O câncer hepático é um câncer que se inicia no fígado. Para entender o câncer hepático, é importante conhecer a estrutura e função normais do fígado.

Sobre o fígado

O fígado é o maior órgão interno. Encontra-se sob suas costelas direitas, logo abaixo de seu pulmão direito. Se você apalpar com seus dedos sob suas costelas direitas, poderá quase tocá-lo.

Tem o formato de pirâmide e é divido em lobos direito e esquerdo. Os lobos são ainda divididos em seguimentos. Ao contrário da maioria dos outros órgãos, o fígado recebe sangue de 2 fontes: a artéria hepática fornece ao fígado sangue rico em oxigênio vindo do coração, e a veia porta carrega sangue rico em nutrientes vindo dos intestinos.

Você não pode viver sem seu fígado. Ele tem várias funções importantes:

– Ele quebra e armazena muitos dos nutrientes absorvidos pelo intestino, cujos quais seu corpo necessita para funcionar. Alguns nutrientes devem ser alterados (metabolizados) pelo fígado antes de serem utilizados pelo resto do corpo como energia ou para construir e reparar tecidos corporais.
– Ele faz a maioria dos fatores de coagulação que evitam que seu corpo sangre muito quando você se corta ou se fere.
– Ele secreta bile dentro dos intestinos para ajudar na absorção de nutrientes (principalmente gorduras).
– Ele tem um papel importante na remoção de resíduos tóxicos do corpo.

O fígado é composto de vários tipos diferentes de células. Este é o motivo pelo qual vários tipos de tumores malignos (cancerosos) ou benignos (não-cancerosos) podem se formar no fígado. Estes tumores têm diferentes causas, são tratados diferentemente, e tem um prognóstico diferente (perspectivas).

Tipos de Câncer de Fígado

Hemangiomas
O tipo mais comum de tumor benigno de fígado, os hemangiomas começam nos vasos sanguíneos. A maioria dos hemangiomas do fígado não causa sintomas e não precisa de tratamento. Porém, alguns podem sangrar e precisam ser removidos cirurgicamente.

Adenomas hepáticos
Esses são tumores benignos que começam nos hepatócitos (o principal tipo de célula hepática). A maioria não causa sintomas e não precisa de tratamento. Porém, alguns, eventualmente, causam sintomas, como dor ou uma massa no abdômen (área do estômago) ou perda de sangue. Como existe um risco do tumor se romper (levar a perda grave de sangue) e um pequeno risco que isto, eventualmente, se desenvolva em câncer de fígado, a maioria dos especialistas geralmente aconselha a remoção cirúrgica, quando possível.
O uso de determinados medicamentos pode aumentar o risco de apresentar esses tumores. As mulheres têm uma chance maior de apresentar um desses tumores se tomam pílulas anticoncepcionais, embora isto seja uma complicação rara. Parar de tomar as pílulas pode, por vezes, causar o encolhimento do tumor. Os homens que fazem uso de esteroides anabólicos também podem desenvolver esses tumores. Os adenomas podem encolher quando os medicamentos são descontinuados.

Hiperplasia nodular focal
A hiperplasia nodular focal (HNF) é um crescimento semelhante ao tumor de diversos tipos celulares (hepatócitos, células do ducto biliar e tecido conjuntivo). Embora os tumores da HNF sejam benignos, eles podem ser difíceis de serem distinguidos dos verdadeiros cânceres de fígado e, por vezes, os médicos os removem quando o diagnóstico não é claro. Se tiver sintomas de um tumor HNF, ele pode ser cirurgicamente removido e você pode ser curado.
Ambos os adenomas hepáticos e os tumores HNF são mais comuns em mulheres do que nos homens.
Tumores cancerosos que começam no fígado
Diversos tipos de câncer podem começar no fígado.

Hepatocarcinoma ou Carcinoma hepatocelular ou câncer hepatocelular
Esta é a forma mais comum de câncer de fígado em adultos. Ele é também, por vezes, chamado de hepatoma por ser proveniente dos hepatócitos (o principal tipo de célula hepática). Cerca de 3 de 4 cânceres que começam no fígado são deste tipo.
Os cânceres hepatocelulares (CHC) podem ter diferentes padrões de crescimento:

– Alguns começam como um único tumor que cresce em maior extensão. Somente tardiamente a doença se espalha para outras partes do fígado.

– Um segundo tipo parece começar como muitos pequenos nódulos de câncer em todo o fígado – não apenas um único tumor. Isto é observado, na maioria das vezes, em pessoas com cirrose (dano hepático crônico) e é o padrão mais comum observado nos Estados Unidos.
Sob o microscópio, os médicos podem distinguir diversos subtipos de CHC. Na maioria das vezes, esses subtipos não afetam o tratamento ou o prognóstico (panorama). Porém, um desses subtipos, fibrolamelar, é importante de se reconhecer. Este tipo é raro, constituindo menos de 1% dos CHCs. Os pacientes com este tipo são geralmente mais jovens (idade abaixo de 35 anos), e o resto de seu fígado não é afetado pela doença. Este subtipo apresenta um panorama muito melhor comparado às outras formas de CHC.

O carcinoma hepatocelular ocorre em uma frequência três vezes maior em homens do que em mulheres. é o câncer primário do fígado, ou seja, o câncer derivado das principais células do fígado – os hepatócitos. Assim como os demais tipos de cânceres, o carcinoma hepatocelular surge quando há uma mutação nos genes de uma célula que a faz se multiplicar desordenadamente. A causa desta mutação pode se dar por algum agente externo (como o vírus da hepatite B) ou pelo excesso de multiplicações das células (como a regeneração crônica nas hepatites), aumentando o risco de surgimento de erros na duplicação dos genes.

Colangiocarcinomas intra-hepáticos (cânceres do ducto biliar)
Cerca de 10% a 20% dos cânceres que começam no fígado são colangiocarcinomas intra-hepáticos.
Eles começam nos pequenos ductos biliares (tubos que transportam a bile para a vesícula biliar) dentro do fígado.
(A maioria dos colangiocarcinomas na realidade começa nos ductos biliares fora do fígado.)
Embora o restante deste documento discuta principalmente os cânceres hepatocelulares, os colangiocarcinomas são geralmente tratados da mesma forma. Para informações mais detalhadas sobre este tipo de câncer, consulte o nosso documento, Câncer de Ducto Biliar (Colangiocarcinoma).

Angiossarcomas e hemangiossarcomas
Esses são cânceres raros que começam nos vasos sanguíneos do fígado. As pessoas que foram expostas ao cloreto de vinila ou ao dióxido de tório (Thorotrast) estão mais propensas a desenvolver esses tipos de câncer. Consulte a seção Quais são os fatores de risco para o câncer de fígado? Outros casos são considerados como devido à exposição ao arsênico ou rádio, ou a uma condição herdada conhecida como hemocromatose. Em cerca da metade de todos os casos, nenhuma causa provável pode ser identificada.
Esses tumores crescem rapidamente e estão geralmente muito disseminados para serem removidos cirurgicamente no momento que eles são encontrados. A quimioterapia e a radioterapia podem auxiliara a desacelerar a doença, mas a maioria dos pacientes não vive mais que um ano após o diagnóstico.

Hepatoblastoma
Este é um tipo muito raro de câncer que se desenvolve em crianças, geralmente naqueles com menos de 4 anos de idade. As células do hepatoblastoma são semelhantes às células hepáticas fetais. Cerca de 70% das crianças com esta doença são tratadas com sucesso com a cirurgia e a quimioterapia, e a taxa de sobrevida é maior que 90% para hepatoblastomas de estágio inicial.
Câncer de fígado secundário
A maioria das vezes em que o câncer é encontrado no fígado, ele não começou ali, mas se espalhou (metastatizou) de outro local do corpo, como o pâncreas, cólon, estômago, mama ou pulmão. Esses tumores são nomeados e tratados com base em seu local primário (onde eles começaram). Por exemplo, o câncer que começou no pulmão e se espalhou para o fígado é chamado de câncer de pulmão com disseminação para o fígado, e não câncer de fígado. Nos Estados Unidos e na Europa, os tumores hepáticos secundários (metastáticos) são mais comuns do que o câncer de fígado primário. O oposto é verdadeiro para muitas áreas da Ásia e África.

Metástases Hepáticas
O fígado é o principal órgão atacado por metástases hematogênicas provenientes da circulação portal e um alvo frequente das metástases ocorridas na circulação sistêmica. Os tipos mais comuns que resultam em metástase hepática são: o carcinoma do pâncreas, o carcinoma colo-retal, o carcinoma de estômago, o carcinoma da mama, o carcinoma do esôfago, o carcinoma do pulmão e o tumor carcinóide.

Principais Estatísticas

As estimativas mais recentes da American Cancer Society (Sociedade Americana do Câncer) para o câncer de fígado primário e câncer de ducto biliar intra-hepático nos EUA são de 2010:

• Serão diagnosticados cerca de 24.120 novos casos (17.430 em homens e 6.690 em mulheres)
• Cerca de 18.910 pessoas (12.720 homens e 6.190 mulheres) vão morrer decorrente desse tipo de câncer.
A porcentagem de americanos desenvolvendo câncer de fígado tem aumentado na segunda metade do século 20, mas a taxa tem sido aparentemente estável nos últimos anos. O número real de casos aumentou, porém isto é, em parte, devido ao crescimento da população.
O câncer de fígado é mais comum nos homens do que nas mulheres, embora ainda seja bastante raro nos Estados Unidos em ambos os grupos. O risco médio ao longo da vida nos homens de desenvolver câncer de fígado ou do ducto biliar intra-hepático é de cerca de 1 em 100, ao passo que o risco médio nas mulheres é de cerca de 1 em 217. A maioria dos casos ocorre em pessoas com determinados fatores de risco (consulte seção, “Quais são os fatores de risco para câncer de fígado?).
A idade média ao diagnóstico do câncer de fígado é de 64 anos. Mais de 90% das pessoas diagnosticadas com câncer de fígado tem mais de 45 anos de idade. Cerca de 4% tem entre 35 e 44 anos de idade e menos de 3% tem menos de 35 anos.
Este câncer é, muitas vezes, mais comum em países na África sub-Sahariana e no Sudeste Asiático do que nos Estados Unidos. Em muitos desses países, é o tipo mais comum de câncer. Mais de 500.000 pessoas são diagnosticadas com este câncer a cada ano em todo o mundo.

Um fator de risco é qualquer coisa que afeta a sua chance de desenvolver uma doença, como o câncer.

Diferentes tipos de câncer apresentam diferentes fatores de risco. Por exemplo, a exposição da pele à forte luz solar é um fator de risco para o câncer de pele. O tabagismo é um fator de risco para diversos tipos de câncer.

No entanto, os fatores de risco não nos dizem tudo. Apresentar um fator de risco, ou até mesmo diversos fatores de risco, não significa que você desenvolverá a doença. E muitas pessoas que desenvolvem a doença podem não ter apresentado qualquer fator de risco conhecido.

Os cientistas encontraram diversos fatores de risco que tornam uma pessoa mais propensa a desenvolver carcinoma hepatocelular (CHC).

Sexo
O carcinoma hepatocelular é muito mais comum em homens do que nas mulheres, embora muito disso seja provavelmente devido a comportamentos que afetam os fatores de risco descritos a seguir.
O subtipo fibrolamelar do CHC ocorre em números praticamente iguais em ambos os sexos.

Raça/etnia
Nos Estados Unidos, os americanos asiáticos e os provenientes das Ilhas do Pacífico apresentam as maiores taxas de câncer de fígado, seguidos pelos índios americanos / nativos do Alasca e hispânicos/latinos, Afro-americanos e brancos.

Hepatite viral crônica
O fator de risco mais comum para o câncer de fígado é a infecção crônica (a longo prazo) com o vírus da hepatite B (HBV) ou vírus da hepatite C (HCV). Essas infecções levam a cirrose do fígado (ver abaixo) e são responsáveis por tornar o câncer de fígado o câncer mais comum em muitas partes do mundo.
Nos Estados Unidos, a infecção com hepatite C é a causa mais comum do CHC, ao passo que na Ásia e nos países em desenvolvimento, a hepatite B é mais comum. As pessoas infectadas com ambos os vírus apresentam um risco mais alto de desenvolver hepatite crônica, cirrose e câncer de fígado.
O HBV e o HCV são transmitidos de uma pessoa para outra através de agulhas contaminadas compartilhadas (como em usuários de drogas), sexo sem proteção, ou no parto. Eles também podem ser transmitidos através de transfusões de sangue, embora isto seja raro nos Estados Unidos, desde que foi iniciado o teste para esses vírus em produtos sanguíneos. Nos países em desenvolvimento, as crianças, por vezes, contraem a infecção da hepatite B pelo contato prolongado com familiares que estejam infectados.
Dos 2 vírus, a infecção com HBV é mais propensa a causar sintomas, como uma doença semelhante à gripe e um amarelamento dos olhos e pele (icterícia). Porém, a maioria das pessoas se recupera completamente da infecção do HBV em alguns meses. Somente uma porcentagem muito pequena de adultos se tornam portadores crônicos (e possuem um risco maior para câncer de fígado). O risco é maior em bebês e crianças pequenas que contraem a infecção.
O HCV, por outro lado, é menos propenso a causar sintomas. Porém, a maioria das pessoas com HCV desenvolvem infecções crônicas, que são mais propensas a levar ao dano hepático ou até mesmo ao câncer.
Outros vírus, como o vírus da hepatite A e vírus da hepatite E também podem causar hepatite.
No entanto, as pessoas infectadas com esses vírus não desenvolvem a hepatite crônica ou cirrose, e não estão em risco aumentado de câncer de fígado.

Cirrose
A cirrose é uma doença em que as células hepáticas ficam danificadas e são substituídas por tecido cicatrizado. As pessoas com cirrose apresentam um risco elevado para câncer de fígado. A maioria das pessoas (porém nem todas) que desenvolvem câncer de fígado já apresenta alguma evidência de cirrose.
Existem diversas possíveis causas de cirrose. A maioria dos casos nos Estados Unidos ocorre em pessoas que abusam do álcool ou possuem infecções crônicas do HBV ou HCV. O fígado gorduroso não alcoólico, uma doença em que as pessoas que não consomem álcool desenvolvem um fígado gorduroso é muito comum (é geralmente observado em pessoas obesas). As pessoas com um tipo desta doença conhecido como esteatose hepática não alcoólica (ou NASH, para abreviação) podem vir a desenvolver cirrose.
Determinados tipos de doenças metabólicas herdadas (ver abaixo) podem causar problemas no fígado que levam a cirrose. Alguns tipos de doenças autoimunes que afetam o fígado também podem causar a cirrose.

Doenças metabólicas herdadas
Determinadas doenças metabólicas herdadas podem levar a cirrose. As pessoas com hemocromatose absorvem ferro em excesso da sua dieta. O ferro se deposita em tecidos por todo o corpo, incluindo o fígado. Se muito ferro se acumular no fígado, isto pode levar a cirrose e câncer de fígado. Outras doenças raras que aumentam o risco do câncer de fígado incluem:
– tirosinemia
– deficiência de alfa1-antitripsina
– porfiria cutânea tardia
– doenças de armazenamento de glicogênio
– doença de Wilson.

Diabetes
O diabetes também pode aumentar o risco de câncer de fígado, geralmente em pacientes que apresentam outros fatores de risco, como consumo excessivo de álcool e/ou hepatite viral crônica.
Obesidade
A obesidade pode aumentar o risco de desenvolver câncer de fígado, provavelmente porque pode resultar em esteatose hepática e cirrose.

Aflatoxinas
Essas substâncias causadoras do câncer são produzidas por um fungo que contamina amendoim, trigo, soja, nozes moídas, milho e arroz. O armazenamento em um ambiente úmido e quente pode levar ao crescimento deste fungo. Embora isto possa ocorrer em praticamente qualquer lugar do mundo, é mais comum em países tropicais com temperatura mais quente. Os países desenvolvidos, como os Estados Unidos e aqueles na Europa regulam o teor de aflatoxinas nos alimentos por meio de testes.
A exposição a longo prazo a essas substâncias é um importante fator de risco para o câncer de fígado. O risco é ainda mais elevado em pessoas com infecções da hepatite B ou C.
Cloreto de vinila e dióxido de tório (Thorotrast)
A exposição a essas substâncias químicas aumenta o risco de angiossarcoma do fígado (consulte a seção,
“O que é câncer de fígado?”). Ele também aumenta o risco de desenvolver colangiocarcinoma e câncer hepatocelular, porém em um grau muito menor. O cloreto de vinila é uma substância química utilizada na produção de alguns tipos de plásticos. Thorotrast é uma substância química que, no passado, era injetada em alguns pacientes como parte de determinados exames de radiografia (raios-X). Quando as propriedades causadoras do câncer dessas substâncias químicas foram reconhecidas, foram tomadas medidas para eliminá-las ou minimizar a exposição a elas. Thorotrast não é mais utilizado e a exposição dos trabalhadores ao cloreto de vinila é estritamente controlada.

Esteroides anabólicos
Os esteroides anabólicos são hormônios masculinos utilizados por alguns atletas para aumentar a sua força e massa muscular. O uso a longo prazo dos esteroides anabólicos pode aumentar discretamente o risco de câncer hepatocelular. Os esteroides semelhantes à cortisona, como hidrocortisona, prednisona e dexametasona, não possuem este mesmo risco.

Arsênico
A exposição crônica à água potável contaminada com arsênico natural, como a de alguns poços, aumenta o risco de alguns tipos de câncer de fígado. Isto é mais comum em partes do Leste Asiático, porém também pode ser uma preocupação em algumas áreas dos Estados Unidos.

No início, o câncer de fígado primário costuma ser assintomático. Quando começam a surgir os sinais, os principais sintomas são:
1) dor abdominal e dor do lado direito que irradia para a região do ombro direito;
2) icterícia (pele e olhos amarelados);
3) falta de apetite, perda de peso, fraqueza, cansaço, fezes esbranquiçadas, náuseas e vômitos, palidez, febre e, consequentemente, anorexia.

No caso de metástases de fígado em outros órgãos, os sintomas mais comuns são:
1) no peritônio: aumento do volume abdominal provocado pelo acúmulo de líquido na cavidade (ascite);
2) nos pulmões: falta de ar ao realizar pequenos esforços;
3) nos ossos: dor.

O diagnóstico do câncer de fígado inclui os seguintes exames:
1) exame de sangue para determinar a presença de uma proteína liberada pela maioria dos tumores hepáticos malignos;
2) exames de imagem, como o ultrassom, tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética;
3) biópsia realizada por punção de um fragmento da lesão através da parede abdominal.

Como no início do câncer de fígado, os sintomas raramente se manifestam, na maioria dos casos, o diagnóstico é feito quando a doença alcançou estágios mais avançados e já produziu metástases à distância. Por isso, vale ressaltar a importância de realizar exames periódicos de imagem e de marcadores tumorais para detectar a presença de lesões precocemente, para as pessoas que pertencem aos grupos de risco.

O tratamento do câncer de fígado evoluiu muito nas últimas décadas. Abaixo os principais tratamentos:

tratamento cirúrgico é o mais indicado nos tumores hepáticos primários. A retirada cirúrgica do tumor e de parte do fígado é o procedimento indicado quando a lesão é pequena e a função hepática está preservada. Quando isso não é possível, a alternativa é otransplante de fígado.

Para os casos onde nem a cirurgia nem o transplante são possíveis, existem opções terapêuticas mais conservadoras como a criocirurgia (congelamento das células malignas), a ablação por radiofrequência (ondas elétricas provocam aumento da temperatura dentro do tumor), a alcoolização (injeção de álcool absoluto dentro do tumor) e a quimioembolização (aplicação de microesferas contendo agentes quimioterápicos). Outra opção para os casos mais avançados é a terapia antiangiogênica, que consiste em aplicar dentro dos vasos que alimentam o tumor drogas quimioterápicas para interromper o fornecimento de sangue e inibir a formação de novos vasos. A radioterapia é um recurso só ocasionalmente benéfico.

Fatores como o estágio e evolução da doença, a idade do paciente, suas condições clínicas e da função hepática, são analisados para definir o melhor tratamento. Nem sempre é possível obter a cura definitiva, mas é sempre viável estender os benefícios do tratamento por mais tempo e com melhor qualidade de vida.

Fique atento e Previna-se!

Prevenção e a descoberta precoce do câncer de fígado é a principal arma nessa luta. Por isso…
· evite o uso frequente e abusivo de álcool;
·  tome as três doses da vacina contra a hepatite B;
· use preservativo em todas as relações sexuais e não compartilhe o uso de seringas como forma de evitar o contato com os vírus das hepatites B e C;
·  não se automedique. Até remédios comuns como certos analgésicos, tomados em excesso podem ocasionar danos irreversíveis ao fígado.

É preciso que o médico e o paciente estejam sempre atentos ao  estadiamento da doença! Mas, o que é estadiamento? São os estágios que o câncer está no momento, ou seja, o tamanho, a localização e se espalhou para outros órgãos. O estádio de um tumor reflete não apenas a taxa de crescimento e a extensão da doença, mas também o tipo de tumor e sua relação com o hospedeiro. O sistema de estadiamento mais utilizado é o TNM da American Joint Committee on Cancer.

O que é TNM?

É a abreviatura de tumor, linfonodo e metástase. Este sistema utiliza três critérios para avaliar o estágio do câncer:

  • O próprio tumor ( T + um número de 0 a 4 usa-se para descrever o tumor primário);
  • Os linfonodos regionais ao redor do tumor ( N + 0 a 3 usa-se para descrever se a doença disseminou para os gânglios linfáticos)
  • E se o tumor se espalhou para outras partes do corpo (M usa-se para descrever que a doença se espalhou para outros órgãos)

O estadiamento pode ser clínico e patológico. O estadiamento clínico é estabelecido a partir dos dados do exame físico e dos exames complementares. O estadiamento patológico baseia-se nos achados cirúrgicos e no exame anátomopatológico – é estabelecido após tratamento cirúrgico e determina a extensão da doença com maior precisão. Lembrando que o estadiamento patológico pode ou não coincidir com o estadiamento clínico e não é aplicável a todos os tumores.

E o estadiamento do Câncer de Fígado, como funciona?

O câncer de fígado é estadiado baseado no resultado de exames clínicos, como exames de imagem (ultrassonagrafia, Tomografia computadorizada e Ressonância magnética) entre outros exames,  somados ao resultado da cirurgia, se esta for realizada.

Existem alguns sistemas de estadiamento para o câncer de fígado, e nem todos os médicos utilizam o mesmo.  Porém, o mais comum é o TNM.

Uma vez que as categorias T, N e M foram determinadas, elas são combinadas para detalhar mais ainda o estádio, utilizando os números romanos I a IV (1 a 4).

Etapa
Agrupamento          de  estágios
Descrição do estágio
I T1, N0, M0 Há um único tumor (qualquer tamanho) que não cresceu em qualquer vasos sanguíneos. O câncer não se espalhou para os gânglios linfáticos próximos ou locais distantes.
II T2, N0, M0 Ou há um único tumor (qualquer tamanho) que cresceu em vasos sanguíneos, OU há vários tumores, e todos são 5 cm ou menos em toda. O câncer não se espalhou para os gânglios linfáticos próximos ou locais distantes.
IIIA T3a, N0, M0 Há mais de um tumor, e pelo menos um é maior do que 5 cm de diâmetro. O câncer não se espalhou para os gânglios linfáticos próximos ou locais distantes.
IIIB T3b, N0, M0 Pelo menos um tumor está crescendo em um vaso de uma veia principal do fígado (veia porta ou veia hepática). O câncer não se espalhou para os gânglios linfáticos próximos ou locais distantes.
IIIC T4, N0, M0 Um tumor está crescendo em um órgão próximo (exceto da vesícula biliar), OU um tumor cresceu para a cobertura externa do fígado. O câncer não se espalhou para os gânglios linfáticos próximos ou locais distantes.
IVA Qualquer T, N1, M0 Os tumores no fígado podem ser de qualquer tamanho ou número e podem ter crescido em vasos sanguíneos ou órgãos próximos. O câncer se espalhou para os gânglios linfáticos próximos. O câncer não se espalhou para locais distantes.
IVB Qualquer T, Qualquer N, M1 O câncer se espalhou para outras partes do corpo. (Os tumores podem ser de qualquer tamanho ou número e os gânglios linfáticos próximos podem ou não estar envolvidos.)
Outros sistemas de estadiamento do câncer de fígado

Os sistemas de estadiamento para a maioria dos tipos de câncer dependem apenas da extensão do câncer, mas o câncer de fígado é agravado pelo fato de que a maioria dos pacientes sofre dano no restante do fígado, juntamente com o câncer. Isso também afeta as opções de tratamento e prognóstico. Embora o sistema TNM defina a extensão do câncer de fígado em alguns detalhes, ele não leva em conta a função hepática. Vários outros sistemas de estadiamento foram desenvolvidos que incluem ambos os fatores:

  • O sistema Barcelona Clinic Liver Cancer (BCLC);
  • O sistema italiano do programa do câncer do fígado (CLIP);
  • O sistema Okuda.

Estes sistemas de estadiamento não foram comparados entre si. Alguns são usados ​​mais do que outros em diferentes partes do mundo, mas neste momento não há um único sistema de estadiamento que todos os médicos usam. Se você tiver dúvidas sobre o estágio de seu câncer ou qual sistema seu médico usa, não se esqueça de perguntar.

Pontuação de Child-Pugh (sistema de estadiamento de cirrose)

A pontuação de Child-Pugh é uma medida da função hepática, especialmente em pessoas com cirrose. Muitas pessoas com câncer de fígado também têm cirrose e, a fim de tratar o câncer, os médicos precisam saber o quão bem o fígado está trabalhando. Este sistema olha para 5 fatores, os primeiros 3 dos quais são os resultados de exames de sangue:

  • Os níveis sanguíneos de bilirrubina (a substância que pode causar o amarelamento da pele e dos olhos)
  • Os níveis sanguíneos de albumina (uma proteína principal normalmente feita pelo fígado)
  • O tempo de protrombina (que mede quão bem o fígado está trabalhando os fatores de coagulação do sangue)
  • Se há líquido (ascite) no abdômen
  • Se a doença hepática está afetando a função cerebral

Com base nesses fatores, a função hepática é dividida em 3 classes. Se todos esses fatores são normais, então a função do fígado é chamado de classe A . Anormalidades suaves são classe B , e anomalias graves são a classe C . Pessoas com câncer de fígado e cirrose de classe C muitas vezes são muito doentes para a cirurgia ou outros tratamentos de câncer importantes.

A pontuação de Child-Pugh é realmente parte dos sistemas de estadiamento BCLC e CLIP mencionados anteriormente.

Classificação do câncer de fígado

Os sistemas formais de estadiamento (como os descritos anteriormente) podem freqüentemente ajudar os médicos a determinar o prognóstico do paciente (perspectiva). Mas, para fins de tratamento, os médicos geralmente classificam os cânceres de fígado de forma mais simples, com base em saber se eles podem ou não ser totalmente cortados (ressecados). Ressecável é o termo médico que significa “capaz de ser removido por cirurgia”.

Câncer potencialmente ressecável ou transplantável

Estes cânceres podem ser completamente removidos por cirurgia ou tratados com um transplante de fígado e o paciente é saudável o suficiente para a cirurgia. Isto incluiria a maioria dos estádios I e alguns estádios II no sistema TNM, em pacientes que não têm cirrose ou outros problemas médicos graves. Apenas um pequeno número de pacientes com câncer de fígado tem esse tipo de tumor.

Cânceres não-ressecáveis

Cânceres que não se espalharam para os gânglios linfáticos ou órgãos distantes, mas não podem ser completamente removidos por cirurgia são classificados como irresecáveis. Isso inclui cânceres que se espalharam pelo fígado ou não podem ser removidos com segurança porque estão próximos da área onde o fígado encontra com as principais artérias, veias e vias biliares.

Inoperável com apenas doença local

O câncer é pequeno o suficiente e no lugar certo para ser removido, mas o paciente não está saudável o suficiente para a cirurgia. Muitas vezes isso ocorre porque a parte não cancerosa do fígado não é saudável (por causa da cirrose, por exemplo), e se o câncer for removido, pode não haver tecido hepático suficiente para que funcione corretamente. Também pode significar que o paciente tem sérios problemas médicos que tornam a cirurgia insegura.

Câncer avançado (metastático)

Os cânceres que se espalharam para os gânglios linfáticos ou outros órgãos são classificados como avançados. Estes incluem os estádios de cânceres IVA e IVB no sistema TNM. A maioria dos cânceres de fígado avançados não podem ser tratados com cirurgia.

O câncer hepático é um câncer que se inicia no fígado. Para entender o câncer hepático, é importante conhecer a estrutura e função normais do fígado.

Sobre o fígado

O fígado é o maior órgão interno. Encontra-se sob suas costelas direitas, logo abaixo de seu pulmão direito. Se você apalpar com seus dedos sob suas costelas direitas, poderá quase tocá-lo.

Tem o formato de pirâmide e é divido em lobos direito e esquerdo. Os lobos são ainda divididos em seguimentos. Ao contrário da maioria dos outros órgãos, o fígado recebe sangue de 2 fontes: a artéria hepática fornece ao fígado sangue rico em oxigênio vindo do coração, e a veia porta carrega sangue rico em nutrientes vindo dos intestinos.

Você não pode viver sem seu fígado. Ele tem várias funções importantes:

– Ele quebra e armazena muitos dos nutrientes absorvidos pelo intestino, cujos quais seu corpo necessita para funcionar. Alguns nutrientes devem ser alterados (metabolizados) pelo fígado antes de serem utilizados pelo resto do corpo como energia ou para construir e reparar tecidos corporais.
– Ele faz a maioria dos fatores de coagulação que evitam que seu corpo sangre muito quando você se corta ou se fere.
– Ele secreta bile dentro dos intestinos para ajudar na absorção de nutrientes (principalmente gorduras).
– Ele tem um papel importante na remoção de resíduos tóxicos do corpo.

O fígado é composto de vários tipos diferentes de células. Este é o motivo pelo qual vários tipos de tumores malignos (cancerosos) ou benignos (não-cancerosos) podem se formar no fígado. Estes tumores têm diferentes causas, são tratados diferentemente, e tem um prognóstico diferente (perspectivas).

Tipos de Câncer de Fígado

Hemangiomas
O tipo mais comum de tumor benigno de fígado, os hemangiomas começam nos vasos sanguíneos. A maioria dos hemangiomas do fígado não causa sintomas e não precisa de tratamento. Porém, alguns podem sangrar e precisam ser removidos cirurgicamente.

Adenomas hepáticos
Esses são tumores benignos que começam nos hepatócitos (o principal tipo de célula hepática). A maioria não causa sintomas e não precisa de tratamento. Porém, alguns, eventualmente, causam sintomas, como dor ou uma massa no abdômen (área do estômago) ou perda de sangue. Como existe um risco do tumor se romper (levar a perda grave de sangue) e um pequeno risco que isto, eventualmente, se desenvolva em câncer de fígado, a maioria dos especialistas geralmente aconselha a remoção cirúrgica, quando possível.
O uso de determinados medicamentos pode aumentar o risco de apresentar esses tumores. As mulheres têm uma chance maior de apresentar um desses tumores se tomam pílulas anticoncepcionais, embora isto seja uma complicação rara. Parar de tomar as pílulas pode, por vezes, causar o encolhimento do tumor. Os homens que fazem uso de esteroides anabólicos também podem desenvolver esses tumores. Os adenomas podem encolher quando os medicamentos são descontinuados.

Hiperplasia nodular focal
A hiperplasia nodular focal (HNF) é um crescimento semelhante ao tumor de diversos tipos celulares (hepatócitos, células do ducto biliar e tecido conjuntivo). Embora os tumores da HNF sejam benignos, eles podem ser difíceis de serem distinguidos dos verdadeiros cânceres de fígado e, por vezes, os médicos os removem quando o diagnóstico não é claro. Se tiver sintomas de um tumor HNF, ele pode ser cirurgicamente removido e você pode ser curado.
Ambos os adenomas hepáticos e os tumores HNF são mais comuns em mulheres do que nos homens.
Tumores cancerosos que começam no fígado
Diversos tipos de câncer podem começar no fígado.

Hepatocarcinoma ou Carcinoma hepatocelular ou câncer hepatocelular
Esta é a forma mais comum de câncer de fígado em adultos. Ele é também, por vezes, chamado de hepatoma por ser proveniente dos hepatócitos (o principal tipo de célula hepática). Cerca de 3 de 4 cânceres que começam no fígado são deste tipo.
Os cânceres hepatocelulares (CHC) podem ter diferentes padrões de crescimento:

– Alguns começam como um único tumor que cresce em maior extensão. Somente tardiamente a doença se espalha para outras partes do fígado.

– Um segundo tipo parece começar como muitos pequenos nódulos de câncer em todo o fígado – não apenas um único tumor. Isto é observado, na maioria das vezes, em pessoas com cirrose (dano hepático crônico) e é o padrão mais comum observado nos Estados Unidos.
Sob o microscópio, os médicos podem distinguir diversos subtipos de CHC. Na maioria das vezes, esses subtipos não afetam o tratamento ou o prognóstico (panorama). Porém, um desses subtipos, fibrolamelar, é importante de se reconhecer. Este tipo é raro, constituindo menos de 1% dos CHCs. Os pacientes com este tipo são geralmente mais jovens (idade abaixo de 35 anos), e o resto de seu fígado não é afetado pela doença. Este subtipo apresenta um panorama muito melhor comparado às outras formas de CHC.

O carcinoma hepatocelular ocorre em uma frequência três vezes maior em homens do que em mulheres. é o câncer primário do fígado, ou seja, o câncer derivado das principais células do fígado – os hepatócitos. Assim como os demais tipos de cânceres, o carcinoma hepatocelular surge quando há uma mutação nos genes de uma célula que a faz se multiplicar desordenadamente. A causa desta mutação pode se dar por algum agente externo (como o vírus da hepatite B) ou pelo excesso de multiplicações das células (como a regeneração crônica nas hepatites), aumentando o risco de surgimento de erros na duplicação dos genes.

Colangiocarcinomas intra-hepáticos (cânceres do ducto biliar)
Cerca de 10% a 20% dos cânceres que começam no fígado são colangiocarcinomas intra-hepáticos.
Eles começam nos pequenos ductos biliares (tubos que transportam a bile para a vesícula biliar) dentro do fígado.
(A maioria dos colangiocarcinomas na realidade começa nos ductos biliares fora do fígado.)
Embora o restante deste documento discuta principalmente os cânceres hepatocelulares, os colangiocarcinomas são geralmente tratados da mesma forma. Para informações mais detalhadas sobre este tipo de câncer, consulte o nosso documento, Câncer de Ducto Biliar (Colangiocarcinoma).

Angiossarcomas e hemangiossarcomas
Esses são cânceres raros que começam nos vasos sanguíneos do fígado. As pessoas que foram expostas ao cloreto de vinila ou ao dióxido de tório (Thorotrast) estão mais propensas a desenvolver esses tipos de câncer. Consulte a seção Quais são os fatores de risco para o câncer de fígado? Outros casos são considerados como devido à exposição ao arsênico ou rádio, ou a uma condição herdada conhecida como hemocromatose. Em cerca da metade de todos os casos, nenhuma causa provável pode ser identificada.
Esses tumores crescem rapidamente e estão geralmente muito disseminados para serem removidos cirurgicamente no momento que eles são encontrados. A quimioterapia e a radioterapia podem auxiliara a desacelerar a doença, mas a maioria dos pacientes não vive mais que um ano após o diagnóstico.

Hepatoblastoma
Este é um tipo muito raro de câncer que se desenvolve em crianças, geralmente naqueles com menos de 4 anos de idade. As células do hepatoblastoma são semelhantes às células hepáticas fetais. Cerca de 70% das crianças com esta doença são tratadas com sucesso com a cirurgia e a quimioterapia, e a taxa de sobrevida é maior que 90% para hepatoblastomas de estágio inicial.
Câncer de fígado secundário
A maioria das vezes em que o câncer é encontrado no fígado, ele não começou ali, mas se espalhou (metastatizou) de outro local do corpo, como o pâncreas, cólon, estômago, mama ou pulmão. Esses tumores são nomeados e tratados com base em seu local primário (onde eles começaram). Por exemplo, o câncer que começou no pulmão e se espalhou para o fígado é chamado de câncer de pulmão com disseminação para o fígado, e não câncer de fígado. Nos Estados Unidos e na Europa, os tumores hepáticos secundários (metastáticos) são mais comuns do que o câncer de fígado primário. O oposto é verdadeiro para muitas áreas da Ásia e África.

Metástases Hepáticas
O fígado é o principal órgão atacado por metástases hematogênicas provenientes da circulação portal e um alvo frequente das metástases ocorridas na circulação sistêmica. Os tipos mais comuns que resultam em metástase hepática são: o carcinoma do pâncreas, o carcinoma colo-retal, o carcinoma de estômago, o carcinoma da mama, o carcinoma do esôfago, o carcinoma do pulmão e o tumor carcinóide.

Principais Estatísticas

As estimativas mais recentes da American Cancer Society (Sociedade Americana do Câncer) para o câncer de fígado primário e câncer de ducto biliar intra-hepático nos EUA são de 2010:

• Serão diagnosticados cerca de 24.120 novos casos (17.430 em homens e 6.690 em mulheres)
• Cerca de 18.910 pessoas (12.720 homens e 6.190 mulheres) vão morrer decorrente desse tipo de câncer.
A porcentagem de americanos desenvolvendo câncer de fígado tem aumentado na segunda metade do século 20, mas a taxa tem sido aparentemente estável nos últimos anos. O número real de casos aumentou, porém isto é, em parte, devido ao crescimento da população.
O câncer de fígado é mais comum nos homens do que nas mulheres, embora ainda seja bastante raro nos Estados Unidos em ambos os grupos. O risco médio ao longo da vida nos homens de desenvolver câncer de fígado ou do ducto biliar intra-hepático é de cerca de 1 em 100, ao passo que o risco médio nas mulheres é de cerca de 1 em 217. A maioria dos casos ocorre em pessoas com determinados fatores de risco (consulte seção, “Quais são os fatores de risco para câncer de fígado?).
A idade média ao diagnóstico do câncer de fígado é de 64 anos. Mais de 90% das pessoas diagnosticadas com câncer de fígado tem mais de 45 anos de idade. Cerca de 4% tem entre 35 e 44 anos de idade e menos de 3% tem menos de 35 anos.
Este câncer é, muitas vezes, mais comum em países na África sub-Sahariana e no Sudeste Asiático do que nos Estados Unidos. Em muitos desses países, é o tipo mais comum de câncer. Mais de 500.000 pessoas são diagnosticadas com este câncer a cada ano em todo o mundo.

Um fator de risco é qualquer coisa que afeta a sua chance de desenvolver uma doença, como o câncer.

Diferentes tipos de câncer apresentam diferentes fatores de risco. Por exemplo, a exposição da pele à forte luz solar é um fator de risco para o câncer de pele. O tabagismo é um fator de risco para diversos tipos de câncer.

No entanto, os fatores de risco não nos dizem tudo. Apresentar um fator de risco, ou até mesmo diversos fatores de risco, não significa que você desenvolverá a doença. E muitas pessoas que desenvolvem a doença podem não ter apresentado qualquer fator de risco conhecido.

Os cientistas encontraram diversos fatores de risco que tornam uma pessoa mais propensa a desenvolver carcinoma hepatocelular (CHC).

Sexo
O carcinoma hepatocelular é muito mais comum em homens do que nas mulheres, embora muito disso seja provavelmente devido a comportamentos que afetam os fatores de risco descritos a seguir.
O subtipo fibrolamelar do CHC ocorre em números praticamente iguais em ambos os sexos.

Raça/etnia
Nos Estados Unidos, os americanos asiáticos e os provenientes das Ilhas do Pacífico apresentam as maiores taxas de câncer de fígado, seguidos pelos índios americanos / nativos do Alasca e hispânicos/latinos, Afro-americanos e brancos.

Hepatite viral crônica
O fator de risco mais comum para o câncer de fígado é a infecção crônica (a longo prazo) com o vírus da hepatite B (HBV) ou vírus da hepatite C (HCV). Essas infecções levam a cirrose do fígado (ver abaixo) e são responsáveis por tornar o câncer de fígado o câncer mais comum em muitas partes do mundo.
Nos Estados Unidos, a infecção com hepatite C é a causa mais comum do CHC, ao passo que na Ásia e nos países em desenvolvimento, a hepatite B é mais comum. As pessoas infectadas com ambos os vírus apresentam um risco mais alto de desenvolver hepatite crônica, cirrose e câncer de fígado.
O HBV e o HCV são transmitidos de uma pessoa para outra através de agulhas contaminadas compartilhadas (como em usuários de drogas), sexo sem proteção, ou no parto. Eles também podem ser transmitidos através de transfusões de sangue, embora isto seja raro nos Estados Unidos, desde que foi iniciado o teste para esses vírus em produtos sanguíneos. Nos países em desenvolvimento, as crianças, por vezes, contraem a infecção da hepatite B pelo contato prolongado com familiares que estejam infectados.
Dos 2 vírus, a infecção com HBV é mais propensa a causar sintomas, como uma doença semelhante à gripe e um amarelamento dos olhos e pele (icterícia). Porém, a maioria das pessoas se recupera completamente da infecção do HBV em alguns meses. Somente uma porcentagem muito pequena de adultos se tornam portadores crônicos (e possuem um risco maior para câncer de fígado). O risco é maior em bebês e crianças pequenas que contraem a infecção.
O HCV, por outro lado, é menos propenso a causar sintomas. Porém, a maioria das pessoas com HCV desenvolvem infecções crônicas, que são mais propensas a levar ao dano hepático ou até mesmo ao câncer.
Outros vírus, como o vírus da hepatite A e vírus da hepatite E também podem causar hepatite.
No entanto, as pessoas infectadas com esses vírus não desenvolvem a hepatite crônica ou cirrose, e não estão em risco aumentado de câncer de fígado.

Cirrose
A cirrose é uma doença em que as células hepáticas ficam danificadas e são substituídas por tecido cicatrizado. As pessoas com cirrose apresentam um risco elevado para câncer de fígado. A maioria das pessoas (porém nem todas) que desenvolvem câncer de fígado já apresenta alguma evidência de cirrose.
Existem diversas possíveis causas de cirrose. A maioria dos casos nos Estados Unidos ocorre em pessoas que abusam do álcool ou possuem infecções crônicas do HBV ou HCV. O fígado gorduroso não alcoólico, uma doença em que as pessoas que não consomem álcool desenvolvem um fígado gorduroso é muito comum (é geralmente observado em pessoas obesas). As pessoas com um tipo desta doença conhecido como esteatose hepática não alcoólica (ou NASH, para abreviação) podem vir a desenvolver cirrose.
Determinados tipos de doenças metabólicas herdadas (ver abaixo) podem causar problemas no fígado que levam a cirrose. Alguns tipos de doenças autoimunes que afetam o fígado também podem causar a cirrose.

Doenças metabólicas herdadas
Determinadas doenças metabólicas herdadas podem levar a cirrose. As pessoas com hemocromatose absorvem ferro em excesso da sua dieta. O ferro se deposita em tecidos por todo o corpo, incluindo o fígado. Se muito ferro se acumular no fígado, isto pode levar a cirrose e câncer de fígado. Outras doenças raras que aumentam o risco do câncer de fígado incluem:
– tirosinemia
– deficiência de alfa1-antitripsina
– porfiria cutânea tardia
– doenças de armazenamento de glicogênio
– doença de Wilson.

Diabetes
O diabetes também pode aumentar o risco de câncer de fígado, geralmente em pacientes que apresentam outros fatores de risco, como consumo excessivo de álcool e/ou hepatite viral crônica.
Obesidade
A obesidade pode aumentar o risco de desenvolver câncer de fígado, provavelmente porque pode resultar em esteatose hepática e cirrose.

Aflatoxinas
Essas substâncias causadoras do câncer são produzidas por um fungo que contamina amendoim, trigo, soja, nozes moídas, milho e arroz. O armazenamento em um ambiente úmido e quente pode levar ao crescimento deste fungo. Embora isto possa ocorrer em praticamente qualquer lugar do mundo, é mais comum em países tropicais com temperatura mais quente. Os países desenvolvidos, como os Estados Unidos e aqueles na Europa regulam o teor de aflatoxinas nos alimentos por meio de testes.
A exposição a longo prazo a essas substâncias é um importante fator de risco para o câncer de fígado. O risco é ainda mais elevado em pessoas com infecções da hepatite B ou C.
Cloreto de vinila e dióxido de tório (Thorotrast)
A exposição a essas substâncias químicas aumenta o risco de angiossarcoma do fígado (consulte a seção,
“O que é câncer de fígado?”). Ele também aumenta o risco de desenvolver colangiocarcinoma e câncer hepatocelular, porém em um grau muito menor. O cloreto de vinila é uma substância química utilizada na produção de alguns tipos de plásticos. Thorotrast é uma substância química que, no passado, era injetada em alguns pacientes como parte de determinados exames de radiografia (raios-X). Quando as propriedades causadoras do câncer dessas substâncias químicas foram reconhecidas, foram tomadas medidas para eliminá-las ou minimizar a exposição a elas. Thorotrast não é mais utilizado e a exposição dos trabalhadores ao cloreto de vinila é estritamente controlada.

Esteroides anabólicos
Os esteroides anabólicos são hormônios masculinos utilizados por alguns atletas para aumentar a sua força e massa muscular. O uso a longo prazo dos esteroides anabólicos pode aumentar discretamente o risco de câncer hepatocelular. Os esteroides semelhantes à cortisona, como hidrocortisona, prednisona e dexametasona, não possuem este mesmo risco.

Arsênico
A exposição crônica à água potável contaminada com arsênico natural, como a de alguns poços, aumenta o risco de alguns tipos de câncer de fígado. Isto é mais comum em partes do Leste Asiático, porém também pode ser uma preocupação em algumas áreas dos Estados Unidos.

No início, o câncer de fígado primário costuma ser assintomático. Quando começam a surgir os sinais, os principais sintomas são:
1) dor abdominal e dor do lado direito que irradia para a região do ombro direito;
2) icterícia (pele e olhos amarelados);
3) falta de apetite, perda de peso, fraqueza, cansaço, fezes esbranquiçadas, náuseas e vômitos, palidez, febre e, consequentemente, anorexia.

No caso de metástases de fígado em outros órgãos, os sintomas mais comuns são:
1) no peritônio: aumento do volume abdominal provocado pelo acúmulo de líquido na cavidade (ascite);
2) nos pulmões: falta de ar ao realizar pequenos esforços;
3) nos ossos: dor.

O diagnóstico do câncer de fígado inclui os seguintes exames:
1) exame de sangue para determinar a presença de uma proteína liberada pela maioria dos tumores hepáticos malignos;
2) exames de imagem, como o ultrassom, tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética;
3) biópsia realizada por punção de um fragmento da lesão através da parede abdominal.

Como no início do câncer de fígado, os sintomas raramente se manifestam, na maioria dos casos, o diagnóstico é feito quando a doença alcançou estágios mais avançados e já produziu metástases à distância. Por isso, vale ressaltar a importância de realizar exames periódicos de imagem e de marcadores tumorais para detectar a presença de lesões precocemente, para as pessoas que pertencem aos grupos de risco.

O tratamento do câncer de fígado evoluiu muito nas últimas décadas. Abaixo os principais tratamentos:

tratamento cirúrgico é o mais indicado nos tumores hepáticos primários. A retirada cirúrgica do tumor e de parte do fígado é o procedimento indicado quando a lesão é pequena e a função hepática está preservada. Quando isso não é possível, a alternativa é otransplante de fígado.

Para os casos onde nem a cirurgia nem o transplante são possíveis, existem opções terapêuticas mais conservadoras como a criocirurgia (congelamento das células malignas), a ablação por radiofrequência (ondas elétricas provocam aumento da temperatura dentro do tumor), a alcoolização (injeção de álcool absoluto dentro do tumor) e a quimioembolização (aplicação de microesferas contendo agentes quimioterápicos). Outra opção para os casos mais avançados é a terapia antiangiogênica, que consiste em aplicar dentro dos vasos que alimentam o tumor drogas quimioterápicas para interromper o fornecimento de sangue e inibir a formação de novos vasos. A radioterapia é um recurso só ocasionalmente benéfico.

Fatores como o estágio e evolução da doença, a idade do paciente, suas condições clínicas e da função hepática, são analisados para definir o melhor tratamento. Nem sempre é possível obter a cura definitiva, mas é sempre viável estender os benefícios do tratamento por mais tempo e com melhor qualidade de vida.

Fique atento e Previna-se!

Prevenção e a descoberta precoce do câncer de fígado é a principal arma nessa luta. Por isso…
· evite o uso frequente e abusivo de álcool;
·  tome as três doses da vacina contra a hepatite B;
· use preservativo em todas as relações sexuais e não compartilhe o uso de seringas como forma de evitar o contato com os vírus das hepatites B e C;
·  não se automedique. Até remédios comuns como certos analgésicos, tomados em excesso podem ocasionar danos irreversíveis ao fígado.

É preciso que o médico e o paciente estejam sempre atentos ao  estadiamento da doença! Mas, o que é estadiamento? São os estágios que o câncer está no momento, ou seja, o tamanho, a localização e se espalhou para outros órgãos. O estádio de um tumor reflete não apenas a taxa de crescimento e a extensão da doença, mas também o tipo de tumor e sua relação com o hospedeiro. O sistema de estadiamento mais utilizado é o TNM da American Joint Committee on Cancer.

O que é TNM?

É a abreviatura de tumor, linfonodo e metástase. Este sistema utiliza três critérios para avaliar o estágio do câncer:

  • O próprio tumor ( T + um número de 0 a 4 usa-se para descrever o tumor primário);
  • Os linfonodos regionais ao redor do tumor ( N + 0 a 3 usa-se para descrever se a doença disseminou para os gânglios linfáticos)
  • E se o tumor se espalhou para outras partes do corpo (M usa-se para descrever que a doença se espalhou para outros órgãos)

O estadiamento pode ser clínico e patológico. O estadiamento clínico é estabelecido a partir dos dados do exame físico e dos exames complementares. O estadiamento patológico baseia-se nos achados cirúrgicos e no exame anátomopatológico – é estabelecido após tratamento cirúrgico e determina a extensão da doença com maior precisão. Lembrando que o estadiamento patológico pode ou não coincidir com o estadiamento clínico e não é aplicável a todos os tumores.

E o estadiamento do Câncer de Fígado, como funciona?

O câncer de fígado é estadiado baseado no resultado de exames clínicos, como exames de imagem (ultrassonagrafia, Tomografia computadorizada e Ressonância magnética) entre outros exames,  somados ao resultado da cirurgia, se esta for realizada.

Existem alguns sistemas de estadiamento para o câncer de fígado, e nem todos os médicos utilizam o mesmo.  Porém, o mais comum é o TNM.

Uma vez que as categorias T, N e M foram determinadas, elas são combinadas para detalhar mais ainda o estádio, utilizando os números romanos I a IV (1 a 4).

Etapa
Agrupamento          de  estágios
Descrição do estágio
I T1, N0, M0 Há um único tumor (qualquer tamanho) que não cresceu em qualquer vasos sanguíneos. O câncer não se espalhou para os gânglios linfáticos próximos ou locais distantes.
II T2, N0, M0 Ou há um único tumor (qualquer tamanho) que cresceu em vasos sanguíneos, OU há vários tumores, e todos são 5 cm ou menos em toda. O câncer não se espalhou para os gânglios linfáticos próximos ou locais distantes.
IIIA T3a, N0, M0 Há mais de um tumor, e pelo menos um é maior do que 5 cm de diâmetro. O câncer não se espalhou para os gânglios linfáticos próximos ou locais distantes.
IIIB T3b, N0, M0 Pelo menos um tumor está crescendo em um vaso de uma veia principal do fígado (veia porta ou veia hepática). O câncer não se espalhou para os gânglios linfáticos próximos ou locais distantes.
IIIC T4, N0, M0 Um tumor está crescendo em um órgão próximo (exceto da vesícula biliar), OU um tumor cresceu para a cobertura externa do fígado. O câncer não se espalhou para os gânglios linfáticos próximos ou locais distantes.
IVA Qualquer T, N1, M0 Os tumores no fígado podem ser de qualquer tamanho ou número e podem ter crescido em vasos sanguíneos ou órgãos próximos. O câncer se espalhou para os gânglios linfáticos próximos. O câncer não se espalhou para locais distantes.
IVB Qualquer T, Qualquer N, M1 O câncer se espalhou para outras partes do corpo. (Os tumores podem ser de qualquer tamanho ou número e os gânglios linfáticos próximos podem ou não estar envolvidos.)
Outros sistemas de estadiamento do câncer de fígado

Os sistemas de estadiamento para a maioria dos tipos de câncer dependem apenas da extensão do câncer, mas o câncer de fígado é agravado pelo fato de que a maioria dos pacientes sofre dano no restante do fígado, juntamente com o câncer. Isso também afeta as opções de tratamento e prognóstico. Embora o sistema TNM defina a extensão do câncer de fígado em alguns detalhes, ele não leva em conta a função hepática. Vários outros sistemas de estadiamento foram desenvolvidos que incluem ambos os fatores:

  • O sistema Barcelona Clinic Liver Cancer (BCLC);
  • O sistema italiano do programa do câncer do fígado (CLIP);
  • O sistema Okuda.

Estes sistemas de estadiamento não foram comparados entre si. Alguns são usados ​​mais do que outros em diferentes partes do mundo, mas neste momento não há um único sistema de estadiamento que todos os médicos usam. Se você tiver dúvidas sobre o estágio de seu câncer ou qual sistema seu médico usa, não se esqueça de perguntar.

Pontuação de Child-Pugh (sistema de estadiamento de cirrose)

A pontuação de Child-Pugh é uma medida da função hepática, especialmente em pessoas com cirrose. Muitas pessoas com câncer de fígado também têm cirrose e, a fim de tratar o câncer, os médicos precisam saber o quão bem o fígado está trabalhando. Este sistema olha para 5 fatores, os primeiros 3 dos quais são os resultados de exames de sangue:

  • Os níveis sanguíneos de bilirrubina (a substância que pode causar o amarelamento da pele e dos olhos)
  • Os níveis sanguíneos de albumina (uma proteína principal normalmente feita pelo fígado)
  • O tempo de protrombina (que mede quão bem o fígado está trabalhando os fatores de coagulação do sangue)
  • Se há líquido (ascite) no abdômen
  • Se a doença hepática está afetando a função cerebral

Com base nesses fatores, a função hepática é dividida em 3 classes. Se todos esses fatores são normais, então a função do fígado é chamado de classe A . Anormalidades suaves são classe B , e anomalias graves são a classe C . Pessoas com câncer de fígado e cirrose de classe C muitas vezes são muito doentes para a cirurgia ou outros tratamentos de câncer importantes.

A pontuação de Child-Pugh é realmente parte dos sistemas de estadiamento BCLC e CLIP mencionados anteriormente.

Classificação do câncer de fígado

Os sistemas formais de estadiamento (como os descritos anteriormente) podem freqüentemente ajudar os médicos a determinar o prognóstico do paciente (perspectiva). Mas, para fins de tratamento, os médicos geralmente classificam os cânceres de fígado de forma mais simples, com base em saber se eles podem ou não ser totalmente cortados (ressecados). Ressecável é o termo médico que significa “capaz de ser removido por cirurgia”.

Câncer potencialmente ressecável ou transplantável

Estes cânceres podem ser completamente removidos por cirurgia ou tratados com um transplante de fígado e o paciente é saudável o suficiente para a cirurgia. Isto incluiria a maioria dos estádios I e alguns estádios II no sistema TNM, em pacientes que não têm cirrose ou outros problemas médicos graves. Apenas um pequeno número de pacientes com câncer de fígado tem esse tipo de tumor.

Cânceres não-ressecáveis

Cânceres que não se espalharam para os gânglios linfáticos ou órgãos distantes, mas não podem ser completamente removidos por cirurgia são classificados como irresecáveis. Isso inclui cânceres que se espalharam pelo fígado ou não podem ser removidos com segurança porque estão próximos da área onde o fígado encontra com as principais artérias, veias e vias biliares.

Inoperável com apenas doença local

O câncer é pequeno o suficiente e no lugar certo para ser removido, mas o paciente não está saudável o suficiente para a cirurgia. Muitas vezes isso ocorre porque a parte não cancerosa do fígado não é saudável (por causa da cirrose, por exemplo), e se o câncer for removido, pode não haver tecido hepático suficiente para que funcione corretamente. Também pode significar que o paciente tem sérios problemas médicos que tornam a cirurgia insegura.

Câncer avançado (metastático)

Os cânceres que se espalharam para os gânglios linfáticos ou outros órgãos são classificados como avançados. Estes incluem os estádios de cânceres IVA e IVB no sistema TNM. A maioria dos cânceres de fígado avançados não podem ser tratados com cirurgia.

O que é?

O câncer hepático é um câncer que se inicia no fígado. Para entender o câncer hepático, é importante conhecer a estrutura e função normais do fígado.

Sobre o fígado

O fígado é o maior órgão interno. Encontra-se sob suas costelas direitas, logo abaixo de seu pulmão direito. Se você apalpar com seus dedos sob suas costelas direitas, poderá quase tocá-lo.

Tem o formato de pirâmide e é divido em lobos direito e esquerdo. Os lobos são ainda divididos em seguimentos. Ao contrário da maioria dos outros órgãos, o fígado recebe sangue de 2 fontes: a artéria hepática fornece ao fígado sangue rico em oxigênio vindo do coração, e a veia porta carrega sangue rico em nutrientes vindo dos intestinos.

Você não pode viver sem seu fígado. Ele tem várias funções importantes:

– Ele quebra e armazena muitos dos nutrientes absorvidos pelo intestino, cujos quais seu corpo necessita para funcionar. Alguns nutrientes devem ser alterados (metabolizados) pelo fígado antes de serem utilizados pelo resto do corpo como energia ou para construir e reparar tecidos corporais.
– Ele faz a maioria dos fatores de coagulação que evitam que seu corpo sangre muito quando você se corta ou se fere.
– Ele secreta bile dentro dos intestinos para ajudar na absorção de nutrientes (principalmente gorduras).
– Ele tem um papel importante na remoção de resíduos tóxicos do corpo.

O fígado é composto de vários tipos diferentes de células. Este é o motivo pelo qual vários tipos de tumores malignos (cancerosos) ou benignos (não-cancerosos) podem se formar no fígado. Estes tumores têm diferentes causas, são tratados diferentemente, e tem um prognóstico diferente (perspectivas).

Tipos de Câncer de Fígado

Hemangiomas
O tipo mais comum de tumor benigno de fígado, os hemangiomas começam nos vasos sanguíneos. A maioria dos hemangiomas do fígado não causa sintomas e não precisa de tratamento. Porém, alguns podem sangrar e precisam ser removidos cirurgicamente.

Adenomas hepáticos
Esses são tumores benignos que começam nos hepatócitos (o principal tipo de célula hepática). A maioria não causa sintomas e não precisa de tratamento. Porém, alguns, eventualmente, causam sintomas, como dor ou uma massa no abdômen (área do estômago) ou perda de sangue. Como existe um risco do tumor se romper (levar a perda grave de sangue) e um pequeno risco que isto, eventualmente, se desenvolva em câncer de fígado, a maioria dos especialistas geralmente aconselha a remoção cirúrgica, quando possível.
O uso de determinados medicamentos pode aumentar o risco de apresentar esses tumores. As mulheres têm uma chance maior de apresentar um desses tumores se tomam pílulas anticoncepcionais, embora isto seja uma complicação rara. Parar de tomar as pílulas pode, por vezes, causar o encolhimento do tumor. Os homens que fazem uso de esteroides anabólicos também podem desenvolver esses tumores. Os adenomas podem encolher quando os medicamentos são descontinuados.

Hiperplasia nodular focal
A hiperplasia nodular focal (HNF) é um crescimento semelhante ao tumor de diversos tipos celulares (hepatócitos, células do ducto biliar e tecido conjuntivo). Embora os tumores da HNF sejam benignos, eles podem ser difíceis de serem distinguidos dos verdadeiros cânceres de fígado e, por vezes, os médicos os removem quando o diagnóstico não é claro. Se tiver sintomas de um tumor HNF, ele pode ser cirurgicamente removido e você pode ser curado.
Ambos os adenomas hepáticos e os tumores HNF são mais comuns em mulheres do que nos homens.
Tumores cancerosos que começam no fígado
Diversos tipos de câncer podem começar no fígado.

Hepatocarcinoma ou Carcinoma hepatocelular ou câncer hepatocelular
Esta é a forma mais comum de câncer de fígado em adultos. Ele é também, por vezes, chamado de hepatoma por ser proveniente dos hepatócitos (o principal tipo de célula hepática). Cerca de 3 de 4 cânceres que começam no fígado são deste tipo.
Os cânceres hepatocelulares (CHC) podem ter diferentes padrões de crescimento:

– Alguns começam como um único tumor que cresce em maior extensão. Somente tardiamente a doença se espalha para outras partes do fígado.

– Um segundo tipo parece começar como muitos pequenos nódulos de câncer em todo o fígado – não apenas um único tumor. Isto é observado, na maioria das vezes, em pessoas com cirrose (dano hepático crônico) e é o padrão mais comum observado nos Estados Unidos.
Sob o microscópio, os médicos podem distinguir diversos subtipos de CHC. Na maioria das vezes, esses subtipos não afetam o tratamento ou o prognóstico (panorama). Porém, um desses subtipos, fibrolamelar, é importante de se reconhecer. Este tipo é raro, constituindo menos de 1% dos CHCs. Os pacientes com este tipo são geralmente mais jovens (idade abaixo de 35 anos), e o resto de seu fígado não é afetado pela doença. Este subtipo apresenta um panorama muito melhor comparado às outras formas de CHC.

O carcinoma hepatocelular ocorre em uma frequência três vezes maior em homens do que em mulheres. é o câncer primário do fígado, ou seja, o câncer derivado das principais células do fígado – os hepatócitos. Assim como os demais tipos de cânceres, o carcinoma hepatocelular surge quando há uma mutação nos genes de uma célula que a faz se multiplicar desordenadamente. A causa desta mutação pode se dar por algum agente externo (como o vírus da hepatite B) ou pelo excesso de multiplicações das células (como a regeneração crônica nas hepatites), aumentando o risco de surgimento de erros na duplicação dos genes.

Colangiocarcinomas intra-hepáticos (cânceres do ducto biliar)
Cerca de 10% a 20% dos cânceres que começam no fígado são colangiocarcinomas intra-hepáticos.
Eles começam nos pequenos ductos biliares (tubos que transportam a bile para a vesícula biliar) dentro do fígado.
(A maioria dos colangiocarcinomas na realidade começa nos ductos biliares fora do fígado.)
Embora o restante deste documento discuta principalmente os cânceres hepatocelulares, os colangiocarcinomas são geralmente tratados da mesma forma. Para informações mais detalhadas sobre este tipo de câncer, consulte o nosso documento, Câncer de Ducto Biliar (Colangiocarcinoma).

Angiossarcomas e hemangiossarcomas
Esses são cânceres raros que começam nos vasos sanguíneos do fígado. As pessoas que foram expostas ao cloreto de vinila ou ao dióxido de tório (Thorotrast) estão mais propensas a desenvolver esses tipos de câncer. Consulte a seção Quais são os fatores de risco para o câncer de fígado? Outros casos são considerados como devido à exposição ao arsênico ou rádio, ou a uma condição herdada conhecida como hemocromatose. Em cerca da metade de todos os casos, nenhuma causa provável pode ser identificada.
Esses tumores crescem rapidamente e estão geralmente muito disseminados para serem removidos cirurgicamente no momento que eles são encontrados. A quimioterapia e a radioterapia podem auxiliara a desacelerar a doença, mas a maioria dos pacientes não vive mais que um ano após o diagnóstico.

Hepatoblastoma
Este é um tipo muito raro de câncer que se desenvolve em crianças, geralmente naqueles com menos de 4 anos de idade. As células do hepatoblastoma são semelhantes às células hepáticas fetais. Cerca de 70% das crianças com esta doença são tratadas com sucesso com a cirurgia e a quimioterapia, e a taxa de sobrevida é maior que 90% para hepatoblastomas de estágio inicial.
Câncer de fígado secundário
A maioria das vezes em que o câncer é encontrado no fígado, ele não começou ali, mas se espalhou (metastatizou) de outro local do corpo, como o pâncreas, cólon, estômago, mama ou pulmão. Esses tumores são nomeados e tratados com base em seu local primário (onde eles começaram). Por exemplo, o câncer que começou no pulmão e se espalhou para o fígado é chamado de câncer de pulmão com disseminação para o fígado, e não câncer de fígado. Nos Estados Unidos e na Europa, os tumores hepáticos secundários (metastáticos) são mais comuns do que o câncer de fígado primário. O oposto é verdadeiro para muitas áreas da Ásia e África.

Metástases Hepáticas
O fígado é o principal órgão atacado por metástases hematogênicas provenientes da circulação portal e um alvo frequente das metástases ocorridas na circulação sistêmica. Os tipos mais comuns que resultam em metástase hepática são: o carcinoma do pâncreas, o carcinoma colo-retal, o carcinoma de estômago, o carcinoma da mama, o carcinoma do esôfago, o carcinoma do pulmão e o tumor carcinóide.

Principais Estatísticas

As estimativas mais recentes da American Cancer Society (Sociedade Americana do Câncer) para o câncer de fígado primário e câncer de ducto biliar intra-hepático nos EUA são de 2010:

• Serão diagnosticados cerca de 24.120 novos casos (17.430 em homens e 6.690 em mulheres)
• Cerca de 18.910 pessoas (12.720 homens e 6.190 mulheres) vão morrer decorrente desse tipo de câncer.
A porcentagem de americanos desenvolvendo câncer de fígado tem aumentado na segunda metade do século 20, mas a taxa tem sido aparentemente estável nos últimos anos. O número real de casos aumentou, porém isto é, em parte, devido ao crescimento da população.
O câncer de fígado é mais comum nos homens do que nas mulheres, embora ainda seja bastante raro nos Estados Unidos em ambos os grupos. O risco médio ao longo da vida nos homens de desenvolver câncer de fígado ou do ducto biliar intra-hepático é de cerca de 1 em 100, ao passo que o risco médio nas mulheres é de cerca de 1 em 217. A maioria dos casos ocorre em pessoas com determinados fatores de risco (consulte seção, “Quais são os fatores de risco para câncer de fígado?).
A idade média ao diagnóstico do câncer de fígado é de 64 anos. Mais de 90% das pessoas diagnosticadas com câncer de fígado tem mais de 45 anos de idade. Cerca de 4% tem entre 35 e 44 anos de idade e menos de 3% tem menos de 35 anos.
Este câncer é, muitas vezes, mais comum em países na África sub-Sahariana e no Sudeste Asiático do que nos Estados Unidos. Em muitos desses países, é o tipo mais comum de câncer. Mais de 500.000 pessoas são diagnosticadas com este câncer a cada ano em todo o mundo.

Fatores de Risco

Um fator de risco é qualquer coisa que afeta a sua chance de desenvolver uma doença, como o câncer.

Diferentes tipos de câncer apresentam diferentes fatores de risco. Por exemplo, a exposição da pele à forte luz solar é um fator de risco para o câncer de pele. O tabagismo é um fator de risco para diversos tipos de câncer.

No entanto, os fatores de risco não nos dizem tudo. Apresentar um fator de risco, ou até mesmo diversos fatores de risco, não significa que você desenvolverá a doença. E muitas pessoas que desenvolvem a doença podem não ter apresentado qualquer fator de risco conhecido.

Os cientistas encontraram diversos fatores de risco que tornam uma pessoa mais propensa a desenvolver carcinoma hepatocelular (CHC).

Sexo
O carcinoma hepatocelular é muito mais comum em homens do que nas mulheres, embora muito disso seja provavelmente devido a comportamentos que afetam os fatores de risco descritos a seguir.
O subtipo fibrolamelar do CHC ocorre em números praticamente iguais em ambos os sexos.

Raça/etnia
Nos Estados Unidos, os americanos asiáticos e os provenientes das Ilhas do Pacífico apresentam as maiores taxas de câncer de fígado, seguidos pelos índios americanos / nativos do Alasca e hispânicos/latinos, Afro-americanos e brancos.

Hepatite viral crônica
O fator de risco mais comum para o câncer de fígado é a infecção crônica (a longo prazo) com o vírus da hepatite B (HBV) ou vírus da hepatite C (HCV). Essas infecções levam a cirrose do fígado (ver abaixo) e são responsáveis por tornar o câncer de fígado o câncer mais comum em muitas partes do mundo.
Nos Estados Unidos, a infecção com hepatite C é a causa mais comum do CHC, ao passo que na Ásia e nos países em desenvolvimento, a hepatite B é mais comum. As pessoas infectadas com ambos os vírus apresentam um risco mais alto de desenvolver hepatite crônica, cirrose e câncer de fígado.
O HBV e o HCV são transmitidos de uma pessoa para outra através de agulhas contaminadas compartilhadas (como em usuários de drogas), sexo sem proteção, ou no parto. Eles também podem ser transmitidos através de transfusões de sangue, embora isto seja raro nos Estados Unidos, desde que foi iniciado o teste para esses vírus em produtos sanguíneos. Nos países em desenvolvimento, as crianças, por vezes, contraem a infecção da hepatite B pelo contato prolongado com familiares que estejam infectados.
Dos 2 vírus, a infecção com HBV é mais propensa a causar sintomas, como uma doença semelhante à gripe e um amarelamento dos olhos e pele (icterícia). Porém, a maioria das pessoas se recupera completamente da infecção do HBV em alguns meses. Somente uma porcentagem muito pequena de adultos se tornam portadores crônicos (e possuem um risco maior para câncer de fígado). O risco é maior em bebês e crianças pequenas que contraem a infecção.
O HCV, por outro lado, é menos propenso a causar sintomas. Porém, a maioria das pessoas com HCV desenvolvem infecções crônicas, que são mais propensas a levar ao dano hepático ou até mesmo ao câncer.
Outros vírus, como o vírus da hepatite A e vírus da hepatite E também podem causar hepatite.
No entanto, as pessoas infectadas com esses vírus não desenvolvem a hepatite crônica ou cirrose, e não estão em risco aumentado de câncer de fígado.

Cirrose
A cirrose é uma doença em que as células hepáticas ficam danificadas e são substituídas por tecido cicatrizado. As pessoas com cirrose apresentam um risco elevado para câncer de fígado. A maioria das pessoas (porém nem todas) que desenvolvem câncer de fígado já apresenta alguma evidência de cirrose.
Existem diversas possíveis causas de cirrose. A maioria dos casos nos Estados Unidos ocorre em pessoas que abusam do álcool ou possuem infecções crônicas do HBV ou HCV. O fígado gorduroso não alcoólico, uma doença em que as pessoas que não consomem álcool desenvolvem um fígado gorduroso é muito comum (é geralmente observado em pessoas obesas). As pessoas com um tipo desta doença conhecido como esteatose hepática não alcoólica (ou NASH, para abreviação) podem vir a desenvolver cirrose.
Determinados tipos de doenças metabólicas herdadas (ver abaixo) podem causar problemas no fígado que levam a cirrose. Alguns tipos de doenças autoimunes que afetam o fígado também podem causar a cirrose.

Doenças metabólicas herdadas
Determinadas doenças metabólicas herdadas podem levar a cirrose. As pessoas com hemocromatose absorvem ferro em excesso da sua dieta. O ferro se deposita em tecidos por todo o corpo, incluindo o fígado. Se muito ferro se acumular no fígado, isto pode levar a cirrose e câncer de fígado. Outras doenças raras que aumentam o risco do câncer de fígado incluem:
– tirosinemia
– deficiência de alfa1-antitripsina
– porfiria cutânea tardia
– doenças de armazenamento de glicogênio
– doença de Wilson.

Diabetes
O diabetes também pode aumentar o risco de câncer de fígado, geralmente em pacientes que apresentam outros fatores de risco, como consumo excessivo de álcool e/ou hepatite viral crônica.
Obesidade
A obesidade pode aumentar o risco de desenvolver câncer de fígado, provavelmente porque pode resultar em esteatose hepática e cirrose.

Aflatoxinas
Essas substâncias causadoras do câncer são produzidas por um fungo que contamina amendoim, trigo, soja, nozes moídas, milho e arroz. O armazenamento em um ambiente úmido e quente pode levar ao crescimento deste fungo. Embora isto possa ocorrer em praticamente qualquer lugar do mundo, é mais comum em países tropicais com temperatura mais quente. Os países desenvolvidos, como os Estados Unidos e aqueles na Europa regulam o teor de aflatoxinas nos alimentos por meio de testes.
A exposição a longo prazo a essas substâncias é um importante fator de risco para o câncer de fígado. O risco é ainda mais elevado em pessoas com infecções da hepatite B ou C.
Cloreto de vinila e dióxido de tório (Thorotrast)
A exposição a essas substâncias químicas aumenta o risco de angiossarcoma do fígado (consulte a seção,
“O que é câncer de fígado?”). Ele também aumenta o risco de desenvolver colangiocarcinoma e câncer hepatocelular, porém em um grau muito menor. O cloreto de vinila é uma substância química utilizada na produção de alguns tipos de plásticos. Thorotrast é uma substância química que, no passado, era injetada em alguns pacientes como parte de determinados exames de radiografia (raios-X). Quando as propriedades causadoras do câncer dessas substâncias químicas foram reconhecidas, foram tomadas medidas para eliminá-las ou minimizar a exposição a elas. Thorotrast não é mais utilizado e a exposição dos trabalhadores ao cloreto de vinila é estritamente controlada.

Esteroides anabólicos
Os esteroides anabólicos são hormônios masculinos utilizados por alguns atletas para aumentar a sua força e massa muscular. O uso a longo prazo dos esteroides anabólicos pode aumentar discretamente o risco de câncer hepatocelular. Os esteroides semelhantes à cortisona, como hidrocortisona, prednisona e dexametasona, não possuem este mesmo risco.

Arsênico
A exposição crônica à água potável contaminada com arsênico natural, como a de alguns poços, aumenta o risco de alguns tipos de câncer de fígado. Isto é mais comum em partes do Leste Asiático, porém também pode ser uma preocupação em algumas áreas dos Estados Unidos.

Sintomas

No início, o câncer de fígado primário costuma ser assintomático. Quando começam a surgir os sinais, os principais sintomas são:
1) dor abdominal e dor do lado direito que irradia para a região do ombro direito;
2) icterícia (pele e olhos amarelados);
3) falta de apetite, perda de peso, fraqueza, cansaço, fezes esbranquiçadas, náuseas e vômitos, palidez, febre e, consequentemente, anorexia.

No caso de metástases de fígado em outros órgãos, os sintomas mais comuns são:
1) no peritônio: aumento do volume abdominal provocado pelo acúmulo de líquido na cavidade (ascite);
2) nos pulmões: falta de ar ao realizar pequenos esforços;
3) nos ossos: dor.

Diagnóstico

O diagnóstico do câncer de fígado inclui os seguintes exames:
1) exame de sangue para determinar a presença de uma proteína liberada pela maioria dos tumores hepáticos malignos;
2) exames de imagem, como o ultrassom, tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética;
3) biópsia realizada por punção de um fragmento da lesão através da parede abdominal.

Como no início do câncer de fígado, os sintomas raramente se manifestam, na maioria dos casos, o diagnóstico é feito quando a doença alcançou estágios mais avançados e já produziu metástases à distância. Por isso, vale ressaltar a importância de realizar exames periódicos de imagem e de marcadores tumorais para detectar a presença de lesões precocemente, para as pessoas que pertencem aos grupos de risco.

Tratamento

O tratamento do câncer de fígado evoluiu muito nas últimas décadas. Abaixo os principais tratamentos:

tratamento cirúrgico é o mais indicado nos tumores hepáticos primários. A retirada cirúrgica do tumor e de parte do fígado é o procedimento indicado quando a lesão é pequena e a função hepática está preservada. Quando isso não é possível, a alternativa é otransplante de fígado.

Para os casos onde nem a cirurgia nem o transplante são possíveis, existem opções terapêuticas mais conservadoras como a criocirurgia (congelamento das células malignas), a ablação por radiofrequência (ondas elétricas provocam aumento da temperatura dentro do tumor), a alcoolização (injeção de álcool absoluto dentro do tumor) e a quimioembolização (aplicação de microesferas contendo agentes quimioterápicos). Outra opção para os casos mais avançados é a terapia antiangiogênica, que consiste em aplicar dentro dos vasos que alimentam o tumor drogas quimioterápicas para interromper o fornecimento de sangue e inibir a formação de novos vasos. A radioterapia é um recurso só ocasionalmente benéfico.

Fatores como o estágio e evolução da doença, a idade do paciente, suas condições clínicas e da função hepática, são analisados para definir o melhor tratamento. Nem sempre é possível obter a cura definitiva, mas é sempre viável estender os benefícios do tratamento por mais tempo e com melhor qualidade de vida.

Fique atento e Previna-se!

Prevenção e a descoberta precoce do câncer de fígado é a principal arma nessa luta. Por isso…
· evite o uso frequente e abusivo de álcool;
·  tome as três doses da vacina contra a hepatite B;
· use preservativo em todas as relações sexuais e não compartilhe o uso de seringas como forma de evitar o contato com os vírus das hepatites B e C;
·  não se automedique. Até remédios comuns como certos analgésicos, tomados em excesso podem ocasionar danos irreversíveis ao fígado.

Estadiamento

É preciso que o médico e o paciente estejam sempre atentos ao  estadiamento da doença! Mas, o que é estadiamento? São os estágios que o câncer está no momento, ou seja, o tamanho, a localização e se espalhou para outros órgãos. O estádio de um tumor reflete não apenas a taxa de crescimento e a extensão da doença, mas também o tipo de tumor e sua relação com o hospedeiro. O sistema de estadiamento mais utilizado é o TNM da American Joint Committee on Cancer.

O que é TNM?

É a abreviatura de tumor, linfonodo e metástase. Este sistema utiliza três critérios para avaliar o estágio do câncer:

  • O próprio tumor ( T + um número de 0 a 4 usa-se para descrever o tumor primário);
  • Os linfonodos regionais ao redor do tumor ( N + 0 a 3 usa-se para descrever se a doença disseminou para os gânglios linfáticos)
  • E se o tumor se espalhou para outras partes do corpo (M usa-se para descrever que a doença se espalhou para outros órgãos)

O estadiamento pode ser clínico e patológico. O estadiamento clínico é estabelecido a partir dos dados do exame físico e dos exames complementares. O estadiamento patológico baseia-se nos achados cirúrgicos e no exame anátomopatológico – é estabelecido após tratamento cirúrgico e determina a extensão da doença com maior precisão. Lembrando que o estadiamento patológico pode ou não coincidir com o estadiamento clínico e não é aplicável a todos os tumores.

E o estadiamento do Câncer de Fígado, como funciona?

O câncer de fígado é estadiado baseado no resultado de exames clínicos, como exames de imagem (ultrassonagrafia, Tomografia computadorizada e Ressonância magnética) entre outros exames,  somados ao resultado da cirurgia, se esta for realizada.

Existem alguns sistemas de estadiamento para o câncer de fígado, e nem todos os médicos utilizam o mesmo.  Porém, o mais comum é o TNM.

Uma vez que as categorias T, N e M foram determinadas, elas são combinadas para detalhar mais ainda o estádio, utilizando os números romanos I a IV (1 a 4).

Etapa
Agrupamento          de  estágios
Descrição do estágio
I T1, N0, M0 Há um único tumor (qualquer tamanho) que não cresceu em qualquer vasos sanguíneos. O câncer não se espalhou para os gânglios linfáticos próximos ou locais distantes.
II T2, N0, M0 Ou há um único tumor (qualquer tamanho) que cresceu em vasos sanguíneos, OU há vários tumores, e todos são 5 cm ou menos em toda. O câncer não se espalhou para os gânglios linfáticos próximos ou locais distantes.
IIIA T3a, N0, M0 Há mais de um tumor, e pelo menos um é maior do que 5 cm de diâmetro. O câncer não se espalhou para os gânglios linfáticos próximos ou locais distantes.
IIIB T3b, N0, M0 Pelo menos um tumor está crescendo em um vaso de uma veia principal do fígado (veia porta ou veia hepática). O câncer não se espalhou para os gânglios linfáticos próximos ou locais distantes.
IIIC T4, N0, M0 Um tumor está crescendo em um órgão próximo (exceto da vesícula biliar), OU um tumor cresceu para a cobertura externa do fígado. O câncer não se espalhou para os gânglios linfáticos próximos ou locais distantes.
IVA Qualquer T, N1, M0 Os tumores no fígado podem ser de qualquer tamanho ou número e podem ter crescido em vasos sanguíneos ou órgãos próximos. O câncer se espalhou para os gânglios linfáticos próximos. O câncer não se espalhou para locais distantes.
IVB Qualquer T, Qualquer N, M1 O câncer se espalhou para outras partes do corpo. (Os tumores podem ser de qualquer tamanho ou número e os gânglios linfáticos próximos podem ou não estar envolvidos.)
Outros sistemas de estadiamento do câncer de fígado

Os sistemas de estadiamento para a maioria dos tipos de câncer dependem apenas da extensão do câncer, mas o câncer de fígado é agravado pelo fato de que a maioria dos pacientes sofre dano no restante do fígado, juntamente com o câncer. Isso também afeta as opções de tratamento e prognóstico. Embora o sistema TNM defina a extensão do câncer de fígado em alguns detalhes, ele não leva em conta a função hepática. Vários outros sistemas de estadiamento foram desenvolvidos que incluem ambos os fatores:

  • O sistema Barcelona Clinic Liver Cancer (BCLC);
  • O sistema italiano do programa do câncer do fígado (CLIP);
  • O sistema Okuda.

Estes sistemas de estadiamento não foram comparados entre si. Alguns são usados ​​mais do que outros em diferentes partes do mundo, mas neste momento não há um único sistema de estadiamento que todos os médicos usam. Se você tiver dúvidas sobre o estágio de seu câncer ou qual sistema seu médico usa, não se esqueça de perguntar.

Pontuação de Child-Pugh (sistema de estadiamento de cirrose)

A pontuação de Child-Pugh é uma medida da função hepática, especialmente em pessoas com cirrose. Muitas pessoas com câncer de fígado também têm cirrose e, a fim de tratar o câncer, os médicos precisam saber o quão bem o fígado está trabalhando. Este sistema olha para 5 fatores, os primeiros 3 dos quais são os resultados de exames de sangue:

  • Os níveis sanguíneos de bilirrubina (a substância que pode causar o amarelamento da pele e dos olhos)
  • Os níveis sanguíneos de albumina (uma proteína principal normalmente feita pelo fígado)
  • O tempo de protrombina (que mede quão bem o fígado está trabalhando os fatores de coagulação do sangue)
  • Se há líquido (ascite) no abdômen
  • Se a doença hepática está afetando a função cerebral

Com base nesses fatores, a função hepática é dividida em 3 classes. Se todos esses fatores são normais, então a função do fígado é chamado de classe A . Anormalidades suaves são classe B , e anomalias graves são a classe C . Pessoas com câncer de fígado e cirrose de classe C muitas vezes são muito doentes para a cirurgia ou outros tratamentos de câncer importantes.

A pontuação de Child-Pugh é realmente parte dos sistemas de estadiamento BCLC e CLIP mencionados anteriormente.

Classificação do câncer de fígado

Os sistemas formais de estadiamento (como os descritos anteriormente) podem freqüentemente ajudar os médicos a determinar o prognóstico do paciente (perspectiva). Mas, para fins de tratamento, os médicos geralmente classificam os cânceres de fígado de forma mais simples, com base em saber se eles podem ou não ser totalmente cortados (ressecados). Ressecável é o termo médico que significa “capaz de ser removido por cirurgia”.

Câncer potencialmente ressecável ou transplantável

Estes cânceres podem ser completamente removidos por cirurgia ou tratados com um transplante de fígado e o paciente é saudável o suficiente para a cirurgia. Isto incluiria a maioria dos estádios I e alguns estádios II no sistema TNM, em pacientes que não têm cirrose ou outros problemas médicos graves. Apenas um pequeno número de pacientes com câncer de fígado tem esse tipo de tumor.

Cânceres não-ressecáveis

Cânceres que não se espalharam para os gânglios linfáticos ou órgãos distantes, mas não podem ser completamente removidos por cirurgia são classificados como irresecáveis. Isso inclui cânceres que se espalharam pelo fígado ou não podem ser removidos com segurança porque estão próximos da área onde o fígado encontra com as principais artérias, veias e vias biliares.

Inoperável com apenas doença local

O câncer é pequeno o suficiente e no lugar certo para ser removido, mas o paciente não está saudável o suficiente para a cirurgia. Muitas vezes isso ocorre porque a parte não cancerosa do fígado não é saudável (por causa da cirrose, por exemplo), e se o câncer for removido, pode não haver tecido hepático suficiente para que funcione corretamente. Também pode significar que o paciente tem sérios problemas médicos que tornam a cirurgia insegura.

Câncer avançado (metastático)

Os cânceres que se espalharam para os gânglios linfáticos ou outros órgãos são classificados como avançados. Estes incluem os estádios de cânceres IVA e IVB no sistema TNM. A maioria dos cânceres de fígado avançados não podem ser tratados com cirurgia.

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