelamento da pele e olhos) e exames laboratoriais anormais.
Embora esses cânceres geralmente se espalham primeiro para o fígado, eles podem continuar a se espalhar para outros órgãos e tecidos. Os sintomas dependem de onde o câncer está crescendo. Por exemplo, o câncer que se espalha para os pulmões pode causar problemas respiratórios e tosse. A disseminação para os ossos pode causar dor nesses ossos.

O câncer de pâncreas pode ser detectado precocemente?

Um motivo para a expectativa geralmente desfavorável para pessoas com câncer de pâncreas exócrino é que muitos poucos desses cânceres são detectados precocemente. O pâncreas está localizado bem dentro do corpo e, portanto, tumores iniciais não podem ser observados ou sentidos pelos profissionais de saúde durante os exames físicos de rotina. Os pacientes geralmente não apresentam sintomas até que o câncer tenha se espalhado para outros órgãos. No momento, não existem exames de sangue que detectem precocemente os cânceres de pâncreas. Os médicos estão investigando para ver se um teste chamado ultrassom endoscópico pode ser útil na seleção de pessoas com um alto risco de câncer de pâncreas.

Exames de sangue
Uma substância chamada CA 19-9 é liberada no sangue pelas células cancerígenas do pâncreas exócrino, podendo ser detectada por exames de sangue. Mas no momento em que os níveis sanguíneos estiverem altos o suficiente para serem consistentemente detectados por métodos disponíveis, o câncer não está mais nos estágios iniciais. É por este motivo que o teste não é recomendado para a seleção de rotina de pessoas sem sintomas ou um diagnóstico conhecido de câncer. O teste de CA 19-9 é, por vezes, utilizado durante o tratamento para verificar se a terapia está funcionando ou após o tratamento para verificar se o câncer se recidivou (voltou).
Outra substância, o antígeno carcinoembrionário (CEA) pode auxiliar a detectar o câncer de pâncreas avançado em algumas pessoas. Porém, ele não é sensível o suficiente para detectar o câncer precocemente e não é recomendado como um teste de seleção.

Teste genético
As alterações herdadas no DNA são consideradas como o causador de até 10% dos cânceres de pâncreas. Como esses casos herdados estão, por vezes, associados a outros cânceres, determinar se os parentes do paciente apresentam um risco elevado não é algo simples. Conversar com alguém com experiência em síndromes de câncer hereditário, como um consultor genético, geneticista ou um oncologista (médico especialista em cuidar de pessoas que tem câncer) é geralmente útil.
A Sociedade Americana do Câncer recomenda fortemente que qualquer pessoa considerando fazer o teste genético converse com um consultor genético, enfermeiro ou médico qualificado para interpretar e explicar os resultados do teste antes de realizar o teste. É importante que as pessoas entendam e avaliem cuidadosamente os benefícios e riscos do teste genético antes da realização desses testes.

Para pessoas em famílias em alto risco de câncer de pâncreas, existem testes mais recentes para detectar precocemente o câncer de pâncreas que podem ajudar. Um deles é denominado ultrassom endoscópico (vide seção, “Como o câncer de pâncreas é diagnosticado?”). Este teste não é utilizado para selecionar o público geral, mas pode ser utilizado por pessoas com um forte histórico familiar de câncer de pâncreas. Utilizando o ultrassom endoscópico, os médicos foram capazes de detectar precocemente cânceres de pâncreas tratáveis em alguns membros de famílias de alto risco. Além disso, famílias interessadas podem desejar participar de estudos de pesquisa em andamento com o objetivo de investigar os fatores genéticos e o possível papel dos métodos de seleção naqueles com um histórico familiar da doença.

Testes para diagnóstico.

Histórico médico e exame físico
Seu médico fará um histórico médico detalhado para verificar algum fator de risco para câncer de pâncreas e obter informações sobre a dor (quanto tempo você a tem, sua gravidade, onde ela está localizada e o que piora ou melhora a dor), apetite, perda de peso, cansaço e outros sintomas.
Um exame físico detalhado focará basicamente no seu abdômen para verificar alguma massa ou acúmulo de fluido. A sua pele e o branco dos seus olhos serão examinados para icterícia (amarelamento). Os cânceres que bloqueiam o ducto biliar também podem causar aumentar a vesícula biliar, o que por vezes, pode ser sentido no exame físico. O câncer de pâncreas pode se espalhar para o fígado, causando o seu aumento.
O câncer também pode se espalhar para os linfonodos acima da clavícula e de outros locais.
Essas áreas serão examinadas atentamente para inchaço que pode indicar que o câncer se espalhou.

Testes de imagem
Tomografia computadorizada (TC, CAT)
A TC é um procedimento de radiografia que produz imagens transversais do seu corpo. Ao invés de tirar uma foto, como no raio-x (radiografia) padrão, um equipamento de TC tira várias fotos a medida que ele gira em torno de você. Um computador então combina essas fotos em imagens que se assemelham a fatias da parte do seu corpo que está sendo estudada.
Antes do teste, pode ser solicitado que o paciente beba uma solução de contraste e/ou receba uma injeção intravenosa (IV) de um corante de contraste para definir melhor as áreas anormais no corpo.
O paciente pode precisar de uma linha IV pela qual o corante de contraste é injetado. A injeção pode causar certo rubor (uma sensação de calor, especialmente no rosto). Algumas pessoas são alérgicas ao corante e podem apresentar urticária ou uma sensação de rubor, ou raramente, apresentar reações mais sérias, como dificuldade para respirar e pressão arterial baixa. Certifique-se de informar o médico se você tiver alguma alergia ou tiver apresentado uma reação a qualquer material de contraste utilizado para radiografias. Medicamento pode ser fornecido para prevenir e tratar as reações alérgicas.
A TC tem a mesma duração das radiografias regulares. Você precisa se deitar em uma mesa enquanto o teste está sendo realizado. Durante o teste, a mesa desliza pra dentro e para fora do equipamento, uma máquina em formato de anel que gira completamente ao redor da mesa. Você pode se sentir um pouco confinado pelo anel quando as fotos estão sendo tiradas.
A TC é geralmente utilizada para diagnosticar o câncer de pâncreas e auxiliar a fazer o seu estadiamento (determinar a extensão da sua disseminação). A TC mostra o pâncreas de forma bastante clara e geralmente pode confirmar a localização do câncer. A TC também pode mostrar os órgãos próximos ao pâncreas, bem como linfonodos e órgãos distantes, onde o câncer pode ter se espalhado. A TC pode auxiliar a determinar se a cirurgia será uma boa opção de tratamento.
A TC também pode ser utilizada para guiar uma agulha de biópsia precisamente em uma área com suspeita de disseminação. Para este procedimento, denominado biópsia com agulha guiada por TC, o paciente permanece na mesa de TC e um radiologista avança a agulha de biópsia para o local da massa. A TC é repetida até que os médicos tenham se certificado que a agulha está dentro da massa. Uma amostra de biópsia é então retirada e avaliada sob um microscópio.

Imagem por ressonância magnética (IRM)
A IRM utiliza ondas de rádio e fortes ímãs no lugar dos raios-x. A energia das ondas de rádio é absorvida pelo corpo e depois liberada em um padrão formado pelo tipo de tecido corporal e por determinadas doenças. Um computador traduz o padrão em uma imagem detalhada das partes do corpo. Ele não produz somente fatias de imagens transversais do corpo como um scanner de TC, mas também produz fatias que são paralelas ao comprimento do corpo. Um material de contraste pode ser injetado assim como na TC, no entanto, isto é menos comum.
A maioria dos médicos prefere avaliar o pâncreas com TC, mas uma IRM pode, por vezes, fornecer mais informações. A IRM também é especialmente útil na avaliação do cérebro e da medula espinhal.
A IRM tem a mesma duração da TC, geralmente de até uma hora. Você pode ter que se deitar dentro de um tubo estreito, que pode causar a sensação de confinamento, podendo ser estressante para algumas pessoas. Máquinas de IRM mais novas, mais abertas podem ser outra opção. A máquina de IRM é barulhenta, com ruídos de clique que podem incomodá-lo. Alguns locais fornecem fones de ouvido ou tampões de ouvido para auxiliar a bloquear esse ruído.
Cintilografia para receptores de somatostatina
A cintilografia para receptores de somatostatina (CRS), também conhecida como OctreoScan pode ser bastante útil no diagnóstico de tumores neuroendócrinos do pâncreas. Ela utiliza uma substância semelhante ao hormônio denominada octreotida que se ligou a uma substância radioativa (índio-111). A octreotida se liga a proteínas nas células tumorais de muitos NETs.
Uma pequena quantidade desta substância é injetada em uma veia. Ela percorre o sangue e é atraída para os tumores neuroendócrinos. Cerca de 4 horas após a injeção, uma câmera especial pode ser utilizada para mostrar onde a radioatividade foi coletada no corpo. Mais varreduras podem ser feitas nos dias seguintes também.
Esta varredura pode auxiliar a diagnosticar um NET, porém também pode auxiliar a tomar decisões sobre o tratamento. Se um NET aparecer em um SRS, isto geralmente significa que o tumor parará de crescer se tratado com octreotida.

Tomografia por emissão de pósitrons (PET)
Para a PET, uma forma de açúcar radioativo (conhecido como fluorodeoxiglicose ou FDG) é injetada no sangue. Como as células cancerígenas no corpo crescem rapidamente, elas absorvem grandes quantidades do açúcar radioativo. Após cerca de uma hora, você será colocado sobre uma mesa no scanner de PET. Você se deita sobre a mesa por cerca de 30 minutos, enquanto uma câmera especial cria uma foto das áreas de radioatividade no corpo. A foto não está finamente detalhada como na TC ou IRM, porém pode fornecer informações úteis sobre o seu corpo todo.
Este teste é útil para investigar a disseminação dos cânceres do pâncreas exócrino, mas como os NETs crescem lentamente, eles não aparecem bem na PET.
A PET/TC combina a TC e PET para melhorar ainda mais a identificação do tumor. Este teste pode ser especialmente útil para detectar o câncer exócrino que se espalhou para além do pâncreas e não seria tratável com a cirurgia. Ele pode ser um teste útil para o estadiamento do câncer. Pode até mesmo ser capaz de detectar cânceres iniciais.

Ultrassonografia (ultrassom ou US)
O ultrassom utiliza ondas sonoras para produzir imagens de órgãos internos, como o pâncreas. Para um ultrassom abdominal, uma sonda em formato de varinha denominada transdutor é posicionada sobre a pele do abdômen. Ela emite ondas sonoras e detecta os ecos à medida que elas rebatem os órgãos internos. O padrão dos ecos é processado por um computador para produzir uma imagem na tela.
Os ecos produzidos pela maioria dos tumores de pâncreas diferem daqueles do tecido do pâncreas normal. Diferentes padrões de eco podem auxiliar a distinguir alguns tipos de tumores de pâncreas de outro.
Se sinais e sintomas indicarem que é possível ser um câncer de pâncreas, uma TC é geralmente mais útil do que o ultrassom para um diagnóstico exato. Porém se não estiver claro se outras determinadas doenças podem responder pelos sinais ou sintomas do paciente, pode ser feito um ultrassom. O ultrassom também é comumente utilizado para examinar o fígado, podendo ser utilizado se alguém apresentar sintomas (como icterícia) que indicam um problema hepático.
O Ultrassom endoscópico é mais exato do que o ultrassom abdominal e é provavelmente a melhor maneira de diagnosticar o câncer de pâncreas. Este teste é realizado com uma sonda de ultrassom que está conectada a um endoscópio — um fino tubo flexível de fibra óptica iluminado — que os médicos utilizam para examinar a parte interna do trato intestinal. Os pacientes são primeiramente sedados (um medicamento é fornecido para deixá-los sonolentos). A sonda então é passada pela boca ou nariz, pelo esôfago (o tubo que conecta a boca e o estômago) e o estômago, e adentra a primeira parte do intestino delgado. Ele pode então ser apontado para o pâncreas, que se situa próximo ao intestino delgado. A sonda está na ponta do endoscópio, de modo que ela pode ficar muito próxima ao tumor para tirar fotos. Este é um modo muito bom de examinar o pâncreas. Ele é melhor do que a TC para detectar pequenos tumores. Se um tumor é visualizado, ele pode passar por biópsia durante este procedimento.

Colangiopancreatografia endoscópica retrógrada (ERCP)
Para este procedimento, um endoscópio (um fino tubo flexível iluminado) é passado pela garganta, esôfago e estômago do paciente e na primeira parte do intestino delgado. O médico pode ver pelo endoscópio e localizar a ampola de Vater (onde o ducto biliar comum se conecta ao intestino delgado). O médico guia um cateter (um tubo bem pequeno) a partir da extremidade do endoscópio para dentro do ducto biliar comum. Uma pequena quantidade de corante (material de contraste) é então injetada pelo tubo para dentro do ducto biliar comum e radiografias são tiradas. Este corante delineia o ducto biliar e o ducto pancreático. As imagens radiográficas podem mostrar o estreitamento ou bloqueio desses ductos que pode ser decorrente do câncer de pâncreas. O médico que realiza o teste também pode colocar uma pequena escova ao longo do tubo para coletar células para biópsia (para análise em um microscópio para verificar se elas assemelham ou não a células cancerígenas). Este procedimento é geralmente feito enquanto o paciente está sedado (medicamento fornecido para torná-lo sonolento).
A ERCP também pode ser utilizada para colocar um stent (pequeno tubo) no ducto biliar para mantê-lo aberto se um tumor adjacente estiver pressionando-o. Isto está descrito em mais detalhes na seção sobre cirurgia paliativa na seção “Cirurgia”.

Angiografia
Trata-se de um procedimento de raios-X que examina os vasos sanguíneos. Uma pequena quantidade de material de contraste é injetada em uma artéria para delinear os vasos sanguíneos, e depois radiografias são tiradas.
A angiografia pode mostrar se o fluxo sanguíneo em uma determinada área está bloqueada ou comprimida pelo tumor. Ela também pode mostrar qualquer vaso sanguíneo anormal (alimentando o câncer) na área. Este teste pode ser útil para saber se um câncer de pâncreas cresceu pelas paredes de determinados vasos sanguíneos. Ele principalmente auxilia os cirurgiões a decidir se o câncer pode ser completamente removido sem danificar os vasos sanguíneos vitais e auxiliá-los a planejar a cirurgia.
A angiografia também pode ser utilizada para visualizar tumores neuroendócrinos de pâncreas que são muito pequenos para serem observados em outros testes de imagem. Esses tumores fazem com que o corpo produza mais vasos sanguíneos para “alimentar” o tumor. Esses vasos sanguíneos adicionais podem ser observados na angiografia.
A angiografia pode ser um procedimento desconfortável porque o radiologista que realiza o teste deve colocar um pequeno cateter na artéria que vai até o pâncreas. O cateter é geralmente inserido em uma artéria da sua coxa interna e passada até o pâncreas. É geralmente utilizado um anestésico local para adormecer a área antes de inserir o cateter. A seguir, o corante é injetado rapidamente para delinear todos os vasos, enquanto radiografias estão sendo tiradas.

Exames de sangue
Diversos tipos de exames de sangue podem ser utilizados para auxiliar a diagnosticar o câncer de pâncreas ou para auxiliar a determinar as opções de tratamento, se encontrado.
Os exames de sangue que avaliam os níveis de diferentes tipos de bilirrubina (uma substância química produzida pelo fígado) são úteis para decidir se a icterícia de um paciente é causada por doença hepática ou por um bloqueio (por um cálculo biliar, um tumor ou outra doença) do fluxo biliar.
Elevados níveis sanguíneos dos marcadores tumorais CA 19-9 e antígeno carcinoembrionário (CEA) podem indicar um diagnóstico de câncer de pâncreas exócrino, porém esses testes nem sempre são exatos (vide seção, “O câncer de pâncreas pode ser encontrado precocemente?”).
Outros exames de sangue podem auxiliar a avaliar o estado geral de um paciente (como função hepática, renal e da medula óssea). Esses exames também podem auxiliar a determinar se eles serão capazes de suportar o estresse de uma cirurgia de grande porte.

Tumores neuroendócrinos do pâncreas
Os exames de sangue avaliando os níveis de determinados hormônios pancreáticos podem auxiliar a diagnosticar tumores neuroendócrinos do pâncreas (NETs). Para insulinomas, níveis de insulina, glicose, e peptídeo C são medidos enquanto o paciente está em jejum (sem comer ou beber). (O peptídeo C é um produto intermediário da produção da insulina). O sangue é coletado a cada 6 a 8 horas até que o paciente começa a apresentar sintomas. O diagnóstico de um insulinoma é feito quando houver um baixo nível de glicose no sangue com elevados níveis de insulina e peptídeo C.
Outros hormônios pancreáticos, como gastrina, glucagon, somatostatina, polipeptídeo pancreático e VIP (peptídeo vasoativo intestinal) podem ser medidos em amostras de sangue, podendo se utilizados no diagnóstico de NETs de pâncreas. A medição do nível de uma substância denominada cromogranina-A (CgA) pode ser bastante útil. Este nível sobe na maioria dos casos de NETs de pâncreas – mesmo em tumores não funcionais.
Os níveis de gastrina sobem em pacientes que estão tomando um tipo comum de medicamento antiúlcera conhecido como inibidores da bomba de prótons. Exemplos desses medicamentos incluem omeprazol (Prilosec®), esomeprazol (Nexium®), lansoprazol (Prevacid®), e muitos outros. Essas medicações são comumente utilizadas para tratar pessoas com dor estomacal e azia. Um paciente não deve utilizar nenhum inibidor da bomba de prótons por pelo menos uma semana antes da medição do nível de gastrina, para que o medicamento não aumente falsamente o nível de gastrina. A medição dos níveis de gastrina é mais útil quando combinada com um teste que mede a quantidade de ácido no estômago. Isto é porque os baixos níveis de ácido podem levar a elevados níveis de gastrina. Quando um gastrinoma está presente, altos níveis de gastrina são observados juntamente com elevados níveis de ácido.
Para tumores carcinoides, um exame de sangue pode ser feito para avaliar a serotonina, que é produzida por muitos desses tumores. O corpo quebra a serotonina em ácido 5-hidroxiindolacético (5-HIAA), e o libera para a urina. Um teste comumente utilizado para detectar a síndrome carcinoide mede os níveis de 5-HIAA em uma amostra de urina coletada durante 24 horas. Este teste pode auxiliar no diagnóstico de muitos dos tumores carcinoides (porém não todos).
Os tumores, por vezes, não produzem tanta serotonina, mas produzem o seu precursor, 5- HTP, que pode ser convertido em serotonina na urina. Em pacientes com esses tumores, o nível sanguíneo de serotonina pode ser normal, porém os níveis urinários de serotonina e 5-HTP estão elevados.
O consumo de alimentos que contem muita serotonina pode aumentar os níveis de 5-HIAA na urina. Esses alimentos incluem bananas, kiwi, determinadas castanhas e abacate. Medicamentos, incluindo xarope para tosse e acetaminofeno (Tylenol), também podem afetar os resultados. Essas substâncias devem ser evitadas antes do teste de urina e sangue para carcinoides.
Outros testes comumente utilizados para avaliar carcinoides podem incluir exames de sangue para cromogranina A (CgA), enolase neurônio-específica (NSE), substância P e gastrina.
Dependendo de onde o tumor possa estar localizado e dos sintomas do paciente, os médicos podem realizar outros exames de sangue também.

Biópsia
O histórico médico de um paciente, o exame físico e os resultados do teste de imagem podem fortemente sugerir o câncer de próstata, porém a única maneira de certificar é retirando uma pequena amostra do tumor e examiná-la sob o microscópio. Este procedimento é denominado biópsia.
Existem diversos tipos de biópsia. O procedimento utilizado com mais frequência para diagnosticar o câncer de pâncreas é denominado biópsia por aspiração com agulha fina (FNA). Para este teste, um médico insere uma agulha fina através da pele e dentro do pâncreas. O médico utiliza imagens de TC ou ultrassonografia endoscópica para avaliar a posição da agulha e certificar que esteja no tumor.
Os médicos também podem fazer uma biópsia do tumor utilizando o ultrassom endoscópico para posicionar a agulha diretamente pela parede do duodeno dentro do tumor. Em qualquer um dos casos, podem ser retiradas pequenas amostras de tecido pela agulha. As principais vantagens do teste são que o paciente não necessita de anestesia geral (não está “adormecido”) durante o teste e efeitos colaterais importantes são raros.
No passado, as biópsias cirúrgicas eram feitas com mais frequência. Este tipo de biópsia requer uma laparotomia (uma grande incisão através da pele e vai para a parede do abdômen para examinar os órgãos internos). Áreas que parecem anormais na visualização ou na palpação podem ser amostradas retirando uma pequena porção de tecido com um bisturi ou uma agulha. O cirurgião pode utilizar uma agulha fina (como na biópsia por aspiração com agulha). Os cirurgiões utilizam com mais frequência uma agulha maior que retira um núcleo cilíndrico do tecido de cerca de 1/2 polegada de comprimento e menos de 1/8 polegada de diâmetro (denominado biópsia por agulha grossa). A principal desvantagem deste tipo de biópsia é que o paciente deve receber anestesia geral e permanecer no hospital para a recuperação.
A laparotomia é agora raramente recomendada. Os médicos preferem utilizar a laparoscopia (algumas vezes denominada cirurgia de invasão mínima) como um modo de avaliar e, talvez, coletar um pedaço do pâncreas com uma biópsia. Os pacientes são sedados ou adormecidos para este procedimento. O cirurgião faz diversas pequenas incisões no abdômen e insere pequenos instrumentos semelhantes ao telescópio na cavidade abdominal. Um deles é geralmente conectado a um monitor de vídeo. O cirurgião pode visualizar o abdômen, o tamanho do tumor e se o mesmo se espalhou e podem coletar amostras de tecido também.
O médico pode não realizar a biópsia em alguém que tem um tumor no pâncreas que se parece com câncer (baseado em testes de imagem) se parecer que a cirurgia pode remover todo o câncer. Em vez disso, o médico irá prosseguir com a cirurgia. Se o médico achar durante a cirurgia que o câncer se espalhou a uma extensão muito grande para ser removido completamente, somente uma amostra do câncer pode ser retirada para confirmar o diagnóstico e o restante da cirurgia planejada será interrompida.
Se o tratamento (como quimioterapia ou radiação) for planejado antes da cirurgia, é necessário fazer a biópsia primeiro para confirmar o diagnóstico.

Como o câncer de pâncreas é tratado?

Informações gerais do tratamento
Os 3 principais tipos de tratamento para câncer de pâncreas exócrino são a cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Dependendo do estágio do câncer, alguns desses tratamentos podem ser combinados. Os tumores do pâncreas endócrino também são tratados com esses 3 tipos de terapia. Além disso, os medicamentos (além da quimioterapia) podem ser úteis.

Cirurgia para câncer de pâncreas
Existem 2 tipos gerais de cirurgia utilizados para o câncer de pâncreas:
• Cirurgia potencialmente curativa é utilizada quando os testes de imagem sugerem que é possível remover todo o câncer.
• Cirurgia paliativa pode ser realizada se os testes de imagem mostrarem que o tumor está muito espalhado para ser completamente removido. Ela é realizada para aliviar os sintomas ou para prevenir determinadas complicações, como um ducto biliar ou trato intestinal bloqueado.
Diversos estudos demonstraram que a remoção de somente parte do câncer não auxilia os pacientes a viver mais. A cirurgia para câncer de pâncreas é uma das operações mais difíceis que um cirurgião pode fazer. Ela também é uma das mais difíceis para os pacientes. Pode haver complicações e os pacientes podem levar várias semanas para se recuperar. Os pacientes precisam pesar os potenciais benefícios e riscos dessa cirurgia cuidadosamente.

Cirurgia potencialmente curativa
A cirurgia mais curativa foi desenvolvida para tratar cânceres na cabeça do pâncreas. Como esses cânceres estão próximos do ducto biliar, alguns deles causam icterícia e são encontrados cedo o suficiente para serem removidos. As cirurgias para outras partes do pâncreas estão mencionadas abaixo, porém elas são feitas somente quando é possível remover todo o câncer.

Três procedimentos são utilizados para remover tumores do pâncreas:
Pancreaticoduodenectomia (Procedimento de Whipple): Esta é a operação mais comum para remover um câncer de pâncreas exócrino. Ele remove a cabeça do pâncreas e, por vezes, o corpo do pâncreas também. Parte do estômago, intestino delgado e linfonodos próximos ao pâncreas também são removidos. A vesícula biliar e parte do ducto biliar comum são removidos e o ducto biliar restante é conectado ao intestino delgado para que a bile do fígado possa continuar a ter acesso ao intestino delgado.
Esta é uma operação complexa que requer muita habilidade e experiência. Ela possui um risco relativamente alto de complicações que podem até mesmo ser fatais. Quando a operação é realizada em pequenos hospitais ou por médicos com menos experiência, mais de 15% dos pacientes podem ir a óbito como resultado das complicações cirúrgicas. Em contrapartida, quando esta operação é realizada em centros oncológicos por cirurgiões experientes no procedimento, menos de 5% dos pacientes vão a óbito como resultado direto das complicações da cirurgia. Ainda, mesmo nas melhores mãos, muitos pacientes sofrem de complicações da cirurgia. Elas podem incluir:
• Vazamento de diversas conexões que o cirurgião teve que fazer
• Infecções
• Sangramento
• Problemas com o esvaziamento do estômago em si após ingerir alimentos
Para que os pacientes tenham os melhores resultados, eles devem ser tratados por um cirurgião que faz muitas dessas operações e realizar a operação em um hospital em que muitas delas são feitas. Em geral, as pessoas submetidas a este tipo de cirurgia se saem melhor quando a mesma é realizada em um hospital que realiza pelo menos 20 procedimentos de Whipple por ano.
No momento do diagnóstico, somente cerca de 10% dos cânceres de pâncreas parecem estar contidos inteiramente dentro do pâncreas. Somente cerca da metade desses acabam sendo verdadeiramente ressecáveis assim que a cirurgia é iniciada. Embora a cirurgia ofereça a única chance real de curar o câncer de pâncreas exócrino, ela nem sempre leva a cura. Mesmo se todo o tumor visível for removido, geralmente, algumas células cancerígenas já se espalharam para outras partes do corpo. Essas células crescem eventualmente em novos tumores e causam muitos problemas – até mesmo a morte. É por este motivo que o câncer retorna mais tarde na maioria dos pacientes submetidos à cirurgia que pareceu ter removido completamente o câncer de pâncreas exócrino.

As taxas de sucesso em longo prazo para os tumores neuroendócrinos do pâncreas são geralmente muito melhores. Esses tumores são mais propensos a serem curados com a cirurgia.
Pancreatectomia distal: Esta operação remove somente a cauda do pâncreas ou a cauda e uma porção do corpo do pâncreas. O baço é geralmente removido também. Esta operação é utilizada com mais frequência em tumores de células da ilhota encontrados na cauda e corpo do pâncreas. Ela é raramente utilizada para tratar cânceres de pâncreas exócrino porque esses tumores geralmente já se espalharam no momento que eles foram detectados.
Pancreatectomia total: Esta operação foi uma vez utilizada para tumores no corpo ou cabeça do pâncreas. Ela remove todo o pâncreas e o baço. Ela é agora raramente utilizada para tratar o câncer de pâncreas exócrino porque parece não haver uma vantagem na remoção de todo o pâncreas. É possível viver sem um pâncreas, porém quando todo o pâncreas é removido, as pessoas ficam sem células da ilhota, as células que produzem insulina. Essas pessoas desenvolvem diabetes, que pode ser difícil de controlar, uma vez que os pacientes se tornam totalmente dependentes de insulina.

Cirurgia paliativa
Se o câncer se espalhou de forma extensa para ser completamente removido, qualquer cirurgia a ser considerada seria paliativa (destinada a aliviar ou prevenir os sintomas). Como o câncer de pâncreas pode progredir rapidamente, a maioria dos médicos não aconselham a cirurgia para tratamento paliativo. Por vezes, a cirurgia pode começar com a esperança que possa curar o paciente, porém o cirurgião descobre que isto não é possível. Nesse caso, o cirurgião pode continuar a operação como um procedimento paliativo para aliviar ou prevenir sintomas.
Os cânceres que crescem na cabeça do pâncreas podem bloquear o ducto biliar comum, visto que ele passa por esta parte do pâncreas. Isto pode causar dor e problemas digestivos porque a bile não pode chegar ao intestino. As substâncias químicas da bile se acumularão no corpo. Existem 2 opções para o alívio do bloqueio do ducto biliar.
A cirurgia pode redirecionar o fluxo da bile do ducto biliar comum diretamente para o intestino delgado, desviando-se do pâncreas. Isto requer uma grande incisão no abdômen, podendo levar semanas para a completa recuperação. Uma vantagem é que durante este procedimento, o cirurgião pode cortar os nervos que levam ao pâncreas ou injetá-los com álcool. Isto pode reduzir ou livrar o paciente da dor que pode ser causada pelo câncer.
Por vezes, a conexão do estômago com o duodeno (a primeira parte do intestino delgado) é redirecionada ao mesmo tempo também. Em geral, no fim do curso do câncer de pâncreas, o duodeno passa a ser bloqueado pelo câncer, o que pode causar dor e vômito que requer cirurgia. A realização de um desvio no duodeno antes disto acontecer pode auxiliar a evitar uma segunda operação.
Uma segunda abordagem para aliviar um ducto biliar obstruído não envolve cirurgia. Em vez disso, um stent (um pequeno tubo) é colocado no ducto para mantê-lo aberto. Isto é geralmente feito com um endoscópio (um longo tubo flexível) enquanto o paciente é sedado. O médico passa o endoscópio pela garganta do paciente e por todo o caminho até o intestino delgado. O médico pode então inserir o stent no ducto biliar através do endoscópio. O stent, que é geralmente feito de metal, auxilia a manter o ducto biliar aberto e resiste à compressão do câncer circundante. Após vários meses, o stent pode ficar obstruído e pode necessitar de limpeza. Stents maiores também são utilizados para manter o duodeno (ou outras partes do intestino delgado) aberto se tiver risco de ser bloqueado.
Em geral, o uso de stents colocados endoscopicamente substituiu a cirurgia para aliviar a obstrução do ducto biliar. Os stents também podem ser colocados antes da cirurgia para aliviar a icterícia antes do pâncreas ser removido.

Cirurgia para tratar tumores neuroendócrinos do pâncreas e cânceres
Além dos procedimentos descritos acima, alguns procedimentos menos extensivos podem ser utilizados para remover os tumores neuroendócrinos do pâncreas (NETs). A laparoscopia é frequentemente realizada primeiro para localizar melhor o tumor e ver a extensão que ele se espalhou.
Por vezes, se o tumor for pequeno, apenas o tumor em si é removido. Isto é chamado de enucleação. Esta operação pode ser feita utilizando um laparoscópio, de modo que somente algumas incisões pequenas são necessárias. Esta operação pode ser tudo que é necessário para tratar um insulinoma, visto que este tipo de tumor é geralmente benigno.
Pequenos gastrinomas (2 polegadas ou menos) também podem ser tratados com enucleação, mas, por vezes, o duodeno (a primeira parte do intestino delgado) também é removido. Gastrinomas maiores podem requerer uma pancreaticoduodenectomia ou uma pancreatectomia distal, dependendo da localização do tumor.
Os linfonodos em torno do pâncreas também são removidos em alguns casos de modo que eles possam ser avaliados para sinais de disseminação do câncer.
A cirurgia pode ser utilizada para remover metástases se um NET de pâncreas tiver se espalhado. Isto pode ser utilizado quando tiver se espalhado para o fígado (o local mais comum de disseminação) e pulmões. A remoção das metástases pode melhorar os sintomas e prolongar a vida em pacientes com NETs de pâncreas. Em casos raros, o transplante hepático pode ser utilizado para tratar NETs de pâncreas que tenham se espalhado para o fígado.

Técnicas ablativas para o câncer de pâncreas.

Quando um tumor neuroendócrino do pâncreas tiver se espalhado para outros locais, as metástases podem ser removidas por cirurgia e por outras técnicas também. Ao tratar metástases, os sintomas podem melhorar e o paciente pode viver por mais tempo. Essas técnicas são mais frequentemente utilizadas para tratar o câncer que se espalhou para o fígado. Por vezes, esses tratamentos também são utilizados para tratar áreas de metástases do câncer de pâncreas exócrino, onde existem apenas alguns deles.
Ablação por radiofrequência: A ablação por radiofrequência (RFA) utiliza ondas de rádio para aquecer e destruir tecidos, como áreas de disseminação do câncer.

Termoterapia por micro-ondas: Neste procedimento, as micro-ondas são utilizadas para aquecer e destruir o tecido anormal.

Criocirurgia: Na criocirurgia, uma sonda é inserida no tumor que congela o tecido com nitrogênio líquido ou dióxido de carbono líquido. A área que está sendo congelada é destruída. Esta técnica também é conhecida como crioablação.
Embolização: Para um procedimento de embolização, um cateter é utilizado para encontrar a artéria que alimenta o tumor. A seguir, uma substância é injetada no vaso sanguíneo, cortando o suprimento sanguíneo para o tumor. Isto mata o tumor. A substância injetada pode consistir de esferas minúsculas (chamadas microesferas). Este procedimento também é conhecido como embolização transarterial ou TAE. Algumas vezes, as esferas radioativas são utilizadas para fornecer a radiação ao tumor. Quando o cateter para TAE também é utilizado para injetar medicamentos quimioterápicos, ele é chamado quimioembolização transarterial ou TACE.

Tratamento com Radioterapia.
A radioterapia utiliza raios-x de alta energia (ou partículas) para matar as células cancerígenas. Ela pode ser útil no tratamento do câncer de pâncreas exócrino. Os tumores neuroendócrinos do pâncreas (NETs) não respondem bem à radiação e, assim, ela é raramente utilizada para tratar esses tumores. A radiação é, por vezes, utilizada para tratar NETs de pâncreas que tenham se espalhado para o osso e que estejam causando dor.
Radioterapia com feixes externos é o tipo de radioterapia mais frequentemente utilizada no tratamento de cânceres de pâncreas exócrino. Este tratamento concentra a radiação no câncer a partir de uma máquina fora do corpo. Receber este tipo de radioterapia é como fazer uma radiografia, exceto que cada tratamento tem uma duração maior, e o paciente geralmente recebe 5 tratamentos por semana por um período de semanas ou meses.
Os pacientes podem receber o tratamento no pré-operatório (antes da cirurgia) ou no pós-operatório (após a cirurgia). Se a cirurgia estiver planejada, o tratamento pré-operatório é geralmente preferido, porque o tratamento pós-operatório geralmente tem que ser adiado por várias semanas enquanto o paciente se recupera da cirurgia. O tratamento logo após a cirurgia pode interferir com a cicatrização da ferida.
A radioterapia combinada com a quimioterapia (denominada quimiorradiação ou quimioradioterapia) pode ser utilizada em pacientes cujos tumores de pâncreas exócrino estão muito espalhados para serem removidos pela cirurgia. Também é, por vezes, utilizado após a cirurgia, para auxiliar a evitar que o câncer retorne.
Alguns dos efeitos colaterais comuns da radioterapia incluem:
• Alterações leves na pele (como uma queimadura de sol)
• Náusea e vômito
• Diarreia
• Fadiga
• Falta de apetite
• Perda de peso
A radiação também pode reduzir as contagens sanguíneas e aumentar o risco de infecção séria.
Geralmente, esses efeitos desaparecem algumas semanas após o tratamento ser concluído. Quando a radiação é administrada com a quimioterapia, os efeitos colaterais são geralmente piores. Pergunte ao seu médico quais são os efeitos colaterais esperados e como prevenir ou aliviar esses efeitos.

Tratamento com Quimioterapia.
A quimioterapia (quimio) utiliza medicamentos anticâncer injetados em uma veia ou administrados pela boca. Esses medicamentos entram na corrente sanguínea e atingem todas as áreas do corpo, tornando este tratamento potencialmente útil para cânceres que tenham metastizado (espalhado) para além do órgão em que eles começaram.

Quimioterapia para câncer de pâncreas exócrino
A quimio pode ser utilizada em qualquer estágio do câncer de pâncreas. Ela é comumente utilizada quando o câncer é avançado e não pode ser removido completamente com a cirurgia. A quimio também pode ser utilizada após o câncer ter sido removido com a cirurgia para tentar matar qualquer célula cancerígena que tenha ficado para trás, (mas que não pode ser vista). Este tipo de tratamento é denominado tratamento adjuvante. Ele reduz as chances do câncer retornar. A quimio também pode ser administrada antes da cirurgia para tentar encolher o tumor. Isto é conhecido como tratamento neoadjuvante.
Quando a quimio é administrada juntamente com a radiação, ela pode auxiliar a radiação a funcionar melhor. Isto, conhecido como quimiorradiação ou quimiorradioterapia, apresenta mais efeitos colaterais graves.
A gencitabina (Gemzar®) é o medicamento quimioterápico utilizado com mais frequência para tratar o câncer de pâncreas. Outro medicamento comumente utilizado é 5-fluoruracila (5-FU).
Algumas vezes, outros medicamentos podem ser utilizados juntamente com a gencitabina ou 5-FU, como a cisplatina, irinotecano (Camptosar®, CPT-11), paclitaxel (Taxol®), docetaxel (Taxotere®), capecitabina (Xeloda®) ou oxaliplatina (Eloxitan®).
Os medicamentos quimioterápicos matam as células cancerígenas, mas também danificam algumas células normais. Isto pode levar a efeitos colaterais que dependem do tipo de medicamento, da quantidade tomada e da duração do tratamento. Os efeitos colaterais comuns de curto prazo incluem:
• Náusea e vômito
• Perda de apetite
• Queda de cabelo
• Feridas na boca
• Diarreia

Como a quimioterapia pode afetar a medula óssea, onde novas células sanguíneas são produzidas, as contagens de células sanguíneas podem ficar baixas. Isto pode resultar em:
• Chance aumentada de infecção (com a falta de leucócitos)
• Sangramento ou hematoma após pequenos cortes ou lesões (com a falta de plaquetas)
• Fadiga e falta de ar (com poucos eritrócitos)
Muitos dos medicamentos quimioterápicos utilizados para o câncer de pâncreas podem causar diarreia. Outros efeitos colaterais podem ocorrer dependendo de quais medicamentos quimioterápicos são utilizados. Por exemplo, a cisplatina pode causar dano renal (denominado nefropatia). Os médicos tentam prevenir este problema fornecendo ao paciente, líquidos em abundância antes e após administrar o medicamento. Cisplatina e oxaliplatina podem causar dano ao nervo (denominado neuropatia). Isto pode levar a sintomas de dormência, ardência ou até mesmo dor nas mãos e pés. Por um ou mais dias após o tratamento, a oxaliplatina pode causar dor no nervo que piora com a exposição ao frio. Isto geralmente causa dor na deglutição que é agravada ao deglutir alimentos ou líquidos frios. Se você estiver recebendo quimio, pergunte a equipe de tratamento do câncer sobre os medicamentos que estão sendo utilizados e quais são os efeitos colaterais esperados.
A maioria dos efeitos colaterais desaparece assim que o tratamento é interrompido. Se você apresentar efeitos colaterais, existem tratamentos que podem auxiliar a reduzi-los ou fazer com que eles desapareçam. Por exemplo, podem ser administradas medicações para prevenir ou reduzir a náusea e o vômito.

Terapia dirigida para câncer de pâncreas exócrino
À medida que os pesquisadores aprenderam mais sobre as alterações genéticas em células que causam o câncer, eles puderam ser capazes de desenvolver novos medicamentos que se dirigem especificamente para essas alterações. Esses medicamentos são geralmente referidos como terapia dirigida. Eles trabalham de modo diferente dos medicamentos quimioterápicos padrão e geralmente apresentam diferentes (e menos graves) efeitos colaterais. (Vide “Quais são as novidades na pesquisa e tratamento do câncer de pâncreas?” para mais informações.)
Uma pílula chamada erlotinibe (Tarceva®) tem auxiliado alguns pacientes com câncer de pâncreas avançado. Erlotinibe se dirige a uma proteína na superfície das células cancerígenas chamada EGFR, que normalmente induz o crescimento das células cancerígenas. Quando combinado com gencitabina, ele demonstrou funcionar ligeiramente melhor do que a gencitabina isolada. Algumas pessoas podem se beneficiar mais desta combinação do que outras. Os efeitos colaterais comuns de erlotinibe incluem erupção cutânea semelhante à acne, diarreia, perda de apetite e sensação de cansaço.

Quimioterapia para tumores neuroendócrinos do pâncreas
A quimioterapia (quimio) geralmente não é muito útil para tratar esses tumores e, portanto, geralmente ela não é utilizada. Quando a quimio é utilizada, os medicamentos preferidos são doxorrubicina (Adriamycin®) e estreptozocina. Recentemente, uma forma especial de doxorrubicina, conhecida como doxorrubicina lipossômica (Doxil®) tem sido utilizada no lugar do medicamento convencional. Na forma mais nova, o medicamento é dissolvido em gotículas de gordura, que permite que seja administrado com menos efeitos colaterais sérios. Outros medicamentos quimioterápicos que tem sido úteis no tratamento desses tumores incluem fluoruracila (5-FU), dacarbazina (DTIC) e temozolomida (Temodar®). Alguns estudos recentes demonstraram que a combinação de temozolomida com talidomida ou com capecitabina (Xeloda) pode ser útil.

Terapia dirigida para tumores neuroendócrinos do pâncreas
O medicamento sunitinibe (Sutent®) ataca o crescimento do vaso sanguíneo e outros alvos que estimulam o crescimento da célula cancerígena. Quando utilizado para tratar pacientes com tumores neuroendócrinos do pâncreas (NETs) com disseminação fora do pâncreas, foi demonstrado reduzir o crescimento tumoral e auxiliar a prolongar a vida dos pacientes. Este medicamento é uma pílula que é tomada uma vez ao dia para tratar NETs de pâncreas. Os efeitos colaterais mais comuns são náusea, diarreia, alterações na pele ou cor do cabelo, feridas na boca, fraqueza e baixas contagens de células sanguíneas. Outros possíveis efeitos incluem: cansaço, hipertensão arterial, problemas cardíacos, sangramento, síndrome mão-pé (vermelhidão, dor e descamação da pele das palmas das mãos e solas dos pés) e baixos níveis de hormônios tireoideanos. Este medicamento está aprovado pela FDA para tratar NETs de pâncreas que não podem ser removidos com a cirurgia ou que tenham se espalhado para fora do pâncreas.
Everolimo (Afinitor®) atua bloqueando uma proteína celular conhecida como mTOR, que normalmente promove o crescimento e a divisão celular. Quando utilizado para tratar pacientes com NETs de pâncreas que tenham se espalhado para fora do pâncreas, foi demonstrado reduzir o crescimento tumoral. Ainda não está claro se este medicamento auxilia a prolongar a vida dos pacientes. Everolimo é uma pílula tomada uma vez ao dia para tratar NETs de pâncreas. Os efeitos colaterais comuns deste medicamento incluem feridas na boca, um aumento no risco de infecções, náusea, perda de apetite, diarreia, erupção cutânea, sensação de cansaço ou fraqueza, retenção de líquidos (geralmente nas pernas) e aumento nos níveis sanguíneos de açúcar e colesterol. Um efeito colateral menos comum, porém sério é o dano aos pulmões, que pode causar falta de ar ou outros problemas. Este medicamento está aprovado pela FDA para tratar NETs de pâncreas que não podem ser removidos com cirurgia ou que tenham se espalhado para fora do pâncreas.

Tratando o câncer de pâncreas por estágio.

É difícil estadiar o câncer de pâncreas de forma exata utilizando os testes de imagem. Os médicos devem avaliar bem para decidir antes da cirurgia se existe uma boa chance do câncer ser completamente removido. Os cirurgiões geralmente consideram um câncer de pâncreas exócrino ressecável (completamente removível pela cirurgia) se ele for estadiado como T1, T2 ou T3. Isto significa que ele não se estende além do pâncreas, especialmente nos grandes vasos sanguíneos adjacentes (T4). Não existe um modo exato de avaliar a disseminação do tumor para os linfonodos antes da cirurgia.
Câncer de pâncreas exócrino
Ressecável:
 Se os testes de imagem mostrarem uma chance razoável de remover completamente o câncer, a cirurgia deve ser realizada se possível, uma vez que é a única chance de curar esta doença. Com base no local em que o câncer começou, geralmente é utilizado um procedimento de Whipple (pancreaticoduodenectomia) ou uma pancreatectomia distal.
Infelizmente, mesmo quando a cirurgia tiver removido todo o tumor que pode ser observado, o câncer geralmente retorna. Os estudos tem demonstrado que a administração de quimioterapia (quimio) após a cirurgia pode adiar o retorno do câncer em cerca de 6 meses. Ele também pode auxiliar alguns pacientes a prolongar as suas vidas. Gencitabina (Gemzar) ou 5-FU podem ser utilizados para isso. Ainda não está claro se a adição da radiação à quimio resultaria em mais de um benefício.
Alguns pacientes recebem a quimio, isoladamente ou com a radioterapia (quimiorradiação) antes da cirurgia. Alguns centros preferem fornecer a quimio antes da cirurgia porque a recuperação após a cirurgia é geralmente longa, o que pode atrasar ou até mesmo impedir o seu uso. Porém, ainda não está claro se esta abordagem é melhor do que administrar o tratamento após a cirurgia.

Localmente avançado: Cânceres de pâncreas localmente avançados são aqueles em que o tumor no pâncreas cresceu para dentro dos vasos sanguíneos adjacentes e outros tecidos, porém não se espalhou para o fígado ou órgãos distantes e tecidos. Esses tumores cresceram para uma extensão que não permite a remoção completa pela cirurgia. Diversos estudos tem demonstrado que a remoção parcial do câncer não auxilia os pacientes a prolongar as suas vidas. Deste modo, a cirurgia nesses cânceres é utilizada principalmente para aliviar o bloqueio do ducto biliar ou para desviar um intestino bloqueado causado pelo câncer que pressiona outros órgãos.
As opções de tratamento padrão para cânceres localmente avançados são a quimio e/ou quimiorradiação. Por vezes, este tratamento encolherá o câncer o suficiente para permitir a sua remoção. Quando a radiação é administrada, o medicamento quimioterápico pode ser gencitabina ou 5-FU. A administração da quimio e da radiação juntas pode funcionar melhor para encolher o câncer, porém esta combinação apresenta mais efeitos colaterais, podendo ser mais difícil de tomar do que qualquer tratamento isolado.

Metastático (disseminado): Os cânceres de pâncreas geralmente se espalham primeiro dentro do abdômen (barriga) e para o fígado. Eles também podem se espalhar para os pulmões, osso e cérebro.
Esses cânceres se espalharam muito para serem removidos pela cirurgia ou tratados somente com a radioterapia. Mesmo quando os testes de imagem mostram que a disseminação é somente em uma área do corpo, deve ser considerado que pequenos grupos de células cancerígenas (muito pequenas para serem observadas nos testes de imagem) já estão presentes em outros órgãos do corpo.
Um tratamento padrão para câncer de pâncreas avançado é a quimioterapia com gencitabina. Ele pode encolher o câncer e auxiliar os pacientes a viverem mais. As pessoas que recebem este tratamento também parecem ter menos sintomas relacionados ao seu câncer.
A adição de outros medicamentos à gencitabina pode melhorar a chance dos tumores encolherem e pode auxiliar as pessoas a viverem mais. Até o momento, somente erlotinibe (Tarceva) e capecitabina (Xeloda) demonstraram auxiliar alguns pacientes a viverem mais quando administrados juntamente com a gencitabina.
No geral, o benefício de administrar erlotinibe juntamente com gencitabina foi muito pequeno (pacientes viveram cerca de 2 semanas mais). Erlotinibe não parece auxiliar todos os pacientes e, assim, os especialistas estão tentando encontrar um meio de saber quem deve receber o medicamento e quem deve tentar outro medicamento. Capecitabina também pareceu auxiliar somente algumas das pessoas que a receberam com a gencitabina. A maioria dos médicos fornece quimio com gencitabina para o câncer de pâncreas, e consideram adicionar outro medicamento com base em caso a caso.
Outra opção que pode auxiliar os pacientes a viverem mais é uma combinação de medicamentos quimioterápicos, chamada FOLFIRINOX. Isto consiste de 4 medicamentos: 5-FU, leucovorina, irinotecano e oxaliplatina. Em um estudo, este tratamento auxiliou os pacientes a viverem mais do que com gencitabina, porém tiveram mais efeitos colaterais e, portanto, não é para todos. Além disso, houve recentes problemas para obter um suprimento de leucovorina, devido à escassez nacional deste medicamento. Isto tem limitado a capacidade dos médicos de administrar FOLFIRINOX.
Como os tratamentos agora disponíveis não funcionam bem para a maioria dos pacientes, as pessoas podem considerar participar de um estudo clínico de combinações de quimioterapia (com ou sem radioterapia) e novas terapias direcionadas.
Câncer recidivante: O câncer recebe a denominação de recidivante quando retorna após o tratamento. A recorrência pode ser local (no ou próximo ao mesmo local em que ele começou) ou distante (disseminado para órgãos, como fígado, pulmões ou osso). Quando o câncer de pâncreas exócrino é recidivante, ele é basicamente tratado da mesma forma que o câncer metastático, e é provável que inclua a quimioterapia, se o paciente puder tolerá-la.

Câncer da ampola de Vater
A ampola de Vater é a área em que o ducto pancreático e o ducto biliar comum desembocam para o duodeno (a primeira parte do intestino delgado). O câncer neste local pode iniciar no ducto pancreático, no duodeno ou no ducto biliar comum. A cirurgia com o procedimento de Whipple (pancreaticoduodenectomia) é geralmente bem sucedida como tratamento do câncer com uma taxa de sobrevida de 5 anos de 30% a 50%. Cânceres ampulares mais avançados são tratados como câncer de pâncreas. Em muitos pacientes, o câncer ampular não pode ser diferenciado do câncer de pâncreas até que a cirurgia seja feita. A quimiorradioterapia pós-operatória é geralmente recomendada para pacientes que tiveram uma ressecção bem sucedida do carcinoma ampular.

Tumores neuroendócrinos do pâncreas
Ressecável: Se o tumor é ressecável, ele será removido pela cirurgia. O procedimento utilizado depende do tipo do tumor, do seu tamanho, e da sua localização no pâncreas. A laparoscopia pode ser feita antes da ressecção para localizar melhor e estadiar o tumor. A cirurgia pode variar de pequena como uma enucleação até extensa, como um procedimento de Whipple (pancreatoduodenectomia). Os linfonodos são geralmente removidos para verificar a disseminação do tumor.
Antes de qualquer cirurgia, medicações são geralmente fornecidas para controlar os sintomas causados pelo tumor. Os medicamentos que bloqueiam o ácido estomacal (como inibidores da bomba de prótons) são utilizados para gastrinomas. As pessoas com insulinomas são geralmente tratadas com diazoxida para impedir que os níveis sanguíneos de açúcar fiquem muito baixos. Se o tumor for visível na cintilografia para receptor de somatostatina, octreotida (Somatostatina) pode ser utilizado para controlar os sintomas.
Após a cirurgia, o paciente será observado atentamente para sinais de que o câncer possa ter voltado ou espalhado.

Irressecável: NETs de pâncreas são geralmente de crescimento lento e, assim exames laboratoriais e testes de imagem são utilizados para monitorar o paciente e avaliar os sinais de crescimento tumoral. Muitos pacientes com cânceres que se espalharam para fora do pâncreas se beneficiam do tratamento dos sintomas, como diarreia ou de problemas hormonais com medicamentos, como a octreotida, diazoxida, e inibidores da bomba de prótons. A quimio ou a terapia direcionada é geralmente adiada até o paciente apresentar sintomas que não podem ser controlados com outros medicamentos ou apresente sinais de crescimento tumoral nas varreduras. Quando o tratamento é iniciado, sunitinibe (Sutent) ou everolimo (Afinitor) podem ser utilizados. A cirurgia ou técnicas de ablação também podem ser utilizadas para tratar as metástases no fígado.

E se o tratamento parar de funcionar?

Se o câncer continuar crescendo ou voltar após um tipo de tratamento, é possível que outro plano de tratamento possa ainda curar o câncer, ou pelo menos encolhê-lo o suficiente para ajudar que você viva mais e se sinta melhor. Mas quando uma pessoa tentou muitos tratamentos diferentes e o câncer não melhorou nem um pouco, o câncer tende a se tornar resistente a qualquer tratamento. Se isto acontecer, é importante ponderar os possíveis benefícios limitados de um novo tratamento contra as possíveis desvantagens. Todos tem o seu próprio jeito de avaliar isto.
É possível que seja a parte mais difícil da sua batalha contra o câncer – quando você passou por muitos tratamentos médicos e nada está mais funcionando. O seu médico pode oferecer a você novas opções, porém em um determinado momento você pode precisar considerar que é improvável que o tratamento melhore a sua saúde ou modifique o seu resultado ou sobrevida.
Se você quiser continuar a receber tratamento pelo tempo que puder, você precisa considerar as chances do tratamento ter algum benefício e como isto se compara com os possíveis riscos e efeitos colaterais. Em muitos casos, o seu médico pode estimar a probabilidade do câncer responder ao tratamento que você está considerando. Por exemplo, o médico pode dizer que mais quimio ou radiação pode ter cerca de 1% de chance de funcionar. Algumas pessoas ainda são tentadas a fazer isso. Porém, é importante pensar e entender seus motivos para escolher este plano.
Independentemente do que decidir fazer, você precisa se sentir o melhor que puder. Certifique-se que pedir e receber tratamento para qualquer sintoma que você possa ter, como náusea ou dor. Este tipo de tratamento é chamado cuidado paliativo.
O cuidado paliativo ajuda a aliviar sintomas, porém não se espera que cure a doença. Ele pode ser administrado juntamente com o tratamento para o câncer, ou pode até mesmo ser o tratamento para o câncer. A diferença é a sua finalidade — a principal finalidade do cuidado paliativo é melhorar a qualidade da sua vida, ou te ajudar a se sentir o melhor que puder pelo tempo que puder. Por vezes, isto significa utilizar medicamentos que auxiliam com sintomas como dor ou náusea. Algumas vezes, no entanto, os tratamentos utilizados para controlar os seus sintomas são os mesmos utilizados para tratar o câncer. Por exemplo, a radiação pode ser utilizada para ajudar a aliviar a dor óssea causada pelo câncer que se espalhou para os ossos. Ou a quimio pode ser utilizada para auxiliar a encolher um tumor e mantê-lo do bloqueio dos intestinos. Porém, não é o mesmo que o tratamento que tenta curar o câncer.
Em um determinado momento, você pode se beneficiar do cuidado paliativo. Este é um cuidado especial que trata a pessoa, e não a doença; ele foca na qualidade e não na duração de vida. Na maior parte do tempo, ele é administrado em casa. O seu câncer pode estar causando problemas que precisam ser controlados, e o cuidado paliativo foca em seu conforto. Você deve saber que, enquanto receber o cuidado paliativo, isto geralmente significa o fim dos tratamentos, como a quimio e a radiação, não significa que você não pode receber tratamento para os problemas causados pelo seu câncer ou outras condições de saúde. No cuidado paliativo, o foco do seu cuidado é sobre viver a vida o mais plenamente possível e sentir-se o melhor que puder neste momento difícil.
Manter a esperança também é importante. A sua esperança para uma cura pode não ser tão favorável, mas ainda existe esperança para passar bons momentos com a família e amigos – tempo que pode ser preenchido com alegria e significado. Fazendo uma pausa neste momento no tratamento para o seu câncer lhe dá uma chance de ter um novo foco nas coisas mais importantes na sua vida. Agora é o momento de fazer algumas coisas que você sempre quis fazer e parar da fazer coisas que não quer mais fazer. Embora o câncer possa estar além do seu controle, ainda existem escolhas que você pode fazer.

TERAPIAS COMPLEMENTARES E ALTERNATIVAS

Quando você tem câncer, é provável que ouça maneiras para tratar o seu câncer  ou aliviar os sintomas que o seu médico não mencionou. Todos, incluindo amigos, familiares, comunidades na Internet e sites da Internet oferecem ideias que podem ser úteis. Esses métodos podem incluir vitaminas, fitoterápicos e dietas especiais ou outros métodos, tais como acupuntura ou massagem, para citar alguns.

O que são exatamente terapias complementares e alternativas?
Ninguém utiliza esses termos da mesma forma, e eles são utilizados para se referir a muitos métodos diferentes e, portanto, podem causar confusão. Utilizamos complementar para se referir a tratamentos que são utilizados juntamente com o seu tratamento médico regular. Tratamentos alternativos são utilizados ao invés do tratamento médico indicado pelo médico.
Métodos complementares: A maioria dos métodos de tratamento complementar não são oferecidos como curas para o câncer. Eles são principalmente utilizados para auxiliar você a se sentir melhor. Alguns métodos que são utilizados juntamente com o tratamento regular são meditação para reduzir o estresse, acupuntura para aliviar a dor ou chá de menta para aliviar a náusea. Alguns métodos complementares têm o seu efeito auxiliar conhecido, ao passo que outros ainda não foram testados. Alguns comprovaram ser úteis e alguns demonstraram ser prejudiciais.
Tratamentos alternativos: Tratamentos alternativos podem ser oferecidos como curas para o câncer. Esses tratamentos não demonstraram ser seguros e eficazes nos estudos clínicos. Alguns desses métodos podem constituir um risco ou ter efeitos colaterais de risco à vida. Porém, o maior perigo na maioria dos casos é que você pode perder a chance de ser beneficiado pelo tratamento médico padrão. Atrasos ou interrupções em seus tratamentos médicos podem dar ao câncer mais tempo para crescer e fazer com que seja menos provável que o tratamento o auxilie.

Para saber mais
É fácil entender por que as pessoas com câncer consideram os métodos alternativos. Você quer fazer tudo que está ao seu alcance para lutar contra o câncer, e a ideia de um tratamento sem efeitos colaterais parece ótima. Algumas vezes, tratamentos médicos, como quimioterapia, podem ser difíceis de tolerar ou podem não mais estar funcionando. Porém a verdade é que a maioria desses métodos alternativos não foi testada e não provou funcionar no tratamento do câncer.
Ao considerar as suas opções, aqui vão 3 etapas importantes que você pode considerar:
• Procure por “sinais de alerta que sugiram fraude. O método promete curar todos ou a maioria dos cânceres? Foi recomendado que você não faça tratamentos médicos regulares? O tratamento é um segredo que requer que você visite determinados profissionais ou viaje para outro país?

A escolha é sua
Será sempre você que tomará a decisão sobre como tratar ou controlar o seu câncer. Se quiser utilizar um tratamento não convencional, saiba tudo que puder sobre o método e converse com o seu médico sobre isso. Com boas informações e o suporte da sua equipe de tratamento de saúde, você pode ser capaz de utilizar com segurança os métodos que podem auxiliá-lo, evitando ao mesmo tempo aqueles que eles possam ser prejudiciais.

O QUE PERGUNTAR AO MÉDICO?

É importante que tenha discussões francas, abertas com a sua equipe de tratamento do câncer. Eles querem responder todas as suas perguntas, não importando quão pequenas elas podem parecer para você. Por exemplo, considere essas perguntas:
• Que tipo de câncer de pâncreas eu tenho?
• O meu câncer se espalhou para fora do local primário?
• Qual é o estágio do meu câncer? Ele é ressecável?
• Quais são as minhas opções de tratamento?
• O que você recomenda e porquê?
• Quais os riscos ou efeitos colaterais dos tratamentos que você sugere?
• Como o tratamento afetaria as minhas atividades diárias?
• Quais as chances do tratamento me ajudar?
• Qual é a sua experiência com este tipo de tratamento?
• Qual é a experiência do hospital no tratamento de pessoas com este câncer?
• Devo ser encaminhado para um centro oncológico para tratamento?
• Devo considerar participar de um estudo clínico?
• Com base no que você sabe sobre o meu câncer, qual é o meu tempo de vida?
• O que devo fazer para me preparar para o tratamento?
Juntamente com esses exemplos de pergunta, certifique-se de anotar algumas das suas perguntas. Por exemplo, você pode perguntar sobre obter uma segunda opinião.

É preciso que o médico e o paciente estejam sempre atentos ao  estadiamento da doença! Mas, o que é estadiamento? São os estágios que o câncer está no momento, ou seja, o tamanho, a localização e se espalhou para outros órgãos. O estádio de um tumor reflete não apenas a taxa de crescimento e a extensão da doença, mas também o tipo de tumor e sua relação com o hospedeiro.

O estadiamento pode ser clínico e patológico. O estadiamento clínico é estabelecido a partir dos dados do exame físico e dos exames complementares. O estadiamento patológico baseia-se nos achados cirúrgicos e no exame anátomopatológico – é estabelecido após tratamento cirúrgico e determina a extensão da doença com maior precisão. Lembrando que o estadiamento patológico pode ou não coincidir com o estadiamento clínico e não é aplicável a todos os tumores.

E o estadiamento para o Câncer de Pâncreas, como funciona?

Médicos usam vários sistemas para o estágio do câncer de pâncreas. O método utilizado para o estadiamento de outros tipos de câncer, chamado de classificação TNM (abreviatura de tumor, linfonodo e metástase), não é muito utilizado para o câncer de pâncreas. A maneira mais comum de classificar o câncer de pâncreas é dividi-lo em 4 categorias que são baseadas em duas opções: se ele pode ser removido com cirurgia e onde já se espalhou . Conheça as categorias:

  • Ressecável

Este tipo de câncer de pâncreas pode ser removido cirurgicamente. O tumor pode ser localizado apenas no pâncreas ou se estende além dele, mas não ter crescido em importantes artérias ou veias na região. Não há evidências de que o tumor tenha se espalhado para áreas fora do pâncreas. Aproximadamente 10% a 15% dos pacientes são diagnosticados neste estágio.

  • Margem Ressecada

Esta categoria descreve um tumor que pode ser difícil ou impossível de se remover cirurgicamente quando é diagnosticado pela primeira vez, mas se a quimioterapia e/ou radioterapia for capaz de encolher o tumor antes,ele poderá ser removido mais tarde com margens negativas. A margem negativa significa que nenhuma célula cancerígena visível é deixada para trás.

  • Localmente Avançado

Este tipo ainda está localizado apenas na área ao redor do pâncreas, mas não pode ser removido cirurgicamente porque cresceu em artérias ou veias próximas ou para órgãos próximos. No entanto, não há sinais de que se espalhou para qualquer partes distantes do corpo. Aproximadamente 35% a 40% dos pacientes são diagnosticados com esta fase.

  • Metastático

O tumor se espalhou para além da área do pâncreas e para outros órgãos, como o fígado ou áreas distantes do abdômem. Aproximadamente 45% a 55% dos pacientes são diagnosticados com esta fase.

Ao classificar cada câncer em uma dessas categorias, a equipe de saúde pode planejar a melhor estratégia de tratamento.

Sistema de estadiamento TNM
Médicos freqüentemente usam o sistema TNM para definir o estágio de outros tipos de câncer. Eles, geralmente, conseguem classificar um tumor apenas durante a cirurgia e muitos pacientes com câncer de pâncreas não recebem cirurgia. Portanto, o sistema TNM não é usado tanto para o câncer pancreático quanto para outros cânceres.

Para o sistema TNM, os médicos usam os resultados de exames de diagnóstico para responder a estas perguntas:

  • Tumor (T) : Qual é o tamanho do tumor primário? Onde está localizado?

  • Nó (N) : O tumor se espalhou para os gânglios linfáticos? Se sim, onde e quantos?

  • Metástase (M) : O câncer se espalhou para outras partes do corpo? Se sim, onde e quanto?

Os resultados são combinados para determinar o estágio do câncer para cada pessoa. Existem 5 estágios: estágio 0 (zero) e estágios I a IV (1 a 4). O estágio fornece uma maneira comum de descrever o câncer, para que os médicos possam trabalhar juntos para planejar o melhor tratamento. Abaixo estão mais detalhes sobre cada parte do sistema TNM para o câncer de pâncreas:

Tumor (T)
Usando o sistema TNM, o “T” mais uma letra ou número (0 a 4) é usado para descrever o tamanho e a localização do tumor. Isso ajuda o médico a desenvolver o melhor plano de tratamento para cada paciente. Informação específica do estádio do tumor listada abaixo.
TX:  O tumor primário não pode ser avaliado.
T0:  Nenhuma evidência de câncer foi encontrada no pâncreas.
Tis:  Refere-se ao carcinoma in situ, que é um câncer muito precoce que não se espalhou.
T1:  O tumor está no pâncreas apenas, e é 2 centímetros (cm) ou menor em tamanho.
T2:  O tumor está apenas no pâncreas, e é maior do que 2 cm.
T3:  O tumor estende-se além do pâncreas, mas não envolve as principais artérias ou veias perto do pâncreas.
T4:  O tumor se estende além do pâncreas, em grandes artérias ou veias próximos a ele. Um tumor T4 não pode ser completamente removido com a cirurgia.
Nó (N)

O “N” no sistema de estadiamento TNM é para os gânglios linfáticos. Os linfonodos são pequenos órgãos em forma de feijão localizados em todo o corpo que ajudam a combater infecções e doenças como parte do sistema imunológico. No câncer pancreático, os linfonodos regionais são os linfonodos próximos ao pâncreas e os distantes são os linfonodos localizados em outras partes do corpo.
NX:  Os gânglios linfáticos regionais não podem ser avaliados.
N0:  Câncer não foi encontrado nos gânglios linfáticos regionais.
N1: O  câncer se espalhou para os gânglios linfáticos regionais.

Metástase (M)
O “M” no sistema TNM indica se o câncer se espalhou para outras partes do corpo, chamado de metástase distante.
MX:  A metástase distante não pode ser avaliada.
M0:  A doença não se espalhou para outras partes do corpo.
M1: O Câncer se espalhou para outra parte do corpo, incluindo linfonodos distantes. O câncer de pâncreas comumente se espalha para o fígado e para o revestimento da cavidade abdominal chamado peritônio e pulmões.

Estágio do câncer

Os médicos atribuem o estágio do câncer combinando as classificações T, N e M.

Estágio 0:  Refere-se ao câncer in situ, no qual o câncer ainda não cresceu fora do ducto no qual ele começou (Tis, N0, M0).

Estágio IIA:  Um tumor estende-se além do pâncreas, mas não se espalhou para as artérias ou veias próximas. Não se espalhou para nenhum dos gânglios linfáticos ou outras partes do corpo (T3, N0, M0).

Estágio IIB:  Um tumor de qualquer tamanho não se espalhou para artérias ou veias próximas. Ele se espalhou para os gânglios linfáticos, mas não para outras partes do corpo (T1, T2 ou T3, N1, M0).

Estágio III:  Um tumor se espalhou para artérias, veias e / ou linfonodos próximos, mas não se espalhou para outras partes do corpo (T4, N1, M0).

Estágio IV:  Qualquer tumor que se espalhou para outras partes do corpo (qualquer T, qualquer N, M1).

Recorrente: é o câncer que voltou após o tratamento. Se o câncer não retornar, haverá outra rodada de testes para aprender sobre a extensão da recorrência. Esses exames são frequentemente semelhantes aos feitos no momento do diagnóstico original.

O que é?
O pâncreas normal

pâncreas é um órgão localizado atrás do estômago. Ele tem um formato um pouco semelhante a um peixe com uma cabeça larga, corpo cônico e uma cauda estreita e pontuda. Mede cerca de 6 polegadas de comprimento, mas menos de 2 polegadas de largura e se estende horizontalmente através do abdômen. A cabeça do pâncreas está do lado direito do abdômen (barriga), atrás do local em que o estômago se encontra com o duodeno (a primeira parte do intestino delgado). O corpo do pâncreas está localizado atrás do estômago e a cauda do pâncreas está do lado esquerdo próximo ao baço.
O pâncreas contem 2 diferentes tipos de glândulas: exócrina e endócrina.

As glândulas exócrinas produzem o “suco” pancreático, que é liberado para os intestinos. Este suco contem enzimas que auxiliam na digestão de gorduras, proteínas e carboidratos do alimento que você consome. Sem elas, alguns dos alimentos que você consome apenas passariam pelos seus intestinos sem serem absorvidos. As enzimas são liberadas em pequenos tubos chamados ductos. Esses pequenos tubos se fundem para formar ductos maiores que desembocam no ducto pancreático. O ducto pancreático se funde com o ducto biliar comum (o ducto que transporta a bile do fígado) e esvazia o suco pancreático no duodeno (a primeira parte do intestino delgado) na ampola de Vater. Mais de 95% das células no pâncreas são glândulas exócrinas e ductos.

Uma pequena porcentagem das células no pâncreas são células endócrinas. Essas células estão dispostas em pequenos aglomerados chamados ilhotas (ou ilhotas de Langerhans). As ilhotas liberam hormônios importantes, como insulina e glucagon, diretamente para o sangue. A insulina reduz a quantidade de açúcar no sangue, ao passo que o glucagon aumenta. O diabetes resulta de um defeito na produção de insulina.

TIPOS DE TUMORES
As células exócrinas e células endócrinas do pâncreas formam tipos completamente diferentes de tumores.

Tumores exócrinos

Tumores exócrinos são de longe o tipo mais comum de câncer de pâncreas. Quando alguém diz que tem câncer de pâncreas, isto geralmente quer dizer que se trata de um câncer de pâncreas exócrino. Cistos benignos (não cancerosos) e tumores benignoschamados cistoadenomas podem ocorrer, porém a maioria dos tumores exócrinos de pâncreas são malignos (cancerosos). Um adenocarcinoma é um câncer que começa nas células glandulares. Cerca de 95% dos cânceres exócrinos de pâncreas são adenocarcinomas. Esses cânceres geralmente começam nos ductos pancreáticos, porém, às vezes, se desenvolvem a partir de células que produzem as enzimas pancreáticas (carcinomas de células acinares).

Os tipos menos comuns de cânceres de ducto do pâncreas exócrino incluem carcinomas adenoescamosos, carcinomas de células escamosas e carcinomas de células gigantes.

Esses tipos são diferenciados um do outro com base no modo como eles se apresentam no microscópio.
O tratamento de um câncer de pâncreas exócrino é, em grande parte, baseado no estágio do câncer, e não no seu tipo exato. O estágio do câncer descreve o tamanho do tumor e até onde ele se espalhou. O estadiamento do câncer de pâncreas está descrito mais adiante neste documento.

Um tipo especial de câncer, chamado câncer ampular (ou carcinoma da ampola de Vater)merece ser citado neste documento. O local em que o ducto biliar e o ducto pancreático se unem e desembocam no duodeno é chamado de ampola de Vater. Os cânceres que se iniciam ali são chamados cânceres ampulares. Esses cânceres geralmente bloqueiam o ducto biliar, enquanto ainda estão pequenos e não se espalharam. Este bloqueio causa o acúmulo da bile no corpo, o que leva ao amarelamento da pele e dos olhos (icterícia), podendo tornar a urina escura. Isto é um sinal facilmente reconhecido de que algo está errado. É por isso que os cânceres ampulares são geralmente encontrados em um estágio precoce do que a maioria dos cânceres de pâncreas, o que significa que eles geralmente apresentam um melhor prognóstico (perspectiva) do que os cânceres de pâncreas comuns.
Os cânceres ampulares estão incluídos com o câncer de pâncreas neste documento porque seus tratamentos são semelhantes.

Tumores endócrinos

Os tumores endócrinos de pâncreas são incomuns. Como um grupo, eles são conhecidos como tumores neuroendócrinos de pâncreas (NETs), ou, às vezes, como tumores de células da ilhota. Eles são diversos subtipos de tumores de células da ilhota. Cada um recebe uma denominação de acordo com o tipo de célula produtora de hormônio em que a doença se inicia:

  • Insulinomas vem das células que produzem a insulina.
  • Glucagonomas vem das células que produzem o glucagon.
  • Gastrinomas vem das células que produzem a gastrina.
  • Somatostatinomas vem das células que produzem a somatostatina.
  • VIPomas vem das células que produzem o peptídeo vasoativo intestinal (VIP).
  • PPomas vem de células que produzem polipeptídeo pancreático.

Tumores carcinoides são outro tipo de NET de pâncreas. Esses tumores geralmente produzem a serotonina (também chamada 5-HT) ou seu precursor, 5-HTP.
Cerca da metade dos NETs de pâncreas produzem hormônios que são liberados no sangue e, portanto são denominados tumores funcionais. Tumores que não produzem hormônios são denominados não funcionais.
Os tumores de células da ilhota podem ser benignos ou malignos.

Os tumores benignos são chamados tumores neuroendócrinos de pâncreas, ao passo que os tumores malignos são denominados cânceres ou carcinomas neuroendócrinos de pâncreas. Os tumores malignos e benignos podem parecer muito semelhantes sob o microscópio e, portanto nem sempre fica claro no momento do diagnóstico se o câncer é ou não um NET. O diagnóstico, por vezes, somente se torna claro quando o tumor se espalhou para fora do pâncreas.

Os cânceres neuroendócrinos de pâncreas constituem menos de 4% de todos os cânceres de pâncreas diagnosticados. O tratamento e prognóstico depende do tipo específico do tumor e do estágio (extensão) do tumor, porém o prognóstico é geralmente melhor do que o dos cânceres exócrinos de pâncreas. Os tipos mais comuns de tumores endócrinos de pâncreas são gastrinomas e insulinomas.

Os outros tipos ocorrem mais raramente.

É muito importante diferenciar o câncer de pâncreas exócrino do endócrino. Eles apresentam fatores de risco e causas distintas, possuem sinais e sintomas diferentes, são diagnosticados utilizando diferentes testes, são tratados de modo diferente e apresentam diferentes prognósticos. Neste documento, o termo tumor neuroendócrino do pâncreas é utilizado para tumores endócrinos benignos e malignos do pâncreas.

Termos comumente utilizados para descrever o câncer de pâncreas.
De um ponto de vista prático, a extensão que o câncer se espalhou geralmente não pode ser determinada de modo exato até a cirurgia. É por este motivo que os médicos utilizam um sistema de estadiamento mais simples, que divide os cânceres em grupos com base da sua probabilidade de poder ou não ser removido cirurgicamente. Esses grupos são denominados ressecáveis, localmente avançados (irressecável) e metastáticos. Esses termos são utilizados para descrever os cânceres de pâncreas exócrino e endócrino.

Ressecável
Se o câncer está somente no pâncreas (ou se espalhou um pouco além dele) e o cirurgião puder retirar todo o tumor, ele é denominado ressecável.

Localmente avançado (irressecável)
Se o câncer não tiver ainda se espalhado para órgãos distantes, porém ainda não pode ser completamente removido com a cirurgia, ele é denominado localmente avançado. Muitas vezes o motivo pelo qual o câncer não pode ser removido é porque muito dele está presente nos vasos sanguíneos adjacentes. Como o câncer não pode ser removido inteiramente pela cirurgia, ele também é denominado irressecável. Para esses tumores, a cirurgia somente seria feita para aliviar os sintomas ou problemas como um ducto biliar ou trato intestinal bloqueado.

Metastático
Quando o câncer tiver se espalhado para órgãos distantes, ele é denominado metastático. A cirurgia ainda pode ser realizada, porém o objetivo seria aliviar os sintomas, não curar o câncer.

Fatores de Risco

Um fator de risco é qualquer coisa que afete a sua chance de desenvolver uma doença como o câncer. Diferentes cânceres tem diferentes fatores de risco. Alguns fatores de risco, como o tabagismo podem ser modificados. Outros, como a idade ou histórico familiar de uma pessoa não podem ser modificados. Porém, os fatores de risco não dizem tudo. Ter um fator de risco ou, até mesmo diversos fatores de risco, não significa que você terá a doença. E muitas pessoas que desenvolvem a doença podem não ter nenhum dos fatores de risco conhecidos.

Os pesquisadores encontraram diversos fatores que afetam as chances de uma pessoa desenvolver câncer de pâncreas. A maioria dele são fatores de risco para câncer de pâncreas exócrino.

Idade
O risco de desenvolver câncer de pâncreas aumenta com a idade. Quase todos os pacientes têm mais de 45 anos de idade. Em torno de 90% tem mais de 55 anos e mais de 70% tem idade acima de 65 anos. A idade média no momento do diagnóstico é de 72 anos.

Sexo
Homens são ligeiramente mais propensos a desenvolver o câncer de pâncreas do que as mulheres. Isto pode ser, pelo menos em parte, devido ao uso aumentado do tabaco pelos homens. A diferença no risco de câncer de pâncreas foi mais pronunciada no passado (quando o uso do tabaco era muito mais comum entre homens do que em mulheres), porém essa lacuna se fechou nos últimos anos.

Raça
Afro-americanos são mais propensos a desenvolver o câncer de pâncreas do que os caucasianos. Os motivos não estão claros, porém pode ser, em parte, devido às maiores taxas de tabagismo e diabetes nos homens e pelo sobrepeso observado nas mulheres.

Tabagismo
O risco de desenvolver câncer de pâncreas é 2 a 3 vezes maior entre os fumantes. Os cientistas acreditam que isto possa ser devido às substâncias químicas causadoras do câncer presentes na fumaça do cigarro que entram na circulação sanguínea e danificam o pâncreas. Cerca de 20% a 30% dos casos de câncer exócrino de pâncreas são considerados como sendo causados pelo tabagismo.
As pessoas que utilizam tabaco sem fumaça também são mais propensos a desenvolver câncer de pâncreas exócrino.

Obesidade e atividade física
Pessoas muito acima do peso (obesas) são mais propensas a desenvolver câncer de exócrino pâncreas, assim como as pessoas que não praticam muita atividade física. O exercício reduz o risco deste tipo de câncer.

Diabetes
O câncer de pâncreas exócrino é mais comum em pessoas que apresentam diabetes. O motivo para esta ligação é desconhecido. Grande parte do risco é observada em pessoas com diabetes tipo 2. Este tipo de diabetes se inicia, com mais frequência, na idade adulta. Ele está geralmente relacionado ao sobrepeso ou obesidade. Não está claro se as pessoas com diabetes tipo 1 (juvenil) apresentam um risco acima da média. Em alguns pacientes, no entanto, o câncer parece ter causado o diabetes (e não o contrário).

Pancreatite crônica
A pancreatite crônica é uma inflamação crônica do pâncreas. Esta condição está associada a um risco aumentado de câncer de pâncreas, porém a maioria dos pacientes com pancreatite nunca desenvolve o câncer de pâncreas. A ligação entre pancreatite crônica e câncer de pâncreas é mais forte em fumantes.
Um pequeno número de casos de pancreatite crônica parece ser devido a uma mutação gênica herdada (vide Histórico familiar). As pessoas com esta forma herdada de pancreatite crônica parecem ter um alto risco durante a vida de desenvolver o câncer de pâncreas (cerca de 40% a 75%).

Cirrose hepática
A cirrose é uma cicatriz do fígado. Ela se desenvolve em pessoas com dano hepático ocasionado por fatores, como hepatite e consumo de bebidas alcoólicas. Pessoas com cirrose parecem ter um risco aumentado de câncer de pâncreas.

Exposição ocupacional
A exposição intensa no trabalho a determinados pesticidas, corantes e substâncias químicas utilizadas no refinamento do metal pode aumentar o risco de desenvolver câncer de pâncreas.

Histórico familiar
O câncer de pâncreas parece ser hereditário em algumas famílias. Em algumas dessas famílias, o alto risco é devido à síndrome herdada (explicada na próxima seção, Síndromes genéticas ). Em outras famílias, o gene que causa o risco elevado de câncer de pâncreas é desconhecido.

Síndromes genéticas
Mutações gênicas herdadas são cópias anormais de determinados genes que podem ser passados de pai para filho. Esses genes anormais podem causar até 10% dos cânceres de pâncreas e também causar outros problemas. Exemplos de síndromes genéticas que podem causar câncer exócrino de pâncreas incluem:
• Síndrome do câncer de mama e de ovário hereditário causado por mutações no gene BRCA2
• Melanoma familiar causado por mutações no gene p16
• Pancreatite familiar causada por mutações no gene PRSS1
• Câncer colorretal hereditário não polipose (HNPCC), mais frequentemente causado por um defeito no gene MLH1 ou no gene MSH2. Pelo menos 5 outros genes também podem causar o HNPCC: MLH3, MSH6, TGBR2, PMS1 e PMS2. Este transtorno também é conhecido como síndrome de Lynch.
• Síndrome de Peutz-Jeghers (PJS) causada por defeitos no gene STK1. Esta síndrome também está associada a pólipos no trato digestivo e a diversos outros cânceres
• Síndrome de Von Hippel-Lindau causada por mutações no gene VHL, podendo levar a um risco aumentado de câncer de pâncreas e carcinoma da ampola de Vater.
Tumores neuroendócrinos de pâncreas e cânceres também podem ser causados por uma síndrome genética, como:
• Neurofibromatose tipo 1 que é causada por mutações no gene NF1. Esta síndrome leva a um risco aumentado de muitos tumores, incluindo somatostatinomas.
• Neoplasia endócrina múltipla tipo 1 causada por mutações no gene MEN1, leva a um risco aumentado de tumores da glândula paratireoide, glândula pituitária e das células da ilhota do pâncreas.
Os cientistas encontraram os genes que causam as síndromes listadas acima, possibilitando que eles sejam reconhecidos pelo teste genético. Para mais informações sobre teste genético, vide a seção “O câncer de pâncreas pode ser detectado precocemente?”

Problemas estomacais
A infecção do estômago com a bactéria Helicobacter pylori (H. pylori) causadora da úlcera pode aumentar o risco de desenvolver o câncer de pâncreas. Alguns pesquisadores acreditam que o excesso de ácido no estômago também pode aumentar o risco.

Dieta
Alguns estudos associaram o câncer de pâncreas às dietas ricas em gordura, ou aquelas que incluem muita carne vermelha, carne de porco e carne processada (como salsicha e bacon). Outros descobriram que dietas ricas em frutas e vegetais podem auxiliar na redução do risco de câncer de pâncreas. Mas nem todos os estudos encontraram essas associações, e o papel exato da dieta em relação ao câncer de pâncreas ainda está sendo estudado.

Café
Alguns estudos anteriores sugeriram que o café pode aumentar o risco de câncer de pâncreas, porém isto não foi confirmado nos estudos mais recentes.

Álcool
A maioria dos estudos não encontrou uma associação entre o consumo de álcool e o câncer de pâncreas. Porém o consumo excessivo de álcool pode aumentar o risco de diabetes, cirrose hepática e pancreatite crônica, que são fatores de risco para o câncer de pâncreas.

 

As causas do câncer de pâncreas são conhecidas?

Os cientistas ainda não sabem exatamente o que causa a maioria dos casos de câncer de pâncreas, mas eles descobriram diversos fatores de risco que podem fazer uma pessoa ser mais propensa a desenvolver esta doença. Uma pesquisa recente demonstrou que alguns desses fatores de risco afetam o DNA das células do pâncreas, o que pode resultar no crescimento celular anormal e causar a formação de tumores.
Os pesquisadores fizeram grandes progressos no entendimento sobre como determinadas alterações no DNA podem fazer que células normais se tornem cancerígenas. O DNA é a substância química em cada célula que carrega os nossos genes – as instruções sobre como nossas células devem funcionar. Somos parecidos com nossos pais, porque eles são a origem do nosso DNA. Porém, o DNA afeta mais do que a nossa aparência. Alguns genes contem instruções para controlar quando nossas células crescem e se dividem. Determinados genes que promovem a divisão celular são chamados de oncogenes. Outros que retardam a divisão celular ou causam a morte das células no momento certo são denominados genes supressores de tumor. Os cânceres podem ser causados por mutações no DNA (defeitos) que ligam os oncogenes ou desligam os genes supressores de tumor.
Diversas síndromes familiares de câncer foram descobertas em que as mutações no DNA herdadas causam um risco muito alto de desenvolver determinados cânceres. Em alguns deles, há um risco aumentado de desenvolver o câncer de pâncreas. Os pesquisadores caracterizaram muitas dessas alterações do DNA nos últimos anos. (Vide seção, “Quais são os fatores de risco para o câncer de pâncreas?”)
As mutações no DNA de oncogenes ou de genes supressores de tumor relacionados aos cânceres de pâncreas ocorrem com mais frequência após o nascimento e não por terem sido herdados. Essas mutações adquiridas podem resultar de substâncias químicas causadoras de câncer em nosso ambiente, dieta ou tabagismo. Elas ocorrem, por vezes, sem nenhum motivo aparente.
As alterações no DNA observadas em casos esporádicos (não herdadas) de câncer de pâncreas são geralmente as mesmas observadas nos casos herdados. Por exemplo, a maioria dos casos esporádicos de câncer de pâncreas exócrino apresenta alterações no gene p16. Este é o motivo pelo qual os cientistas estão estudando casos herdados rigorosamente para saber mais sobre o que causa o câncer de pâncreas. Algumas anormalidades específicas no DNA recentemente descobertas no câncer de  pâncreas estão discutidas na seção, “Quais são as novidades na pesquisa e tratamento do câncer de pâncreas?”

O câncer de pâncreas pode ser prevenido?

Não existem diretrizes estabelecidas para a prevenção do câncer de pâncreas. No momento, a melhor abordagem é evitar os fatores de risco do câncer de pâncreas sempre que possível.
O tabagismo é o fator de risco evitável mais importante para o câncer de pâncreas. Ele é responsável por 20% a 30% dos cânceres de pâncreas. O tabagismo também aumenta o risco de muitos outros cânceres, tais como o câncer de pulmão, boca, laringe (cordas vocais), esôfago, rins, bexiga urinária e alguns outros órgãos.
Manter um peso saudável, ter uma dieta saudável e praticar atividade física também são importantes. A Sociedade Americana do Câncer recomenda selecionar alimentos e bebidas em quantidades que auxiliem a atingir e manter um peso saudável. Adotar uma dieta saudável, com ênfase em vegetais, isto inclui consumir pelo menos 2½ xícaras de vegetais e frutas diariamente. Selecionar pães, massas e cereais integrais ao invés de grãos refinados, e consumir peixe, frango ou leguminosas no lugar de carne processada e carne vermelha também podem auxiliar a reduzir o risco de câncer, bem como de algumas outras doenças.

Sintomas
SINAIS E SINTOMAS DO CÂNCER DE PÂNCREAS EXÓCRINO

Icterícia
A icterícia é o amarelamento dos olhos e da pele causado pelo acúmulo de bilirrubina no corpo. A bilirrubina é uma substância amarelo-castanho escuro que é produzida no fígado. Normalmente, o fígado excreta bilirrubina na bile. A bile passa pelo ducto biliar comum para os intestinos, deixando por fim o corpo nas fezes. Quando o ducto biliar comum fica bloqueado, a bile não pode atingir os intestinos, acumulando a bile. Pelo menos metade de todas as pessoas com câncer de pâncreas e em todas as pessoas com câncer ampular apresentam icterícia.
Os cânceres que se iniciam na cabeça do pâncreas estão próximos do ducto biliar comum. Esses cânceres podem comprimir o ducto enquanto eles ainda estão relativamente pequenos. Isto pode levar a icterícia, que pode permitir que esses tumores sejam encontrados em um estágio inicial. Mas os cânceres que se iniciam no corpo ou cauda do pâncreas não comprimem o ducto até que tenham se espalhado pelo pâncreas. Nesse momento, o câncer pode ter também se espalhado para além do pâncreas.
Quando o câncer de pâncreas se espalha, ele geralmente vai para o fígado. Isto também pode levar a icterícia.
O primeiro sinal de icterícia é, por vezes, o escurecimento da urina pela bilirrubina. À medida que os níveis de bilirrubina no sangue aumentam, a urina começa a ter uma coloração castanha.
Se o ducto biliar estiver bloqueado, a bile (e bilirrubina) não conseguem passar para o intestino. Quando isto ocorre, uma pessoa pode observar que a coloração de suas fezes se torna mais clara.
Quando a bilirrubina se acumula na pele, ela se torna amarela e começa a provocar coceira.
O câncer não é a causa mais comum de icterícia. Outras causas, como cálculos biliares, hepatite e outras doenças hepáticas são muito mais comuns.

Dor abdominal ou lombar
Dor no abdômen ou na região lombar é comum no câncer de pâncreas avançado. Os cânceres que começam no corpo ou cauda do pâncreas podem crescer consideravelmente e começar a comprimir outros órgãos vizinhos causando dor. O câncer também pode se espalhar para os nervos em torno do pâncreas, o que geralmente causa a dor lombar. A dor pode ser constante ou pode surgir e desaparecer. O câncer de pâncreas não é evidentemente a causa comum da dor no abdômen ou na região lombar. Ela é mais frequentemente causada por uma doença não cancerosa ou até mesmo outro tipo de câncer.

Perda de peso e falta de apetite
A perda de peso não intencional ou inesperada é muito comum em pacientes com câncer de pâncreas.
Essas pessoas também se queixam de extremo cansaço e apresentam pouco ou nenhum apetite.

Problemas digestivos
Se o câncer bloquear a liberação do suco pancreático para o intestino, uma pessoa pode não ser capaz de digerir alimentos gordurosos. A gordura não digerida pode causar o aspecto pálido incomum, volumoso, gorduroso das fezes, que podem flutuar no vaso sanitário. O câncer também pode envolver a parte distal do estômago e provocar o seu bloqueio parcial. Isto pode causar náusea, vômito e dor que tende a se agravar após a alimentação.

Aumento da vesícula biliar
Se o câncer bloquear o ducto biliar, a bile pode se acumular na vesícula biliar que, por sua vez, pode aumentar de tamanho. Isto pode, por vezes, ser sentido pelo médico durante um exame físico. Ele também pode ser detectado por estudos de imagem.

Coágulos sanguíneos ou anormalidades no tecido gorduroso
Às vezes, o primeiro sinal de que existe um câncer de pâncreas é o desenvolvimento de um coágulo sanguíneo em uma grande veia, geralmente uma veia na perna. Isto é chamado de uma trombose venosa profunda ou TVP. Por vezes, um coágulo se desprende e percorre os pulmões, o que dificulta a respiração. Um coágulo sanguíneo nos pulmões é chamado de embolia pulmonar ou EP. Novamente, ter um coágulo de sangue geralmente não significa que você tem câncer. A maioria dos coágulos sanguíneos apresenta outras causas.
Outro sinal de câncer de pâncreas é o desenvolvimento de uma textura irregular do tecido adiposo sob a pele. Isto é causado pela liberação das enzimas pancreáticas que digerem a gordura.

Diabetes
Os cânceres do pâncreas exócrino raramente causam diabetes (altos níveis de açúcar no sangue) porque destroem as células produtoras de insulina. Existem, mais frequentemente, problemas pequenos com o metabolismo do açúcar que não causam os sintomas do diabetes, porém podem ainda ser detectados por determinados exames de sangue.

SINAIS E SINTOMAS DOS TUMORES NEUROENDÓCRINOS DO PÂNCREAS

A maioria dos sinais e sintomas dos tumores neuroendócrinos do pâncreas (NETs) é causada pelo excesso de hormônios liberados pelos tumores na corrente sanguínea. Diferentes tipos de tumores produzem diferentes hormônios.

Gastrinomas
Esses tumores produzem a gastrina, um hormônio que diz para o estômago produzir mais ácido. Muita gastrina causa uma condição conhecida como Síndrome de Zollinger-Ellison. O excesso de gastrina faz com que o estômago produza muito ácido. Isto leva a úlceras estomacais, o que pode causar dor, náusea, e redução do apetite. Se a úlcera for grave, ela pode iniciar um sangramento. Se o sangramento for leve, ele pode levar a anemia (poucos eritrócitos). Isto pode causar sintomas como extremo cansaço e falta de ar ao praticar exercícios. Se o sangramento for mais grave, pode fazer com que as fezes fiquem escurecidas e de cor preta. O sangramento grave pode em si ser de risco à vida. Úlceras em pacientes com gastrinomas podem ser de difícil tratamento, necessitando de altas doses de medicamento antiúlcera para a cicatrização. Os pacientes necessitam permanecer em tratamento com essas medicações por longos períodos, porque as úlceras tendem a retornar se o tratamento for interrompido.
Quando o estômago produz muito ácido, ele pode ser liberado no intestino delgado. Ali, ele pode danificar as células que revestem o intestino e quebrar enzimas digestivas antes que elas tenham a chance de digerir os alimentos. Isto pode causar diarreia e perda de peso.
A maioria dos gastrinomas são cânceres.

Glucagonomas
Esses tumores produzem glucagon, um hormônio que aumenta os níveis de glicose no sangue. O excesso de glucagon pode aumentar os níveis de açúcar no sangue, por vezes levando ao diabetes. Os pacientes também apresentam problemas com diarreia, perda de peso e desnutrição. Os problemas nutricionais podem levar a sintomas como irritação da língua (glossite) e nos cantos da boca (queilose angular). A maioria dos sintomas que podem ser causados por um glucagonoma é de intensidade leve e, demonstraram ser, na maioria dos casos, causados por outra coisa.
O sintoma que leva a maioria das pessoas com glucagonomas a consultar seus médicos é uma erupção cutânea denominada eritema necrolítico migratório. Ele consiste de uma erupção cutânea vermelha com inchaço e bolhas e geralmente atinge diferentes locais da pele. Ele é a característica mais marcante de um glucagonoma.
A maioria dos glucagonomas são cânceres.

Insulinomas
Esses tumores produzem insulina, que reduz os níveis de açúcar no sangue. Muita insulina leva a níveis baixos de açúcar no sangue (hipoglicemia), com sintomas, como fraqueza, confusão, inchaço e batimento cardíaco rápido. Quando o açúcar no sangue fica muito baixo, ele pode levar o paciente a desmaiar ou até mesmo entrar em coma e apresentar convulsões. Esses sintomas melhoram se o paciente receber glicose (açúcar) – pela boca (como alimento) ou em uma injeção na veia (IV).
A maioria dos insulinomas é benigno (não são cânceres).

Somatostatinomas
Esses tumores produzem somatostatina, que auxilia a regular outros hormônios. Os sintomas deste tipo de tumor incluem diarreia, diabetes e problemas na vesícula biliar. Os problemas com a vesícula biliar podem levar a dor abdominal, náusea, falta de apetite, e icterícia (amarelamento da pele e olhos). Como os sintomas de um somatostatinoma tendem a ser de intensidade leve e são, mais frequentemente, causados por outras coisas, esses tumores tendem a ser diagnosticados em um estágio avançado.
A maioria dos somatostatinomas são cânceres. Em geral, eles não são encontrados até que tenham se espalhado para o fígado, quando causam problemas como icterícia e dor.

VIPomas
Esses tumores produzem uma substância chamada peptídeo vasoativo intestinal (VIP). Muito VIP pode levar a problemas com diarreia e baixos níveis sanguíneos de potássio. Os pacientes também apresentam baixos níveis de ácido em seus estômagos, levando a problemas para digerir alimentos. Eles também podem ter altos níveis de açúcar no sangue. A diarreia pode ser leve no início, porém se agrava com o tempo. Pelo tempo em que eles são diagnosticados, a maioria dos pacientes apresenta diarreia aquosa grave com até 20 evacuações por dia.
A maioria dos VIPomas são cânceres.

PPomas
Esses tumores produzem polipeptídeo pancreático, que auxilia a regular tanto o pâncreas exócrino como o endócrino. Eles causam problemas como dor abdominal e fígado aumentado.
Alguns pacientes também apresentam diarreia aquosa.
A maioria dos PPomas são cânceres.

Tumores carcinoides
Esses tumores geralmente produzem serotonina ou seu precursor 5-HTP. Quando um tumor de pâncreas produz essas substâncias, elas vão primeiramente para o fígado. O fígado quebra essas substâncias antes que elas possam atingir o resto do corpo e causar problemas. É por esse motivo que os tumores carcinoides podem não causar sintomas até que tenham se espalhado para fora do pâncreas. Quando eles se espalham, isto ocorre com mais frequência para o fígado. Quando isto ocorre, os hormônios podem ser liberados a partir das células cancerígenas para o sangue deixando o fígado. Isto pode causar algo chamado de síndrome carcinoide, com sintomas incluindo: rubor (a pele fica vermelha com uma sensação de calor), diarreia, chiado e batimento cardíaco rápido. Esses sintomas geralmente ocorrem em episódios, e entre os episódios, o paciente pode se sentir bem.
Durante um longo período, essas substâncias semelhantes a hormônios podem danificar válvulas cardíacas, causando falta de ar, fraqueza e murmúrio cardíaco (um som cardíaco anormal).

Tumores não funcionais
Esses tumores não produzem hormônios e, portanto, não causam sintomas nos estágios iniciais.
A maioria deles são cânceres e começam a causar problemas à medida que aumentam de tamanho ou se espalham para fora do pâncreas.

Sintomas causados pela disseminação do câncer
Quando NETs de pâncreas se espalham, eles se espalham com mais frequência para o fígado. Isto pode aumentar o tamanho do fígado, o que pode causar dor e falta de apetite. Ele também pode interferir com a função hepática, por vezes levando à icterícia (amarelamento da pele e olhos) e exames laboratoriais anormais.
Embora esses cânceres geralmente se espalham primeiro para o fígado, eles podem continuar a se espalhar para outros órgãos e tecidos. Os sintomas dependem de onde o câncer está crescendo. Por exemplo, o câncer que se espalha para os pulmões pode causar problemas respiratórios e tosse. A disseminação para os ossos pode causar dor nesses ossos.

Diagnóstico
O câncer de pâncreas pode ser detectado precocemente?

Um motivo para a expectativa geralmente desfavorável para pessoas com câncer de pâncreas exócrino é que muitos poucos desses cânceres são detectados precocemente. O pâncreas está localizado bem dentro do corpo e, portanto, tumores iniciais não podem ser observados ou sentidos pelos profissionais de saúde durante os exames físicos de rotina. Os pacientes geralmente não apresentam sintomas até que o câncer tenha se espalhado para outros órgãos. No momento, não existem exames de sangue que detectem precocemente os cânceres de pâncreas. Os médicos estão investigando para ver se um teste chamado ultrassom endoscópico pode ser útil na seleção de pessoas com um alto risco de câncer de pâncreas.

Exames de sangue
Uma substância chamada CA 19-9 é liberada no sangue pelas células cancerígenas do pâncreas exócrino, podendo ser detectada por exames de sangue. Mas no momento em que os níveis sanguíneos estiverem altos o suficiente para serem consistentemente detectados por métodos disponíveis, o câncer não está mais nos estágios iniciais. É por este motivo que o teste não é recomendado para a seleção de rotina de pessoas sem sintomas ou um diagnóstico conhecido de câncer. O teste de CA 19-9 é, por vezes, utilizado durante o tratamento para verificar se a terapia está funcionando ou após o tratamento para verificar se o câncer se recidivou (voltou).
Outra substância, o antígeno carcinoembrionário (CEA) pode auxiliar a detectar o câncer de pâncreas avançado em algumas pessoas. Porém, ele não é sensível o suficiente para detectar o câncer precocemente e não é recomendado como um teste de seleção.

Teste genético
As alterações herdadas no DNA são consideradas como o causador de até 10% dos cânceres de pâncreas. Como esses casos herdados estão, por vezes, associados a outros cânceres, determinar se os parentes do paciente apresentam um risco elevado não é algo simples. Conversar com alguém com experiência em síndromes de câncer hereditário, como um consultor genético, geneticista ou um oncologista (médico especialista em cuidar de pessoas que tem câncer) é geralmente útil.
A Sociedade Americana do Câncer recomenda fortemente que qualquer pessoa considerando fazer o teste genético converse com um consultor genético, enfermeiro ou médico qualificado para interpretar e explicar os resultados do teste antes de realizar o teste. É importante que as pessoas entendam e avaliem cuidadosamente os benefícios e riscos do teste genético antes da realização desses testes.

Para pessoas em famílias em alto risco de câncer de pâncreas, existem testes mais recentes para detectar precocemente o câncer de pâncreas que podem ajudar. Um deles é denominado ultrassom endoscópico (vide seção, “Como o câncer de pâncreas é diagnosticado?”). Este teste não é utilizado para selecionar o público geral, mas pode ser utilizado por pessoas com um forte histórico familiar de câncer de pâncreas. Utilizando o ultrassom endoscópico, os médicos foram capazes de detectar precocemente cânceres de pâncreas tratáveis em alguns membros de famílias de alto risco. Além disso, famílias interessadas podem desejar participar de estudos de pesquisa em andamento com o objetivo de investigar os fatores genéticos e o possível papel dos métodos de seleção naqueles com um histórico familiar da doença.

Testes para diagnóstico.

Histórico médico e exame físico
Seu médico fará um histórico médico detalhado para verificar algum fator de risco para câncer de pâncreas e obter informações sobre a dor (quanto tempo você a tem, sua gravidade, onde ela está localizada e o que piora ou melhora a dor), apetite, perda de peso, cansaço e outros sintomas.
Um exame físico detalhado focará basicamente no seu abdômen para verificar alguma massa ou acúmulo de fluido. A sua pele e o branco dos seus olhos serão examinados para icterícia (amarelamento). Os cânceres que bloqueiam o ducto biliar também podem causar aumentar a vesícula biliar, o que por vezes, pode ser sentido no exame físico. O câncer de pâncreas pode se espalhar para o fígado, causando o seu aumento.
O câncer também pode se espalhar para os linfonodos acima da clavícula e de outros locais.
Essas áreas serão examinadas atentamente para inchaço que pode indicar que o câncer se espalhou.

Testes de imagem
Tomografia computadorizada (TC, CAT)
A TC é um procedimento de radiografia que produz imagens transversais do seu corpo. Ao invés de tirar uma foto, como no raio-x (radiografia) padrão, um equipamento de TC tira várias fotos a medida que ele gira em torno de você. Um computador então combina essas fotos em imagens que se assemelham a fatias da parte do seu corpo que está sendo estudada.
Antes do teste, pode ser solicitado que o paciente beba uma solução de contraste e/ou receba uma injeção intravenosa (IV) de um corante de contraste para definir melhor as áreas anormais no corpo.
O paciente pode precisar de uma linha IV pela qual o corante de contraste é injetado. A injeção pode causar certo rubor (uma sensação de calor, especialmente no rosto). Algumas pessoas são alérgicas ao corante e podem apresentar urticária ou uma sensação de rubor, ou raramente, apresentar reações mais sérias, como dificuldade para respirar e pressão arterial baixa. Certifique-se de informar o médico se você tiver alguma alergia ou tiver apresentado uma reação a qualquer material de contraste utilizado para radiografias. Medicamento pode ser fornecido para prevenir e tratar as reações alérgicas.
A TC tem a mesma duração das radiografias regulares. Você precisa se deitar em uma mesa enquanto o teste está sendo realizado. Durante o teste, a mesa desliza pra dentro e para fora do equipamento, uma máquina em formato de anel que gira completamente ao redor da mesa. Você pode se sentir um pouco confinado pelo anel quando as fotos estão sendo tiradas.
A TC é geralmente utilizada para diagnosticar o câncer de pâncreas e auxiliar a fazer o seu estadiamento (determinar a extensão da sua disseminação). A TC mostra o pâncreas de forma bastante clara e geralmente pode confirmar a localização do câncer. A TC também pode mostrar os órgãos próximos ao pâncreas, bem como linfonodos e órgãos distantes, onde o câncer pode ter se espalhado. A TC pode auxiliar a determinar se a cirurgia será uma boa opção de tratamento.
A TC também pode ser utilizada para guiar uma agulha de biópsia precisamente em uma área com suspeita de disseminação. Para este procedimento, denominado biópsia com agulha guiada por TC, o paciente permanece na mesa de TC e um radiologista avança a agulha de biópsia para o local da massa. A TC é repetida até que os médicos tenham se certificado que a agulha está dentro da massa. Uma amostra de biópsia é então retirada e avaliada sob um microscópio.

Imagem por ressonância magnética (IRM)
A IRM utiliza ondas de rádio e fortes ímãs no lugar dos raios-x. A energia das ondas de rádio é absorvida pelo corpo e depois liberada em um padrão formado pelo tipo de tecido corporal e por determinadas doenças. Um computador traduz o padrão em uma imagem detalhada das partes do corpo. Ele não produz somente fatias de imagens transversais do corpo como um scanner de TC, mas também produz fatias que são paralelas ao comprimento do corpo. Um material de contraste pode ser injetado assim como na TC, no entanto, isto é menos comum.
A maioria dos médicos prefere avaliar o pâncreas com TC, mas uma IRM pode, por vezes, fornecer mais informações. A IRM também é especialmente útil na avaliação do cérebro e da medula espinhal.
A IRM tem a mesma duração da TC, geralmente de até uma hora. Você pode ter que se deitar dentro de um tubo estreito, que pode causar a sensação de confinamento, podendo ser estressante para algumas pessoas. Máquinas de IRM mais novas, mais abertas podem ser outra opção. A máquina de IRM é barulhenta, com ruídos de clique que podem incomodá-lo. Alguns locais fornecem fones de ouvido ou tampões de ouvido para auxiliar a bloquear esse ruído.
Cintilografia para receptores de somatostatina
A cintilografia para receptores de somatostatina (CRS), também conhecida como OctreoScan pode ser bastante útil no diagnóstico de tumores neuroendócrinos do pâncreas. Ela utiliza uma substância semelhante ao hormônio denominada octreotida que se ligou a uma substância radioativa (índio-111). A octreotida se liga a proteínas nas células tumorais de muitos NETs.
Uma pequena quantidade desta substância é injetada em uma veia. Ela percorre o sangue e é atraída para os tumores neuroendócrinos. Cerca de 4 horas após a injeção, uma câmera especial pode ser utilizada para mostrar onde a radioatividade foi coletada no corpo. Mais varreduras podem ser feitas nos dias seguintes também.
Esta varredura pode auxiliar a diagnosticar um NET, porém também pode auxiliar a tomar decisões sobre o tratamento. Se um NET aparecer em um SRS, isto geralmente significa que o tumor parará de crescer se tratado com octreotida.

Tomografia por emissão de pósitrons (PET)
Para a PET, uma forma de açúcar radioativo (conhecido como fluorodeoxiglicose ou FDG) é injetada no sangue. Como as células cancerígenas no corpo crescem rapidamente, elas absorvem grandes quantidades do açúcar radioativo. Após cerca de uma hora, você será colocado sobre uma mesa no scanner de PET. Você se deita sobre a mesa por cerca de 30 minutos, enquanto uma câmera especial cria uma foto das áreas de radioatividade no corpo. A foto não está finamente detalhada como na TC ou IRM, porém pode fornecer informações úteis sobre o seu corpo todo.
Este teste é útil para investigar a disseminação dos cânceres do pâncreas exócrino, mas como os NETs crescem lentamente, eles não aparecem bem na PET.
A PET/TC combina a TC e PET para melhorar ainda mais a identificação do tumor. Este teste pode ser especialmente útil para detectar o câncer exócrino que se espalhou para além do pâncreas e não seria tratável com a cirurgia. Ele pode ser um teste útil para o estadiamento do câncer. Pode até mesmo ser capaz de detectar cânceres iniciais.

Ultrassonografia (ultrassom ou US)
O ultrassom utiliza ondas sonoras para produzir imagens de órgãos internos, como o pâncreas. Para um ultrassom abdominal, uma sonda em formato de varinha denominada transdutor é posicionada sobre a pele do abdômen. Ela emite ondas sonoras e detecta os ecos à medida que elas rebatem os órgãos internos. O padrão dos ecos é processado por um computador para produzir uma imagem na tela.
Os ecos produzidos pela maioria dos tumores de pâncreas diferem daqueles do tecido do pâncreas normal. Diferentes padrões de eco podem auxiliar a distinguir alguns tipos de tumores de pâncreas de outro.
Se sinais e sintomas indicarem que é possível ser um câncer de pâncreas, uma TC é geralmente mais útil do que o ultrassom para um diagnóstico exato. Porém se não estiver claro se outras determinadas doenças podem responder pelos sinais ou sintomas do paciente, pode ser feito um ultrassom. O ultrassom também é comumente utilizado para examinar o fígado, podendo ser utilizado se alguém apresentar sintomas (como icterícia) que indicam um problema hepático.
O Ultrassom endoscópico é mais exato do que o ultrassom abdominal e é provavelmente a melhor maneira de diagnosticar o câncer de pâncreas. Este teste é realizado com uma sonda de ultrassom que está conectada a um endoscópio — um fino tubo flexível de fibra óptica iluminado — que os médicos utilizam para examinar a parte interna do trato intestinal. Os pacientes são primeiramente sedados (um medicamento é fornecido para deixá-los sonolentos). A sonda então é passada pela boca ou nariz, pelo esôfago (o tubo que conecta a boca e o estômago) e o estômago, e adentra a primeira parte do intestino delgado. Ele pode então ser apontado para o pâncreas, que se situa próximo ao intestino delgado. A sonda está na ponta do endoscópio, de modo que ela pode ficar muito próxima ao tumor para tirar fotos. Este é um modo muito bom de examinar o pâncreas. Ele é melhor do que a TC para detectar pequenos tumores. Se um tumor é visualizado, ele pode passar por biópsia durante este procedimento.

Colangiopancreatografia endoscópica retrógrada (ERCP)
Para este procedimento, um endoscópio (um fino tubo flexível iluminado) é passado pela garganta, esôfago e estômago do paciente e na primeira parte do intestino delgado. O médico pode ver pelo endoscópio e localizar a ampola de Vater (onde o ducto biliar comum se conecta ao intestino delgado). O médico guia um cateter (um tubo bem pequeno) a partir da extremidade do endoscópio para dentro do ducto biliar comum. Uma pequena quantidade de corante (material de contraste) é então injetada pelo tubo para dentro do ducto biliar comum e radiografias são tiradas. Este corante delineia o ducto biliar e o ducto pancreático. As imagens radiográficas podem mostrar o estreitamento ou bloqueio desses ductos que pode ser decorrente do câncer de pâncreas. O médico que realiza o teste também pode colocar uma pequena escova ao longo do tubo para coletar células para biópsia (para análise em um microscópio para verificar se elas assemelham ou não a células cancerígenas). Este procedimento é geralmente feito enquanto o paciente está sedado (medicamento fornecido para torná-lo sonolento).
A ERCP também pode ser utilizada para colocar um stent (pequeno tubo) no ducto biliar para mantê-lo aberto se um tumor adjacente estiver pressionando-o. Isto está descrito em mais detalhes na seção sobre cirurgia paliativa na seção “Cirurgia”.

Angiografia
Trata-se de um procedimento de raios-X que examina os vasos sanguíneos. Uma pequena quantidade de material de contraste é injetada em uma artéria para delinear os vasos sanguíneos, e depois radiografias são tiradas.
A angiografia pode mostrar se o fluxo sanguíneo em uma determinada área está bloqueada ou comprimida pelo tumor. Ela também pode mostrar qualquer vaso sanguíneo anormal (alimentando o câncer) na área. Este teste pode ser útil para saber se um câncer de pâncreas cresceu pelas paredes de determinados vasos sanguíneos. Ele principalmente auxilia os cirurgiões a decidir se o câncer pode ser completamente removido sem danificar os vasos sanguíneos vitais e auxiliá-los a planejar a cirurgia.
A angiografia também pode ser utilizada para visualizar tumores neuroendócrinos de pâncreas que são muito pequenos para serem observados em outros testes de imagem. Esses tumores fazem com que o corpo produza mais vasos sanguíneos para “alimentar” o tumor. Esses vasos sanguíneos adicionais podem ser observados na angiografia.
A angiografia pode ser um procedimento desconfortável porque o radiologista que realiza o teste deve colocar um pequeno cateter na artéria que vai até o pâncreas. O cateter é geralmente inserido em uma artéria da sua coxa interna e passada até o pâncreas. É geralmente utilizado um anestésico local para adormecer a área antes de inserir o cateter. A seguir, o corante é injetado rapidamente para delinear todos os vasos, enquanto radiografias estão sendo tiradas.

Exames de sangue
Diversos tipos de exames de sangue podem ser utilizados para auxiliar a diagnosticar o câncer de pâncreas ou para auxiliar a determinar as opções de tratamento, se encontrado.
Os exames de sangue que avaliam os níveis de diferentes tipos de bilirrubina (uma substância química produzida pelo fígado) são úteis para decidir se a icterícia de um paciente é causada por doença hepática ou por um bloqueio (por um cálculo biliar, um tumor ou outra doença) do fluxo biliar.
Elevados níveis sanguíneos dos marcadores tumorais CA 19-9 e antígeno carcinoembrionário (CEA) podem indicar um diagnóstico de câncer de pâncreas exócrino, porém esses testes nem sempre são exatos (vide seção, “O câncer de pâncreas pode ser encontrado precocemente?”).
Outros exames de sangue podem auxiliar a avaliar o estado geral de um paciente (como função hepática, renal e da medula óssea). Esses exames também podem auxiliar a determinar se eles serão capazes de suportar o estresse de uma cirurgia de grande porte.

Tumores neuroendócrinos do pâncreas
Os exames de sangue avaliando os níveis de determinados hormônios pancreáticos podem auxiliar a diagnosticar tumores neuroendócrinos do pâncreas (NETs). Para insulinomas, níveis de insulina, glicose, e peptídeo C são medidos enquanto o paciente está em jejum (sem comer ou beber). (O peptídeo C é um produto intermediário da produção da insulina). O sangue é coletado a cada 6 a 8 horas até que o paciente começa a apresentar sintomas. O diagnóstico de um insulinoma é feito quando houver um baixo nível de glicose no sangue com elevados níveis de insulina e peptídeo C.
Outros hormônios pancreáticos, como gastrina, glucagon, somatostatina, polipeptídeo pancreático e VIP (peptídeo vasoativo intestinal) podem ser medidos em amostras de sangue, podendo se utilizados no diagnóstico de NETs de pâncreas. A medição do nível de uma substância denominada cromogranina-A (CgA) pode ser bastante útil. Este nível sobe na maioria dos casos de NETs de pâncreas – mesmo em tumores não funcionais.
Os níveis de gastrina sobem em pacientes que estão tomando um tipo comum de medicamento antiúlcera conhecido como inibidores da bomba de prótons. Exemplos desses medicamentos incluem omeprazol (Prilosec®), esomeprazol (Nexium®), lansoprazol (Prevacid®), e muitos outros. Essas medicações são comumente utilizadas para tratar pessoas com dor estomacal e azia. Um paciente não deve utilizar nenhum inibidor da bomba de prótons por pelo menos uma semana antes da medição do nível de gastrina, para que o medicamento não aumente falsamente o nível de gastrina. A medição dos níveis de gastrina é mais útil quando combinada com um teste que mede a quantidade de ácido no estômago. Isto é porque os baixos níveis de ácido podem levar a elevados níveis de gastrina. Quando um gastrinoma está presente, altos níveis de gastrina são observados juntamente com elevados níveis de ácido.
Para tumores carcinoides, um exame de sangue pode ser feito para avaliar a serotonina, que é produzida por muitos desses tumores. O corpo quebra a serotonina em ácido 5-hidroxiindolacético (5-HIAA), e o libera para a urina. Um teste comumente utilizado para detectar a síndrome carcinoide mede os níveis de 5-HIAA em uma amostra de urina coletada durante 24 horas. Este teste pode auxiliar no diagnóstico de muitos dos tumores carcinoides (porém não todos).
Os tumores, por vezes, não produzem tanta serotonina, mas produzem o seu precursor, 5- HTP, que pode ser convertido em serotonina na urina. Em pacientes com esses tumores, o nível sanguíneo de serotonina pode ser normal, porém os níveis urinários de serotonina e 5-HTP estão elevados.
O consumo de alimentos que contem muita serotonina pode aumentar os níveis de 5-HIAA na urina. Esses alimentos incluem bananas, kiwi, determinadas castanhas e abacate. Medicamentos, incluindo xarope para tosse e acetaminofeno (Tylenol), também podem afetar os resultados. Essas substâncias devem ser evitadas antes do teste de urina e sangue para carcinoides.
Outros testes comumente utilizados para avaliar carcinoides podem incluir exames de sangue para cromogranina A (CgA), enolase neurônio-específica (NSE), substância P e gastrina.
Dependendo de onde o tumor possa estar localizado e dos sintomas do paciente, os médicos podem realizar outros exames de sangue também.

Biópsia
O histórico médico de um paciente, o exame físico e os resultados do teste de imagem podem fortemente sugerir o câncer de próstata, porém a única maneira de certificar é retirando uma pequena amostra do tumor e examiná-la sob o microscópio. Este procedimento é denominado biópsia.
Existem diversos tipos de biópsia. O procedimento utilizado com mais frequência para diagnosticar o câncer de pâncreas é denominado biópsia por aspiração com agulha fina (FNA). Para este teste, um médico insere uma agulha fina através da pele e dentro do pâncreas. O médico utiliza imagens de TC ou ultrassonografia endoscópica para avaliar a posição da agulha e certificar que esteja no tumor.
Os médicos também podem fazer uma biópsia do tumor utilizando o ultrassom endoscópico para posicionar a agulha diretamente pela parede do duodeno dentro do tumor. Em qualquer um dos casos, podem ser retiradas pequenas amostras de tecido pela agulha. As principais vantagens do teste são que o paciente não necessita de anestesia geral (não está “adormecido”) durante o teste e efeitos colaterais importantes são raros.
No passado, as biópsias cirúrgicas eram feitas com mais frequência. Este tipo de biópsia requer uma laparotomia (uma grande incisão através da pele e vai para a parede do abdômen para examinar os órgãos internos). Áreas que parecem anormais na visualização ou na palpação podem ser amostradas retirando uma pequena porção de tecido com um bisturi ou uma agulha. O cirurgião pode utilizar uma agulha fina (como na biópsia por aspiração com agulha). Os cirurgiões utilizam com mais frequência uma agulha maior que retira um núcleo cilíndrico do tecido de cerca de 1/2 polegada de comprimento e menos de 1/8 polegada de diâmetro (denominado biópsia por agulha grossa). A principal desvantagem deste tipo de biópsia é que o paciente deve receber anestesia geral e permanecer no hospital para a recuperação.
A laparotomia é agora raramente recomendada. Os médicos preferem utilizar a laparoscopia (algumas vezes denominada cirurgia de invasão mínima) como um modo de avaliar e, talvez, coletar um pedaço do pâncreas com uma biópsia. Os pacientes são sedados ou adormecidos para este procedimento. O cirurgião faz diversas pequenas incisões no abdômen e insere pequenos instrumentos semelhantes ao telescópio na cavidade abdominal. Um deles é geralmente conectado a um monitor de vídeo. O cirurgião pode visualizar o abdômen, o tamanho do tumor e se o mesmo se espalhou e podem coletar amostras de tecido também.
O médico pode não realizar a biópsia em alguém que tem um tumor no pâncreas que se parece com câncer (baseado em testes de imagem) se parecer que a cirurgia pode remover todo o câncer. Em vez disso, o médico irá prosseguir com a cirurgia. Se o médico achar durante a cirurgia que o câncer se espalhou a uma extensão muito grande para ser removido completamente, somente uma amostra do câncer pode ser retirada para confirmar o diagnóstico e o restante da cirurgia planejada será interrompida.
Se o tratamento (como quimioterapia ou radiação) for planejado antes da cirurgia, é necessário fazer a biópsia primeiro para confirmar o diagnóstico.

Tratamento
Como o câncer de pâncreas é tratado?

Informações gerais do tratamento
Os 3 principais tipos de tratamento para câncer de pâncreas exócrino são a cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Dependendo do estágio do câncer, alguns desses tratamentos podem ser combinados. Os tumores do pâncreas endócrino também são tratados com esses 3 tipos de terapia. Além disso, os medicamentos (além da quimioterapia) podem ser úteis.

Cirurgia para câncer de pâncreas
Existem 2 tipos gerais de cirurgia utilizados para o câncer de pâncreas:
• Cirurgia potencialmente curativa é utilizada quando os testes de imagem sugerem que é possível remover todo o câncer.
• Cirurgia paliativa pode ser realizada se os testes de imagem mostrarem que o tumor está muito espalhado para ser completamente removido. Ela é realizada para aliviar os sintomas ou para prevenir determinadas complicações, como um ducto biliar ou trato intestinal bloqueado.
Diversos estudos demonstraram que a remoção de somente parte do câncer não auxilia os pacientes a viver mais. A cirurgia para câncer de pâncreas é uma das operações mais difíceis que um cirurgião pode fazer. Ela também é uma das mais difíceis para os pacientes. Pode haver complicações e os pacientes podem levar várias semanas para se recuperar. Os pacientes precisam pesar os potenciais benefícios e riscos dessa cirurgia cuidadosamente.

Cirurgia potencialmente curativa
A cirurgia mais curativa foi desenvolvida para tratar cânceres na cabeça do pâncreas. Como esses cânceres estão próximos do ducto biliar, alguns deles causam icterícia e são encontrados cedo o suficiente para serem removidos. As cirurgias para outras partes do pâncreas estão mencionadas abaixo, porém elas são feitas somente quando é possível remover todo o câncer.

Três procedimentos são utilizados para remover tumores do pâncreas:
Pancreaticoduodenectomia (Procedimento de Whipple): Esta é a operação mais comum para remover um câncer de pâncreas exócrino. Ele remove a cabeça do pâncreas e, por vezes, o corpo do pâncreas também. Parte do estômago, intestino delgado e linfonodos próximos ao pâncreas também são removidos. A vesícula biliar e parte do ducto biliar comum são removidos e o ducto biliar restante é conectado ao intestino delgado para que a bile do fígado possa continuar a ter acesso ao intestino delgado.
Esta é uma operação complexa que requer muita habilidade e experiência. Ela possui um risco relativamente alto de complicações que podem até mesmo ser fatais. Quando a operação é realizada em pequenos hospitais ou por médicos com menos experiência, mais de 15% dos pacientes podem ir a óbito como resultado das complicações cirúrgicas. Em contrapartida, quando esta operação é realizada em centros oncológicos por cirurgiões experientes no procedimento, menos de 5% dos pacientes vão a óbito como resultado direto das complicações da cirurgia. Ainda, mesmo nas melhores mãos, muitos pacientes sofrem de complicações da cirurgia. Elas podem incluir:
• Vazamento de diversas conexões que o cirurgião teve que fazer
• Infecções
• Sangramento
• Problemas com o esvaziamento do estômago em si após ingerir alimentos
Para que os pacientes tenham os melhores resultados, eles devem ser tratados por um cirurgião que faz muitas dessas operações e realizar a operação em um hospital em que muitas delas são feitas. Em geral, as pessoas submetidas a este tipo de cirurgia se saem melhor quando a mesma é realizada em um hospital que realiza pelo menos 20 procedimentos de Whipple por ano.
No momento do diagnóstico, somente cerca de 10% dos cânceres de pâncreas parecem estar contidos inteiramente dentro do pâncreas. Somente cerca da metade desses acabam sendo verdadeiramente ressecáveis assim que a cirurgia é iniciada. Embora a cirurgia ofereça a única chance real de curar o câncer de pâncreas exócrino, ela nem sempre leva a cura. Mesmo se todo o tumor visível for removido, geralmente, algumas células cancerígenas já se espalharam para outras partes do corpo. Essas células crescem eventualmente em novos tumores e causam muitos problemas – até mesmo a morte. É por este motivo que o câncer retorna mais tarde na maioria dos pacientes submetidos à cirurgia que pareceu ter removido completamente o câncer de pâncreas exócrino.

As taxas de sucesso em longo prazo para os tumores neuroendócrinos do pâncreas são geralmente muito melhores. Esses tumores são mais propensos a serem curados com a cirurgia.
Pancreatectomia distal: Esta operação remove somente a cauda do pâncreas ou a cauda e uma porção do corpo do pâncreas. O baço é geralmente removido também. Esta operação é utilizada com mais frequência em tumores de células da ilhota encontrados na cauda e corpo do pâncreas. Ela é raramente utilizada para tratar cânceres de pâncreas exócrino porque esses tumores geralmente já se espalharam no momento que eles foram detectados.
Pancreatectomia total: Esta operação foi uma vez utilizada para tumores no corpo ou cabeça do pâncreas. Ela remove todo o pâncreas e o baço. Ela é agora raramente utilizada para tratar o câncer de pâncreas exócrino porque parece não haver uma vantagem na remoção de todo o pâncreas. É possível viver sem um pâncreas, porém quando todo o pâncreas é removido, as pessoas ficam sem células da ilhota, as células que produzem insulina. Essas pessoas desenvolvem diabetes, que pode ser difícil de controlar, uma vez que os pacientes se tornam totalmente dependentes de insulina.

Cirurgia paliativa
Se o câncer se espalhou de forma extensa para ser completamente removido, qualquer cirurgia a ser considerada seria paliativa (destinada a aliviar ou prevenir os sintomas). Como o câncer de pâncreas pode progredir rapidamente, a maioria dos médicos não aconselham a cirurgia para tratamento paliativo. Por vezes, a cirurgia pode começar com a esperança que possa curar o paciente, porém o cirurgião descobre que isto não é possível. Nesse caso, o cirurgião pode continuar a operação como um procedimento paliativo para aliviar ou prevenir sintomas.
Os cânceres que crescem na cabeça do pâncreas podem bloquear o ducto biliar comum, visto que ele passa por esta parte do pâncreas. Isto pode causar dor e problemas digestivos porque a bile não pode chegar ao intestino. As substâncias químicas da bile se acumularão no corpo. Existem 2 opções para o alívio do bloqueio do ducto biliar.
A cirurgia pode redirecionar o fluxo da bile do ducto biliar comum diretamente para o intestino delgado, desviando-se do pâncreas. Isto requer uma grande incisão no abdômen, podendo levar semanas para a completa recuperação. Uma vantagem é que durante este procedimento, o cirurgião pode cortar os nervos que levam ao pâncreas ou injetá-los com álcool. Isto pode reduzir ou livrar o paciente da dor que pode ser causada pelo câncer.
Por vezes, a conexão do estômago com o duodeno (a primeira parte do intestino delgado) é redirecionada ao mesmo tempo também. Em geral, no fim do curso do câncer de pâncreas, o duodeno passa a ser bloqueado pelo câncer, o que pode causar dor e vômito que requer cirurgia. A realização de um desvio no duodeno antes disto acontecer pode auxiliar a evitar uma segunda operação.
Uma segunda abordagem para aliviar um ducto biliar obstruído não envolve cirurgia. Em vez disso, um stent (um pequeno tubo) é colocado no ducto para mantê-lo aberto. Isto é geralmente feito com um endoscópio (um longo tubo flexível) enquanto o paciente é sedado. O médico passa o endoscópio pela garganta do paciente e por todo o caminho até o intestino delgado. O médico pode então inserir o stent no ducto biliar através do endoscópio. O stent, que é geralmente feito de metal, auxilia a manter o ducto biliar aberto e resiste à compressão do câncer circundante. Após vários meses, o stent pode ficar obstruído e pode necessitar de limpeza. Stents maiores também são utilizados para manter o duodeno (ou outras partes do intestino delgado) aberto se tiver risco de ser bloqueado.
Em geral, o uso de stents colocados endoscopicamente substituiu a cirurgia para aliviar a obstrução do ducto biliar. Os stents também podem ser colocados antes da cirurgia para aliviar a icterícia antes do pâncreas ser removido.

Cirurgia para tratar tumores neuroendócrinos do pâncreas e cânceres
Além dos procedimentos descritos acima, alguns procedimentos menos extensivos podem ser utilizados para remover os tumores neuroendócrinos do pâncreas (NETs). A laparoscopia é frequentemente realizada primeiro para localizar melhor o tumor e ver a extensão que ele se espalhou.
Por vezes, se o tumor for pequeno, apenas o tumor em si é removido. Isto é chamado de enucleação. Esta operação pode ser feita utilizando um laparoscópio, de modo que somente algumas incisões pequenas são necessárias. Esta operação pode ser tudo que é necessário para tratar um insulinoma, visto que este tipo de tumor é geralmente benigno.
Pequenos gastrinomas (2 polegadas ou menos) também podem ser tratados com enucleação, mas, por vezes, o duodeno (a primeira parte do intestino delgado) também é removido. Gastrinomas maiores podem requerer uma pancreaticoduodenectomia ou uma pancreatectomia distal, dependendo da localização do tumor.
Os linfonodos em torno do pâncreas também são removidos em alguns casos de modo que eles possam ser avaliados para sinais de disseminação do câncer.
A cirurgia pode ser utilizada para remover metástases se um NET de pâncreas tiver se espalhado. Isto pode ser utilizado quando tiver se espalhado para o fígado (o local mais comum de disseminação) e pulmões. A remoção das metástases pode melhorar os sintomas e prolongar a vida em pacientes com NETs de pâncreas. Em casos raros, o transplante hepático pode ser utilizado para tratar NETs de pâncreas que tenham se espalhado para o fígado.

Técnicas ablativas para o câncer de pâncreas.

Quando um tumor neuroendócrino do pâncreas tiver se espalhado para outros locais, as metástases podem ser removidas por cirurgia e por outras técnicas também. Ao tratar metástases, os sintomas podem melhorar e o paciente pode viver por mais tempo. Essas técnicas são mais frequentemente utilizadas para tratar o câncer que se espalhou para o fígado. Por vezes, esses tratamentos também são utilizados para tratar áreas de metástases do câncer de pâncreas exócrino, onde existem apenas alguns deles.
Ablação por radiofrequência: A ablação por radiofrequência (RFA) utiliza ondas de rádio para aquecer e destruir tecidos, como áreas de disseminação do câncer.

Termoterapia por micro-ondas: Neste procedimento, as micro-ondas são utilizadas para aquecer e destruir o tecido anormal.

Criocirurgia: Na criocirurgia, uma sonda é inserida no tumor que congela o tecido com nitrogênio líquido ou dióxido de carbono líquido. A área que está sendo congelada é destruída. Esta técnica também é conhecida como crioablação.
Embolização: Para um procedimento de embolização, um cateter é utilizado para encontrar a artéria que alimenta o tumor. A seguir, uma substância é injetada no vaso sanguíneo, cortando o suprimento sanguíneo para o tumor. Isto mata o tumor. A substância injetada pode consistir de esferas minúsculas (chamadas microesferas). Este procedimento também é conhecido como embolização transarterial ou TAE. Algumas vezes, as esferas radioativas são utilizadas para fornecer a radiação ao tumor. Quando o cateter para TAE também é utilizado para injetar medicamentos quimioterápicos, ele é chamado quimioembolização transarterial ou TACE.

Tratamento com Radioterapia.
A radioterapia utiliza raios-x de alta energia (ou partículas) para matar as células cancerígenas. Ela pode ser útil no tratamento do câncer de pâncreas exócrino. Os tumores neuroendócrinos do pâncreas (NETs) não respondem bem à radiação e, assim, ela é raramente utilizada para tratar esses tumores. A radiação é, por vezes, utilizada para tratar NETs de pâncreas que tenham se espalhado para o osso e que estejam causando dor.
Radioterapia com feixes externos é o tipo de radioterapia mais frequentemente utilizada no tratamento de cânceres de pâncreas exócrino. Este tratamento concentra a radiação no câncer a partir de uma máquina fora do corpo. Receber este tipo de radioterapia é como fazer uma radiografia, exceto que cada tratamento tem uma duração maior, e o paciente geralmente recebe 5 tratamentos por semana por um período de semanas ou meses.
Os pacientes podem receber o tratamento no pré-operatório (antes da cirurgia) ou no pós-operatório (após a cirurgia). Se a cirurgia estiver planejada, o tratamento pré-operatório é geralmente preferido, porque o tratamento pós-operatório geralmente tem que ser adiado por várias semanas enquanto o paciente se recupera da cirurgia. O tratamento logo após a cirurgia pode interferir com a cicatrização da ferida.
A radioterapia combinada com a quimioterapia (denominada quimiorradiação ou quimioradioterapia) pode ser utilizada em pacientes cujos tumores de pâncreas exócrino estão muito espalhados para serem removidos pela cirurgia. Também é, por vezes, utilizado após a cirurgia, para auxiliar a evitar que o câncer retorne.
Alguns dos efeitos colaterais comuns da radioterapia incluem:
• Alterações leves na pele (como uma queimadura de sol)
• Náusea e vômito
• Diarreia
• Fadiga
• Falta de apetite
• Perda de peso
A radiação também pode reduzir as contagens sanguíneas e aumentar o risco de infecção séria.
Geralmente, esses efeitos desaparecem algumas semanas após o tratamento ser concluído. Quando a radiação é administrada com a quimioterapia, os efeitos colaterais são geralmente piores. Pergunte ao seu médico quais são os efeitos colaterais esperados e como prevenir ou aliviar esses efeitos.

Tratamento com Quimioterapia.
A quimioterapia (quimio) utiliza medicamentos anticâncer injetados em uma veia ou administrados pela boca. Esses medicamentos entram na corrente sanguínea e atingem todas as áreas do corpo, tornando este tratamento potencialmente útil para cânceres que tenham metastizado (espalhado) para além do órgão em que eles começaram.

Quimioterapia para câncer de pâncreas exócrino
A quimio pode ser utilizada em qualquer estágio do câncer de pâncreas. Ela é comumente utilizada quando o câncer é avançado e não pode ser removido completamente com a cirurgia. A quimio também pode ser utilizada após o câncer ter sido removido com a cirurgia para tentar matar qualquer célula cancerígena que tenha ficado para trás, (mas que não pode ser vista). Este tipo de tratamento é denominado tratamento adjuvante. Ele reduz as chances do câncer retornar. A quimio também pode ser administrada antes da cirurgia para tentar encolher o tumor. Isto é conhecido como tratamento neoadjuvante.
Quando a quimio é administrada juntamente com a radiação, ela pode auxiliar a radiação a funcionar melhor. Isto, conhecido como quimiorradiação ou quimiorradioterapia, apresenta mais efeitos colaterais graves.
A gencitabina (Gemzar®) é o medicamento quimioterápico utilizado com mais frequência para tratar o câncer de pâncreas. Outro medicamento comumente utilizado é 5-fluoruracila (5-FU).
Algumas vezes, outros medicamentos podem ser utilizados juntamente com a gencitabina ou 5-FU, como a cisplatina, irinotecano (Camptosar®, CPT-11), paclitaxel (Taxol®), docetaxel (Taxotere®), capecitabina (Xeloda®) ou oxaliplatina (Eloxitan®).
Os medicamentos quimioterápicos matam as células cancerígenas, mas também danificam algumas células normais. Isto pode levar a efeitos colaterais que dependem do tipo de medicamento, da quantidade tomada e da duração do tratamento. Os efeitos colaterais comuns de curto prazo incluem:
• Náusea e vômito
• Perda de apetite
• Queda de cabelo
• Feridas na boca
• Diarreia

Como a quimioterapia pode afetar a medula óssea, onde novas células sanguíneas são produzidas, as contagens de células sanguíneas podem ficar baixas. Isto pode resultar em:
• Chance aumentada de infecção (com a falta de leucócitos)
• Sangramento ou hematoma após pequenos cortes ou lesões (com a falta de plaquetas)
• Fadiga e falta de ar (com poucos eritrócitos)
Muitos dos medicamentos quimioterápicos utilizados para o câncer de pâncreas podem causar diarreia. Outros efeitos colaterais podem ocorrer dependendo de quais medicamentos quimioterápicos são utilizados. Por exemplo, a cisplatina pode causar dano renal (denominado nefropatia). Os médicos tentam prevenir este problema fornecendo ao paciente, líquidos em abundância antes e após administrar o medicamento. Cisplatina e oxaliplatina podem causar dano ao nervo (denominado neuropatia). Isto pode levar a sintomas de dormência, ardência ou até mesmo dor nas mãos e pés. Por um ou mais dias após o tratamento, a oxaliplatina pode causar dor no nervo que piora com a exposição ao frio. Isto geralmente causa dor na deglutição que é agravada ao deglutir alimentos ou líquidos frios. Se você estiver recebendo quimio, pergunte a equipe de tratamento do câncer sobre os medicamentos que estão sendo utilizados e quais são os efeitos colaterais esperados.
A maioria dos efeitos colaterais desaparece assim que o tratamento é interrompido. Se você apresentar efeitos colaterais, existem tratamentos que podem auxiliar a reduzi-los ou fazer com que eles desapareçam. Por exemplo, podem ser administradas medicações para prevenir ou reduzir a náusea e o vômito.

Terapia dirigida para câncer de pâncreas exócrino
À medida que os pesquisadores aprenderam mais sobre as alterações genéticas em células que causam o câncer, eles puderam ser capazes de desenvolver novos medicamentos que se dirigem especificamente para essas alterações. Esses medicamentos são geralmente referidos como terapia dirigida. Eles trabalham de modo diferente dos medicamentos quimioterápicos padrão e geralmente apresentam diferentes (e menos graves) efeitos colaterais. (Vide “Quais são as novidades na pesquisa e tratamento do câncer de pâncreas?” para mais informações.)
Uma pílula chamada erlotinibe (Tarceva®) tem auxiliado alguns pacientes com câncer de pâncreas avançado. Erlotinibe se dirige a uma proteína na superfície das células cancerígenas chamada EGFR, que normalmente induz o crescimento das células cancerígenas. Quando combinado com gencitabina, ele demonstrou funcionar ligeiramente melhor do que a gencitabina isolada. Algumas pessoas podem se beneficiar mais desta combinação do que outras. Os efeitos colaterais comuns de erlotinibe incluem erupção cutânea semelhante à acne, diarreia, perda de apetite e sensação de cansaço.

Quimioterapia para tumores neuroendócrinos do pâncreas
A quimioterapia (quimio) geralmente não é muito útil para tratar esses tumores e, portanto, geralmente ela não é utilizada. Quando a quimio é utilizada, os medicamentos preferidos são doxorrubicina (Adriamycin®) e estreptozocina. Recentemente, uma forma especial de doxorrubicina, conhecida como doxorrubicina lipossômica (Doxil®) tem sido utilizada no lugar do medicamento convencional. Na forma mais nova, o medicamento é dissolvido em gotículas de gordura, que permite que seja administrado com menos efeitos colaterais sérios. Outros medicamentos quimioterápicos que tem sido úteis no tratamento desses tumores incluem fluoruracila (5-FU), dacarbazina (DTIC) e temozolomida (Temodar®). Alguns estudos recentes demonstraram que a combinação de temozolomida com talidomida ou com capecitabina (Xeloda) pode ser útil.

Terapia dirigida para tumores neuroendócrinos do pâncreas
O medicamento sunitinibe (Sutent®) ataca o crescimento do vaso sanguíneo e outros alvos que estimulam o crescimento da célula cancerígena. Quando utilizado para tratar pacientes com tumores neuroendócrinos do pâncreas (NETs) com disseminação fora do pâncreas, foi demonstrado reduzir o crescimento tumoral e auxiliar a prolongar a vida dos pacientes. Este medicamento é uma pílula que é tomada uma vez ao dia para tratar NETs de pâncreas. Os efeitos colaterais mais comuns são náusea, diarreia, alterações na pele ou cor do cabelo, feridas na boca, fraqueza e baixas contagens de células sanguíneas. Outros possíveis efeitos incluem: cansaço, hipertensão arterial, problemas cardíacos, sangramento, síndrome mão-pé (vermelhidão, dor e descamação da pele das palmas das mãos e solas dos pés) e baixos níveis de hormônios tireoideanos. Este medicamento está aprovado pela FDA para tratar NETs de pâncreas que não podem ser removidos com a cirurgia ou que tenham se espalhado para fora do pâncreas.
Everolimo (Afinitor®) atua bloqueando uma proteína celular conhecida como mTOR, que normalmente promove o crescimento e a divisão celular. Quando utilizado para tratar pacientes com NETs de pâncreas que tenham se espalhado para fora do pâncreas, foi demonstrado reduzir o crescimento tumoral. Ainda não está claro se este medicamento auxilia a prolongar a vida dos pacientes. Everolimo é uma pílula tomada uma vez ao dia para tratar NETs de pâncreas. Os efeitos colaterais comuns deste medicamento incluem feridas na boca, um aumento no risco de infecções, náusea, perda de apetite, diarreia, erupção cutânea, sensação de cansaço ou fraqueza, retenção de líquidos (geralmente nas pernas) e aumento nos níveis sanguíneos de açúcar e colesterol. Um efeito colateral menos comum, porém sério é o dano aos pulmões, que pode causar falta de ar ou outros problemas. Este medicamento está aprovado pela FDA para tratar NETs de pâncreas que não podem ser removidos com cirurgia ou que tenham se espalhado para fora do pâncreas.

Tratando o câncer de pâncreas por estágio.

É difícil estadiar o câncer de pâncreas de forma exata utilizando os testes de imagem. Os médicos devem avaliar bem para decidir antes da cirurgia se existe uma boa chance do câncer ser completamente removido. Os cirurgiões geralmente consideram um câncer de pâncreas exócrino ressecável (completamente removível pela cirurgia) se ele for estadiado como T1, T2 ou T3. Isto significa que ele não se estende além do pâncreas, especialmente nos grandes vasos sanguíneos adjacentes (T4). Não existe um modo exato de avaliar a disseminação do tumor para os linfonodos antes da cirurgia.
Câncer de pâncreas exócrino
Ressecável:
 Se os testes de imagem mostrarem uma chance razoável de remover completamente o câncer, a cirurgia deve ser realizada se possível, uma vez que é a única chance de curar esta doença. Com base no local em que o câncer começou, geralmente é utilizado um procedimento de Whipple (pancreaticoduodenectomia) ou uma pancreatectomia distal.
Infelizmente, mesmo quando a cirurgia tiver removido todo o tumor que pode ser observado, o câncer geralmente retorna. Os estudos tem demonstrado que a administração de quimioterapia (quimio) após a cirurgia pode adiar o retorno do câncer em cerca de 6 meses. Ele também pode auxiliar alguns pacientes a prolongar as suas vidas. Gencitabina (Gemzar) ou 5-FU podem ser utilizados para isso. Ainda não está claro se a adição da radiação à quimio resultaria em mais de um benefício.
Alguns pacientes recebem a quimio, isoladamente ou com a radioterapia (quimiorradiação) antes da cirurgia. Alguns centros preferem fornecer a quimio antes da cirurgia porque a recuperação após a cirurgia é geralmente longa, o que pode atrasar ou até mesmo impedir o seu uso. Porém, ainda não está claro se esta abordagem é melhor do que administrar o tratamento após a cirurgia.

Localmente avançado: Cânceres de pâncreas localmente avançados são aqueles em que o tumor no pâncreas cresceu para dentro dos vasos sanguíneos adjacentes e outros tecidos, porém não se espalhou para o fígado ou órgãos distantes e tecidos. Esses tumores cresceram para uma extensão que não permite a remoção completa pela cirurgia. Diversos estudos tem demonstrado que a remoção parcial do câncer não auxilia os pacientes a prolongar as suas vidas. Deste modo, a cirurgia nesses cânceres é utilizada principalmente para aliviar o bloqueio do ducto biliar ou para desviar um intestino bloqueado causado pelo câncer que pressiona outros órgãos.
As opções de tratamento padrão para cânceres localmente avançados são a quimio e/ou quimiorradiação. Por vezes, este tratamento encolherá o câncer o suficiente para permitir a sua remoção. Quando a radiação é administrada, o medicamento quimioterápico pode ser gencitabina ou 5-FU. A administração da quimio e da radiação juntas pode funcionar melhor para encolher o câncer, porém esta combinação apresenta mais efeitos colaterais, podendo ser mais difícil de tomar do que qualquer tratamento isolado.

Metastático (disseminado): Os cânceres de pâncreas geralmente se espalham primeiro dentro do abdômen (barriga) e para o fígado. Eles também podem se espalhar para os pulmões, osso e cérebro.
Esses cânceres se espalharam muito para serem removidos pela cirurgia ou tratados somente com a radioterapia. Mesmo quando os testes de imagem mostram que a disseminação é somente em uma área do corpo, deve ser considerado que pequenos grupos de células cancerígenas (muito pequenas para serem observadas nos testes de imagem) já estão presentes em outros órgãos do corpo.
Um tratamento padrão para câncer de pâncreas avançado é a quimioterapia com gencitabina. Ele pode encolher o câncer e auxiliar os pacientes a viverem mais. As pessoas que recebem este tratamento também parecem ter menos sintomas relacionados ao seu câncer.
A adição de outros medicamentos à gencitabina pode melhorar a chance dos tumores encolherem e pode auxiliar as pessoas a viverem mais. Até o momento, somente erlotinibe (Tarceva) e capecitabina (Xeloda) demonstraram auxiliar alguns pacientes a viverem mais quando administrados juntamente com a gencitabina.
No geral, o benefício de administrar erlotinibe juntamente com gencitabina foi muito pequeno (pacientes viveram cerca de 2 semanas mais). Erlotinibe não parece auxiliar todos os pacientes e, assim, os especialistas estão tentando encontrar um meio de saber quem deve receber o medicamento e quem deve tentar outro medicamento. Capecitabina também pareceu auxiliar somente algumas das pessoas que a receberam com a gencitabina. A maioria dos médicos fornece quimio com gencitabina para o câncer de pâncreas, e consideram adicionar outro medicamento com base em caso a caso.
Outra opção que pode auxiliar os pacientes a viverem mais é uma combinação de medicamentos quimioterápicos, chamada FOLFIRINOX. Isto consiste de 4 medicamentos: 5-FU, leucovorina, irinotecano e oxaliplatina. Em um estudo, este tratamento auxiliou os pacientes a viverem mais do que com gencitabina, porém tiveram mais efeitos colaterais e, portanto, não é para todos. Além disso, houve recentes problemas para obter um suprimento de leucovorina, devido à escassez nacional deste medicamento. Isto tem limitado a capacidade dos médicos de administrar FOLFIRINOX.
Como os tratamentos agora disponíveis não funcionam bem para a maioria dos pacientes, as pessoas podem considerar participar de um estudo clínico de combinações de quimioterapia (com ou sem radioterapia) e novas terapias direcionadas.
Câncer recidivante: O câncer recebe a denominação de recidivante quando retorna após o tratamento. A recorrência pode ser local (no ou próximo ao mesmo local em que ele começou) ou distante (disseminado para órgãos, como fígado, pulmões ou osso). Quando o câncer de pâncreas exócrino é recidivante, ele é basicamente tratado da mesma forma que o câncer metastático, e é provável que inclua a quimioterapia, se o paciente puder tolerá-la.

Câncer da ampola de Vater
A ampola de Vater é a área em que o ducto pancreático e o ducto biliar comum desembocam para o duodeno (a primeira parte do intestino delgado). O câncer neste local pode iniciar no ducto pancreático, no duodeno ou no ducto biliar comum. A cirurgia com o procedimento de Whipple (pancreaticoduodenectomia) é geralmente bem sucedida como tratamento do câncer com uma taxa de sobrevida de 5 anos de 30% a 50%. Cânceres ampulares mais avançados são tratados como câncer de pâncreas. Em muitos pacientes, o câncer ampular não pode ser diferenciado do câncer de pâncreas até que a cirurgia seja feita. A quimiorradioterapia pós-operatória é geralmente recomendada para pacientes que tiveram uma ressecção bem sucedida do carcinoma ampular.

Tumores neuroendócrinos do pâncreas
Ressecável: Se o tumor é ressecável, ele será removido pela cirurgia. O procedimento utilizado depende do tipo do tumor, do seu tamanho, e da sua localização no pâncreas. A laparoscopia pode ser feita antes da ressecção para localizar melhor e estadiar o tumor. A cirurgia pode variar de pequena como uma enucleação até extensa, como um procedimento de Whipple (pancreatoduodenectomia). Os linfonodos são geralmente removidos para verificar a disseminação do tumor.
Antes de qualquer cirurgia, medicações são geralmente fornecidas para controlar os sintomas causados pelo tumor. Os medicamentos que bloqueiam o ácido estomacal (como inibidores da bomba de prótons) são utilizados para gastrinomas. As pessoas com insulinomas são geralmente tratadas com diazoxida para impedir que os níveis sanguíneos de açúcar fiquem muito baixos. Se o tumor for visível na cintilografia para receptor de somatostatina, octreotida (Somatostatina) pode ser utilizado para controlar os sintomas.
Após a cirurgia, o paciente será observado atentamente para sinais de que o câncer possa ter voltado ou espalhado.

Irressecável: NETs de pâncreas são geralmente de crescimento lento e, assim exames laboratoriais e testes de imagem são utilizados para monitorar o paciente e avaliar os sinais de crescimento tumoral. Muitos pacientes com cânceres que se espalharam para fora do pâncreas se beneficiam do tratamento dos sintomas, como diarreia ou de problemas hormonais com medicamentos, como a octreotida, diazoxida, e inibidores da bomba de prótons. A quimio ou a terapia direcionada é geralmente adiada até o paciente apresentar sintomas que não podem ser controlados com outros medicamentos ou apresente sinais de crescimento tumoral nas varreduras. Quando o tratamento é iniciado, sunitinibe (Sutent) ou everolimo (Afinitor) podem ser utilizados. A cirurgia ou técnicas de ablação também podem ser utilizadas para tratar as metástases no fígado.

E se o tratamento parar de funcionar?

Se o câncer continuar crescendo ou voltar após um tipo de tratamento, é possível que outro plano de tratamento possa ainda curar o câncer, ou pelo menos encolhê-lo o suficiente para ajudar que você viva mais e se sinta melhor. Mas quando uma pessoa tentou muitos tratamentos diferentes e o câncer não melhorou nem um pouco, o câncer tende a se tornar resistente a qualquer tratamento. Se isto acontecer, é importante ponderar os possíveis benefícios limitados de um novo tratamento contra as possíveis desvantagens. Todos tem o seu próprio jeito de avaliar isto.
É possível que seja a parte mais difícil da sua batalha contra o câncer – quando você passou por muitos tratamentos médicos e nada está mais funcionando. O seu médico pode oferecer a você novas opções, porém em um determinado momento você pode precisar considerar que é improvável que o tratamento melhore a sua saúde ou modifique o seu resultado ou sobrevida.
Se você quiser continuar a receber tratamento pelo tempo que puder, você precisa considerar as chances do tratamento ter algum benefício e como isto se compara com os possíveis riscos e efeitos colaterais. Em muitos casos, o seu médico pode estimar a probabilidade do câncer responder ao tratamento que você está considerando. Por exemplo, o médico pode dizer que mais quimio ou radiação pode ter cerca de 1% de chance de funcionar. Algumas pessoas ainda são tentadas a fazer isso. Porém, é importante pensar e entender seus motivos para escolher este plano.
Independentemente do que decidir fazer, você precisa se sentir o melhor que puder. Certifique-se que pedir e receber tratamento para qualquer sintoma que você possa ter, como náusea ou dor. Este tipo de tratamento é chamado cuidado paliativo.
O cuidado paliativo ajuda a aliviar sintomas, porém não se espera que cure a doença. Ele pode ser administrado juntamente com o tratamento para o câncer, ou pode até mesmo ser o tratamento para o câncer. A diferença é a sua finalidade — a principal finalidade do cuidado paliativo é melhorar a qualidade da sua vida, ou te ajudar a se sentir o melhor que puder pelo tempo que puder. Por vezes, isto significa utilizar medicamentos que auxiliam com sintomas como dor ou náusea. Algumas vezes, no entanto, os tratamentos utilizados para controlar os seus sintomas são os mesmos utilizados para tratar o câncer. Por exemplo, a radiação pode ser utilizada para ajudar a aliviar a dor óssea causada pelo câncer que se espalhou para os ossos. Ou a quimio pode ser utilizada para auxiliar a encolher um tumor e mantê-lo do bloqueio dos intestinos. Porém, não é o mesmo que o tratamento que tenta curar o câncer.
Em um determinado momento, você pode se beneficiar do cuidado paliativo. Este é um cuidado especial que trata a pessoa, e não a doença; ele foca na qualidade e não na duração de vida. Na maior parte do tempo, ele é administrado em casa. O seu câncer pode estar causando problemas que precisam ser controlados, e o cuidado paliativo foca em seu conforto. Você deve saber que, enquanto receber o cuidado paliativo, isto geralmente significa o fim dos tratamentos, como a quimio e a radiação, não significa que você não pode receber tratamento para os problemas causados pelo seu câncer ou outras condições de saúde. No cuidado paliativo, o foco do seu cuidado é sobre viver a vida o mais plenamente possível e sentir-se o melhor que puder neste momento difícil.
Manter a esperança também é importante. A sua esperança para uma cura pode não ser tão favorável, mas ainda existe esperança para passar bons momentos com a família e amigos – tempo que pode ser preenchido com alegria e significado. Fazendo uma pausa neste momento no tratamento para o seu câncer lhe dá uma chance de ter um novo foco nas coisas mais importantes na sua vida. Agora é o momento de fazer algumas coisas que você sempre quis fazer e parar da fazer coisas que não quer mais fazer. Embora o câncer possa estar além do seu controle, ainda existem escolhas que você pode fazer.

TERAPIAS COMPLEMENTARES E ALTERNATIVAS

Quando você tem câncer, é provável que ouça maneiras para tratar o seu câncer  ou aliviar os sintomas que o seu médico não mencionou. Todos, incluindo amigos, familiares, comunidades na Internet e sites da Internet oferecem ideias que podem ser úteis. Esses métodos podem incluir vitaminas, fitoterápicos e dietas especiais ou outros métodos, tais como acupuntura ou massagem, para citar alguns.

O que são exatamente terapias complementares e alternativas?
Ninguém utiliza esses termos da mesma forma, e eles são utilizados para se referir a muitos métodos diferentes e, portanto, podem causar confusão. Utilizamos complementar para se referir a tratamentos que são utilizados juntamente com o seu tratamento médico regular. Tratamentos alternativos são utilizados ao invés do tratamento médico indicado pelo médico.
Métodos complementares: A maioria dos métodos de tratamento complementar não são oferecidos como curas para o câncer. Eles são principalmente utilizados para auxiliar você a se sentir melhor. Alguns métodos que são utilizados juntamente com o tratamento regular são meditação para reduzir o estresse, acupuntura para aliviar a dor ou chá de menta para aliviar a náusea. Alguns métodos complementares têm o seu efeito auxiliar conhecido, ao passo que outros ainda não foram testados. Alguns comprovaram ser úteis e alguns demonstraram ser prejudiciais.
Tratamentos alternativos: Tratamentos alternativos podem ser oferecidos como curas para o câncer. Esses tratamentos não demonstraram ser seguros e eficazes nos estudos clínicos. Alguns desses métodos podem constituir um risco ou ter efeitos colaterais de risco à vida. Porém, o maior perigo na maioria dos casos é que você pode perder a chance de ser beneficiado pelo tratamento médico padrão. Atrasos ou interrupções em seus tratamentos médicos podem dar ao câncer mais tempo para crescer e fazer com que seja menos provável que o tratamento o auxilie.

Para saber mais
É fácil entender por que as pessoas com câncer consideram os métodos alternativos. Você quer fazer tudo que está ao seu alcance para lutar contra o câncer, e a ideia de um tratamento sem efeitos colaterais parece ótima. Algumas vezes, tratamentos médicos, como quimioterapia, podem ser difíceis de tolerar ou podem não mais estar funcionando. Porém a verdade é que a maioria desses métodos alternativos não foi testada e não provou funcionar no tratamento do câncer.
Ao considerar as suas opções, aqui vão 3 etapas importantes que você pode considerar:
• Procure por “sinais de alerta que sugiram fraude. O método promete curar todos ou a maioria dos cânceres? Foi recomendado que você não faça tratamentos médicos regulares? O tratamento é um segredo que requer que você visite determinados profissionais ou viaje para outro país?

A escolha é sua
Será sempre você que tomará a decisão sobre como tratar ou controlar o seu câncer. Se quiser utilizar um tratamento não convencional, saiba tudo que puder sobre o método e converse com o seu médico sobre isso. Com boas informações e o suporte da sua equipe de tratamento de saúde, você pode ser capaz de utilizar com segurança os métodos que podem auxiliá-lo, evitando ao mesmo tempo aqueles que eles possam ser prejudiciais.

O QUE PERGUNTAR AO MÉDICO?

É importante que tenha discussões francas, abertas com a sua equipe de tratamento do câncer. Eles querem responder todas as suas perguntas, não importando quão pequenas elas podem parecer para você. Por exemplo, considere essas perguntas:
• Que tipo de câncer de pâncreas eu tenho?
• O meu câncer se espalhou para fora do local primário?
• Qual é o estágio do meu câncer? Ele é ressecável?
• Quais são as minhas opções de tratamento?
• O que você recomenda e porquê?
• Quais os riscos ou efeitos colaterais dos tratamentos que você sugere?
• Como o tratamento afetaria as minhas atividades diárias?
• Quais as chances do tratamento me ajudar?
• Qual é a sua experiência com este tipo de tratamento?
• Qual é a experiência do hospital no tratamento de pessoas com este câncer?
• Devo ser encaminhado para um centro oncológico para tratamento?
• Devo considerar participar de um estudo clínico?
• Com base no que você sabe sobre o meu câncer, qual é o meu tempo de vida?
• O que devo fazer para me preparar para o tratamento?
Juntamente com esses exemplos de pergunta, certifique-se de anotar algumas das suas perguntas. Por exemplo, você pode perguntar sobre obter uma segunda opinião.

Estadiamento

É preciso que o médico e o paciente estejam sempre atentos ao  estadiamento da doença! Mas, o que é estadiamento? São os estágios que o câncer está no momento, ou seja, o tamanho, a localização e se espalhou para outros órgãos. O estádio de um tumor reflete não apenas a taxa de crescimento e a extensão da doença, mas também o tipo de tumor e sua relação com o hospedeiro.

O estadiamento pode ser clínico e patológico. O estadiamento clínico é estabelecido a partir dos dados do exame físico e dos exames complementares. O estadiamento patológico baseia-se nos achados cirúrgicos e no exame anátomopatológico – é estabelecido após tratamento cirúrgico e determina a extensão da doença com maior precisão. Lembrando que o estadiamento patológico pode ou não coincidir com o estadiamento clínico e não é aplicável a todos os tumores.

E o estadiamento para o Câncer de Pâncreas, como funciona?

Médicos usam vários sistemas para o estágio do câncer de pâncreas. O método utilizado para o estadiamento de outros tipos de câncer, chamado de classificação TNM (abreviatura de tumor, linfonodo e metástase), não é muito utilizado para o câncer de pâncreas. A maneira mais comum de classificar o câncer de pâncreas é dividi-lo em 4 categorias que são baseadas em duas opções: se ele pode ser removido com cirurgia e onde já se espalhou . Conheça as categorias:

  • Ressecável

Este tipo de câncer de pâncreas pode ser removido cirurgicamente. O tumor pode ser localizado apenas no pâncreas ou se estende além dele, mas não ter crescido em importantes artérias ou veias na região. Não há evidências de que o tumor tenha se espalhado para áreas fora do pâncreas. Aproximadamente 10% a 15% dos pacientes são diagnosticados neste estágio.

  • Margem Ressecada

Esta categoria descreve um tumor que pode ser difícil ou impossível de se remover cirurgicamente quando é diagnosticado pela primeira vez, mas se a quimioterapia e/ou radioterapia for capaz de encolher o tumor antes,ele poderá ser removido mais tarde com margens negativas. A margem negativa significa que nenhuma célula cancerígena visível é deixada para trás.

  • Localmente Avançado

Este tipo ainda está localizado apenas na área ao redor do pâncreas, mas não pode ser removido cirurgicamente porque cresceu em artérias ou veias próximas ou para órgãos próximos. No entanto, não há sinais de que se espalhou para qualquer partes distantes do corpo. Aproximadamente 35% a 40% dos pacientes são diagnosticados com esta fase.

  • Metastático

O tumor se espalhou para além da área do pâncreas e para outros órgãos, como o fígado ou áreas distantes do abdômem. Aproximadamente 45% a 55% dos pacientes são diagnosticados com esta fase.

Ao classificar cada câncer em uma dessas categorias, a equipe de saúde pode planejar a melhor estratégia de tratamento.

Sistema de estadiamento TNM
Médicos freqüentemente usam o sistema TNM para definir o estágio de outros tipos de câncer. Eles, geralmente, conseguem classificar um tumor apenas durante a cirurgia e muitos pacientes com câncer de pâncreas não recebem cirurgia. Portanto, o sistema TNM não é usado tanto para o câncer pancreático quanto para outros cânceres.

Para o sistema TNM, os médicos usam os resultados de exames de diagnóstico para responder a estas perguntas:

  • Tumor (T) : Qual é o tamanho do tumor primário? Onde está localizado?

  • Nó (N) : O tumor se espalhou para os gânglios linfáticos? Se sim, onde e quantos?

  • Metástase (M) : O câncer se espalhou para outras partes do corpo? Se sim, onde e quanto?

Os resultados são combinados para determinar o estágio do câncer para cada pessoa. Existem 5 estágios: estágio 0 (zero) e estágios I a IV (1 a 4). O estágio fornece uma maneira comum de descrever o câncer, para que os médicos possam trabalhar juntos para planejar o melhor tratamento. Abaixo estão mais detalhes sobre cada parte do sistema TNM para o câncer de pâncreas:

Tumor (T)
Usando o sistema TNM, o “T” mais uma letra ou número (0 a 4) é usado para descrever o tamanho e a localização do tumor. Isso ajuda o médico a desenvolver o melhor plano de tratamento para cada paciente. Informação específica do estádio do tumor listada abaixo.
TX:  O tumor primário não pode ser avaliado.
T0:  Nenhuma evidência de câncer foi encontrada no pâncreas.
Tis:  Refere-se ao carcinoma in situ, que é um câncer muito precoce que não se espalhou.
T1:  O tumor está no pâncreas apenas, e é 2 centímetros (cm) ou menor em tamanho.
T2:  O tumor está apenas no pâncreas, e é maior do que 2 cm.
T3:  O tumor estende-se além do pâncreas, mas não envolve as principais artérias ou veias perto do pâncreas.
T4:  O tumor se estende além do pâncreas, em grandes artérias ou veias próximos a ele. Um tumor T4 não pode ser completamente removido com a cirurgia.
Nó (N)

O “N” no sistema de estadiamento TNM é para os gânglios linfáticos. Os linfonodos são pequenos órgãos em forma de feijão localizados em todo o corpo que ajudam a combater infecções e doenças como parte do sistema imunológico. No câncer pancreático, os linfonodos regionais são os linfonodos próximos ao pâncreas e os distantes são os linfonodos localizados em outras partes do corpo.
NX:  Os gânglios linfáticos regionais não podem ser avaliados.
N0:  Câncer não foi encontrado nos gânglios linfáticos regionais.
N1: O  câncer se espalhou para os gânglios linfáticos regionais.

Metástase (M)
O “M” no sistema TNM indica se o câncer se espalhou para outras partes do corpo, chamado de metástase distante.
MX:  A metástase distante não pode ser avaliada.
M0:  A doença não se espalhou para outras partes do corpo.
M1: O Câncer se espalhou para outra parte do corpo, incluindo linfonodos distantes. O câncer de pâncreas comumente se espalha para o fígado e para o revestimento da cavidade abdominal chamado peritônio e pulmões.

Estágio do câncer

Os médicos atribuem o estágio do câncer combinando as classificações T, N e M.

Estágio 0:  Refere-se ao câncer in situ, no qual o câncer ainda não cresceu fora do ducto no qual ele começou (Tis, N0, M0).

Estágio IIA:  Um tumor estende-se além do pâncreas, mas não se espalhou para as artérias ou veias próximas. Não se espalhou para nenhum dos gânglios linfáticos ou outras partes do corpo (T3, N0, M0).

Estágio IIB:  Um tumor de qualquer tamanho não se espalhou para artérias ou veias próximas. Ele se espalhou para os gânglios linfáticos, mas não para outras partes do corpo (T1, T2 ou T3, N1, M0).

Estágio III:  Um tumor se espalhou para artérias, veias e / ou linfonodos próximos, mas não se espalhou para outras partes do corpo (T4, N1, M0).

Estágio IV:  Qualquer tumor que se espalhou para outras partes do corpo (qualquer T, qualquer N, M1).

Recorrente: é o câncer que voltou após o tratamento. Se o câncer não retornar, haverá outra rodada de testes para aprender sobre a extensão da recorrência. Esses exames são frequentemente semelhantes aos feitos no momento do diagnóstico original.

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